CAPÍTULO 19 - ZEBU CAEL - PARTE 02
Zebu Cael
Mais um dia se passou na fazenda. Yuri percorrera toda montanha comigo. Hoje começaria a maior festa de boiadeiro que já tinha história. Homens e mulheres armavam tendas, faziam comidas típicas. Eram vários dias de festas regadas a muita costela de gado, carneiro, muita cerveja e dança. Enquanto descia com minha camionete, inúmeros fazendeiros vinham me cumprimentar vieram de todos os cantos para festejar conosco. Era obrigatório os fazendeiros saberem montar em boi ou touros para estar ali. Se você pensar bem, montar um touro exigia muita sorte. Já os bois exigiam que os guris tivessem apenas manejo.
Deixei o Yuri com o Tomé para ele conhecer todo o perímetro enquanto eu fosse me encontrar com o gorducho, o comprador. A noite de ontem fora tão difícil quanto as anteriores. A maioria dos meu sonhos era com aquele boi todo tatuado chamado Yuri Martel. Sonhos esquisitos que iam ficando mais nítidos a cada dia. Sonhos de uma vida juntos. Mas antes de tudo isso se concretizar, primeiro o Yuri precisaria estar gostando de mim, segundo eu deveria botar todos os moradores para fora dali antes que me matassem. Enquanto conversava com comerciantes amigos, meus olhos percorriam todo o pasto ensolarado a procura dele. Meu coração ia amolecendo a cada dia. O medo de tudo isso transbordar era o mais preocupante.
"Tente-se concentrar no gado. Tente-se concentrar no gado" – dizia a mim mesmo.
Mas foi em vão. O Aldo e Juan vinham com o Yuri na cola.
- Que manda? – perguntei aos dois enquanto amarrava meu touro num tronco da cerca.
- Disse que querias que o Yuri estivesse presente nesta hora que você fosse passar lo gado. Então aqui estás.
Ele chegou ao meu lado e me cumprimentou com aceno de cabeça. Meu coração disparara ao ver ele todo suado. O Tomé chegou pouco tempo depois trazendo toda a papelada. Queria acabar logo com aquela longa contagem. O sol era do meio dia, então estava muito forte. Fui até a porteira aonde faziam a passagem dos animais, cumprimentei o gordão com um aceno no chapéu. Era tradição eu, o vendedor, convidar ao comprador para se sentar do outro lado da porteira. Detestava anúncios para o publico.
- Tudo certo Tomé?! – perguntei ao capataz que me acompanhou até o pé da porteira.
- Tudo certo senhor!
Olhei para ele com aquela cara "Você não precisa me chamar de senhor!", mas ele jamais deixaria de fazer isso em público.
- Yuri? – chamei o meu primo – Quero que fique ao meu lado. Aqui em cima – disse.
O rapaz subiu mais que depressa.
- Boa tarde a todos. Sou Cael Martel. O vendedor. Quero agradecer a muitos amigos e irmãos que vieram de tão longe para nossa tradicional festa do boiadeiro. Chamo agora o comprador.
Houve uma salva de palmas, assovios, gritos do nome. Procurei dar instruções ao meu primo enquanto aquele gordo insuportável fazia suas considerações.
- Vem cá. Foram vendidas 12 mil cabeça de gado. Você fará uma listagem do que é gado de corte e o que é de leite – Tomé, chame os mestres e peçam para que fiquem do meu lado. Quero todos aqui.
O capataz saiu de perto de nós e foi até a área onde usava um walktalk para chamar a todos.
- Por que vai chamar a todos? – perguntou Yuri.
- Preciso que todos ajudem na contagem e sejam testemunhas.
Mais uma vez ele balançou apenas a cabeça confirmando que havia entendido.
- Do outro lado da porteira está o comprador. Você vai pegar os dados dele. Precisará de tudo isso para passar ao meu pai.
- Ok! - respondeu ele seco.
- Não vai me perder na contagem, entendeu? Caso esteja indo muito rápido, erga a mão que paramos na hora. Faça uma anotação a cada 10 animais que passar. É sempre nessa ordem. 100 animais de corte e depois 100 animais de leite. A contagem só é continuada após a sua aprovação.
- Caso eu erre?
- Nem queira imaginar o que vai acontecer contigo – disse deixando o rapaz carrancudo.
Ele ficou carrancudo. Deveria estar me odiando aquela altura. Ele arrancou suas veste imundas e as colocou ao lado da porteira
- Alan? – chamei o ruivo que ajudara meu primo nos afazeres – pegue papel e caneta.
O rapaz mais que depressa correu até a sua camionete.
- Você quer que eu anote todo esse gado a mão? – perguntou o Yuri boquiaberto.
A única coisa que me ocorreu, foi dar um tapa com as costas da mão, com muita força naquele rosto pretencioso. A multidão calou a boca enquanto o rapaz se equilibrava para não cair. Ele fungava, ele me olhava de cima pra baixo. Eu sabia que a fera estava muito perto de se soltar. Seu olhar não era dos melhores olhares. Foi a primeira vez que tive medo dele. Não era raiva e nem ódio, era fúria. Tenho certeza que ele me mataria, num piscar de olhos caso pudesse. Os mestres apenas assistiram aquela cena calado.
- O que está fazendo? – perguntou o Tomé me puxando pelas vestes.
- Lembrando ao convidado como ele deve se dirigir a mim – disse encarando o Yuri.
O Alan chegou ao lado do Yuri e lhe entregou o caderno que havia caído.
- Alguma dúvida Yuri? – perguntei olhando naqueles olhos vermelhos.
Ele balançou a cabeça negativamente.
- Ótimo! Comprador, se já terminou de falar, vamos começar com as contagens – disse ao gorducho que ria da cena com meu primo.
- Vamos começar isso logo – concordou o senhor que usava uma camisa tão apertada que a parte de baixo da sua barriga aparecia.
A tarde correu muito bem. Os animais eram separados em manadas de 50 cabeças. Assim o gorducho poderia aceitar o não. Na manada do Juan que era mestre dos gados de leite, não fora reprovado nenhum. O Yuri não ergueu a mão nenhuma vez, para o meu alívio. Em seguida foi a manada do Aldo, Mestre do Gado de corte. Mais uma vez nenhuma cabeça fora reprovada. Alternando entre gado de leite e corte, chegamos ao final da tarde com mil cabeças aprovadas.
- Yuri Martel? – chamei o rapaz que estava ensopado de suor.
- Sim!
- Total?
- Total de 500 cabeças de gado de leite e 500 cabeças de gado de corte. Totalizando 1000 mil cabeças.
- Ótimo. Vamos mijar pessoal – disse pulando do alto da porteira – Yuri Martel? – chamei ao rapaz que estava calado desde o meio-dia.
Ele me acompanhou até uma araucária ali perto, aonde abri meu cinto e comecei a mijar. Ele se afastou um pouco de mim e se virou de costas e mijou como um boi. Jato forte e grosso chamou atenção aos meus ouvidos..
- O que achou? – perguntei enquanto sentia aquele alivio maravilhoso.
- Muito proveitoso Cael!
- Houve dificuldade?
- Nenhuma! – respondeu ele novamente seco.
Balancei meu pau e enfiei dentro da bombacha. O Yuri se virou para mim, mostrando aquele pau murcho, com um anel na cabeça. Meu coração acelerou como uma locomotiva. Pensando nessa tarde inteira em gado eu tinha aliviado a tensão que meu primo andava me provocando. Mas não estava preparado para aquilo.
- Que isso no seu pau? – perguntei quase sem voz.
Fingi virar de costas para soar o nariz, mas aproveitar para ajeitar o meu pau que estava ficando duro com aquela cena. Yuri Martel, há poucos metros de mim, mostrando o pau com um anel na cabeça. Dava para ver a marca de praia que contrastava com sua pele.
- Isso é um piercing – disse ele chegando mais perto para me mostrar.
- Sai de perto – disse empurrando eel para longe.
- Calma! Apenas fui te mostrar. Não mata ninguém ser curioso.
- Eu... não... sou... veado – disse pausadamente – agora se veste e vamos embora.
Como eu ia conseguir seguir aquela noite sem tirar aquela imagem da minha cabeça? Deixei a bombacha bem larga para que ninguém notasse como eu estava.
- Tomé – chamei meu capataz que estava conversando com um aglomerado de comerciantes – temos trabalho a fazer.
- Que o senhor quer? – disse ele ao meu pé.
- Quero que pegue o máximo de meninos possível e leve os touros para arena – disse fazendo o capataz pular de alegria.
- Termos o estouro da boiada hoje? – perguntou o Alan som sorriso de canto a canto – pensei que fosse apenas ao útlimo dia.
- Pra que esperar o último dia? Ninguém aqui verá uma festa dessas tão cedo. E quase todas morrerão antes que aconteça algo parecido. Então não vejo motivo para esperar até domingo.
Todos ali pulavam, vibravam, jogavam os chapéus para cima. Estouro da boiada significava o passaporte livre dentro da montanha e na cidade. Era a oportunidade dos novatos mostrar que eram bons. Além de mostrar a bravura correndo entre touros imensos, bois 05 vezes mais pesados que eles, sobreviver as chifradas e de ser pisoteado, ele teria a oportunidade de virar um verdadeiro toureiro. Pois aquele que conseguisse subir em cima do seu touro, ele poderia leva-lo embora. Para uns que não tinham nada ali, era o pé de meia. Para outros, era a oportunidade de laçar sua prenda (mulher). As mulheres ali só casavam com homens que já conseguiam montar nos seus próprios touros.
- Yuri Martel? – chamei o rapaz que estava fazendo forças para não me olhar – Vamos comigo. Temos mais gado a contar.
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Boa tarde pessoal. Fiz duas postagens hoje, pois amanhã estarei ausente. Como o Wattpad anda dando problemas, gostaria que vocês confirmassem que receberam os dois capítulos do Cael me chamando por inbox ou no facebook.
Valeu o Carinho sempre,
Beijão
:G
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