CAPÍTULO 27 - ENCANTADOR DE TOUROS


https://youtu.be/wUP0YN9lhZc



Narrado Por Yuri Martel

- ME AJUDA – a procura do meu primo – VOU MORRER CAEL. ME AJUDA CAEL. ME AJUDA CAEL. EU NÃO CONSIGO MAIS.

Ouvia as pessoas gritando com o meu primo que estava parado ao lado de um homem gordinho. Eu não sabia para onde correr. Todos os lugares que eu procurava, dava de frente para um daqueles animais. Meus pulmões ardiam com a falta de ar, minhas pernas foram ficando sem forma, foram amolecendo. A respiração descompassada fez com que minhas vistas fossem escurecendo, até que bati com a cara na areia. Conseguia sentir o peso das centenas de cascos correndo a minha volta. Meu corpo tremia. Virei-me de barriga para cima e me levantei. Eu não ia morrer ali. Fiquei de pé novamente, mas as vistas escureceram novamente e cai de joelhos. Parado, há uns 10 metros estava o motivo de toda aquela revolta. O touro negro de uma tonelada, O Zebu.

"Por favor, não me mate! Por favor, não me mate! Por favor, não me mate!" – dizia a mim mesmo enquanto ele se aproximava.

Senti passos forte se aproximando. Limpei meus olhos cheios d'água e os abri. Agora o Zebu estava menos de um metro de mim. Ele não parecia tão feroz. Ao fundo, o Cael ia andando em passos lentos, acho que está tentando chegar até mim. o Zebu deu mais uns passos assustado, cheirou a minha mão e, com aquela língua gigante, áspera, ele percorrera a minha mãe. Então eu sorri para ele e ele se ajoelhou bem na minha frente. Meu coração batia com tanta força que meu peito chegava a doer. Era a cena mais linda da minha vida, eu só conseguia chorar bem fraco de emoção. Acariciei sua cabeça, assim como sempre fiz com cães. Agora era só esperar pela ajuda.

- MONTA ELE – berrou alguém da plateia.

Respirei fundo, subi numa perna, depois me apoiei em outra e, bem devagar fui contornando os chifres. Passei a mão no seu couro macio e peludo. Agarrei o cupim, passei uma perna pelas suas costas largas, ajeitei bem meu traseiro e abracei aquela fera. Então ele se levantou, girou bem devagar. Acho que ele também estava me acomodando e arena explodiu num som de milhares de vozes.

- YURI, YURI, YURI, YURI – berravam todos lá dentro.

Eu achava a coisa mais bizarra do mundo. Já viajei o Brasil todo, conheci milhares de pessoas, transei com essas milhares, conheci ambientes, conheci drogas, conheci o fundo do poço e agora eu estava em cima do maior touro que existia. Eu chorava que nem criança. O pessoa da montanha estava a minha volta, chorando de emoção. A Nina balança o seu lenço em prantos. Eles queriam chegar perto de mim, mas tinha medo do Zebu. Afinal, ele tinha uma tonelada. Abracei o animal, senti sua respiração funda.

- Ei... Zebu... sou o Yuri... é... prazer! Queria é... saber como dirigir você! Sabe... não há botões e... eu queria sair daqui do meio... será que você poderia fazer a gentileza de ir até a porteira? Saiba que você é lindo! E sou seu amigo.

- Segura no cupim dele e da uma pequena batida na barriga dele. Jogue seu quadril pra frente, como se fosse balançar um balanço de criança – disse o Tomé ao ver minha agonia.

"Como se fosse um balanço de criança?! Fácil e simples assim!"

Fiz o que ele pediu e o Zebu começou a caminhar lentamente. Os touros estavam sendo tirados da arena pelos organizadores. Aos poucos ia ficando vazia. As pessoas iam entrando e me cumprimentava enquanto eu passava com o Zebu. Ele era lindo. Gostoso de andar. Agora eu entendia o motivo deles se matarem por causa de um animal desses. Ele era a coisa mais maravilhosa que eu já havia conquistado. Os meninos aos poucos tomaram coragem e chegaram perto de mim. Eles batiam na minha perna parabenizando o feito. O Alan parou ao meu lado, sorrindo como uma criança.

- Será que eu posso relar nele? – perguntou ele com os olhos lacrimejando – Ele é tudo o que eu sempre quis.

- Pode relar sim! – respondi.

Meu coração dizia que agora aquele animal estava sob o meu comando. Era tão simples e fácil. O Zebu, agora, com toda certeza era como um gatinho em minhas mãos. Sentia que ele era manso, mas poderia ser arisco e, às vezes agressivo. Animal temperamental, dependia muito do momento.

- Yuri Martel é um encantador de touros. Já ouvi e li sobre entadores de cavalos, mas de touros?

- Do que está falando? – perguntei ao Tomé.

- De você! – respondeu o senhor barrigudo passando a mão no animal – há quanto tempo você doma esses bichos?

- Eu nunca vi uma vaca na minha vida senhor!

- Impossível!

- Encantador de touros! Foi a coisa mais linda que vi na vida – disse outro rapaz – como você fez isso?

- Fale pra nós! – disse outra mulher.

- É exatamente isso que estou falando, eu nunca vi uma vaca na vida.

A Nina e a Anna chegaram perto do animal e o abraçou.

- Amigão, é melhor parar com isso antes que as pessoas percam o medo de você – disse fazendo o pessoal gargalhar.

Fiquei por mais de 03 horas em cima do animal falando com as pessoas e as deixando acariciar o Zebu. Até que começou a amanhecer e todos a irem embora, um para suas casas na montanha, outros para suas barracas armadas, outros para Poti. O Alan pegou seu touro e foi subindo a montanha ao meu lado. Ele não parava de rir, não parava de admirar o Zebu. Ele parecia que estava vendo uma Ferrari. Paramos no celeiro para eu me despedir dele. Conheci a sua "pequena" casa (que deveria ser 02 vezes maior que a sede onde eu morava), tomamos um banho juntos e ficamos agarradinhos na cama por uma hora. Ele logo precisaria começar a trabalhar, mesmo o Cael tendo decretado feriado na montanha. Os animais não tem feriado, então logo ele se arrumou e foram alimentar as criações.

Saí do celeiro e comecei a subir a montanha montado no Zebu. Por onde eu passava, era o centro das atenções. As crianças corriam atrás de mim, os adultos se aglomeravam na beira da estrada para ver o Zebu. Os que possuíam seus touros, formaram uma comitiva andavam ao meu lado, me chamando de encantador de Touros. Fizeram até a gentileza de abrirem a porteira para mim. Amarrei o Zebu num tronco aonde o Cael acostumava amarrar seu touro. Peguei um balde d'água e dei de beber, assim como o Cael fazia. Coloquei feno e ração no cocho. Fiquei mais de uma hora parada, olhando aquele animal imenso, manso como um gatinho.

- Ele não vai sumir! – disse a voz mais detestável da face da Terra – Já o amarrou.

Ele estava lá, como sempre sem camisa, com aquele rabo de cavalo sujo, aquela barba desgrenhada e completamente bêbado.

- É absurdamente lindo, não acha? – perguntei algo para evitar encrencas.

- hunf!

- Eu deixo você montar se quiser.

- Só botarei a mão no Zebu, se for para comer churrasco da sua carne. Caso contrário, ele morreu pra mim.

- Ok!

- Você está se sentindo, não é?

- Não! Quer dizer, na verdade eu estou sim. Eu nunca tinha visto um boi na minha vida e agora monto o Zebu.

- Isso é um touro!

- E É MEU E EU CHAMO DE PÔNEI SE EU QUISER! PORQUE ELE É MEU!

- Não grita comigo seu veado ou se não...

- Se não o quê? O que vai fazer de diferente do que não tenha feito? Me bateu mil vezes, arrebentou meu rosto, me humilhou em publico, me jogou naquela arena para ser pisoteado. Então Cael, já pouco me importo com o que você vai fazer! Foda-se você!

E Zebu começou, nos assustando.

- Estranho, né? O veado aqui está montado no Zebu que você se matou para relar. Estranho como um veado é bem melhor que um merda de um mendigo, sujo, nojento, metido a Rei.

- Você não está falando nada com nada!

- Eu falando nada com nada? Deveria ver essa cara de bosta ao ver o veado aqui conquistando tudo o que você mandou. Queria que eu fizesse desse dia memorável e cá estamos nós. Fiz dessa montanha a sensação do Rio Grande do Sul. E você, o que fez?

- Cala a boca!

- Lógico que calo! Porque nada mais me orgulha em saber que você é um bosta. Se quiser eu coloco uma cordinha no pescoço do Zebu e o deixo monta-lo. Mas eu vou puxando a cordinha pra você não cair.

Ele veio pra cima de mim com punho cerrado, mas consegui desviar. Catei-o por trás e o derrubei no chão. Sentei em cima da sua bunda.

- Tá com a bunda virada pra mim, seu escroto? Poderia comer você aqui e agora, o que acha?

- SAI DE CIMA – berrou ele.

Mas era em vão. Sou mais pesado e ele bêbado. Catei aquele rabo de cavalo e puxei com a maior força dentro de mim, mais um pouco e arrancaria aquele cabelo na unha.

- Tá vendo o que você fez? – perguntei ao pé-do-ouvido enquanto ele se contorcia – Aprendi a montar em touros. Perto do Zebu você é um bezerrinho.

E soltei sua cabeça, fazendo-o bater com toda força. Seu lábio abriu na hora.

- Tá sentindo o quão bosta você é! O Zebu me domou e eu domei você. Só não te como porque nem pra isso você serve.

- É porque você está apaixonadinho por aquele ruivo babaca.

- É! Estou mesmo e foda-se o que você. Ele é bonito, cheiroso, cabelo bem cortado, barba feita. Não é esse filhote de capeta que você é.

- Gosta de homem engomadinho!

- Não! Gosto de qualquer coisa que não seja você. Sujo, imundo, fedendo a mijo de vaca, essa barba nojenta, esse cabelo pior ainda. Você não serve nem pra comer no fim de festa.

E sai de cima dele. Fui para dentro da sede, arranquei minha roupa ficando apenas de cueca. Aquela história tinha feito meu corpo ferver. Fui até a cozinha e virei umas das sua garrafinhas de pinga. Ele entrou chorando dentro da sede. Chorando de soluçar. Nunca vi o Cael chorar na vida. Ele estava irreconhecível.

- Cai fora daqui. Vai viver com aquele moço que você está apaixonado.

- Vou sim! Mas amanhã! E não vou trabalhar – respondi engolindo seco.

Confesso que doeu vê-lo chorando.

"Que bosta! Por que eu sinto pena desse filha da puta?! Desgraçado!"

- Você tá certo! Eu destruí tudo! Eu não tenho ninguém dentro desse corpo. É tudo falso. Meu jeito, meu ser, minhas vontades. Eu sou o Rei não tem nada – dizia ele chorando.

O Sangue escorria pelo seu peito cabeludo.

- Cael, vá dormir!

- Fiz tudo isso pelo meu irmão e ele nem tá aqui mais!

"Como eu detesto homem que chora!"

- Cael, passamos dos limites – disse indo até ele – Ambos estão nervosos. Ambos magoaram um ao outro.

- Você tá certo! Sou um imundo. Eu sou fedido, mal arrumado. Todos aqui só aparentam gostar de mim, mas na verdade tem medo.

- Cael é você. Todos o ama. Viu como gritaram quando o viram na arena.

- Mas foi você o cara da noite. Hoje é o dia que todos lembrarão do Yuri Martel, o encantado de Touros. Eu sou um mero montador.

Ele começou a choras desesperadamente, agachando no chão. Cheguei parto dele, mas ele me empurrando. Venha aqui, vamos cuidar disso.

- Sai. Eu quero que vá embora – disse ele me empurrou novamente.

Agachei bem de frente a ele e o abracei. Abracei o mais forte que pude e ele não parava de chorar.

- Viu, eu não sou tão ruim assim! – disse e ele soltou uma risada fraca – Levanta, vamos olhar essa boca?

O puxei e levei-o até a cozinha. Coloquei sentado na cadeira. Ele apenas me ficava com aqueles olhos negros.

- Está só cortado, mas nada que precise de pontos. Vai doer muito, você sabe?

Ele apenas concordou com a cabeça. Passamos gelo naquilo. A boca dele parecia que tinha sido picada por marimbondo.

- Vamos, você precisa se limpar. Vamos dar um jeito nessa sujeita toda. Vou esquentar a água e você vai tirar essa roupa.

Dez minutos depois ele voltou apenas completamente nu. Eu acho que o Zebu não tinha me assustado da forma que o Cael me assustara agora. Ele, completamente peladão, com o membro balançando prá lá e pra cá.

"Yuri Martel?" gritei comigo mesmo para evitar desconforto.

Levei para o banheiro, pendurei o balde e abri a água quente. Escorrendo pelo seu corpo. Tirei todo sangue que havia na sua barba com shampoo, depois lavei sua cabeça. Ele fazia forças para ficar em pé. Estava bêbado demais. Peguei o sabonete e lavei seu corpo inteiro, incluindo seu pau e sua bunda. Ele nem ao menos reagiu. Mas continuava a chorar. Coloquei ele sentado no banquinho e me lavei rápido, antes que ele desmaiasse. Nos enxugamos e o levei para sua cama.

- Por que chora? – perguntei secando suas costas.

Meu pau ia ficando duro vendo aquela bunda tão convidativa.

"Cael Martel, você me mata!"

- Porque eu estraguei tudo! Sou a pior pessoa daqui.

- Achei que fosse eu!

- Não! Não você, sou eu! Hoje todos o pegaram no colo, todos queria relar em você, todos lá o abraçaram. Isso nunca aconteceu! – disse ele se deitando e puxando a coberta.

Era melhor assim, antes que eu ficasse excitado.

- Como não?! Você ganhou Barretos!

- Mas nunca ganhei um abraço sincero – disse ele começando a chorar.

Como eu poderia deixa-lo daquela forma. Cael era sem dúvidas, nada daquilo que ele pintava. Ele era um bebezão, numa armadura de guerreiro.

- Você falou que sou amado por todos?

Ele concordou com cabeça.

- Então, como eu sou o amado aqui, vem até aqui e me abraça – disse puxando ele e o abraçando de verdade.

Ele me apertou com tanta força que achei que quebraria minhas costelas.

- shi, shi, shi, shi ... descansa Cael. Deita aqui no meu peito.

Ele não emitiu som nenhum. Apenas colocou sua cabeça no meu peito e eu o envolvi com os meus braços. Fiquei fazendo cafuné até ele roncar. Acho que agora, mais que nunca, eu havia entendido quem era aquele menino. Ele era o menino que nunca recebeu amor de alguém, além do irmão. Fiquei com ele em meus braços durante todo o dia. Sim, de fato ele nunca tinha ganhado um colo, ainda mais um colo sincero. E quando dei o meu, ele chegou até a babar. Sem mais, cai no sono agarradinho com o Cael.



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BOA NOITE PESSOAL!

COMO SEMPRE O WATTPAD CAGANDO NAS POSTAGENS. MEUS AMIGOS QUE FIZ SABEM DA DIFICULDADE QUE O PROGRAMA ESTÁ PASSANDO. TANTO QUE ERA PARA EU TER POSTADO ESSES DOIS CAPÍTULOS NA SEMANA PASSADA.

QUERO AGRADECER O CARINHO DE TODOS E A PACIÊNCIA! E VENHO AQUI DAR DUAS NOTICIAIS. A PRIMEIRA É QUE O 'PAI AQUI TERÁ QUE EENTREGAR SEU TCC DA PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS HUMANOS ATÉ DIA 05 DE JULHO. ATÉ LÁ, NÃO POSTAREI NADA. PRECISO DE 100% DE ATENÇÃO NO TCC. SEGUNDA COISA, TORÇAM POR MIM, PARA QU EU PASSE NO MEU TCC. ESTOU COM MUITO FRIO NA BARRIGA, ESTOU GELADO, PORQUE FORAM DOIS ANOS PARA CHEGAR ESSE DIA 5.

POSTO MEU ARTIGO CIENTIFICIO DEPOIS,CASO EU PASSE.

GRANDE ABRAÇO PARA QUEM É DO ABRAÇO;

GRANDE BEIJO PARA QUEM É DO BEIJO;

ATÉ JULHO E, SE DEUS QUISER, PÓS GRADUADO!!!

TORÇAM POR MIM, SE NÃO EU MATO OS DOIS PERSONAGENS AUIHAUIHAUIHAUIHAAHUAHUIHUIAHUIHAUIAHUIHAUIHAUHAUIHAUIA

BRINCADEIRA!

FUIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII

LEONARDO FERREIRA DA SILVA

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