046
CAPÍTULO QUARENTA E SEIS
papai.
6ª temporada, episódio 10
———— ✦ ————
DIA DE AÇÃO DE GRAÇAS
O RELÓGIO FOI ignorado desde que Norah e Mark se mudaram para o apartamento deles. O ritmo que a aliviou em seu sono foi substituído por outro.
Era como um hábito para eles - ela do lado esquerdo da cama e ele do lado direito; sua cabeça em seu peito e seu braço a segurou perto; ele escutando os roncos leves, e ela escutando seu coração batendo.
Um sono leve e um sono profundo; eram pólos opostos atraídos um pelo outro. Uma coisa que eles compartilhavam, porém, era o toque físico que desejavam um do outro. Uma linguagem do amor, pode-se dizer, era o que faltava aos pais quando ainda eram crianças.
O preto... O preto... O preto...
O alarme disparou e Norah acordou sobressaltada, com os olhos secos e tensos. Ela se virou para quebrar o relógio antes de se sentar, esticando o corpo e estalando o pescoço.
O homem ao lado dela ainda dormia profundamente, uma mão atrás da cabeça e outra ao lado dele de onde ela tinha acabado de se sentar.
— Mark, levante-se. — Ela o sacudiu, mas ele murmurou algumas palavras incoerentes antes de enterrar o rosto no travesseiro.
Ela fez uma careta para sua rotina matinal diária, que consistia em gastar até dez minutos, então se contentando em arrastá-lo para fora da cama.
Ela pegou seu travesseiro e o jogou na bunda dele, que não se mexeu nem um pouco. — Mark, vamos lá. É Ação de Graças. O pronto-socorro vai ficar lotado! — Ela tentou antes de murmurar, — Sabe, você poderia estar morto, e eu não saberia.
O próximo travesseiro bateu direto na parte de trás de sua cabeça, e ele finalmente levantou a cabeça do travesseiro, embora seus olhos mal abrissem.
— Nossa, finalmente- ei!
Mark a agarrou e a puxou para ele enquanto ele se deitava na cama. Ela soltou um som de protesto, mas os braços dele apenas envolveram ainda mais o corpo dela.
— Feliz Dia de Ação de Graças. — Ele murmurou.
— Feliz Dia de Ação de Graças para você também. Agora, deixe-me ir.
Ele balançou a cabeça na curva do pescoço dela, enterrando o rosto mais profundamente enquanto ela deitava de costas em cima dele com um suspiro. Ela podia sentir-se se movendo junto com seu padrão de respiração, seu peito subindo e descendo contra suas costas.
— Temos trabalho a fazer. — Afirmou.
— Então vamos fazer isso rápido.
Ela se virou em cima dele com as sobrancelhas franzidas. — Mark, eu te amo, mas você tem que levantar sua bunda com tesão agora. — Ela brincou enquanto as mãos dele já tinham viajado para a bainha de sua camisa.
Ela arrancou a mão dele e saiu da cama. — É melhor você se levantar quando eu sair do chuveiro.
— Hum... Sexo no chuveiro?
— Mark Sloan!
— Eu te amo mais, Laurie.
★
Um homem de terninho caminhou até o posto de enfermagem no pronto-socorro. Os enfermeiros estavam ocupados registrando e recebendo ligações no telefone, mas um deles levantou a cabeça para o homem depois de vê-lo se aproximar.
— Oi, senhor, posso ajudá-lo? — Tyler perguntou enquanto separava os gráficos em suas mãos.
— Sim, um Dra. Lawrence está trabalhando hoje? — O homem perguntou, seu sotaque pesado.
Tyler verificou as páginas e assentiu. — Sim, ambos os Lawrences estão aqui agora. — Ele informou, — Você quer que eu os chame?
— Sim, por favor. — O homem assentiu enquanto verificava seu relógio. — Somente Norah, traga Norah Lawrence para mim. — Acrescentou. — Obrigado.
★
— O que aconteceu, Tyler, você chamou? — Norah caminhou até o enfermeiro atrás do posto, entregando-lhe uma xícara de café que ela havia recebido quando recebeu sua mensagem no carrinho de café.
— Um homem está procurando por você. — Tyler informou, apontando com a cabeça para a sala de espera do pronto-socorro. Ela se virou curiosa e viu muitas pessoas lá dentro, esperando nervosamente ou fazendo ligações aqui e ali.
— Aquele de plantão, de terno, andando de um lado para o outro, que também não consegue tirar os olhos do relógio. — Ele apontou, e seu rosto caiu, uma sensação de pânico crescendo dentro dela.
— Ai meu Deus...
Ela passou a mão pelo cabelo, resmungando ao ver o homem. — Eu não posso lidar com ele agora. — Ela resmungou, — Não sozinha... Você pode chamar Tim para mim, por favor?
— O que devo dizer a ele?
Ela riu fracamente enquanto se voltava para o homem na sala de espera.
— Diga a ele que nosso pai está aqui.
★
Uma loira entrou na OR parecendo visivelmente nervosa. Ela caminhou até o primeiro médico que viu e limpou a garganta.
— Com licença. Estou procurando o Dr. Mark Sloan. — Ela falou, e Alex se virou para encontrá-la.
— Hum, você vê o cara que foi queimado tentando fritar um peru? — Alex apontou para o homem em uma das camas no pronto-socorro. — Sloan é o cara que o faz gritar como uma garota.
A loira caminhou naquela direção, onde o paciente gritava de agonia. Ela parou ao lado do atendente, segurando sua bolsa ainda mais forte do que antes. — Dr. Sloan?
— Sim. — Mark olhou brevemente antes de dar uma segunda olhada. A garota de pé ao lado dele o fez quebrar a cabeça; ela parecia familiar - um pouco familiar demais - para ele permanecer com uma expressão neutra.
— Oi. — Ela cumprimentou sem jeito, — Hum, então isso é um pouco estranho, mas, hum... Meu nome é Sloan Reilly. E, uh, minha mãe é Samantha Reilly. — Ela tentou o seu melhor para não parecer assustada, — E, hum... Eu tenho certeza que você é meu pai.
Os olhos de Mark se arregalaram imediatamente; o paciente cujos gritos enchiam o pronto-socorro havia sido jogado para a parte de trás de sua cabeça há muito tempo.
Norah fugiu do posto de enfermagem, aproximando-se dele. Callie tentou impedi-la, mas desistiu quando viu o olhar levemente apavorado e estressante no rosto da residente; Alex parecia alarmado.
— Mark, meu pai está aqui no hospital, mas ele não está doente, ele está apenas na sala de espera, e eu estou tentando não surtar, e... — Ela parou quando notou a garota loira parada ao lado de Mark; ambos tinham olhares atordoados em seus rostos.
Norah virou a cabeça para olhar para Callie e Alex, que trocaram um olhar antes que o último lhe lançasse um sorriso forçado. A morena voltou-se para o par à sua frente. Sua sensação de medo parecia ter dobrado.
— Por favor, em nome de Deus, me diga que minha mente apavorada está brincando com o meu agora-
★
— Ela tem dezoito, Derek, dezoito malditos anos. — Norah divagou enquanto eles trabalhavam no menino na sala de cirurgia, — Ela é tipo, dez anos mais nova que eu!
— Você sabe quem Mark era quando você entrou nesse relacionamento com ele, certo? — Arizona perguntou curiosamente enquanto a residente continuava murmurando sob sua máscara.
— Sim, bem, ele é um ex-prostituto, e existe uma diferença de idade entre nós - essas que eu conheço. — Norah respondeu antes de suas sobrancelhas se juntarem, — Puta merda.
— Bem, não é tão chocante na verdade. — Derek deu de ombros casualmente com uma risada. — Quero dizer, do jeito que Mark andava antes de conhecer você, poderia haver um bando de Sloans. Sloan Jones. Sloan Smith. Sloan Sloan.
— Mal. — Arizona sibilou para ele, e ele voltou com uma risada; Os olhos de Norah se arregalaram mais do que antes enquanto ela segurava o instrumento com firmeza na mão.
— Pare de surtar. — Derek tentou, mas foi recebido com o olhar da residente.
— Não, não, eu vou continuar surtando. — Ela retrucou para ele, — E meu pai distante decidiu aparecer hoje. Oh Deus, o mundo realmente me odeia.
★
Norah sentou-se em silêncio em uma sala de conferências com seu pai, Brandon, ainda ao telefone, dando ordens para quem estava do outro lado da ligação. O chefe teve a gentileza de reservar uma sala vazia para o pai e a filha, que agora esperavam a chegada de Timothy.
Seus olhos se arregalaram com um olhar que gritava 'me ajude' quando viu seu irmão caminhando em direção à sala de conferências; Lexie estava ao lado dele, olhando para a sala com curiosidade.
Timothy relutantemente entrou na sala de conferências e puxou a cadeira ao lado de sua irmã. — Que porra ele está fazendo aqui?
— Nenhuma maldita ideia.
Passaram-se mais uns vinte minutos antes que Brandon finalmente terminasse sua ligação com um olhar satisfeito em seu rosto. Seu sorriso era brilhante quando ele se virou para os dois, que pareciam confusos e não entretidos.
— Agora, eu sei que já faz um tempo. — Brandon começou, — E vocês dois podem ter perguntas-
— Por que diabos você está aqui? — Timothy o cortou duramente, fazendo Norah suspirar alto ao lado dele.
Brandon apenas sorriu com as palavras de seu filho. — Acabei de deixar um grande amigo meu em seu pronto- socorro. — Explicou ele, — Então eu pensei: 'Por que não Seattle Grace Mercy West?' Quer dizer, meus dois filhos estão trabalhando lá-
— Tudo bem, pare. — Timothy interrompeu, revirando os olhos enquanto Norah olhava entre o pai e o irmão, entediada. — Porque você está aqui, em Seattle? Outra grande oportunidade de negócio? Você não deveria estar, sei lá, em Tóquio ou algo assim? — Norah também se voltou para o pai em busca de uma resposta.
Brandon sentou-se na cadeira em frente a eles, o que o lembrou de uma sala de interrogatório. — Toronto, na verdade. Eu tenho alguns dias de sobra aqui em Seattle. — O homem informou, — E já que é Ação de Graças, eu estava esperando que pudéssemos jantar hoje à noite, juntos?
Timothy zombou alto, e Norah apenas o silenciou antes de se voltar para o pai. — Desculpe, pai, estamos trabalhando hoje à noite. — Ela respondeu com o melhor sorriso que ela poderia colocar.
O telefone de Brandon tocou novamente, e os dois irmãos trocaram um olhar irritado antes de se recostarem em seus assentos. Seu pai viu os olhares em seus rostos e colocou a ligação em espera. — Vocês não podem ser dispensados para o jantar? — Ele questionou, apertando a mão sobre a mesa. — É Ação de Graças hoje.
— Sim, nós pedimos a você o mesmo nos últimos quinze anos ou mais. — Timothy afirmou sem rodeios enquanto Norah suspirava ao lado dele. — E, caso você tenha esquecido, nós não comemoramos o Dia de Ação de Graças, não é?
— Vamos, Tim. Tem sido... — Brandon franziu as sobrancelhas enquanto pensava muito, — Há quanto tempo?
— Huh, você nem consegue se lembrar, e eu nem estou surpreso. — Timothy soltou uma risada amarga, cruzando os braços acima do peito. — A última vez que nos encontramos foi antes mesmo de eu começar a faculdade de medicina, e isso foi tipo, cinco-
— Seis. — Corrigiu Norah.
— Seis anos atrás. — Ele zombou, — E a última vez que você jantou com a gente? Durante o meu aniversário de 21 anos, e você teve que sair quatro vezes para suas malditas ligações!
O Lawrence mais jovem se levantou de sua cadeira com um olhar furioso no rosto. — Eu não me importo, e eu não quero me importar! — Ele gritou, — Volte a enfiar a cabeça na porra do seu negócio!
Quando Timothy saiu da sala, ele bateu a porta atrás dele; Norah notou vários olhares curiosos das enfermeiras e estagiários próximos.
— Desculpe, pai, mas não podemos mudar nossos horários no último minuto se quisermos manter nossos empregos. — Afirmou ela calmamente antes de se levantar também. — Bom te ver... Eu acho.
★
— Eu tenho uma filha, Derek. — Mark franziu as sobrancelhas enquanto caminhava pelo corredor ao lado do neurocirurgião, — Uma filha de dezoito anos. Sou muito jovem para ter uma de dezoito anos.
Derek suspirou e balançou a cabeça. — Eu já escutei Norah divagando por uma hora, e eu realmente não quero ouvir a sua também. — Ele murmurou sem rodeios, — Porque de alguma forma, eu sou a pessoa certa para a crise existencial de vocês dois-
— E Norah não está respondendo minhas mensagens. — Mark o interrompeu e continuou de qualquer maneira, — Uma garota de dezoito anos... É um prego no meu caixão. É como se a morte tivesse vindo para chamar.
— Ok, podemos colocar um alfinete em sua crise existencial por um minuto? — Derek interrompeu sem graça.
— Não. É por isso que eles chamam de crise.
— Olha, a Dra. Robbins e eu temos um paciente de seis anos com um AVM inoperável. Precisamos de sua ajuda para torná-lo operável. — Derek informou, — E sua namorada assustada também está nesse caso, então você pode falar com ela.
— Tudo bem, tudo bem.
★
— Este é o melhor Dia de Ação de Graças de todos os tempos. — Cristina falou, e os outros levantaram a cabeça para ela curiosamente no laboratório de habilidades. — Sem parentes detestáveis. Sem tradições estúpidas.
Norah arqueou uma sobrancelha para ela, e ela suspirou. — Ok, um pai detestável e uma filha loira do Sloan que apareceu do nada. — Cristina se corrigiu, — Mas não há como dar a volta na mesa e dizer pelo que você é grata.
— Sim, acho que devemos fazer o oposto. — Afirmou Alex, — Falar sobre o que não somos gratos.
Cristina olhou ao redor do laboratório de habilidades para se certificar de que ninguém estava ouvindo a conversa antes de responder: — A fusão.
— Os Mercy Westers. — Meredith concordou.
— Eles são como a praga. — Alex reclamou, — Eles estão roubando todas as nossas cirurgias, comendo toda aquela torta no posto de enfermagem.
— Que tal familiares distantes aparecendo no pronto-socorro sem aviso prévio, tentando invadir nossas vidas como se nos conhecessem há muito tempo? — Norah interveio, ainda parecendo perturbada.
— É por isso que você está evitando Sloan? — Questionou Cristina.
— Eu não estou evitando ele. — A morena afirmou, — Eu só... Não estou procurando por ele e me escondendo neste laboratório de habilidades fazendo pontos que eu sou bem capaz, na esperança de não ver seu rosto, por enquanto, enquanto eu resolvo essa loucura bizarra como um presente de feriado.
Meredith arqueou uma sobrancelha para ela. — Isso é meio que a definição evitá-lo. — Ela afirmou antes de franzir a testa para o ponto que Alex estava fazendo. — Você está fazendo isso errado.
— Não estou.
— Você está. Posso te mostrar?
Quando Meredith assumiu o ponto de Alex, Cristina balançou a cabeça divertidamente. — Aulas particulares com o chefe... — Ela zombou levemente, — Cara, esses problemas com o papai estão funcionando para você.
— Eu não tenho problemas com papai. — Afirmou Meredith.
— Você tem. — Norah deu de ombros.
— Ei, você obviamente também. — Meredith retrucou, e Norah ergueu as mãos em sinal de rendição. A primeira voltou-se para Cristina: — Ele está me ensinando.
— Você é a cadela dele. — Afirmou Alex.
— Bem, nesse caso, você é a cadela de Teddy. — Meredith disse a Cristina antes de se virar para Norah, — E você é... A cadela do meu marido.
Os quatro estreitaram os olhos com a declaração dela. — Isso soou estranho. — Observou a morena, e Meredith concordou com a cabeça.
— Talvez isso seja problema meu, — pensou Alex, — não sou a cadela de ninguém.
— Oh, bem, você era a cadela de Izzie. — Lembrou Cristina.
— Você é uma cadela. — Alex disparou de volta, e Cristina zombou de suas palavras enquanto Norah ria, recebendo um olhar da outra mulher.
Meredith suspirou com a briga. — Sabe de uma coisa? É Ação de Graças. — Ela interrompeu, — Podemos simplesmente não ter xingamentos?
Os outros três residentes concordaram e voltaram a praticar seus pontos no laboratório de habilidades.
Norah recebeu uma mensagem em seu telefone e seus olhos se estreitaram ao ler a mensagem. Colocando o telefone de lado, sua mente ainda estava circulando no texto que seu pai enviou sobre sua reserva em um restaurante.
★
Timothy alcançou Norah enquanto ela se dirigia ao quarto do paciente de Nicholas. O menino tinha um AVM inoperável no qual três chefes de departamentos diferentes estavam atualmente discutindo uma maneira de tratá-lo, e Norah conseguiu se inserir no caso dele.
— Você viu o texto dele? — Timothy perguntou, e Norah assentiu. — Que porra é ele-
— Drs. Lawrences. — Uma voz chamou por trás, e os dois irmãos se viraram para encontrar o chefe que se aproximava deles.
— Vocês dois estão terminando seus turnos antes da noite. — Webber informou, e eles trocaram um olhar um com o outro. O chefe notou os olhares perplexos em seus rostos e continuou: — Vão para casa e comemorem o Dia de Ação de Graças com seu pai.
Norah viu Timothy revirando os olhos. — Inacreditável. — Ele zombou, balançando a cabeça enquanto o chefe olhava para ele confuso.
— Seu pai veio me ver porque vocês dois tinham turnos noturnos no Dia de Ação de Graças, e eu deixei vocês dois irem apenas porque seu pobre velho queria comemorar o feriado com seus filhos. — Webber repreendeu o residente.
Timothy se encolheu com as palavras do chefe, balançando a cabeça com uma zombaria. — O que somos nós? Crianças do ensino médio? — Ele murmurou baixinho, o que Norah ouviu. Ela lançou-lhe um olhar e notou que as pessoas estavam olhando para eles. Malditos fofoqueiros.
— Obrigada, Dr. Webber. Nós, hum, agradecemos a licença. — Respondeu Norah sem expressão.
— Que seja. Foda-se isso. — O Lawrence mais jovem acabou balançando a cabeça e saiu com uma linha fluente de palavrões.
Norah estava prestes a sair também, quando um desconforto persistente pairava em seu peito. Ela se virou para o chefe, balançando a cabeça. — Nunca chame nosso pai de 'pobre homem velho' quando você não conhece o nosso lado da história. — Ela declarou com firmeza, — Feliz Dia de Ação de Graças, Chefe.
★
Norah deitou-se na beliche superior em uma sala de plantão, olhando para o teto enquanto brincava com a bainha do cobertor que cobria suas pernas.
A porta se abriu e um raio de luz entrou no quarto. Ela soltou um suspiro pesado quando o brilho foi substituído pela penumbra novamente.
Mark estava ao lado das beliches com os braços cruzados sobre o colchão. Norah virou o corpo para ele com um suspiro enquanto os olhos azuis sorriam de volta para ela.
— Você tem me evitado, não é? — Ele perguntou.
— Pode ser?
Ele assentiu e esfregou o queixo. — Os, hum, os resultados chegaram. — Ele falou, — Sloan é minha filha.
Ela piscou para ele, mais pelo tom exultante por trás de sua voz. Ela passou o meio-dia inteiro arrumando a bagunça em sua cabeça, mas no final, ela só conseguiu sair com uma sílaba, — Oh.
— Sim... Hum, como foi com seu pai?
— Ele reservou uma mesa para o jantar hoje à noite, mas eu não quero ir. — Ela murmurou, — Mas eu vou me sentir mal sabendo se nenhum de seus filhos aparecer.
— Compaixão fica bem em você, eu já tinha mencionado? — Ele flertou em uma tentativa de iluminar o humor dela.
Ela olhou para ele sem graça, — Bem, agora, eu odeio isso.
— Tão ruim sua infância?
Ela deu de ombros. — Quando minha mãe morreu, meu pai ficou... Ausente, foi como se ele tivesse desaparecido de nossas vidas. — Ela explicou, — Quer dizer, isso o atingiu com força, sem dúvida, e ele se enterrou em seu trabalho. Bem, seu negócio está prosperando agora, mas ele apenas... Se afastou com sua família, sabe?
— Tipo, papai sempre foi um homem alegre, sempre presente para sua família...... Então, um dia, mamãe morreu de um acidente, e papai também desapareceu de nossas vidas. Tim tinha seis anos, então acho que foi confuso para ele... Eu sei que foi para mim, e eu tinha nove anos.
Mark beijou as costas de sua mão suavemente enquanto seus dedos se enredavam com os dela. — Meus pais nunca estavam em casa para as férias também. Eu sempre os passava no Shepherds. Eu só passava os Natais com minha mãe e meu pai, de manhã, normalmente, antes de partirem à noite. —
Ela se virou para ele com um suspiro, — Ter pais ausentes é uma droga.
— Sim. — ele retornou com um sorriso tenso.
Nós nunca teremos nossos filhos experimentando isso, as palavras flutuaram em sua cabeça, mas ele rapidamente descartou o pensamento.
— Venha comigo, — disse ela, — esta noite.
Os olhos de Mark se arregalaram de forma alarmante. — Eu... Uh... Você quer que eu conheça seu... Pai?
Ela riu levemente de suas palavras gaguejantes. — Isso é uma ideia tão ruim? — Ela levantou uma sobrancelha para ele, — Quero dizer, eu não quero ter um jantar estranho com ele sozinha.
— Então sua solução é ficarmos desajeitados juntos? — Ele piscou com o aceno dela. — Laurie, os pais historicamente não me amam. — Afirmou, — E com isso, quero dizer que quando eu era adolescente, os pais não me amavam, e isso é-
Norah o silenciou com a mão cobrindo sua boca. — O homem mal está envolvido na minha vida. Eu vou dar um soco nele se ele tiver uma opinião sobre quem eu estou namorando.
— Eu ofereci a Sloan um lugar para ficar, conosco, por um tempo, já que, você sabe... — Ele interveio hesitantemente, e ela pausou suas palavras novamente, — Quero dizer, tudo bem para você?
Eu não quero ser a pessoa má. Eu não quero ser a pessoa má. Eu não quero ser a pessoa má.
— Ok, eu acho, claro. Quero dizer, são apenas alguns dias, certo? — Ela sorriu de volta antes de se aproximar dele. — Devolva-me o favor e venha comigo esta noite?
Ele olhou para os olhos esperançosos olhando de volta para ele e inclinou a cabeça que estava descansando em seus braços. Como ele poderia dizer não?
— É claro.
Seu rosto cresceu em um sorriso quando ela se inclinou e o beijou. Ele aprofundou o beijo enquanto a puxava para baixo do beliche superior.
— Mark, eu vou cair. — Ela murmurou através de seus lábios conectados.
— Eu vou pegar você.
★
Lexie correu até a residente que estava a caminho da cirurgia. — Norah!
A residente mais velha parou em seus passos e se virou para ela. — E-eu estava apenas me perguntando se havia um... Código de vestimenta para o seu jantar com seu pai? — Lexie perguntou, — Quero dizer... Eu me ofereci para ir com Tim.
Norah arqueou uma sobrancelha para ela, — Ele vai?
— Eu... Estou tentando convencê-lo a ir.
Norah olhou para a residente mais jovem, que estava ansiosa por uma resposta; ela sorriu, sabendo que seu irmão era amado, mas suspirou com toda a situação atual.
— Lexie, eu gosto muito de você, realmente. — Ela falou, — Mas não o force a ir neste jantar se ele não quiser.
A residente mais jovem piscou e assentiu com um sorriso tenso, a cabeça baixa; Norah suspirou. — O código de vestimenta é formal. Nosso pai nunca janta em qualquer lugar com menos de cinco estrelas. — Ela respondeu, — Além disso, tente fazê-lo usar uma gravata.
★
Às sete da noite, Norah e Mark estavam no balcão de um restaurante italiano de alta classe. Um garçom os escoltou até uma sala, onde Brandon fez uma reserva.
— Você está nervoso? — Ela levantou uma sobrancelha para o namorado.
— Ah, sim? — Ele respondeu como se estivesse afirmando o óbvio. — Esse é seu pai, Laurie.
— Você quer uma dica?
— Sim, por favor.
— Pare de olhar para a minha bunda.
Mark ergueu o olhar de volta para ela com um sorriso, que balançou a cabeça para ele. Ela apertou a maçaneta da porta, e ele sentiu vontade de prender a respiração.
— Ei, pai. — Norah cumprimentou com um sorriso brilhante ao entrar na sala, com Mark cambaleando atrás dela.
— Estou muito feliz por você estar aqui, Norah. — Brandon falou e abraçou a filha.
— Este é o Dr. Mark Sloan. — Ela apresentou, — Meu-
— Parceiro, encontro, namorado. — Brandon respondeu facilmente, e Mark piscou. — Sua gravata combina com o vestido dela, e os brincos dela combinam com o seu relógio. — Ele apontou, — É bastante óbvio.
— P-Prazer em conhecê-lo, Sr. Lawrence. — Mark falou enquanto apertava a mão do homem.
— Tanner. — Brandon sorriu para Mark, que parecia confuso. — Brandon Tanner. As crianças seguem o sobrenome da mãe. — Explicou.
— Oh. — Mark sentiu-se perto de explodir para fora do universo enquanto Norah bufava ao lado dele.
Eles estavam sentados à mesa redonda, e Brandon pediu o menu. Eles passaram um tempo olhando as opções de comida, fazendo pequenas conversas - principalmente Brandon fazendo um monte de perguntas para Mark e o último tentando não parecer nervoso perto do pai de sua namorada.
Antes de chamarem o garçom, a porta do quarto fechado se abriu, e os três viraram a cabeça para o casal que entrava. Brandon ficou mais do que surpreso quando seu filho apareceu - com uma mulher ao lado dele.
Timothy era notavelmente contra a ideia de jantar com seu pai, mas Norah notou Lexie beliscando-o na cintura, e ele deu um sorriso largo e vigoroso. Ele também estava puxando desconfortavelmente a gravata em volta do pescoço, o que fez Norah bufar em sua luta.
— Eu pensei que você disse que Tim não iria aparecer. — Mark sussurrou.
— Bem, acho que Lexie fez o que queria. — Norah sorriu conscientemente.
Timothy sentou-se ao lado de Brandon e Lexie ao lado de Norah. Esta última notou os olhos da mulher mais jovem se arregalando quando ela espiou o menu. Ela balançou a cabeça com uma risada silenciosa quando Lexie imediatamente virou para a seção de saladas e sopas.
Eles sobreviveram ao jantar com algumas trocas de palavras e pequenas conversas entre os cirurgiões.
A noite ainda estava estranha, e havia uma estranha tensão em algum lugar no ar. Timothy estava com a mão entrelaçada com a de Lexie debaixo da mesa enquanto Norah e Mark estavam sentados próximos, seus joelhos batendo um no outro de vez em quando.
★
— Estou surpreso que meus dois filhos estejam se tornando cirurgiões. — Brandon falou, ganhando a atenção dos quatro. — Estou orgulhoso, de verdade, e tenho certeza que sua mãe também estaria, se ela estivesse aqui conosco.
Timothy franziu a testa ao ver o rosto do homem. — Mas?
Brandon puxou a boca em um sorriso. — Mas eu sempre pensei que um dia poderia passar meus negócios para um de vocês. — Afirmou, olhando entre os dois. Timothy revirou os olhos enquanto Norah evitava seu olhar.
— Desculpe, pai, isso não vai acontecer. — Ele falou, — Nós trabalhamos duro para chegar aqui.
— Como você. — Ela interrompeu com um aceno de cabeça. — Você também trabalhou duro, e agora seu negócio é incrível, crescendo muito rápido no mercado, não é?
Brandon assentiu, — Isso é verdade.
Norah brincava com a toalha de veludo enquanto olhava para sua taça de vinho meio cheia. Seus pés bateram silenciosamente sob a mesa com a menção deste tópico; isso sempre a deixou impaciente. Mark notou sua inquietação e agarrou sua mão na dela, descansando ambas as mãos entrelaçadas em sua perna.
— Mas talvez um dia... Talvez um dia no futuro, um de vocês assuma o controle. — Brandon continuou, seus olhos mudando de seu filho para sua filha. — Norah?
Ela balançou a cabeça. — Não, isso não está acontecendo. — Ela afirmou inquieta, sentindo a pressão subindo em sua cabeça.
— A área médica é uma forte concorrente para- — ele parou.
— Mulheres? — Ela terminou a frase dele, seus olhos se estreitaram quando se fixaram no par de verdes olhando de volta para ela. Mark e Timothy franziram a testa para o homem mais velho na mesa que ainda estava sentado calmamente enquanto ele colocava outra ligação de negócios em espera.
— Eu não disse isso.
— Bem, você também pode fazer isso. — Norah revirou os olhos.
— Por que? — Brandon questionou. — Estou ganhando grandes números, e você sabe disso. Vocês dois sabem disso-
— Não me arraste para isso de novo. — Timothy retrucou.
— Eu só estou tentando entender por que você desistiria de uma oportunidade como esta.
— Talvez se você não fosse tão ausente quando éramos crianças, você nos entenderia melhor. — Norah cuspiu, e ela viu o rosto de seu pai vacilar. — Nem tudo é sobre dinheiro, você vê. — Ela brincou, balançando a cabeça enquanto se levantava.
— Obrigada pelo jantar. — Ela zombou levemente, — Eu me diverti muito.
Norah virou-se e saiu da sala; Timothy ficou olhando para ela, e Lexie parecia querer ir para casa.
— Sr. Tanner, com todo o respeito, mas você não pode forçar... Ninguém, de fato, a fazer algo que eles não vão gostar pelo resto de suas vidas. — Mark declarou, — É e vai parecer uma tortura. — Ele se levantou de seu assento e acenou para o homem que estava suspirando. — Com licença. Foi um prazer conhecê-lo.
★
Norah sentou-se em um banco do outro lado do restaurante, respirando fundo enquanto se acalmava. Ela viu Mark saindo do local um pouco atrás dela, e ele imediatamente atravessou a rua e caminhou em direção a ela.
— Você quer ir para casa? — Ele perguntou, — Quero dizer, Sloan está na casa de Torres e Robbins, e eu não quero mantê-las longe de suas férias.
Ela levantou a cabeça para ele enquanto ele olhava para ela. Ela gostava que ele estivesse cuidando de sua filha, sem dúvida; o lado paterno de Mark Sloan era algo que ela tinha que começar a se acostumar.
— Apenas... Sente-se aqui e espere um minuto.
Ele tirou o paletó e o cobriu sobre os ombros dela antes de se sentar ao lado dela no banco frio. Eles se sentaram na quietude da noite fria, sob a luz da rua que brilhava sobre eles como um holofote.
Eles viram os muitos carros passando. Havia um homem do outro lado da rua, que estava encostado em um beco, esperando por alguém. Mais pedestres subiam e desciam a rua. Alguns estavam conversando, alguns estavam bêbados, a maioria estava abraçando seus casacos mais perto de si.
A porta do restaurante italiano se abriu novamente, e Mark apertou os olhos ao ver Timothy e Lexie indo na direção deles. Ele ficou ainda mais confuso quando Norah se levantou, e os irmãos não conseguiram evitar que os sorrisos se alargassem em seus rostos.
— Sucesso? — Norah perguntou, e Timothy deu um tapinha no peito.
— Pode apostar que sim! — O jovem Lawrence exclamou.
Mark e Lexie se entreolharam, ambos perplexos com olhares franzidos. Levou um tempo até que suas sobrancelhas se erguessem até a linha do cabelo.
— Oh Deus... Laurie, por favor, me diga que vocês dois não planejaram isso. — Ele brincou. Quando Norah caiu na gargalhada, ele fechou os olhos e balançou a cabeça.
— Oh meu Deus! — Lexie olhou para eles com a mandíbula aberta enquanto dava um tapa nas costas de Timothy. — Timothy Kai Lawrence! V-Vocês dois planejaram um plano de fuga e realmente o usaram?! — Ela questionou incrédula, — Aquele é o pai de vocês e vocês- oh, meu Deus! Inacreditável!
— Pagamento é uma cadela! — Timothy sorriu apesar de ser atingido continuamente por sua namorada.
— Pagamento é nossa cadela. — Norah sorriu e deu a seu irmão um high-five, os dois ainda rindo incontrolavelmente.
Mark também se juntou à risada deles, e Lexie logo foi incapaz de se conter com sua risada. — Oh. Meu. Deus. — Ela repetiu, balançando a cabeça. — E-eu não... Como vocês conseguiram?
— Isso é o que você ganha de um gênio sangrento e um sorriso atrevido. — Anunciou Norah orgulhosamente.
— Raposas astutas, nós somos. — Timothy sorriu triunfantemente, — Astutas, raposas astutas.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top