041
CAPÍTULO QUARENTA E UM
bom luto.
6ª temporada, episódios 1 e 2
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- DIA 1 -
NA NOITE EM que George morreu, todos estavam... Quietos. Havia uma camada diferente de tensão no ar do hospital, vidrado de mágoa e luto.
Norah teve a maior parte de suas lágrimas chorando na escada, nos braços de Mark. Agora, ela estava sentada no meio de seu quarto de hotel em um de seus moletons da faculdade. Sua cabeça nublou com um pensamento, uma pergunta: Por quê?
Ela não conseguia entender por que George pularia na frente de um ônibus para uma completa estranha. Ela não conseguia entender por que as pessoas que ela gostava acabariam morrendo e a deixando. Mas acima de tudo, ela não conseguia entender por que tudo podia mudar em um piscar de olhos.
Mark sentou-se ao lado dela, o cabelo ainda úmido. Ele puxou as pernas até o peito e descansou o queixo no joelho, estudando a expressão dela. Ela inclinou a cabeça para ele com as sobrancelhas franzidas.
— Você está me copiando? — Ela perguntou, vendo as semelhanças da forma em que eles estavam sentados.
— Pode ser? — Ele respondeu, e ela revirou os olhos para ele com um leve sorriso no rosto.
Ela virou a cabeça para trás para olhar para frente. — Apenas ontem, estávamos todos discutindo sobre quem roubou a comida de quem, e agora... Agora, estamos todos... De luto? — Ela balançou a cabeça, — George se foi, e ele não vai voltar... Como as coisas mudam tão de repente?
— O mundo não é amigável, Laurie. Nem um pouco. — Ele suspirou, pegando a mão dela que estava fechada em um punho apertado. Ela lentamente afrouxou a mão, e ele segurou a dela.
Sua outra mão brincava com a corda de seu moletom. — As pessoas vão embora e as pessoas morrem, — declarou ela com bastante franqueza, — chamo isso de ciclo da vida.
— Bem, você está com sorte, porque eu estou bem aqui, e não vou a lugar nenhum. — Mark abaixou a cabeça para ela e deu um beijo em seus lábios, — Agora vamos dormir um pouco, sim?
Ele se levantou do chão acarpetado e a puxou com ele. Eles caminharam até a cama com ela arrastando seus passos. Ela se aconchegou perto dele, deitando a cabeça em seu peito enquanto a mão dele descansava em suas costas. O ritmo de seu batimento cardíaco nunca deixou de acalmá-la.
— Você nunca vai a lugar nenhum?
— Eu prometo.
— Eu te amo, Mark.
— Eu te amo mais, Laurie. Boa noite.
★
- DIA 7 -
Todos estavam vestidos de preto enquanto estavam sob as sombras das árvores altas do cemitério.
Eles ouviram em silêncio o padre enquanto ele recitava. A mulher, que George salvou do ônibus, estava chorando. Norah se absteve de socá-la para calá-la enquanto olhava para as rosas em cima de seu...
Caixão.
Até mesmo a palavra fazia seu peito apertar. Era como se ela tivesse nove anos de novo. De pé sob as persianas em um vestido preto, ela se lembrou de ouvir o padre murmurando palavras que sua mente nunca registraria.
Naquela época, ela não sabia o que significava quando seu pai lhe disse que a mamãe tinha ido embora. Mas agora, saber da morte de seu amigo a fez sentir tudo.
Mark a estava verificando silenciosamente, olhando-a de vez em quando; ela sabia disso, é claro, ele saberia.
Ao lado dela estava Timothy, com Lexie do outro lado. Seus olhos estavam vermelhos de tanto chorar, e tudo que ele podia fazer era confortá-la. Timothy era ótimo com as palavras, assim como sua irmã. Mas quando se trata de confortar uma pessoa chorando, sua mente às vezes ficava em branco.
———
— George O'Malley, estarei esperando por suas histórias quando você voltar.
— Eu vou me lembrar dos mais horríveis.
— Vejo você, George.
— Vejo você em breve.
———
— Você está bem? Você precisa de uma cadeira de rodas? — Ela ouviu Alex perguntar a Izzie, que estava perto dela. Izzie tinha uma mão cobrindo a boca, a cabeça baixa.
Ela se virou e foi embora, seus passos pesados, mas rápidos. Quando Alex saiu atrás dela, Meredith, Cristina e Norah seguiram o exemplo.
Os namorados - e um marido - das três mulheres trocaram um olhar preocupado antes de virarem a cabeça para trás para ouvir o resto do culto.
Os quatro encontraram Izzie sentada no chão, com as mãos cobrindo o rosto. Alex e Cristina sentaram-se ao lado dela. Meredith ficou de lado enquanto Norah se apoiava no tronco de uma árvore alta.
— Sinto muito. — Izzie finalmente falou - com uma risada.
Meredith olhou para ela, intrigada. — Você está rindo?
— Ela está rindo. — Alex confirmou, e Cristina ficou sem palavras.
Izzie continuou a rir. — George... George está morto. — Ela gargalhou, — Ele está morto. Eles estão prestes a colocá-lo no chão, e o padre está fazendo letras de rock clássico, e aquela garota, aquela ruiva, está chorando mais do que sua mãe e ela nunca o conheceu!
Todos eles explodiram em uma risada abafada, com Izzie ainda rindo incontrolavelmente. — Eu queria tanto socá-la, oh deus. — Norah admitiu com uma risada, — Então talvez ela possa ocupar o espaço ao lado de George.
Suas piadas em um momento inadequado estavam surtindo efeito com mais força do que ela imaginava, e ela teve que cobrir a boca com a mão para não ofegar.
— Ok, vocês duas são muito mais pervertidas do que eu imaginava. — Cristina brincou, olhando entre as duas.
— E você se casou em um post-it. — Izzie apontou para Meredith, e desta vez, todos caíram na gargalhada.
— Eu me casei em um post-it, eu casei.
— E vocês se casaram de verdade. — Cristina se juntou, olhando para Alex e Izzie.
— Eu sei! — Izzie estava rindo histericamente, — E eu tenho câncer! O quê?
— Cara, e O'Malley foi atropelado por um ônibus. — Acrescentou Alex, e todos acabaram gargalhando.
Norah podia sentir as lágrimas saindo de seus olhos de tanto rir. Oh Deus, tão inapropriado.
As pessoas que passavam por eles olhavam para eles como se tivessem enlouquecido - e talvez tivessem.
———
— Eu acho que esta é a nossa despedida, hein?
— Nah, este é apenas o nosso primeiro adeus.
———
E quando finalmente os atingiu, os atingiu com força.
George O'Malley estava morto.
Ele foi atropelado por um ônibus.
E todos estavam uivando de tanto rir.
★
- DIA 11 -
O Chefe deu-lhe alguns dias de folga depois do funeral. No entanto, depois de três dias sentada em seu apartamento e olhando para o teto vazio, Norah sentiu que estava prestes a morrer de tédio.
À sua esquerda, o relógio marcava 5h03; à sua direita, Mark dormia profundamente depois de terminar seu turno às duas da manhã. Havia sons silenciosos vindos de fora que despertaram sua curiosidade.
Ela lentamente se afastou de seus braços, tomando cuidado para não acordá-lo enquanto ele se mexia na cama. — Que horas são? — Ele perguntou grogue, sua mão puxando contra a manga de seu moletom.
— Ainda é cedo. Volte a dormir, Mark. — Ela lhe deu
um beijo rápido antes de sair da cama, cobrindo o edredom sobre seu corpo sem camisa. Ele se mexeu antes de puxar o travesseiro dela para seu peito e caiu em um sono profundo.
Amarrando o cabelo em um coque bagunçado, Norah foi recebida por um aroma forte que fez sua barriga roncar. Timothy estava de costas para ela enquanto mudava de uma perna para outra; uma mão descansava em seu quadril, e ele segurava uma espátula na outra. Lexie estava com o rosto enterrado nos braços enquanto se esparramava pela ilha da cozinha.
— Ei, bom dia. — Norah falou, fazendo com que os dois se virassem para ela.
— Ainda não consegue dormir, hein? — Timothy perguntou enquanto sua irmã se sentava ao lado de Lexie.
— Não. — Ela suspirou, — Eu estou indo para o hospital hoje. Para trabalhar.
— Tem certeza que é uma boa ideia? — Ele questionou: — Você não chorou desde o funeral. — Lexie enrijeceu com a menção disso, então ela suspirou e enterrou o rosto de volta em seus braços. — Desculpe, Lex.
— Não há necessidade de chorar. George... Ele morreu como um herói. — Norah murmurou. Isso era algo que ela repetia em sua cabeça, lembrando-se de que a morte de seu amigo era um sacrifício corajoso.
Ela caminhou até os fogões, observando a frigideira fervendo e o queijo grelhado. — Você está fazendo extra? Estou com fome.
Timothy levantou uma sobrancelha para ela, enxotando-a de tocar a panela. — Como você acha que tinha o café da manhã esperando por você todas as malditas manhãs? — Ele zombou levemente, — Vá se sentar. Não interrompa minha comida.
— Idiota.
— Cadela- ai!
Lexie estreitou os olhos para os dois irmãos com um suspiro. Norah deslizou uma caixa de suco para ela, depois jogou outra para o irmão; Timothy pegou a pequena caixa antes que ela batesse em sua cabeça enquanto virava o bacon na frigideira.
— Eu realmente gosto do seu relacionamento entre irmãos. — Lexie afirmou enquanto sorvia a caixa de suco.
— É mais ou menos isso que você ganha quando tem a sorte de ser adotados juntos. — Norah deu de ombros.
— Eles me queriam. Você era um acompanhante- ai, ai, tudo bem, pare! — Timothy sibilou de dor, esfregando a parte de trás da cabeça. Ele apontou a espátula para sua irmã com os olhos semicerrados. — Sem bacon para você.
— Lexie, dê um sermão nele para mim, sim? — Norah perguntou, franzindo a testa para o irmão.
Lexie riu deles, balançando a cabeça. — Oh, eu tenho uma ideia melhor. — Ela lhe deu um sorriso maligno, — Você apenas espera, Timmy.
★
- DIA 13 -
Mark parou em frente à porta exibindo '502', batendo nela com o punho. — Abra! — Ele gritou no corredor silencioso antes de bater na porta novamente, — Abra a porta, Torres!
Ainda não houve resposta de dentro, o que o fez continuar batendo com o punho na porta. — Abra a porta, ou eu vou continuar batendo e potencialmente danificar minhas mãos multimilionárias-
A porta finalmente destrancou e Callie saiu, o rosto coberto de lágrimas e o corredor cheio de soluços.
— Meu ex-marido morreu. E-ele morreu - ele na verdade foi atropelado por um ônibus. — Ela chorou, — George foi atropelado por um ônibus, e agora eu tenho que arrumar um novo emprego, e eu nunca vou ver meu amigos mais e Arizona continua me trazendo donuts!
Mark estreitou os olhos para ela quando ela caiu em seu peito. Ele a abraçou enquanto ela chorava em seu peito. No corredor, o som de conversas indistintas chamou sua atenção.
— Este lugar está à venda? É bom. — Ele falou, olhando para o quarto que estava sendo reformado. O trabalhador na sala olhou para eles, intrigado, e assentiu antes de retornar ao seu trabalho.
Mark deu uma boa olhada no interior. Era uma área espaçosa - paredes cinzentas brilhantes e tetos altos. Ele quase podia imaginar como seria bom e aconchegante com algumas luzes quentes e móveis.
Callie levantou a cabeça de seu peito, — O quê?
— Ah, nada, nada. Shhh.
★
- DIA 21 -
Parecia que tinha sido desde sempre desde que Norah se sentou ao lado do balcão do bar de Joe.
O copo de uísque em sua mão era o quinto, mas ela mal podia sentir o álcool em seu sistema. Ela debateu se deveria mudar para tequila, mas decidiu não quando sentiu um calafrio no pescoço.
Seus beijos suaves e molhados percorreram seu pescoço até a parte de trás de sua orelha. — Feliz aniversário, Laurie. — Mark sussurrou antes de pegar os lábios dela com os dele. — Eu não vi você o dia todo. — Ele afirmou, sentando-se ao lado dela.
— Só queria me afogar em cirurgias no meu último dia como residente do segundo ano. — Ela deu de ombros, — Mas acho que agora estou me afogando em bebida.
Ele puxou a banqueta dela para mais perto dele, mas desta vez ela se conteve para não tropeçar em seu peito. — Lembra-se deste dia exato, um ano atrás? — Ele baixou a voz.
— Você quer dizer a parte em que eu te disse que estávamos melhor como amigos, então você me beijou, me deixando molhada? — Ela lembrou, em seguida, lançou-lhe um olhar, — E então você foi embora.
— Eu saí porque não queria me apaixonar por você. — Ele proclamou.
Ela arqueou uma sobrancelha para ele com um sorriso brincando em seus lábios. — Sim? E como isso funcionou?
Um sorriso cresceu em seu rosto enquanto seu dedo gentilmente acariciava o lado de seu pescoço; sua pele fria estava quente sob seu toque. Seu olhar deixou o par de avelãs e viajou até a mão traçando em sua coxa.
— Isso definitivamente não funcionou para nenhum de nós. — Ele respondeu com sinceridade. Ela revirou os olhos para ele antes de tilintar seus copos, e cada um tomou um grande gole de suas bebidas. — Eu arrumei meu novo apartamento. — Ele afirmou enquanto colocava seu copo na mesa.
— Ooh, o oposto do de Call-
— Vem morar comigo.
Ela ergueu os olhos para ele - os dele que nunca deixaram os dela - azul e avelã olhando um para o outro. — Você já está hospedado no meu apartamento quase seis dias por semana. — Ela levantou uma sobrancelha para ele.
— Eu gosto do seu apartamento, é claro. — Ele afirmou com um sorriso, — Mas eu quero um lugar onde nós vivamos juntos sem seu irmão ou sem um local de queda para os outros residentes - eu quero um lugar para você e para mim.
Ele podia ver em seus olhos que ela estava hesitando, mas este passo que ele estava dando, ele tinha certeza disso - ele estava certo. — Só nós.
Suas palavras suaves derreteram em sua cabeça. Ela inclinou a cabeça, um sorriso escapando de seus lábios. — Eu posso escolher a cor dos travesseiros?
— Você pode escolher tudo em nosso apartamento. — Ele respondeu com uma risada suave, — O que você diz?
A resposta foi fácil, realmente.
— Eu digo... — Ela bebeu o resto de sua bebida, colocando o copo na bancada. Ela puxou contra sua jaqueta de couro, e ele olhou para ela, sua mente correndo selvagem. — Você está vindo e me ajudando a fazer as malas agora.
— Agora mesmo? — Ele perguntou, deslizando algum dinheiro debaixo do copo antes de correr atrás dela.
— Ok, tudo bem. Talvez não agora.
Eles entraram na noite ventosa onde as pessoas ainda andavam pelas ruas, bares e pubs tinham luzes de neon acesas. Norah acidentalmente esbarrou em alguém, no qual ela rapidamente se desculpou enquanto Mark ria dela.
— Eu já te disse o quanto eu te amo?
— Hoje não.
Ele balançou a cabeça com uma risada. — Eu te amo muito.
— Eu te amo mais.
— Impossível.
Sob a fileira de postes de luz, suas mãos unidas enquanto ela caminhava na frente, puxando-o por trás. Um sorriso animado estava em seu rosto e um caloroso no dele.
Ele poderia passar o resto de sua vida assim.
Ele iria.
★
— Travesseiros azuis são mais agradáveis.
— Não, os vermelhos são mais fofos.
— Por favor, você só quer os vermelhos porque adiciona energia sexual à sua sala de estar.
— Nossa sala de estar - e quero dizer, você não está errado.
Norah e Mark estavam carregando caixas com suas coisas enquanto caminhavam pelo corredor. O processo de tirar as coisas do apartamento de Norah - agora de Timothy - foi bastante exaustivo, e o Lawrence mais novo teve que brigar com a irmã que ela só podia levar a máquina de café expresso ou a máquina de waffles.
Timothy e Lexie tinham acabado de sair para pegar a próxima rodada de caixas; o primeiro impôs um desafio para que a segunda descesse as escadas.
Mark colocou a caixa em suas mãos de lado enquanto abria a porta de seu novo apartamento, e eles entraram no lugar que estava cheio de caixas e mais caixas. Norah segurava um menor em seus braços enquanto usava a perna para empurrar outro.
— Ei, as caixas estão rotuladas como 'frágeis' por uma razão. — Mark estreitou os olhos para ela antes de pegar a caixa pesada pelo pé dela.
— Esse está cheio de revistas médicas. — Norah deu de ombros. — Eu mesmo coloquei o adesivo 'frágil' para que o motorista do caminhão não jogue a caixa e danifique os livros.
Ele levantou uma sobrancelha para ela. — Pequeno gênio. — Ele sorriu, pegando a caixa da mão dela e adicionando-a à pilha de caixas no meio do apartamento. Eles saíram do apartamento, e ele a abraçou enquanto ela gritava em protesto.
— Ok, ok. Qual deles? — Callie perguntou enquanto corria para o corredor, onde Mark estava com o rosto enterrado no pescoço de Norah. Ela levantou dois vestidos, um azul e um preto, olhando para o par e ignorando a posição em que estavam.
— É meu primeiro dia no Mercy West. — Callie informou, — Eu quero ficar bonita, você sabe. Séria, talentosa, hardcore - não alguém que você empurra. Legal, mas gostosa, como eu.
— A preta. — Norah e Mark responderam em uníssono.
— Sério? Eu pensei neste. — Callie murmurou, segurando um olhar demorado para o vestido azul.
— Se você está planejando despejar Robbins, então você vai para o azul. — Disse Norah, — Quente demais para o trabalho.
— O que ela disse. — Mark acrescentou com os braços apertados em torno de sua namorada.
— Ok, aqui. — Callie jogou o vestido azul para Norah; a primeira começou a despir-se e a vestir o vestido preto.
— Almofadas vermelhas. — Mark cantarolou em seu pescoço, e Norah deu um tapa no topo de sua cabeça.
— Se você está tentando fazer sexo para mudar minha mente, você não está. — Ela retrucou antes de pegar um cabide que foi jogado em sua direção. — Callie, travesseiros azuis ou vermelhos?
A mulher olhou para o par enquanto vestia o vestido. — Hum... Vermelho é marcante e azul é legal. — Ela respondeu, mas olhando para o olhar da mulher mais jovem, ela rapidamente mudou sua resposta. — Azul - definitivamente azul. Combina com sua, uh... Porta.
Norah sorriu enquanto dançava com os dedos na nuca dele.
— Obrigada. Me desejem sorte. — Callie sorriu enquanto pegava suas roupas e cabide das mãos da morena, — Ou não sorte, porque eu sou toda talentosa e hardcore.
— Você é uma atendente, Torres. Vá chutar alguns traseiros.
— Divirta-se! — Norah desejou. Ela sorriu quando Mark levantou a cabeça dela. — Travesseiros azuis receberam o voto mais alto. — Anunciou ela.
— Ah, você está falando de votos agora? — Ele desafiou, virando a cabeça para as duas pessoas andando pelo corredor. — Tim, Grey. Travesseiros vermelhos ou azuis?
— Eu acho que vermelho é legal. — Lexie deu de ombros, — Romântico.
— Isso é 2 a 2. — Mark apontou antes de se virar para o homem restante, — Tim, desempate?
Timothy olhou entre a irmã e o namorado dela, avaliando o resultado de sua votação. Se ele ficasse do lado de Norah, Mark poderia bani-lo de suas cirurgias - algo que ele definitivamente faria; se ele ficasse do lado de Mark, no entanto, ele com certeza levaria uma surra de sua irmã - o que nunca era algo que ele ansiava - e arriscaria perder tanto a máquina de café expresso quanto a máquina de waffles.
Então ele votou a opção mais segura.
— Ambos. — Timothy respondeu, — Peguem os dois, azul e vermelho, e parem de brigar sobre a porra das cores dos travesseiros.
Norah e Mark se entreolharam, seus olhos se estreitaram. Lexie olhou para eles confusa enquanto Timothy pegava o vaso de plantas de suas mãos.
— Você é chato. — Mark disse ao jovem antes de voltar para sua namorada, — Nós vamos receber votos da equipe do hospital.
Norah assentiu com um sorriso desafiador no rosto. — Eu vou acabar com você.
Lexie bufou para o par enquanto Timothy mentalmente se debatia com as decisões dos dois adultos. — Ugh, pelo amor de deus!
★
- DIA 30 -
Seu turno tinha acabado de terminar, e Norah estava guardando suas muitas canetas e post-it em seu armário. — Longo dia? — Meredith perguntou de alguns armários ao lado dela, e Norah suspirou.
— Você não tem ideia.
Um zelador entrou no vestiário, carregando uma caixa vazia, que colocou no banco entre as duas residentes. Norah ergueu uma sobrancelha para o homem com curiosidade.
Mas quando ela o viu começando a tirar as pilhas de livros do armário entre o dela e o de Meredith, seu coração afundou, e pelo olhar no rosto de sua amiga, ela sabia que estava alarmada também.
— O que você está fazendo? — Meredith perguntou ao zelador.
— Precisamos de espaço. — Ele apenas respondeu enquanto dobrava o jaleco branco de George na caixa.
Meredith ficou congelada enquanto o observava limpar o armário de George; suas lágrimas ameaçavam cair quando Norah percebeu que a compreensão a atingiu. Kirian, Jace e Nina, que ainda estavam no vestiário, também ficaram rígidos.
— Ei, eu vou... Eu vou fazer isso. — Norah ofereceu enquanto pegava as canetas do armário de George e as colocava na caixa. O zelador assentiu e saiu.
Um por um, Norah esvaziou o armário de George; Meredith queria ajudar também, mas tudo o que ela podia fazer era se jogar no banco, observando enquanto a morena colocava seus pertences na caixa.
A caixa foi se enchendo lentamente - livros, revistas, flashcards, canetas, alguns papéis e uma foto dele com os cinco. Foi tirada em seu ano de estágio, depois de uma noite muito bêbada no bar de Joe.
Uma sensação de ardor permaneceu em sua garganta, vendo o grande sorriso no rosto de George com suas bochechas rosadas.
★
Norah carregou a caixa nas mãos enquanto caminhava em direção à entrada do hospital, onde Mark a esperava.
Ele olhou para a caixa de papelão na mão dela, uma parecida com as que eles guardavam enquanto se mudavam para o novo apartamento. — O que é isso?
— As coisas de George... O zelador veio limpar o armário dele. — Ela respondeu, sua voz suave, — Eu vou... Mandá-lo para mamãe O'Malley amanhã de manhã, quando os correios abrirem.
Mark deu-lhe um sorriso triste, colocando um beijo na cabeça dela enquanto saíam do hospital. A noite foi quieta, como se o mundo soubesse que eles ainda estavam de luto sobre a vida perdida.
A viagem de volta ao apartamento deles durou apenas cinco minutos, mas foi uma viagem tranquila. Norah estava com a caixa no colo o tempo todo enquanto Mark dirigia, lançando olhares furtivos para checá-la de vez em quando.
Quando eles entraram no apartamento, Norah colocou a caixa acima da mesa de centro enquanto se jogava no sofá. Mark se aproximou e se sentou ao lado dela, passando um braço sobre seu ombro.
Ela tinha sentimentos mistos que não conseguia identificar. Era como se ela estivesse sentindo tudo ao mesmo tempo - tristeza, raiva, aborrecimento e alívio.
O jaleco branco em cima da caixa tinha as palavras Dr. George O'Malley impresso acima do bolso do peito. No bolso, ela viu um contorno tênue de um círculo que a agarrou sua curiosidade.
Ela enfiou a mão no bolso, sentindo um metal frio sob a ponta dos dedos; arrepios subiram por toda a sua pele enquanto ela lentamente tirava o item.
———
— Conte com isso como um símbolo de sorte - apenas lembre-se de devolver, sabe?
— T-Tem certeza? Quero dizer... É a sua moeda da sorte, e eu não quero... Eu não sei, azar.
———
Era a moeda de uma libra com o ano de 1978 gravado; não muito brilhante, mas agora especial.
— Oh, diabos. — Ela murmurou baixinho enquanto segurava a moeda na palma da mão; Mark levantou uma sobrancelha para ela com curiosidade. — Emprestei-lhe esta moeda um pouco antes de ele retomar os exames internos. — Explicou ela, — Nem percebi que ele não a havia devolvido.
Ela suspirou, jogando a moeda para cima, e ela pousou em sua mão com as caudas voltadas para cima. — Já faz um mês.
— O tempo voa rápido demais para o nosso gosto. — Ele confortou.
— Eu só... Eu não consigo parar de lembrar o que ele me disse antes de eu começar minha primeira cirurgia solo no outro dia.
———
— Acho que as enfermeiras adoram seu bordão. Acho que elas se sentem incluídas.
— Somos chamados de equipe cirúrgica, afinal. É melhor você começar a pensar em como vencer a minha.
———
Frase de efeito, hein? Norah pensou consigo mesma: Agora será meu bordão graças a você, George.
— Eu sinto falta dele. — Ela suspirou, — George foi meu primeiro amigo em Seattle.
— Você quer... Eu não sei, chorar? — Ele perguntou, mas ela balançou a cabeça.
— Meredith está chorando, e Derek está com ela. — Ela respondeu, — Eu não vejo mais sentido em chorar. Quero dizer, George está morto, e ele vai continuar morto.
Houve uma pausa de silêncio antes que ele falasse, — Quero dizer... Ele era meio idiota. — Ela virou a cabeça para ele, olhando para ele incrédula em seu momento inapropriado.
Então, novamente, quem era ela para julgar? Ela estava literalmente rindo em seu funeral.
Mark pegou um travesseiro ao seu lado e bateu nas costas de Norah, a última lançando um olhar para ele. — Para que diabos foi isso? — Ela exigiu.
— Veja, você não está chorando. — Mark apontou, — E Tim pode ter mencionado para mim que ele costumava animá-la com uma luta de travesseiros.
— Sim, quando eu tinha oito anos e ele cinco!
Ele jogou outro travesseiro na direção dela, que ela pegou a tempo antes que a atingisse novamente; o sorriso que crescia lentamente em seu rosto o fez sentir-se agitado. — Bem, eu acho que ainda funciona. — Ele sorriu.
Ela pegou a almofada roxa e a jogou para ele, acertando-o bem no rosto, e ele soltou um alto 'ow' antes de derrubá-la com todo o peso do corpo. Seu grito de protesto foi abafado pelas risadas e gargalhadas que encheram seu apartamento.
Ah, eu tinha mencionado?
Eles se contentaram com travesseiros roxos - uma combinação de azul e vermelho. Embora ainda comprassem um azul e um vermelho cada um, pois não conseguiam tirar a cabeça deles.
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