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˖࣪ ❛ CIDADE PEQUENA
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OLHO A CIDADE à minha frente, tudo estava calmo, o vento bateu no meu rosto quando saí para a varanda. Sem dúvida, Madrid será sempre a minha cidade preferida para visitar.
Durante meus longos anos tenho escapado das garras e das regras do meu pai, nunca estive no mesmo lugar por mais de um mês. A vida fugitiva me emociona e a sensação de sangue nas mãos é incomparável. Sou uma alma livre, não pertenço a ninguém e não estou sob as regras de ninguém, crio as minhas próprias regras.
Coloco as duas mãos no parapeito da varanda, sentindo o frio do metal, o som dos carros e da música dos bares chega aos meus ouvidos, o cheiro inebriante que anuncia que a chuva está se aproximando percorre todas as minhas narinas e eu realmente estou gostando disso. Eu me diverti bastante essas semanas, uma pegadinha de vez em quando não faz mal a ninguém e se alguém quiser me repreender por alguma coisa, opa, vai acabar com a cabeça pendurada para fora do corpo.
Fecho os olhos ao sentir a leve mudança de temperatura, mas os abro imediatamente quando gemidos interrompem meu momento de paz.
— Você poderia parar de fazer barulho? — falei sem me virar, mas os barulhos continuaram. Tomo o último gole de uísque e deixo meu copo sobre uma mesinha antes de me aproximar da sala.
O lugar estava totalmente arrumado, gosto de ordem, de absolutamente tudo. As mesas estavam no lugar, a TV passava um programa que eu não conhecia, o lugar estava iluminado por luminárias caras, tudo estava limpo, exceto por uma enorme mancha vermelha no carpete.
— O que eu te contei sobre sujar o carpete? — eu vejo a causa do meu estresse crescendo. — Eu te disse que não gosto de bagunça e sujeira, o que vamos fazer com você? — agarro seu rosto e passo o polegar em seu lábio inferior. — Acabei de te dar uma maldita regra e você a quebrou. Não gosto quando me desobedecem. — estalo a língua.
O som da porta chama minha atenção e rapidamente me endireito, olhando pelo buraco da porta para perceber que são dois homens bastante pálidos.
Eles já estavam demorando muito.
— Quem é? — perguntei mesmo sabendo quem eles eram.
— Serviço de limpeza. — responde a mais curta.
Virei minha cabeça olhando para a sala e sorri um pouco.
— Dê-me cinco minutos. — digo antes de me virar para a pessoa na sala. — Você terá companhia. Afinal, não estou tão mal. — sussurro para ele antes de caminhar em direção à porta novamente. — Entrem, senhores.
As duas figuras entram no local. O primeiro me olha com determinação e sei que ele está verificando se realmente sou eu, o segundo tenta me agarrar, mas sou mais rápida e consigo agarrá-lo pela nuca e jogá-lo no chão. O mais alto era moreno, era bastante exercitado e a altura dele era bem diferente da minha e ele aproveitou para me agarrar. Ele olhou para trás e sorriu divertido quando pensou que me tinha.
Ah, como ele estava errado.
Algo se enrosca em seu pescoço e ele tenta se livrar daquilo que não o deixa fazer seu trabalho, então aproveito para quebrar os dois joelhos. Sinto como se alguém estivesse atrás de mim e agarrasse meu braço.
— Não me toque. — ordeno com os dentes cerrados e quando seu aperto fica forte eu arranco sua cabeça sem nenhum problema.
Olho para o moreno novamente e faço beicinho falso, examinando-o com os olhos antes de sorrir e fazer a mesma coisa que fiz com seu parceiro, arrancando sua cabeça.
Pego um papel branco e começo a escrever com uma cor carmesim forte, tiro o cabelo do rosto e ainda consigo ouvir os gemidos daquela pessoa. — Pode, por favor, calar a boca? Quero escrever uma carta para meu pai e seus soluços patéticos não me deixam concentrar.
Termino de escrever e deixo o bilhete no meio das cabeças dos dois sujeitos.
Olá de novo, pai. Como sempre você falhou. Acho que esta é sua 57ª tentativa neste mês de me capturar, estou realmente um pouco entediado e me divirto com seus animaizinhos. Boa sorte da próxima vez, talvez você consiga. Continue tentando como você vem fazendo há séculos
Ass: Fallon.
Pego minha bolsa e meu celular que estava em cima da cama, com velocidade de vampiro vasculho todo o lugar e vejo que estava tudo limpo.
— Diga ao pessoal da limpeza que sinto muito por aquela pequena mancha. — comento e fecho a porta do hotel.
Deixando a pessoa sangrando até a morte e com um braço arrancado.
(...)
Meu carro aumentava de velocidade com o passar dos segundos, estava em uma velocidade bastante alta ao passar pela rodovia e eu realmente sempre adorei velocidade.
Eu não estava mais em Madrid, infelizmente. Neste momento eu estava indo para uma pequena cidade na Península Olímpica, a noroeste do estado de Washington. Disseram que havia uma cidade chamada Forks, cujo céu está sempre nublado. Aparentemente não havia muitos habitantes, chovia quase sempre e tinham um sistema policial um pouco sonolento.
Um sorriso torto aparece em meu rosto, minha música estava no máximo e meus dedos apertaram o volante. Olhei para a grande placa de Bem-vindo a Forks por alguns segundos, tudo estava quieto, quase ninguém nas ruas. Tudo estava diferente, estacionei minha Lamborghini preta em frente ao casarão que havia comprado, estava tudo muito bonito, mas toda a minha atenção foi desviada pela enorme floresta diante dos meus olhos.
A natureza foi algo que sempre amei, as minhas mãos percorrendo as árvores e o solo, os meus pés tocando a relva molhada e as cores vivas que havia nas flores ou nas plantas. Eu amava tudo e mais e não ia desperdiçar a localização da minha nova casa para investigar a floresta.
Uma vez bem instalada resolvi sair e explorar um pouco o local.
O sol estava se pondo e o céu estava ficando cinza misturado com azul, estava lindo. O frio começou a chegar e o barulho dos carros parou com o passar dos minutos. Entrei na floresta me deliciando com tudo que via, pois entrei mais fundo, a escuridão atingiu sua capacidade máxima e fiquei grata por poder enxergar mesmo com pouca luz.
Eu estava tão focada em brincar com meu presente que, quando ouvi um pequeno soluço, deixei cair a flor que estava em minha mão, frustrada.
Eu preguiçosamente me endireito e caminho em direção ao local de onde vinha o choro. Aí eu a vi, ela estava deitada no chão, as pernas grudadas no peito e eu não conseguia ver o rosto dela.
— Ei, sua garota estranha que chora na floresta. — eu a chamo.
Ela não percebeu minha presença e quando ouviu minha voz pulou no seu lugar, ficou assustada.
— Edward? — se levanta do chão
Eu enrugo meu nariz. Não, que nome feio. Quem daria o nome de seu filho de Edward? Ela quer que eles intimidem o coitado? Eu não saio da minha casa, apenas olho para ela.
— Quem é você? — ele pergunta em um sussurro. — Edward enviou você? Ou você veio me matar?
— O que?
— Garota estranha, eu não conheço esse Edward. — não canso de dizer que é um nome feio. — E não, eu não quero te matar. Eu não vou perder meu tempo matando você. — eu a examino com meus olhos. — Parece que você é um pouco suicida.
A noite passou cada vez mais e o frio aumentou. Não me machucou, mas com certeza machucou aquela humana. Não é como se eu me importasse.
Cheguei um pouco mais perto e agora pude ver seu rosto. Seu rosto era fino, os lábios iguais, mas eram de tom avermelhado. Sua mandíbula estava um pouco rígida e seu nariz era fofo. Seu cabelo era castanho e ela era magra. Ela estava vestindo apenas um moletom grande e uma calça jeans, seus sapatos eram converse.
— Você vai continuar parada aí ou vai para casa? — pergunto a ela.
— Não, tenho que esperar. Talvez ele apareça. — a garota sussurrou.
Acho que ela está drogada ou simplesmente louca.
— Olha, a menos que você seja imune ao frio, você poderia ficar, mas tenho certeza que não é. Você está tremendo. Você parece uma maldita gelatina.
— E-eu devo ficar...
— Não sei se quem te deu um tapa é o seu namorado ou quem te vende drogas, se for a primeira opção ele é um péssimo namorado, deixando a namorada no meio da floresta escura? Hmm. — estalo a língua. — E se o segundo for um péssimo vendedor de drogas, você precisa de um de melhor qualidade.
Dou mais um passo e me aproximo dela.
— Ele era meu namorado... — ela sussurra novamente
— Ok? Eu não sou sua psicóloga, garota. — eu comentei.
Eu ia agarrar seu ombro para que ela pudesse andar e direcioná-la para onde ficava a cidade.
Então aconteceu.
Meus sentidos foram perdidos e eu poderia jurar que se fosse mortal teria morrido de novo quando parei de respirar tanto. Minhas mãos tremiam e eu fiquei parada no meu lugar, era ela.
Tudo o que eu conseguia pensar era no cheiro delicioso de baunilha e no som de seu coração batendo lentamente contra sua caixa torácica.
— Você... — eu sussurro e sem evitar um pequeno sorriso cresce em meu rosto.
Mas então volto aos meus sentidos e meu sorriso desaparece. Ótimo, realmente ótimo. Eu tinha encontrado minha parceira e ela era heterossexual.
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