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CAPÍTULO SETENTA
não é perfeito.

7ª temporada, episódio 17

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NORAH VIU MARK estragando sua tentativa de seguir uma receita online para fazer o café da manhã. — Mark, amor, é sal. Você está segurando açúcar. — Ela apontou, jogando mais batatas fritas na boca.

Ele limpou a garganta desajeitadamente e rapidamente trocou o açúcar em sua mão com o saleiro na frente dele. — Por que você está comendo batatas fritas no café da manhã? — Ele perguntou enquanto deixava a panela chiar.

— Você está cortando o pão como se estivesse realizando uma rinoplastia ou algo assim. — Ela brincou, — Você sabe, estou bem com as crostas de pão agora se houver creme azedo suficiente para acompanhar.

— Eu pensei que você prefere molho de churrasco ao invés de creme de leite?

— Bem, para ser justo, eu também não gostava de crostas de pão, — ela deu de ombros, mastigando suas batatas fritas, — Mas eu acho que 'negativo é igual a positivo', sim?

Ele levantou uma sobrancelha curiosa para ela antes de pegar o saco de batatas fritas de sua mão. — Sem batatas fritas no café da manhã.

— Sim, sim... Pai. — Ela resmungou, e ele sorriu. — Devemos chamar Tim às vezes, já que ele está sempre está na casa de Callie e Arizona de qualquer maneira.

Mark ponderou sobre a sugestão antes de concordar com a cabeça.

Ele cuidadosamente cortou as crostas do sanduíche que acabara de fazer. Parecia ser a única coisa que ele era melhor em fazer - o sanduíche perfeito que tinha a quantidade certa de ingredientes para o gosto dela.

Os olhos de Norah se arregalaram quando ela se sentou em seu assento. — Espera aí, merda - conseguimos alguma coisa para o chá de bebê?

Ele levantou a cabeça para ela com a boca aberta. Suas sobrancelhas franziram quando ele perdeu suas palavras, pensando muito, apenas para não encontrar nada. — Uh... Nós, hum, nós- —

— Oh Deus, isso é ruim. — Ela exalou, mordendo o sanduíche enquanto ele assentiu com a cabeça.

— Eles notariam se não trouxessemos nada? — Ele perguntou, e ela estreitou os olhos para ele e sua sugestão.

— Eu... Eu acho que não. — Ela admitiu depois de um momento de reflexão. Ela deu outra mordida no sanduíche antes de falar com a boca cheia, — E você é horrível por ter inventado isso. É da minha sobrinha ou sobrinho que estamos falando!

— Uh-uh, não fale com a boca cheia. — Ele sorriu, e ela ameaçou enfiar um picles em sua garganta. — Mas você me ama pelo meu horror, hm?

Ela sorriu e revirou os olhos para ele, engolindo a mordida do sanduíche. — Mark?

— Sim, Laurie? — Ele se inclinou contra a ilha, gentilmente acariciando sua bochecha.

— Eu te amo. — Ela falou, e ele se inclinou para dar um beijo no lado de seu pescoço.

Ele virou a cabeça para o ouvido dela. — Te amo mais. — Ela sorriu e levantou a cabeça de seu pescoço, os dois descansando suas testas um contra o outro.

— Mark?

— Sim, Laurie?

— O bacon está ficando preto.

— Oh, droga-

Norah estava na sala com Meredith, Derek e Webber enquanto verificavam Adele, a quem Webber pediu uma consulta de Derek quase um mês atrás. A morena batia a caneta na prancheta com uma lista de verificação e notas adicionais na mão enquanto Derek examinava Adele.

— Quando vocês dois vão finalmente se casar? — Adele perguntou ao casal na sala. Norah ergueu os olhos da prancheta em sua mão enquanto dava a Derek e Webber um olhar preocupado.

Webber franziu a testa um pouco para sua esposa antes de compor sua expressão facial para uma neutra. — Hum... Meredith e Derek já se casaram, querida. Lembra?

— Eu sei disso. Eles escreveram em um post-it, — ela retrucou, — eu quis dizer um casamento de verdade, em uma igreja com um vestido branco. — Ela lançou ao marido um olhar irritado, seus olhos se estreitaram, — Isso não é Alzheimer, Richard.

— Adele, os testes que fizemos no mês passado mostraram resultados consistentes com Alzheimer de início precoce. — Informou Derek.

— Fui enfermeira durante trinta anos, Derek. Eu sei como é a doença de Alzheimer, — ela respondeu sem graça, — também sei que vinte por cento das pessoas diagnosticadas com ela têm outra coisa. — Ela olhou entre a atendente do Neuro e seu marido. — Eu não tenho Alzheimer. Eu não!

Quando os quatro cirurgiões se retiraram da sala, Webber parou Derek antes que ele pudesse sair; as duas residentes seguiram seu atendente e pararam no local.

— Muitos pacientes precisam de tempo para aceitar seu diagnóstico, — sugeriu Meredith, — o mesmo aconteceu com minha mãe.

— Nós não temos tempo. — Webber declarou firmemente com as mãos nos quadris, — Derek, nós precisamos colocar Adele em seu julgamento agora.

— Nós precisamos do consentimento dela para sequer considerá-la, — Derek respondeu, seus braços cruzados sobre o peito com um olhar imperturbável em seu rosto.

— Olha, eu cuido disso. — afirmou Webber, — Não se preocupe.

— Nós nem sabemos se ela se encaixa nos critérios, e o julgamento está cheio. — Falou o atendente do Neuro, seu tom claro e sua paciência se esgotando. — Até a lista de espera está cheia.

— Eu sei de tudo isso, — retrucou Webber, com a voz ligeiramente mais alta, — também sei que você fará o que for preciso para ajudar minha esposa.

Os olhos de Norah se arregalaram um pouco quando o chefe saiu furioso.

Algo ruim vai acontecer. As cinco palavras se repetiram em sua cabeça antes que ela as afastasse de sua mente quando seu pager apitou.

Norah perseguiu os salões da Ala OB até chegar ao local onde Callie estava fazendo seu check-up. Ela bateu na porta antes de abri-la, espreitando a cabeça para dentro do quarto. — Mark, você chamou?

Lucy Fields ergueu os olhos com curiosidade quando a porta se fechou, e outra médica estava lá para se juntar a eles. — Ok, deixe-me ver se entendi. — Ela apontou para Arizona, — Amante lésbica. — Ela então apontou para Timothy, — Papai do bebê. — Ela gesticulou para Mark, — Apoio emocional. — Sua mão pousou na residente que tinha acabado de entrou na sala, — E ela é?

— Tia do bebê e protetora da criança. — Callie falou, e os outros quatro cirurgiões viraram a cabeça para ela.

Norah olhou para a mulher na mesa de exame com uma expressão confusa no rosto. — Criança o quê? Vem de novo?

— Você daria uma surra em qualquer um que ousasse tocar nesse garoto, certo? — Callie perguntou a residente, que ficou um pouco surpresa com suas palavras, mas ela ainda respondeu com um aceno de cabeça.

— Quero dizer, sim, definitivamente. Eu sou, tipo, a tia do garoto?

— Excelente! — Ela exclamou com um sorriso, — Protetora infantil!

Mark riu e passou um braço em volta de sua namorada. — Alguma possibilidade de você ajudar a decorar o chá de bebê mais tarde? — Ele perguntou, abaixando a cabeça para ela.

— Então, apoio emocional e protetor infantil são uma coisa? — Lucy perguntou. Timothy acenou com a cabeça, e a colega OB estreitou os olhos para o casal.

— Sou uma residente ocupada, com toneladas de papelada para fazer graças ao teste de Alzheimer. — Norah fez uma careta para Mark enquanto ele olhava para ela com um sorriso estampado no rosto. — Mas eu vou parar um pouco, eu acho. — Ela suspirou, amaldiçoando silenciosamente aqueles olhos de cachorrinho. — E agora você me deve-

— Muito sexo quente e sujo. Eu sei.

Norah piscou para ele de forma alarmante enquanto os outros quatro cirurgiões na sala lentamente viravam a cabeça para o par. Ela sentiu vontade de dar um soco na cara dele.

— Eu ia dizer o jantar, sabe, aquele em que você não acaba queimando o maldito frango? E de preferência não temperado com açúcar também, muito obrigada.

— Oh. — Mark poupou um breve olhar para os outros e para a OB de aparência divertida.

— Você tempera seu frango com açúcar?! — Timothy soltou um grito alto, virando a cabeça para sua irmã e seu namorado.

— Não de propósito. — Mark sorriu de volta para ele antes de se voltar para Norah. — Sim, o jantar funciona para mim também. — Ele murmurou e deu um beijo em seu pescoço antes que ela se escondesse debaixo de seu braço. Ela deu a ele um olhar sem graça antes de alcançar a maçaneta.

Assim que ela estava prestes a sair da sala, um som chamou sua atenção.

O batimento cardíaco do bebê no ultra-som a fez parar em seus passos. Ela virou a cabeça para o ritmo calmante de um coração minúsculo. Um pequeno ser, são e salvo enquanto seu coração batia forte.

Corpo minúsculo. Ótimo ritmo. Foi quase milagroso.

Criança maravilha, ela sorriu para si mesma, olhando para o olhar apavorado no rosto de Timothy.

Mark olhou para ela por cima do ombro, vendo o olhar hipnotizado em seu rosto enquanto ela olhava para o monitor. Ele notou o pequeno sorriso rastejando em seu rosto, e seu sorriso só aumentou.

Ela seria uma mãe maravilhosa, ele pensou consigo mesmo.

Um dia.

— Onde você quer isso? — Cristina questionou enquanto ela e Meredith carregavam uma mesa para a sala vazia. Norah seguiu atrás delas, segurando uma caixa de enfeites.

Arizona olhou para elas com curiosidade, uma sobrancelha levantada. — Para que é isso?

— Estação de scrapbook! — Timothy informou com bastante prazer: — Aqui, deixe-me. — Ele caminhou até as duas residentes e levantou a mesa delas.

— Espere, nós não estamos tendo uma estação de scrapbook. — Arizona discordou.

Mark olhou para o homem mais jovem, que franziu a testa para a loira, depois para sua namorada, que tinha um olhar desinteressado no rosto. — Você ouviu Callie esta manhã. Ela quer que façamos tudo.

— Mark, este não é um tipo de chuveiro de estação de scrapbook. — Ela brincou, mas os irmãos Lawrence já foram rápidos em arrumar a mesa.

— É, na verdade. — Timothy falou com um encolher de ombros, — Quero dizer, isso é o que 'tudo fora' significa? Com jogos e-

— Decoração de macacão. — Mark acrescentou, segurando um macacão branco em branco com os olhos brilhando.

Cristina e Meredith viraram a cabeça para Norah, que refletiu seu olhar surpreso e um pouco inacreditável.

— Eu tenho um paciente. — Cristina suspirou, desculpando-se para sair.

— Grey?

— Eu não consigo superar o fato de que você sabe o que é decoração de macacão. — Meredith retornou a Mark com um olhar levemente perturbado.

— Laurie?

Norah lançou-lhe um sorriso enquanto punha as canetas de lado. — Desculpe, mas estou com Mer nesta.

— Bem, eu tenho muito mais idéias se Callie votar em não querer uma estação de scrapbook. — Timothy empurrou a mesa contra a parede antes de se virar para olhar para Arizona, — Porque é isso que você faz pelas pessoas que você ama.

— Oh, me morda, Tim.

— O que está acontecendo? — Callie arqueou uma sobrancelha para eles enquanto entrava na sala. Ela suspirou quando notou o ar tenso entre os dois. — Vocês estão brigando de novo?

Arizona virou a cabeça para sua namorada. — Você queria uma estação de scrapbook?

— Ah, sim, claro. Não é um banho de verdade se você não levar para casa um álbum de recortes. — Disse Callie com naturalidade; Arizona pegou o sorriso no rosto de Timothy. — Ooh! Devíamos ter canetas de glitter!

Timothy se aproximou de Lexie na estação de scrapbook, esfregando a nuca. — Ei, Lex, estou feliz que você tenha vindo. — Ele falou com um sorriso, — Eu sei que é estranho e tudo.

— Não, você sabe... N-Não é... É... — Ela gaguejou antes de levantar a cabeça para ele, — Eu estou... Estou feliz por você, de verdade. — Ele lhe deu uma risada estranha antes que ela continuasse: — E, uh, além disso, estou saindo com outra pessoa, então é.

Ai. Isso doeu, mas o sorriso vigoroso permaneceu em seu rosto. Naquele exato momento, ele não queria nada mais do que se afogar em um bloco de cimento.

— Uh, tudo bem, sim, hum... Legal.

Na estação de decoração, Norah estreitou os olhos para as roupas vazias à sua frente. Ela foi incapaz de decidir o que fazer com ele.

— Eu digo que ele é totalmente gay. — Lexie falou enquanto espremia o frasco de tinta em seu macacão.

— Bem, se ele fosse gay, então por que ele convidaria April para sair? — Meredith perguntou, referindo-se ao 'encontro' de April com Stark.

Quando April contou a Lexie, então Lexie abriu a boca para... Muitas pessoas. Ao saber, os residentes não tinham certeza de como reagir. Norah deu um tapinha nas costas de April e murmurou ao longo da linha de 'Bom para você', fazendo com que a última empalidecesse de horror quando a percepção afundou.

— Nenhum cara hétero espera um mês inteiro antes de fazer uma jogada. — Lexie debateu, ganhando vários acordos entre os residentes.

— Ei, talvez ele tenha herpes. — Cristina adivinhou.

— Ou sífilis. — Acrescentou Norah.

— Isso também não impediria um cara. Eu voto gay. — Alex deu de ombros, — Eu só queria que ele estivesse afim de mim, então eu poderia estar em todas as suas cirurgias legais também.

April olhou para eles. — Ele não é gay, ele não tem herpes nem sífilis, e eu não estou usando ele para fazer cirurgias legais. — Ela defendeu, mas os outros não estavam levando suas palavras a sério. — Nós temos muito o que conversar, ok? — Ela suspirou, — Ele é realmente interessante quando você o conhece.

— É por isso que ela está tirando as calças para ele esta noite.

— O quê?! — Todos falaram em uníssono, levantando a cabeça de sua obra de arte - e uma intocada - para olhar para Alex, que sorriu, e April, que parecia horrorizada.

— Ela está indo para a casa dele. — Disse ele, — From Here to Eternity está passando na TV a cabo.

As sobrancelhas de Norah se ergueram, impressionadas, antes de se voltar para April. — Sim... As calças definitivamente estão saindo, Kepner. — Meredith e Cristina concordaram com a cabeça, um sorriso malicioso em ambos os rostos.

— As calças de ninguém estão saindo-

— Um filme na casa dele? Essa é a definição de calças saindo. — Meredith riu, apertando quase todo o frasco de tinta no macacão enquanto suas mãos se moviam em círculos.

— Virgem é um caso perdido. — Cristina balbuciou.

— E com um homem mais velho também. É muito impressionante. — Lexie acrescentou com um aceno de continência. Tanto Meredith quanto Norah trocaram um olhar.

— Eu não vou tirar minhas calças para Stark! — A voz de April ressoou na sala, fazendo com que as pessoas de outras mesas, especialmente o grupo de enfermeiras fofoqueiras, virassem a cabeça para ela. Ela deixou cair a cabeça sobre a mesa, resmungando de vergonha.

Norah tossiu de volta enquanto pegava um frasco de tinta com purpurina. Ela acabou decidindo ir com algo simples e apropriado, mas sua mente estava nublada com todo tipo de humor negro naquele exato momento. Quão útil.

— Oh meu Deus, isso é tão feio. — Disse Cristina, escondendo sua risada do macacão de Meredith. A última estrangulou a garrafa de tinta, fazendo com que jorrasse todo o seu conteúdo, sua mão se movendo em círculos.

— Você ainda está cega? — Lexie questionou preocupada com o macacão que agora estava cheio de redemoinhos de tinta azul e roxa.

Meredith levantou seu macacão no ar, assentiu com aprovação com um largo sorriso no rosto. — Eu gosto. É abstrato.

— É um lixo de tinta. — Corrigiu Norah.

— O depósito de tinta da tia Mer.

— Dê uma olhada. — Alex falou enquanto levantava seu macacão, que ele coloriu com uma caneta marcadora com um pequeno bolso no peito. — Esfregadores.

Jackson foi até eles para murmurar algo no ouvido de Lexie, fazendo com que ela se levantasse imediatamente. — Sim, vou fazer uma consulta agora. — Ela falou bem alto, e ele tinha um sorriso no rosto.

— Vocês não estão enganando ninguém! — April gritou enquanto os dois se apressavam, mas a ruiva notou o olhar sombrio do residente que estava andando até eles. — Desculpe.

Timothy acenou para ela e olhou suas obras de arte, embora ele tivesse uma pontada de chamas em seu peito. — Veja isso. — Norah falou, tentando desviar o foco de seu irmão.

— 'A criança maravilha favorita da tia'? — Ele leu com os olhos apertados antes de colocar uma mão firme no ombro de sua irmã, — Nor, eu estou desapontado com você.

A morena soltou um suspiro ofendido enquanto os outros caíram na gargalhada; Timothy foi rápido em fugir antes que pudesse ser atacado pela tinta.

Norah seguiu Derek e Meredith quando eles entraram em uma sala onde Webber e Adele estavam sentados, esperando sua chegada. O Chefe de Cirurgia se animou um pouco quando os três cirurgiões entraram, mas o olhar em seu rosto vacilou um pouco com a carranca de Derek.

— Sra. Webber, — Norah falou, — você precisava tirar vinte e seis ou menos para atender aos critérios do julgamento. Você estava... Acima disso.

Adele soltou um suspiro aliviado e virou-se para o marido, esperando um sorriso semelhante ao dela. Em vez disso, ela foi recebida pelo rosto frio de Webber, olhando incisivamente para o atendente do Neuro. — Derek.

— São vinte e sete. — Informou o neuro assistente.

— Um ponto? — Webber zombou em descrença, — Você vai negar isso a ela por causa de um ponto?

— É bom. Significa que eu passei, — Adele sorriu alegremente, — eu-eu não estou doente. Eu te disse, Richard.

— Isso não é o que significa. — Ele balançou a cabeça, respirando fundo antes de olhar diretamente para sua esposa. — Você tem Alzheimer, — ele insistiu, — simplesmente não progrediu o suficiente para entrar no julgamento.

— Mas Derek disse que eu passei. Eu passei. — Ela se virou para a residente sentada em frente a ela, sua voz ansiosa, — Meredith... Estou bem, certo?

— Quando eu pedi para você repetir as três palavras de volta para mim, você disse 'piscina' em vez de 'colher'. Eu pedi para você identificar meu estetoscópio. Demorou um pouco para encontrar a palavra. E eu perguntei onde foi sua lua de mel, e você disse Havaí, — revelou Meredith, — mas você estava aqui, porque o chefe era um estudante de medicina, e ele tinha que trabalhar.

Adele suspirou, balançando a cabeça em negação. — Você é apenas uma residente. O que você sabe? O que diabos vocês sabem? — ela exigiu: — Vocês trabalham em um hospital o dia todo em torno de pessoas doentes e doenças. Vocês são obcecados. Isso que é. Então eu errei algumas respostas. Isso é tudo? É normal esquecer as coisas na minha idade.

A mulher continuou com a esperança de que o marido parasse de afastá-la, parasse de lhe dizer que ela tinha uma doença incurável, parasse de vê-la como uma pessoa doente.

Mas a esperança era uma coisa perigosa para se manter.

Ela se virou para Webber, com a voz tensa: — Você nunca consegue se lembrar onde estacionou o carro sempre que vamos ao cinema, e eles não estão dizendo que você... — Os cirurgiões na sala permaneceram quietos enquanto soluços irrompiam da sala pela mulher mais velha, — Não é justo. Eu finalmente... É... Finalmente estamos felizes, você e eu. Amando um ao outro do jeito que deveríamos nos amar todos esses anos, e agora? Não é justo!

— Não me olhe assim... C-como se eu fosse mercadoria danificada. — Suas lágrimas começaram a rolar, e sua voz falhou, olhando para o marido enquanto ela agarrava o último fio de esperança que já estava se desfazendo. — Eu ainda sou eu, eu ainda estou aqui! Eu ainda sou eu... Eu... Talvez... Talvez eu não fique aqui por muito mais tempo, mas eu estou bem aqui, baby... Estou bem aqui. Não posso fazer isso, estou com tanto medo.

Os cirurgiões compartilhavam o mesmo olhar em seus rostos - pavor, tristeza, compaixão.

Norah ficou sentada sem palavras enquanto observava a esperança e a luz nos olhos da mulher mais velha diminuir... Até que se transformou em desgosto e desespero. O pior foi aceitar as palavras de Adele porque elas faziam sentido - o mundo nunca é justo.

Como foi justo que aquelas vidas inocentes fossem tiradas em um dia? Como era justo que nunca se pudesse romper com o passado? Alguma coisa era justa neste mundo?

Derek a cutucou levemente por baixo da mesa, tirando-a de sua mente. Ela encontrou suas mãos se esfregando - um ato de inquietação que ela havia praticado. Mas a última vez que ela fez isso foi há muito tempo, muito tempo atrás.

A última vez que sua mente começou a entrar em um modo autodestrutivo, quando sua inquietação e saltos de pernas, estalos e mandíbulas apertadas ainda aconteciam. Ela estava em espiral para o fundo, e ela mal conseguiu voltar à superfície.

Isso a assustou.

Norah olhou para o pote vazio de sorvete enquanto os pensamentos de antes nadavam em sua mente. A preocupação, medo estava começando a comê-la por dentro.

Ela tinha uma colher equilibrada entre os dedos enquanto respirava fundo. Ela segurou até que ela pudesse sentir sua frequência cardíaca diminuindo um pouco... Antes de expirar.

— Laurie? — A voz de Mark era suave quando ele saiu do quarto; seu cabelo estava úmido depois de sair do banho. — Você se distraiu. — Ele afirmou enquanto caminhava em direção a ela na cozinha.

— Só... Pensando. — Ela respondeu com um forte encolher de ombros.

Ele franziu as sobrancelhas um pouco antes de dar um beijo na lateral do pescoço dela. Ela se virou de costas para a superfície dura, e ele estava com as duas mãos na beirada da ilha da cozinha, descansando-as em cada lado dela.

Ela tinha um olhar de conflito em seus olhos que conseguiu diminuir quando seu olhar afundou no dele. Ele deu um beijo na testa dela antes de sussurrar: — Vá em frente. Estou aqui.

Ela respirou fundo novamente antes de exalar pesadamente. — Eu não sou perfeita, sabe? — Ela murmurou, — Eu sou um gênio, mas eu falhei em arte na escola, eu uh, gosto de ler, mas mal conseguia terminar um romance, e eu... Eu não sei. Estou pensando demais quando não há necessidade ser.

— Não há problema em pensar, mas não deixe que esses pensamentos o engane de seu valor. — Ele falou com sinceridade, — Você é meu pequeno gênio. E para mim, você é a perfeição.

— Mas estou dizendo que não sou perfeita, — ela suspirou, — eu tenho uma saúde mental incapacitante, e eu deixo esses... Pensamentos na minha cabeça, e eles ficam lá por muito, muito tempo. Não confio em mim mesma - na minha mente, quero dizer - não confio nela para me salvar de mim mesma..

— Então, se um dia você me ver caindo na minha... Espiral, você pode prometer me puxar de volta?

Ela soube então, talvez muito antes, que ele era a pessoa com quem ela pretendia estar. Não havia mais ninguém que pudesse amá-la mais do que ele, e não havia ninguém que ela pudesse amar mais do que ele.

— Nunca quebre isso.

— Nunca quebrei, e nunca vou.

Vendo o sorriso se alargar no rosto dela, ele não pôde deixar de se inclinar para outro beijo longo e doce. A mão dela puxou a parte de trás do cabelo dele enquanto ele a levantava na bancada, seus corpos pressionados firmemente um contra o outro.

Afastando-se da felicidade, seus olhares penetraram na alma do outro. Eles apenas sabiam que o sorriso no rosto do outro pertencia a eles, e somente a eles.

Ela estava com os braços em seus ombros enquanto ele a abraçava pela cintura. — Mark, eu te amo, muito, muito.

— E eu te amo mais do que isso, Laurie. — Ele inclinou a cabeça para o lado e colocou um rastro de beijos em seu pescoço.

— Hum... Impossível.

Levantando a cabeça dela na parte inferior de seu pescoço, ele estreitou os olhos. — Você roubou minha linha.

Ela encolheu os ombros para ele inocentemente enquanto ele balançava a cabeça com uma risada, baixando o olhar para a proximidade entre eles. O fato de que as pernas dela estavam se envolvendo mais apertadas ao redor dele a cada segundo não estava ajudando em seu caso.

— Nós estamos levando isso para um lugar mais confortável. — Declarou ele, levantando-a da ilha da cozinha rapidamente, — Porque você está me deixando mal-

Ele não conseguiu terminar sua frase quando ela uniu seus lábios novamente - a mesma vibração e o mesmo salto de batimentos cardíacos. Ela baixou a mão de seu cabelo para a parte de trás de seu pescoço, traçando-o para a frente, em seguida, para baixo de seu peito.

Ela estava, de fato, deixando-o louco.

— O sofá, hein? — Ela arqueou uma sobrancelha para ele quando suas costas bateram na almofada, — A cama fica a alguns passos de distância.

— Alguém me disse uma vez que a cama não é o único lugar para as coisas acontecerem. — Ele lembrou com um sorriso no rosto; ela notou o olhar sombrio em seus olhos quando ele puxou a camisa sobre a cabeça.

Com uma voz ofegante, ele sussurrou ao lado de seu ouvido: — E eu quero você agora.

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