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CAPÍTULO OITENTA E SEIS
destino.

8ª temporada, episódio 24

[TW: acidente de avião, descrição de ferimentos, sangue, trauma, ataque de pânico, mortes de personagens... Tudo]

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- DIA 1 -

TIMOTHY ESTAVA DEITADO no chão, o rosto coberto de poeira e fuligem. A mão de Lexie estava levemente tentando limpar a sujeira de suas bochechas - sua mão estava perigosamente fria.

Meredith abaixou-se com urgência ao lado dele com uma voz de profunda preocupação. — Como ela está?

— Acordada e responsiva. — Ele respondeu enquanto sentia o pulso fraco. — Lex, c-como você está?

— Eu estou... Estou ótima. — Lexie respondeu, sua voz trêmula, e seus olhos estavam correndo ao redor.

— Ei, Lexie, olhe aqui. Olhe para mim, ok? — Timothy sussurrou em um tom abafado, tentando ao máximo se recompor. Seus olhos encontraram os dele com um sorriso que ele retribuiu. — Nós vamos tirar você daí, e nós... Nós vamos ficar bem, ok?

Ela assentiu, e um fraco 'ok' escapou de seus lábios; ele estava perto de se perder.

Timothy se levantou do chão e sentiu a onda de tontura em sua cabeça novamente; Mark o segurou antes que ele tropeçasse em seus passos. Um olhar preocupado estava no rosto do primeiro porque ele podia ver o pequeno sangramento na parte de trás da cabeça do homem mais jovem.

— E-Ela está taquicárdica e com falta de ar. — Timothy informou com um grunhido, suas mãos sujas apoiando-o de joelhos.

— Nós temos que encontrar Derek. — Meredith deixou escapar, ofegante, seus olhos travados com os de Mark, — E-E Norah. Nós temos que encontrar os dois.

— Vá encontrá-los. — Timothy falou, levantando a cabeça para o residente mais velho. — Encontre-os... Mark, encontre-a, por favor.

— Sloan... — Cristina engoliu em seco e respirou fundo. — Você e Mer... Cuidem um do outro. — Mark assentiu e partiu junto com Meredith, os dois desesperados para encontrar seus parceiros.

— Cristina, nós temos... Temos que tirar Lexie de lá. — Timothy engasgou.

Cristina olhou para o homem mais jovem, que parecia além de perturbado e ainda em choque. — Tim, coloque de volta. — Ela disse, virando seu braço deslocado para ele, — Coloque de volta. — Timothy assentiu e segurou o braço dela; ela soltou um grunhido de dor. — Espere. Espere. Espere... Ok, faça isso.

— Me desculpe... Me desculpe. — Ele murmurou antes de aplicar força no braço, ouvindo um estalo alto; o grito de Cristina ecoou em seus ouvidos enquanto seus dedos cravavam no ombro do jovem.

— Acorda... Acorda... Por favor, não esteja morto... Acorda, seu maldito idiota.

Os olhos de Derek se abriram quando ele sentiu uma mão batendo em seu rosto. Através do contorno tênue à sua frente, ele distinguiu a pessoa que estava pairando acima dele. — Norah?

— Oh, graças a Deus. — A morena respirou antes de cair no chão ao lado dele. — Não, não, pare - não se mova.

Ele piscou confuso antes de sentir uma onda de dor em seu corpo. Seguindo o dedo dela que apontava para o outro lado, ele virou a cabeça para ele. Seus olhos se arregalaram de horror quando viu sua mão presa no meio de um grande metal que pertenceu ao corpo de um avião. — Oh meu Deus.

Ela havia se levantado do chão, seu sangue espremendo um pouco o ferimento, mas não conseguia senti-lo. Ela se aproximou e tentou libertar a mão dele peça de metal. As bordas afiadas estavam quase cortando sua pele, mas mal havia chacoalhado.

— Derek, tem que... — Norah soltou uma risada seca, — Não está saindo... Você tem que-

Ele levou um minuto para entender as palavras dela, depois outro para entender - ele poderia perder a mão junto com o resto de sua carreira. Alternativamente, ele poderia ficar lá na esperança de...

Não havia esperança.

— Tudo bem... Tudo bem... — Ele virou a cabeça, procurando pelo chão até que seus olhos pousaram em um pedaço de pedra. — Isso... — Ele acenou com a cabeça para ela ver, — Use... Isso.

A respiração de Norah era superficial enquanto ela se aproximava para pegar a pedra, sua mão tremendo e sua mente enlouquecendo. — V-você tem... Certeza?

— Não... Mas tem que quebrar.

Ela engoliu em seco e assentiu com a pedra na mão enquanto se posicionava na frente da peça de metal. Ela respirou fundo várias vezes, tentando - apenas tentando parar a cabeça por um segundo.

— Derek, eu sinto muito, muito. — Ela murmurou antes de bater a pedra na mão.

Seu grito doloroso, bem como o fluxo de sangue escorrendo da carne cortada, encheram a atmosfera; ela foi acionada em um lugar em sua mente que ela nunca tinha entrado em um longo tempo.

Os flashes na frente de seus olhos; sua mão manchada de vermelho, o corpo mutilado, as poças de sangue no armário de suprimentos, os muitos corpos sem vida espalhados dentro das paredes do hospital, a arma apontada para seu peito.

Ela se encolheu como se o gatilho tivesse sido puxado, enviando uma bala direto para seu coração.

— N-Norah? Nor... Urgh, foda-se, o -isso dói... Norah!

Sua mente voltou para a situação na frente dela. A mão de Derek estava sangrando, mas ainda incapaz de sair apesar de suas repetidas tentativas.

O espaço amplo e infinito em que ficaram presos parecia que estava desmoronando rapidamente. Seu coração batia forte em seu peito, e ela sentiu como se o céu estivesse começando a cair sobre ela. Os galhos ao redor dela pareciam estar se aproximando dela; sua respiração engatou, e sua mente ficou em branco.

Não agora, ela se repreendeu, não agora.

— Dê-me... Dê-me a pedra. — Ele tossiu, e ela o fez hesitante.

Derek prendeu a respiração enquanto golpeava sua mão mais uma vez, sentindo a dor percorrendo cada centímetro de seu corpo novamente; desta vez, sua mão estava livre.

Timothy estava tentando levantar a parte do avião com a ajuda de Cristina, mas sabia que não estava se mexendo. — Ela vai ficar bem, e-ela vai ficar bem. — Ele murmurou baixinho, tentando se convencer de que tudo ia ficar bem.

Cristina se agachou ao lado da mulher embaixo do avião, ofegante. — Lexie, fale para mim.

— M-minhas pernas e minha pélvis... Estão esmagadas. — Lexie respondeu com sua voz trêmula, — E eu não posso a -sentir meu outro braço, então eu não tenho certeza se ainda está lá. E, uh, meu peito parece que vai explodir, então é... Provavelmente é um grande... Hemotórax.

Timothy soltou um grito alto enquanto chutava um dos arranhões de metal soltos para longe deles de raiva. Ambas as mulheres olharam para ele enquanto ele apertava a mão em um punho apertado antes de endireitar as costas.

— M-Mantenha isso junto... Eu vou ser um cirurgião de trauma... Porra, eu estou treinando para ser um maldito cirurgião de trauma. — Ele murmurou antes de se virar para eles. — C-Cristina, vá buscar o oxigênio do... Avião. E tubos de oxigênio. E fluidos, sim... P-Podemos usar garrafas de água.

A residente mais velha estava olhando para ele com as sobrancelhas franzidas, não por preocupação, mas por pena; ele podia ver isso também. — Cristina, por favor. — Sua voz estava desesperada, — P-Por que você não está se movendo?

— Ela... Ela sabe que não vai ajudar. — Lexie falou, virando-se para o namorado, que mais uma vez caiu de joelhos na frente dela. — V-você também sabe, Tim.

Porra, é claro que ele sabia, era isso que o fazia se sentir pior.

— Cristina, — ele estalou a cabeça para a residente mais velho, — estou implorando. Por favor.

Cristina sentiu o coração apertar com o crescente desespero por trás da voz do jovem. Ele precisava de esperança, mesmo que não existisse mais. Ela assentiu suavemente e se inclinou para Lexie.

— Eu já volto. — Disse ela à irmã mais nova de sua melhor amiga, que a retribuiu com um sorriso junto com um olhar de cumplicidade - um olhar de despedida - porque esta poderia ser a última vez que ela a veria viva.

Timothy se deitou no chão depois que Cristina caminhou em direção aos destroços do cockpit a uma distância. — Lex, você vai ficar bem. Você vai ficar... Bem. — Ele conseguiu dizer através de uma voz estrangulada. — Você vai ficar bem.

Ela sorriu de volta para ele enquanto ele segurava sua mão na dele. — Convencer realmente... Funciona? — Ela perguntou: — Você não pode... Se convencer disso.

Ele soltou uma respiração estremecida, reunindo um sorriso de volta para ela. — E-eu estou convencido. — ele respondeu.

Ele não estava.

— Você vai ficar bem... Depois de t-tirarmos você de lá. — Ele sussurrou novamente. — V-você, Lexie Grey, vai ficar apenas... Bem... Você vai ficar apenas... Apenas... Foda-se, vou tirar você daí, você me ouviu?

— Tim-

Ele se levantou do chão novamente, usando qualquer força que lhe restava para levantar a parte do avião que a estava esmagando - que estava esmagando seu amor, seu coração.

— Tim, por favor.

— Você vai ficar bem. — Ele fungou e tentou novamente. Sua mão rasgou a superfície de metal quente, suas veias ameaçando estourar e seus músculos ameaçando rasgar. — Vamos... Vamos... Foda-se, vamos.

Ver seu estado desgrenhado a machucou mais do que ficar presa sob o avião - a dor emocional sempre doeu mais do que a dor física.

———

— Então, — Timothy pigarreou enquanto guardava os pratos lavados, — você queria conversar?

Lexie se levantou apressadamente ao lado do cercadinho portátil, onde Zola e Sofia brincavam. — Eu... Hum, sim, eu... Eu te amo. — Ela gaguejou enquanto ele levantava uma sobrancelha para ela. — Oh meu Deus, eu acabei de dizer isso. I-Isso saiu voando da minha boca.

Ele piscou levemente com a confissão repentina dela; os dois ficaram igualmente surpresos com a outra pessoa.

— Eu só... Eu te amo, eu realmente te amo. E eu tenho tentado não dizer isso, porque... Mas eu te amo. Sempre foi você e eu... Eu não acho que eu ainda tem a capacidade de amar mais alguém! J-Jackson era um cara legal, mas ele... Ele simplesmente não era você, porque eu te amo.

Ele caminhou lentamente em direção a ela, olhando para o olhar ansioso em seu rosto depois que ela tentou se acalmar de divagar sem parar. Ele ficou na frente dela sem palavras, e seu pânico só aumentou, cortando suas palavras antes que ele pudesse falar.

— Oh meu Deus, eu estou divagando de novo. Eu sinto... Muito. Eu deveria... Eu deveria ir embora? Q-Quer dizer, Meredith deveria estar-

Ele a interrompeu com um beijo, suas mãos em concha em cada lado de seu rosto. Mesmo que ela estivesse chocada, ela se dissolveu sob seu toque em um momento dividido.

— Lexie Grey, eu adoro quando você divaga, então nunca se desculpe por isso. — Ele murmurou, e ela sorriu.

— Eu te amo.

— Eu também te amo.

———

A noite do Dia dos Namorados, depois que ela pensou que se fez de boba parada na frente da porta do apartamento dele. Ela nunca soube então que seria uma memória que ela guardaria minutos antes de sentir seu tempo chegando ao fim.

— Tim... Eu-eu estou morrendo. — Ela respirou, vendo a raiva em seu corpo diminuindo com suas palavras.

Timothy finalmente soltou o metal, suas mãos sangrando nas bordas de metal. Ele caiu de joelhos ao lado dela, uma última vez, e deitou-se de bruços. Ela podia ver a esperança desaparecendo lentamente do olhar em seus olhos.

———

— Oi. Hum... Grey, certo?

— Sim, sim... Lexie Grey.

— Timothy Lawrence. Parece que somos os irmãos mais novos de nossas irmãs residentes, hein?

———

O tempo que eles passaram juntos - a primeira vez que ele se apresentou a ela na Clínica estava se repetindo em sua mente - o sorriso no rosto dele, rindo de volta para ela.

— Por favor... Diga... — Ela ofegou com um soluço enquanto ele segurava sua mão. — Diga a Meredith que eu a amo... E que ela é uma boa irmã. — Os dois riram um pouco com as palavras dela. — E Derek... E-ele é o melhor irmão mais velho, muito bom... E-E Norah... Ela é a q-quem-

— Foi ela que nos trouxe de volta. — Ele terminou sua frase, lutando contra as lágrimas que ameaçavam cair.

— A-agradeça a ela.

— Eu vou, Lex... — Ele assegurou, — Eu vou.

Lexie Gray estava morrendo, e ele sabia que a única coisa que ela queria era seu conforto; ele ao seu lado, segurando sua mão.

———

— Para que eu estava falando? A menininha patética que chora sempre que tira A-menos em seus testes?

— Você é inteligente e bonita. Preciso dizer mais?

———

Agora, a mesma inteligente e bonita Lexie Gray estava morrendo.

A primeira lágrima rolou por seu rosto quando suas esperanças de manter a crença de que se convencera se despedaçaram, a aceitação agora o submergia completamente.

— Ei, Lexie?

— S-Sim... Timmy?

— O destino nos unirá em nossa próxima vida, sim? — Ele sorriu através das lágrimas que escorriam pelo seu rosto, — Nós nos encontraremos novamente, e... Nós viveremos uma vida feliz. Nós nos casaremos e teremos uma dúzia de filhos.

— Uma dúzia? — Ela riu baixinho.

— Ok, meia dúzia. — Ele sorriu de volta para ela.

— Para que Sofia possa... Ter irmãos... — Ela sorriu ao pensar nisso. — E v-você vai cantar... A música est-estúpida... Que você fez.

Ele riu levemente com a lembrança de estar drogado com morfina após o tiroteio. — Sim, eu vou... eu vou. — Ele assentiu. — Nós seremos felizes, Lex, em nossa próxima vida... E cada uma depois disso... V-você vai espera por mim, ok?

Ela assentiu levemente; todo o conforto que ela queria estava aqui. Sua presença e suas palavras eram tudo o que ela precisava.

———

— Lex, eu te amo, tipo, muito.

— Eu também te amo, Timmy.

— O destino meio que nos uniu, hein?

— Estou feliz que tenha acontecido.

———

— Alexandra Caroline Grey, eu te amo.

— Tim... Timothy Kai... Lawrence... Eu... Amo... você. Eu-

Sua frase nunca foi terminada quando sua alma deixou seus olhos.

— Você pode... Você pode colocar seu peso em mim, sabe? — Derek falou enquanto segurava Norah; ela saltou ligeiramente em sua caminhada.

A última torceu o tornozelo depois de tropeçar nos muitos galhos no chão - não antes de amaldiçoar toda a jornada, é claro. Ela agora tinha um galho robusto em sua mão como uma bengala enquanto eles navegavam sem rumo pela floresta.

— Você tem uma mão quebrada, literalmente uma mão quebrada. — Ela resmungou antes de assobiar com a dor em seu pé. — E você está pálido. E enjoado. Você pode morrer antes que eu apoie meu peso em você - apenas dizendo. — Ele revirou os olhos para ela enquanto caminhavam por uma pequena colina.

— Você sabe o que seria melhor do que isso? — Ela perguntou, e ele levantou uma sobrancelha para ela. — Morrendo no acidente de avião. Pelo menos não teremos que sofrer com isso.

Ele atirou-lhe um olhar sem graça. — Realmente não é engraçado.

— Realmente não é uma piada.

— Se você morrer, Mark vai ser esmagado, e Kai vai... — Ele parou e silenciosamente se amaldiçoou quando ela ficou quieta novamente; sua mente estava voltando com a ansiedade, mas ela trancou todos eles. — Desculpe.

— Sim, não- sim, você está certo. Quero dizer, eu não posso-

— Espere, shh- você ouviu isso? — Sua cabeça se animou quando ele pensou ter ouvido uma voz chamando por eles.

— Eu estou ouvindo muitas coisas agora. — Ela suspirou antes de estremecer quando pisou em um buraco no chão. — Eu não estou no meu juízo perfeito para entradas confiáveis. Inferno, estou convencida de que estou sonhando certo n-

Mas então ela também ouviu.

— Derek!

— Norah!

As vozes eram as que ela conseguia reconhecer de qualquer lugar.

Derek apertou os olhos à distância deles enquanto acelerava o passo em direção à fonte do som; Norah estava gritando para ele desacelerar por trás enquanto pulava em seu pé não torcido.

— Meredith? — A voz de Derek gritou em deleite. — Eu ouvi sua voz.

— Derek, você viu Norah? — A voz causou uma nova onda de adrenalina dentro dela, junto com uma onda de alívio.

— Mark! — Ela gritou depois de alcançar o outro homem. Os olhos de Mark se arregalaram, e ele correu para ela imediatamente, dando um abraço esmagador. — Você está bem.

— Estamos bem. — Ele assentiu, apertando os braços ao redor dela.

— Oh meu Deus, vocês são reais. — Derek ofegou, um sorriso se formando em seu rosto. — Eu pensei que... Eu pensei que estava sonhando.

Ele caiu no chão com um baque pesado, seguido pelo suspiro alto de Meredith e o grito de Cristina.

Norah se afastou momentaneamente do abraço para ver o homem agora desmaiado no chão frondoso. — Oh, uau. Ele só teve que roubar minha fala antes de desmaiar? Idiota dramático.

Mark estreitou os olhos para ela com preocupação.

Meredith e Cristina seguravam cada um dos braços de Norah enquanto caminhavam pela floresta, refazendo seus passos; Mark estava carregando o Derek desmaiado nas costas.

Ela fez uma careta enquanto observava a cena em que eles se aproximavam - os destroços, a fumaça, as pequenas chamas amarelas, o embotamento e a aura da morte.

— P-Por que Tim está- — sua pergunta foi apenas um sussurro, mas quando ela sentiu o corpo à sua direita endurecer quando Meredith engoliu um soluço, ela soube . — Oh meu Deus.

Arrepios subiram em sua pele quando ela sentiu a parte de trás de seus olhos ardendo.

———

— Nós vamos ser cunhadas um dia, não vamos?

— Hum. Contanto que vocês dois idiotas não sejam estúpidos e terminem de novo.

———

Mark baixou Derek perto de uma pedra enquanto os outras duas baixaram Norah perto dos restos do avião. Ela se aproximou de seu irmão, cuja luz havia desaparecido em seus olhos. Ele virou a cabeça para ela lentamente; as lágrimas em seu rosto já estavam secas.

— Lexie está morta. — Ele falou em voz baixa. — Ela agradece... Agradeceu por nos juntar novamente, no entanto. — Ele soltou uma risada seca, olhando para o corpo de sua namorada. — Ela está morta, Nor, ela não vai voltar - não, porra, não me toque!

Norah ergueu as mãos no ar depois de tentar segurá-lo. Todos os outros viraram a cabeça em sua direção. Mark caminhou até eles, suas sobrancelhas franzidas com a tensão entre os dois irmãos.

Ela estava magoada, sem dúvida, magoada por seu irmãozinho estar com o coração partido e ela não poder fazer nada. Ele se arrependeu de ter gritado com a irmã dela assim que as palavras saíram, mas não conseguiu reunir forças para se desculpar.

Eles compartilhavam um entendimento mútuo de que ele não queria que ela o verificasse - e então ela não o fez.

Norah estendeu a mão para Mark puxá-la para cima, seu braço imediatamente caindo sobre o ombro dele, e seu peso aumentou contra ele. — Onde está o Arizona? — Ela perguntou.

— Com o piloto.

— Com o... Ah, certo, tem um piloto. — Ela franziu as sobrancelhas.

Ele olhou para o pé inchado dela. — Eu tenho que comprimir esse tornozelo.

— Podemos... Ir para onde fica o Arizona? — Ela perguntou: — Quero dizer, ela está sozinha —

— Com o piloto.

— Certo, piloto. E eu não posso ficar aqui pelo que eles vão fazer com a mão de Derek... — Ela balançou a cabeça com um suspiro pesado. — T-Tim não me quer por perto.

Mark olhou para o olhar inquieto em seu rosto, mas assentiu de qualquer maneira. Ele pegou alguns suprimentos antes de levantá-la nas costas, caminhando até a outra parte dos restos do avião, onde Arizona e o piloto estavam trocando palavras.

Ele a abaixou ao lado da cirurgiã pediátrica, e ela grunhiu de dor. — Você está bem?

— Sim, eu acho. Quero dizer, estou viva depois de um acidente de avião. O que é uma pequena dor de estômago, hein? — Ela alegou antes de estreitar os olhos para sua figura sem fôlego. — Você está?

— Apenas um pequeno engasgo. Você não é tão leve quanto pensa que é. — Ele conseguiu dizer uma piada, e ela revirou os olhos. Ele levantou o pé dela em seu joelho antes de levantar a cabeça de volta para ela. — Precisa de algo para morder?

— Ainda estou em choque. — Ela insistiu, e ele assentiu.

— Por que você está aqui e não com o resto? — Arizona perguntou a morena, que balançou a cabeça antes de se virar para ela.

— Lexie morreu. — Norah informou e viu a loira fechar os olhos com a notícia. — E Tim ... Urgh... Está me empurrando. — Mark lhe lançou um olhar de desculpas enquanto apertava o curativo ao redor de seu tornozelo; ela sibilou de dor.

Ela soltou uma risada seca, sentindo a dor no peito com a realidade da situação. Lexie estava morta - sua suposta cunhada estava morta.

— Então eu estou aqui, sentada com você. — Ela terminou sua frase com uma voz embargada, — Enquanto nós nos unimos por causa de pernas quebradas.

Arizona soltou uma risada sombria. — Eu posso ver meu fêmur saindo de mim. — Ela brincou enquanto a morena assentiu lentamente. — Você? Você tem um tornozelo torcido!

Mark tossiu e limpou a garganta. — Ela está lidando com o humor. — Ele explicou para a loira zombeteira, — Ou ela vai enlouquecer.

— Sim... Como está o piloto? — Perguntou Norah.

— Acho que estou bem aqui.

Ela virou a cabeça para a voz que respondeu da cabine. — V-Você está indo bem?

— T-Tão bom quanto eu posso estar enquanto estou... Paralisado.

Norah suspirou pesadamente enquanto Mark terminava com seu tornozelo, sua outra perna havia parado de sangrar, mas o tecido que a envolvia ainda estava apertado... E ensanguentado, é claro. Ela desviou o olhar dele e olhou para o namorado preocupado.

— Eu estou bem. — Ela o tranquilizou, mas ele ainda tinha a mesma preocupação por trás de seus olhos. — Você pode verificar Tim para mim? — Ela perguntou. — Ele não pode ficar sozinho, e eu... Só... Por favor?

Ele assentiu com uma expiração profunda. — Tudo bem, eu vou. — Ele se inclinou e deu um beijo na testa dela antes de se levantar, dando um último sorriso para a namorada antes de voltar para os outros.

— Eu te amo.

— Te amo mais.

Ela observou enquanto ele se afastava dela, até que sua figura diminuiu de sua vista.

Sem saber que aquela poderia ser a última vez que ela o veria saudável.

— Sua irmã está perto de se perder, sabe? — Mark falo enquanto se sentava ao lado de Timothy, que ainda estava segurando a mão manca de Lexie.

— Como ela está?

— Ela está se relacionando com as pernas quebradas com Robbins. — Ele riu fracamente, mas engoliu em seco quando sentiu a dor repentina em seu peito. — E-Ela está preocupada, Tim.

Timothy suspirou e encostou a cabeça na peça de metal atrás dele. — Ela sempre estará preocupada. — Ele afirmou, embora suas palavras permanecessem sem tom. — Ela vai perdê-lo, mas ela vai sobreviver, de alguma forma... Quero dizer, a balsa, o tiroteio - ambos os tiros - e depois há toda a porra da espiral de Nova York... Eu nem sei como ela faz isso.

Mark virou a cabeça ligeiramente para o homem mais jovem. — Ela não faz. — Ele balançou a cabeça cansado. — Eu estava lá depois da balsa e a ajudei nos dois tiroteios. E em Nova York... Eu a quebrei, como você mencionou, e... Isso prejudicou ela. Ela precisa de pessoas em quem se apoiar. Acho que você sabe assim como eu.

Timothy soltou um suspiro pesado. — Você não a quebrou. Eu estava bravo naquela época. — Afirmou. — Você a salvou quando eu nem sabia que ela precisava ser salva... E agora estou afastando ela quando preciso de alguém.

— É... Bem, vocês dois são bem parecidos.

O jovem bufou levemente enquanto observava a comoção acontecendo a uma curta distância, onde Meredith e Cristina estavam lidando com Derek enquanto vasculhavam as malas.

Sua irmã sempre esteve lá para ele quando ele precisava, e ele fez isso com ela também. Sua cabeça estava girando, ele realmente precisava de um descanso, mas a culpa nele com o olhar perturbado de Norah de mais cedo, assim como o sorriso de Lexie quando ela deu seu último suspiro, o estava comendo vivo.

Pense na praia, foram suas palavras para sua irmã algumas semanas atrás.

Fechando os olhos, ele tentou descansar contra o metal apesar da posição desconfortável em que estava. Foda-se - já foi sorte o suficiente para ele não morrer em um maldito acidente de avião... Certo?

Ele imaginou a areia brilhante entre os dedos dos pés e o céu sem nuvens acima de sua cabeça... O bater das ondas e as crianças rindo e gritando... Alguns estavam chorando porque seus castelos de areia haviam caído, no entanto.

Um pedaço de memória que não ocorreu - um que os irmãos compartilharam.

———

— O que há na praia?

— Hm? Oh, esse é o nosso pequeno segredo.

———

— Nem eu poderia ter mencionado isso a você, mas... No dia em que nossa mãe morreu, nós deveríamos ir à praia. — Timothy prefaciou. — Tínhamos essa viagem planejada por semanas, e estávamos esperando o papai voltar do trabalho... Mas hum, um maldito acidente aconteceu, e nós... Não conseguimos ir.

— É apenas um lugar - imaginário, suponho - que 'visitamos' sempre que as coisas estão difíceis, sabe? Como quando você está estressado ou algo assim. Apenas um lugar para fugir da realidade, porque aquele lugar é quente e há... Gente, ria, é feliz lá, distrai minha mente das coisas, e acho que serve para ela também.

— É o nosso lugar feliz.

Sua mente corria livre em uma casa que ele construiu na praia. Sua terra imaginária consistia nele e Lexie e meia dúzia de crianças, talvez um cachorro ou dois... O pensamento de jantar com uma família de oito (mais três) o fez sorrir; jantares e conversas felizes com a família não era algo que ele tinha quando era menino, mas ele ansiava e invejava aqueles que tinham.

— Mas a imaginação nunca poderia ser permanente, no entanto. — Timothy suspirou antes de abrir os olhos, saudando a realidade na frente dele. Ele virou a cabeça para o lado, deslizando lentamente a mão da mão sem pulso, apesar do poço de tristeza em seu peito.

— Ei, Mark. — Ele virou a cabeça para o outro lado, mas franziu as sobrancelhas quando o outro homem não respondeu a ele. — Sloan? — Timothy o cutucou um pouco e franziu a testa quando a cabeça do último caiu ligeiramente. — Mark? Mark!

Seus gritos chamaram a atenção dos outros três cirurgiões do outro lado da ampla área. Cristina e Meredith se viraram; Derek tentou levantar a cabeça para ver o que estava acontecendo.

Timothy abaixou o corpo de Mark no chão, verificando o pulso em seu pescoço. Há um pulso. Ele ainda está vivo, mas suas sobrancelhas franziram quase imediatamente. O pulso era rápido. Algo está errado. Sem mais um segundo de reflexão, ele rasgou o top azul marinho e sentiu seu estômago afundar com a descoloração no peito de Mark.

Mark estava gemendo de dor, seu rosto começando a empalidecer; Timothy sentiu uma onda de calafrios subindo.

— F-Foda-se - Cristina!

— É uma tamponade cardíaca. — Cristina informou depois de fazer um rápido check-up, seu tom cheio de preocupação. Ela não queria perder mais ninguém neste acidente de avião.

— Tem certeza? — Derek questionou ao lado dela; todos os quatro estavam agachados enquanto cercavam Mark, que estava deitado no chão.

— S-setenta e cinco por cento. — Cristina deixou escapar e recebeu olhares duros dos outros três cirurgiões. — Setenta... Setenta por cento de certeza.

— Isso não é muito certo. — Meredith apontou.

— Bem, se você quer que eu tenha certeza, me traga um ultrassom. — Cristina disparou de volta.

— Por favor, parem de discutir! — Timothy repreendeu as duas, a fúria em seu peito crescendo novamente.

Eles ficaram em silêncio imediatamente, e Cristina continuou seu trabalho - ela só precisava ter certeza de que seu julgamento estava certo. Pelo menos tão certa que ela poderia estar na situação deles.

— Alguém tem que pegar a Norah-

— Não. — Timothy cortou as palavras de Meredith duramente. — Não. — Todos confiaram em seu chamado, pois ele conhecia sua irmã como a melhor entre os quatro; até Mark concordou silenciosamente com ele.

———

— Cristina é a melhor... Eu confiaria nela com minha vida... E-E sua, até mesmo. Eu confio nela.

———

O que ele precisava fazer agora era confiar. Confiar na fé de Norah em sua amiga e confiar nessa amiga com seu julgamento porque ele também estava morrendo. E a principal - e única - coisa que ele precisava fazer era viver.

— Temos que drenar o saco pericárdico e aliviar a pressão, ou... — Cristina informou e olhou para o jovem, — Ou o coração dele vai parar.

— Com o quê? Nós nem sequer temos uma agulha espinhal de calibre 18.

— Não sei.

Timothy cobriu Mark com a máscara de oxigênio antes de vasculhar os suprimentos médicos do kit de primeiros socorros ao lado deles. Ele estreitou os olhos para o frasco de spray desinfetante antes de agarrá-lo, sem perder tempo em desatarraxar a tampa do frasco. — Isto?

Cristina levantou a cabeça para o tubo na ponta da tampa do spray e assentiu aliviada. — Brilhante. Brilhante. Ok, isso vai funcionar. — Ela assentiu. — Higienize isso.

Mudaram de posição ao redor do homem no chão; Cristina segurou o tubo higienizado em sua mão enquanto Timothy segurava um canivete no dele. Eu vou ser um cirurgião de trauma, ele cantou para si mesmo novamente. — Tudo bem, eu vou no subxifoide. — Ele informou, respirando fundo. — Mark, me desculpe.

Ele fez uma pequena incisão no peito do homem, e o corpo de Mark imediatamente arqueou para cima com o choque repentino de dor. — Agulha. — Cristina passou-lhe o tubo enquanto Derek tentava segurar o homem firme.

— O tubo é longo o suficiente?

— Tem que ser. — Afirmou Timothy antes de inserir lentamente o tubo através da incisão. Seus movimentos eram bastante calmos e compostos, apesar de tudo o que havia acontecido naquele dia.

Aquele um dia.

Quanto tempo eles precisariam ficar presos lá?

O grito e os grunhidos que saíram dos pulmões de Mark fizeram Timothy estremecer.

Por favor, fique bem. Nor precisa de você. Foda-se, eu preciso que você permaneça vivo.

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