090
CAPÍTULO NOVENTA
você prometeu.
9ª temporada, episódios 1 e 2
———— ✦ ————
MARK DEITOU-SE NA cama do hospital, sentindo-se... Fraco.
Ficar acordado, ficar vivo era exaustivo além do que ele pensava, e apesar de sua determinação de lutar, ele podia sentir seu corpo enfraquecendo a cada minuto.
Aguente firme. Por favor, fique forte por eles.
— Não conte a Callie. Ela está prestes a operar Derek. — Disse ele a Webber, que estava abaixando sua cama. — Derek não precisa ir nesta cirurgia preocupado, então não diga nada a ele.
— Eles podem reagendar a cirurgia, Mark. — Raciocinou Webber, — Tenho certeza de que gostariam-
— Não. — O homem na cama o interrompeu. — Essa cirurgia vai levar Derek de volta à sala de cirurgia onde ele pertence. Ninguém tem mãos melhores do que ele... Não, Norah tem mãos melhores do que ele... Derek também sabe disso. O ego dele é grande demais para admitir isso.
Ele riu levemente com o pensamento, — Você já olhou para as mãos dela? Elas são lindas. E eu vou... Ia... Colocar um anel naquela mão.
— Você vai. — Webber falou, sentando-se ao lado de sua cama.
— Ela é perfeita, sabe? E caramba, ela realmente nem sabe o quão perfeita ela é. Às vezes você deseja que as pessoas... Apenas se vejam do jeito que você vê. — Mark murmurou e soltou um longo suspiro. — E Kai, meu homenzinho, ele tem oito meses, mas já parece tão grande... E-Ele é mesmo um Sloan.
— Ouça-me. — Mark ofegou, inspirando enquanto olhava para Webber. — Esta é a onda falando?
— Não, este é você. Isso é tudo você. — Webber assegurou com um sorriso tenso. — Então continue... Porque eu não vou a lugar nenhum.
★
Webber sentou-se ao lado de Mark, que respirava pesadamente; o último mal podia mover seu corpo agora. Ele observou enquanto o homem na cama lutava para lutar, para viver. — Norah gostaria de estar aqui. — Disse Webber.
— Ela iria... Eu sei que ela iria. — Mark deu um sorriso de volta para ele, — Mas ela está brincando... Com Kai agora... E Kai precisa de sua mãe... Com ele.
— Kai não vai-
— Kai não vai a lugar nenhum... Eu sei... Mas não consigo vê-la ... Quebrando de novo. — Ele admitiu; o grito na floresta ainda o assombrava. — Eu não posso... Porque uma coisa q-que me assusta mais do que morrer... É não poder segurá-la em meus braços quando ela quebra... E-E ela tem que ser forte para o nosso filho.
Ele sabia um pouco que ela não seria capaz de perdoá-lo. Mas, pela primeira vez, ele entendeu como era afastar as pessoas que você ama - em um desejo de que machucasse menos para você. Ele não queria que ela assistisse, pois ele possivelmente a deixaria também.
Webber sentou-se em silêncio com uma expressão de empatia; Mark podia sentir seu peito se apertando e seus pulmões se fechando - a respiração não era mais tão fácil quanto antes. Ele podia ouvir sua própria respiração difícil; as inspirações profundas que ele respirou, e as expirações profundas que ele soltou.
Foi exaustivo. Ficar acordado era cansativo.
A última coisa que ele ouviu antes que os sons fossem abafados foi o bipe rápido do monitor cardíaco, seguido por uma voz gritando por um carrinho de emergência.
Seu último pensamento antes de fechar os olhos foi sua promessa para ela, o anel na gaveta e o sorriso no rosto de seu homenzinho.
E então, ele caiu em um sono profundo.
★
Uma parte dela murchou quando Norah recebeu a página do 9-1-1 com o nome dele e o número do quarto.
Ela sabia um pouco que ele iria alarmá-la mais cedo ou mais tarde. Mas pela primeira vez, ela entendeu por que ele não a pediu para ficar ao seu lado, ele não podia suportar ferir nenhum deles. Ela não queria que ele se sentisse culpado por possivelmente quebrá-la novamente.
E então ela deu um beijo na cabeça de seu filho para ele.
★
Todo mundo esperava que Norah Lawrence gritasse, chorasse, destruísse seu apartamento... Mas ela não fez nada disso.
Seus dias continuavam - consultas, pesquisas, creche, fisioterapia - então, ela passava a noite no quarto de Mark, compartilhando com ele sobre seu dia.
Seria o mesmo; às vezes, ela brincava sobre os idiotas que vinham ao pronto-socorro depois de um acidente bizarro ou discurso quando havia uma neurocirurgia incrível que ela não podia operar. Havia dias em que ela trazia Kai junto com ela porque pai e filho também precisavam um do outro.
Era um loop constante.
Mas o que mais a assustava era como doía cada vez menos cada vez que ele não respondia às suas palavras.
———
— Seus olhos... Eles são bonitos.
— E a sua é a única razão pela qual estou sã agora.
———
Ela começou a sentir falta dos olhos azuis brilhantes que brilhavam sempre que ele a via - aquele em que ela frequentemente se perdia, mergulhando neles sempre que precisava se proteger da dureza do mundo real.
Por favor, acorde.
★
Norah lançou um olhar para a estagiária, que estava a certa distância do posto das enfermeiras, olhando para as cirurgiãs de uniforme azul-marinho. Ela levantou uma sobrancelha antes de estalar a língua, ganhando a atenção de Bailey.
A atendente seguiu o olhar da morena até a estagiária, que abraçava um grosso prontuário na mão, seu rosto parecendo temeroso e levemente pálido. — Qual é o problema?
— Eu tenho esses laboratórios... Para a Dra. Grey. — Jo Wilson respondeu, sua voz trêmula.
— Bem, então dê a ela. — Bailey brincou, e a estagiária caminhou em direção a elas, lentamente - e insegura.
— Estou esperando por eles há mais de uma hora.
— Eu tive que fazer uma admissão-
— Pare de dar desculpas. — Meredith a cortou duramente enquanto pegava o prontuário das mãos do estagiário.
— Desculpe.
— Pare de se desculpar.
— Ok-
— Pare de falar. — Meredith retrucou. Norah soltou um assobio baixo enquanto Bailey tinha o canto da boca virado para cima, notavelmente se orgulhando da cirurgiã que já foi sua estagiária. Jo parecia horrorizada.
— Seu ácido lático é normal. O que isso nos diz? — Meredith ergueu a cabeça do prontuário para a estagiária, que olhou para ela. As palavras da última ficaram presas em sua garganta enquanto ela olhava para a atendente com um olhar conflitante no rosto. Meredith suspirou, — Você pode falar agora.
— Que ele provavelmente não é séptico, então ele vai ficar bem. — Jo respondeu apressadamente, e Meredith inclinou a cabeça para a estagiária. — Embora... Sua contagem de glóbulos brancos esteja elevada, então eu provavelmente deveria ficar de olho nisso... Na verdade, vou ficar de olho nisso para que ele não vá-
— Vá para o poço e tente não matar ninguém. — Meredith a cortou sem graça; Jo exalou trêmula antes de sair correndo.
★
O resto dos internos engoliram em seco quando viram a amiga indo embora com um olhar angustiado no rosto. Leah Murphy passou o prontuário em sua mão para Stephanie Edwards, que rapidamente o deu a Shane Ross, que olhou o prontuário com curiosidade antes de arregalar os olhos e empurrá-lo para Heather Brooks.
— O que? — Heather arqueou uma sobrancelha quando o gráfico pousou em suas mãos, junto com votos de boa sorte do resto dos estagiários. Ela abriu e deu uma olhada rápida no estado do paciente antes de levantar a cabeça de volta para os outros. — A Medusa não congela cérebros. Por que vocês estão com tanto medo?
— Porque é um caso Neuro. — Shane respondeu com um sorriso hesitante, cutucando sua cabeça para o grupo de chefes. — É... Dra. Psicopata ali.
Stephanie franziu as sobrancelhas enquanto olhava para ele. — Por que a chamamos de Dra. Psicopata mesmo?
— O boato era que ela foi internada em Psych após o acidente de avião... Com restrições.
— O namorado dela está em coma.
— Ela é uma bomba-relógio.
— Espere, não é noivo?
— Ouvi dizer que ela não aceitou a proposta dele.
— Ela pode ouvir vocês, sabem? — A voz de Nina soou atrás do grupo de estagiários, que pularam coletivamente no estalo da Chefe dos Residentes. Eles se viraram se desculpando, olhando entre a carranca no rosto de Nina, depois de volta para a neuro.
Norah virou a cadeira na direção de onde os estagiários fugiram instantaneamente, deixando Heather com o prontuário na mão. Norah suspirou, — O que você tem para mim?
— Hum... Cérebro. — A estagiária respondeu enquanto se aproximava e entregava o prontuário para a morena.
Norah estreitou os olhos para o prontuário enquanto batia os dedos na mesa; sua caneta rolou para fora da mesa, mas Heather a pegou antes que ela caísse no chão.
— Obrigada. — A sujeita murmurou antes de encarar a estagiária com uma cara séria. — Este paciente está sangrando em seu cérebro e está começando a inchar. — Apontou a primeira. — O que isso nos diz?
— Uh, isso... Ele pode morrer ou ficar maluco?
Norah piscou para ela, achando suas palavras bastante divertidas. — Que ele já deveria estar na sala de cirurgia há uma hora, em vez de vocês ficarem fofocando sobre meu namorado prestes a morrer! — Ela estalou de repente, e a estagiária imediatamente pegou o prontuário e fugiu.
Ela se inclinou para trás em seu assento, olhando para as outras duas atendentes, que estavam olhando para ela. — O quê?
— Você está bem? — Perguntou Bailey.
— Fantástica. — Norah apenas revirou os olhos antes de abaixar a cabeça de volta ao seu trabalho.
Meredith franziu as sobrancelhas para a morena antes de se virar para a atendente mais velha. — Ela é boa.
— Ela tem-
— Nem uma gota.
★
— Não te vi com o Kai lá em cima. Pensei que ia te encontrar aqui.
Norah abriu os olhos para ver Derek entrando no quarto do paciente, fechando a porta de vidro atrás dele. — Você realmente tinha que me acordar?
— Você não estava dormindo - seus dedos estavam batendo. — O atendente apontou antes de se sentar na cadeira; ela esfregou as palmas das mãos em sua calça antes de se virar para ele. Os dois sentaram-se frente a frente, com Mark entre eles na cama do hospital.
— É uma hora.
— Isso é.
O longo e inquieto silêncio fez suas palavras afundarem em suas cabeças.
— Eu não... Eu não quero deixá-lo ir, Derek.
Ele suspirou pesadamente, olhando para o homem, a quem ele poderia chamar de irmão, com a mesma sensação de ardor no peito. — Eu também não.
———
— Olá.
— Ignore minha presença. Estou aqui apenas para pegar alguns arquivos.
———
— Você sabe, a primeira frase que eu disse a ele foi pedir que ele me ignorasse. — Norah riu levemente com a memória, — E eu quase o chamei de bastardo arrogante.
— Um bastardo arrogante? Como estagiária? — Derek riu junto, divertido. — Estou tentando ficar impressionado, mas isso soa totalmente como algo que você faria.
— Sim... Eu não posso acreditar que concordamos em ser estritamente amigos em um ponto. — Acrescentou com uma bufada, balançando a cabeça.
— Bem, isso funcionou?
— Obviamente não. — Ela meditou, balançando a cabeça. Ela soltou outro suspiro, afundando em seu assento. — Estou muito feliz que não.
Norah olhou para Mark na cama; ele parecia... Pacífico. A mão que ela segurava na dela ainda estava quente, mas não retornou o aperto que ela vinha repetindo na última hora.
— Deus, tudo estava dando certo. Nós temos Kai, e ele ia propor. Eu ia me casar com ele, e talvez pudéssemos dar as boas-vindas ao nosso segundo filho em alguns meses, mas agora? — Ela sentiu uma pontada no nariz, — Tudo se foi, todo mundo se foi. Por que isso continua acontecendo comigo? C-Como eu vim parar aqui? O que eu fiz para acabar aqui?
Derek queria dizer alguma coisa, qualquer coisa, mas não conseguiu distinguir uma única palavra.
———
— Estou aqui agora, não estou? Estarei bem aqui quando você acordar - sempre estarei aqui. Então, feche os olhos, ok? Você não estará sozinha. Eu prometo.
———
E então, sua primeira lágrima em trinta dias rolou por seu rosto, seguida por um surto de soluços silenciosos e hiperventilação.
Não era que a percepção ou a realidade tivessem afundado como ela fez com Timothy - foi o sonho e a imaginação sobre o futuro deles que cortaram o fio fino.
A corda fina caiu devagar, mas com firmeza - até atingir o chão sem fazer barulho.
Ela havia descido ao fundo do poço e estava sozinha, sem gritos de socorro.
★
- SEATTLE; 16:50 -
A porta de vidro ainda estava fechada; as duas pessoas na sala estavam vivendo um último momento.
Do lado de fora do quarto do paciente, o grupo que vinha se despedir aumentava a cada minuto. O andar inteiro estava em silêncio - um silêncio assustador que poderia assombrar suas mentes.
— Derek, ela tem que nos deixar entrar, sabe?
— Ainda há dez minutos, Richard. Dê a ela um tempo.
— Derek, eu não posso estar lá quando vocês tirarem ele do ventilador... Porque eu tenho que estar com nosso filho quando ele perder o pai. E-E eu não posso deixar Kai cuidar do pai dele.
— E se ela se recusar a-
— Deixar ele ir? — Derek virou-se para Webber, um olhar triste em ambos os rostos. — Ela vai... Fisicamente, pelo menos. Mas mentalmente? Ela pode nunca... Então apenas... Dê a ela tempo. Ainda há esperança. Nossa última esperança.
Ele olhou para seus dois melhores amigos, sentindo a dor no peito e suas lágrimas que ameaçavam cair.
Os dois eram perfeitos um para o outro, mas o mundo às vezes era um lugar cruel.
— Eles têm que ter seu final feliz. — Ele falou. — Estou orando por um milagre.
Webber suspirou, colocando uma mão no ombro de Derek. — Todos nós estamos.
★
Norah levantou a cabeça para o relógio na parede.
Oito minutos.
Ela podia sentir os cirurgiões do lado de fora já preparados para entrar, e ela sabia que sairia da sala em breve - não havia como ela ficar para vê-lo dar seu último suspiro.
Ela estava quebrando a cabeça, procurando o que mais ela precisava dizer a ele. Mas a verdade é que ela já havia dito tudo o que queria, tudo o que podia.
———
— Prometa que estará aqui quando eu acordar?
— Eu prometo.
———
Ela não queria nada mais do que ouvir a voz dele; aquela voz dele que a chamava pelo apelido que ele inventou - um que ela tinha aprendido a amar, assim como o quanto ela o amava.
Ela se arrastou da poltrona, estendendo a mão para o monitor cardíaco e desligou o som do bipe.
———
— Seu coração está batendo muito rápido. Sempre foi tão rápido assim?
— Por que você acha que está correndo?
———
Ela caiu de volta para baixo, seu corpo inteiro já dormente, seus olhos quase inchados de tanto chorar. Ela não estava mais chorosa agora, ela sabia que o machucava vê-la chorar.
Ela segurou a mão dele na dela, dando um beijo na parte de trás dela, antes de entrelaçar os dedos enquanto ela traçava no meio de sua palma, assim como ele costumava fazer com a dela.
Ela nunca conseguiu descobrir o que ele traçou ou se havia uma coisa específica que ele estava traçando, mas na palma da mão, ela traçou oito letras repetidas.
Ela descansou a cabeça em seu peito, bem acima de seu coração, como sempre fazia nas noites em que dormiam, embora desta vez ele não a abraçasse para puxá-la para mais perto dele.
Mas por mais uma vez, ela precisava ouvir seu coração batendo.
O preto... O preto... O preto...
— Ainda preciso de você ao meu lado, sabe? Você disse que não vou ficar sozinha... V-você não pode simplesmente nos deixar agora.
O preto... O preto... O preto...
— Você me conhece - você sabe que eu não vou conseguir sobreviver se você se for... Inferno, eu não serei capaz de te perdoar se você me deixar também.
O preto... O preto...
— V-nós vamos nos casar, certo? Você vai melhorar, e você vai se ajoelhar. Nós vamos nos casar, e Kai deve ter um irmão. Eles vão crescer. Vão saber o que é o amor, porque você e eu, vamos mostrar a eles.
O preto... o preto...
— Droga, Mark, por favor.
O preto...
— Você prometeu.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top