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CAPÍTULO VINTE E TRÊS
papai.
4ª temporada, episódio 2
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— O QUE HÁ DE ERRADO COM O CHEFE? — Mark perguntou enquanto se aproximava de Derek na frente do quadro de operações.
— Ele é um viciado. — Respondeu o neurocirurgião enquanto pingava colírio nos olhos.
— Ele? — Mark meditou, — Você é o único que parece viciado.
— Eu só estou cansado.
— Deixe-me adivinhar. — Ele sorriu, — Você e Meredith estão juntos novamente, e você ficou acordado a noite toda fazendo a salsa horizontal.
— Mambo. Mambo horizontal. — Derek corrigiu com um sorriso. — E Meredith e eu, somos apenas amigos.
— Não existem apenas amigos. — Mark deu de ombros.
Derek bufou para o outro atendente. — Você acha? — Ele perguntou antes de cutucar a cabeça na mão do cirurgião plástico, — Então, para quem é o café?
Mark parou um momento quando as palavras de Derek o atingiram. — Eu. — Ele respondeu antes de tomar um gole e ir embora.
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Norah andou até o posto das enfermeiras, onde a bancada estava cheia de caixas de aparelhos elétricos. Torradeira, máquina de waffles, batedeira, liquidificador, panela de arroz - o que chamou sua atenção foi a máquina de café expresso.
— Alguns presentes de casamento incríveis que você tem aqui. — Ela disse enquanto se aproximava da máquina de café expresso.
— Sim, e ela os está entregando. — Izzie informou. — Eu tenho direitos sobre o Mixmaster.
— Eu não vou te dar o Mixmaster. — Cristina brincou.
— Eu acho que a tradição é que você deve devolvê-los. — Sugeriu Meredith.
— Eu não sei você, mas minha mãe me ensinou a nunca devolver presentes. — Afirmou Norah. Mark caminhou atrás dela, verificando a mesma máquina em que ela estava de olho. Ela deu um tapa na mão dele antes que ele pudesse tocar a caixa.
— Minha mãe está morta. — Meredith deu de ombros.
— Burke se registrou para essa porcaria. Agora sou eu que estou lidando com isso. — Disse Cristina. — Então, estou usando para ganho profissional.
— Você tem certeza que está pronto para se separar disso? — Mark perguntou, passando a mão na caixa de papelão apesar do protesto contínuo da residente morena.
— Ei, eu quero isso! — Norah argumentou, enviando-lhe um olhar duro.
— Querida, não há nada que eu queira de você... Exceto talvez seu cérebro, então... — Cristina sorriu e se virou para o cirurgião plástico, — É seu se eu puder ajudar no retalho rombóide em seu próximo reparo de defeito de Mohs.
Mark tirou a mão de Norah da máquina de café expresso e ela roubou o café da mão dele. — Venha para o papai. — Ele murmurou, embora suas palavras fossem menos para a máquina e mais para a residente.
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— Então, estou no serviço do Dr. Sloan hoje. — Timothy falou ao lado de Norah. — Uma situação estranha pra caralho, mas eu só tenho observado Stevens fazendo o desbridamento em nosso paciente.
— Sloan odeia estagiários. — Norah deu de ombros.
— Exceto você.
— Aqui está uma dica. — Ela riu e se virou para ele, — Mostre a ele que você tem boas mãos em plásticos, e ele vai começar a te dar trabalho para fazer.
Ele franziu a testa. — Eu odeio plásticos. Nós odiamos plásticos. — Ela deu de ombros, e ele assentiu com um suspiro.
— Dra. Lawrence. — Bailey chamou, e os dois irmãos se viraram para ela. — Uh... Norah. Eu preciso que você trabalhe na clínica hoje. Não, antes de você abrir a boca, só... Deixe-me dizer isso. Eu preciso disso porque eu tenho estagiários idiotas lá embaixo na minha clínica. Clínica no qual eu dei meu sangue, suor e lágrimas, Lawrence - não estou nem um pouco convencido de que eles não a queimarão com sua inépcia.
Norah estreitou os olhos para a residente mais velha, cruzando os braços na frente do peito. — Dra. Bailey, você está me enganando? — Ela questionou.
— Não, eu não estou, — Bailey balançou a cabeça, — mas veja, eu entendo que eu não tenho autoridade para dizer. Eu fiz qualquer coisa por você, tipo, te salvar de sangrar em meus braços... Se você alguma vez sentiu que me devia uma dívida de agradecimento, agora é quando eu gostaria de cobrar. Por favor.
— Isso definitivamente conta como um sentimento de culpa, — confirmou Norah, — e ameaçador. — Ela inclinou a cabeça para um lado, suspirando, — Mas você parece desesperado, Dra. Bailey, então eu vou dizer sim.
Timothy se animou um pouco e levantou a mão ligeiramente no ar. — Eu posso ir?
Bailey olhou para o interno e depois de volta para a residente. — Tudo bem, tudo bem. — Ela murmurou, — E Lawrence, você pode trazer seus estagiários se quiser. Eles parecem bem-comportados, surpreendentemente. Ensine-os bem.
Norah sorriu presunçosamente. — Então... Eu sou a nova nazista?
— Sim, que seja. Agora, vá!
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Alex sentou-se em uma cadeira em frente a um espelho, onde Norah estava suturando sua cabeça depois que ele foi atacado por um paciente. Ela estava demorando para aperfeiçoar suas suturas; um, para não deixar cicatriz, e dois, porque a clínica estava bastante vazia naquele dia.
— Então, a pequena família feliz faz metanfetamina. — Afirmou Meredith.
— Não existe família feliz. — Alex fez uma careta enquanto olhava para Cristina, que andava inquieta em círculos. — O que há com ela?
— Cara, fique parado. — Norah moveu sua cabeça para trás na posição.
— Bem, Mamãe Burke está aqui, e não sabemos por quê. — Compartilhou Meredith. — Meu palpite é que ela está aqui para matar Cristina. — Ela olhou para o espelho antes de murmurar para Cristina: — Ela está pairando novamente.
Cristina virou a cabeça para uma de suas estagiárias, que parecia aterrorizada com ela. — Se você terminou com os gráficos, vá dobrar alguma coisa. — Ela ordenou, — Tipo, você sabe, folhas.
Norah bufou uma risada enquanto cortava a sutura restante na cabeça de Alex antes de colocar as ferramentas no chão e tirar as luvas. Alex passou a mão na parte de trás de seu cabelo. — Suave.
— Claro que é. Você escolheu a pessoa certa para suturar sua cabeça. — Norah sorriu.
Meredith fez uma careta para Alex quando o notou olhando para uma certa estagiária pelo reflexo do espelho. — O que você está olhando? Não olhe para ela.
— Sua irmã. Ela é gostosa, — Alex sorriu, — e Ele-Lawrence está olhando para ela também.
Norah ergueu os olhos para o espelho na frente deles. No canto do reflexo, ela podia ver Timothy lançando olhares para Lexie, que ainda tinha seu foco inabalável em Meredith. Ah, aquele idiota atrevido.
— Eu sou filha única. Não fale comigo sobre Lexie. — Meredith retrucou. — E Ele-Lawrence... Bem, ele meio que salvou minha vida. —
— Ele-Lawrence é fofo. — Acrescentou Cristina; Norah se sentiu um pouco estranha com seus comentários.
O pager de Alex tocou e ele gemeu: — Ah, a polícia quer falar comigo. — Ele se levantou e saiu da clínica, resmungando baixinho.
— Tudo o que eu quero saber é por que ela está aqui. — Reclamou Cristina, quebrando a cabeça sobre por que a Mamãe Burke apareceu no hospital. — Isso é pedir muito?
Norah soltou um suspiro e estreitou os olhos para a residente problemática. — Sabe, você sempre pode perguntar a ela por que ela está aqui? — Ela sugeriu.
— Não. — Cristina e Meredith responderam em uníssono, e Norah recuou sem dizer nada.
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Timothy observou enquanto Lexie andava inquieta pela clínica. Ela coçou o pescoço e balançou a cabeça, tentando se aproximar de sua meia-irmã. Meredith estava escrevendo gráficos enquanto Norah girava na cadeira atrás do balcão.
— Oi. — Ele chamou, ganhando a atenção da outra estagiária. — Hum... Grey, certo?
— Sim, sim... — Ela assentiu, — Lexie Grey.
— Timothy Lawrence. — Ele sorriu antes de apontar a cabeça para os residentes do outro lado da clínica. — Parece que somos os irmãos mais novos de nossas irmãs residentes, hein?
— Meia-irmã. — Lexie corrigiu. — Meredith é minha, uh, meia-irmã. E eu estou tentando falar com ela, mas ela acabou de me dizer, um tempo atrás, que ela não quer me conhecer. Mas eu quero conhecê-la, eu quero para conhecê-la, mas ela só vai me interromper, e... — Ela fez uma pausa e respirou fundo, — Oh Deus, eu estou reclamando, não estou?
Timothy riu e balançou a cabeça. — Está tudo bem, realmente.
— Bem, hum, o que você acha que eu deveria fazer?
— Apenas vá em frente. — Ele respondeu com um encolher de ombros. — Quero dizer, ela já interrompeu você uma vez... O que poderia ser pior do que isso?
— Eu não sei - me interrompendo duas vezes? — Lexie jogou os braços no ar.
— Ou três vezes. — Ele brincou, e ela olhou para ele com horror. — Apenas vá. É melhor ser interrompida duas vezes em um dia do que uma vez em dois dias separados.
Lexie assentiu e seguiu seu conselho com um gole, indo até a residente na estação; Norah olhou para a estagiária com curiosidade quando se aproximou de Meredith. — Eu sou uma pessoa legal. Ok, eu... Eu sou, — Lexie começou, — E... Eu não sei o que eu fiz com você, mas nós temos o mesmo pai.
Meredith abaixou seus gráficos em frustração ao ouvir essa frase, mas Lexie continuou a falar: — Então, eu estava pensando que uma simples conversa-
— Nós não temos o mesmo pai, Lexie. Você e eu, não temos o mesmo pai. — Meredith interrompeu, — Meu pai desapareceu quando eu tinha cinco anos, e eu nunca mais o vi. — Lexie olhou para o chão, incapaz de responder.
— Eu chutei um homem da minha cama no meio da noite - o homem mais perfeito do mundo, que me ama, e eu não posso deixá-lo. E não é preciso um psiquiatra para descobrir o porquê. Porque nosso pai escolheu você. — Meredith suspirou, — Então eu tenho certeza que você é uma garota muito legal, Lexie. Mas eu espero que você possa entender, você não é uma garota que eu sempre quis conhecer.
Meredith foi embora, deixando Lexie olhando para o chão enquanto a decepção inundou seu peito mais uma vez.
— Dê a ela algum tempo, Grey. — Norah falou, e a estagiária levantou a cabeça para a residente. — Nós temos problemas de abandono. Afastamos o bem de nós, mas só precisamos de tempo para aceitá-lo em nossas vidas. Meredith é uma pessoa legal quando você a conhece, embora ela possa ficar um pouco sombria, às vezes.
Norah recostou-se na cadeira e virou-se para olhar o relógio, com um sorriso no rosto. — Tudo bem, estagiários. Está ficando tarde, e duvido que haja pacientes chegando a esta hora. — Ela anunciou, — Vamos fechar, certo? — Os internos assentiram e rapidamente se espalharam para limpar a clínica.
— Lee, Rook, Thompson - venham resolver esses arquivos comigo.
— Chegando!
— Ordem alfabética? Ou seguindo o número do paciente?
— Nós estamos... Separando isso juntos? — Jace questionou.
Norah estreitou os olhos para ele, — Hum... Sim? É feito mais rápido se fizermos isso juntos, embora eu não me importe se você preferir levar uma pilha para resolver sozinho.
— Ele quis dizer que os outros residentes estavam nos mandando fazer coisas o dia inteiro. — Nina explicou, e Jace assentiu timidamente.
— Huh... Vocês são uns sortudos, então. — Norah riu. — As cirurgias exigem que uma equipe de médicos e enfermeiros trabalhem juntos. Então, se você falha no trabalho em equipe, você falha na cirurgia. Fim da história.
— Bem dito, Dra. Lawrence. — Kirian sorriu.
A residente balançou a cabeça com um sorriso: — Vamos, ordem alfabética. Vamos fazer isso rápido, porque estou morrendo de fome.
★
Norah estava saindo do hospital quando viu Mark saindo dos elevadores. Ele tinha a máquina de café expresso em seus braços e acelerou o passo para alcançá-la.
Ele propositalmente 'exibiu' a grande caixa que estava carregando enquanto caminhava ao lado dela, fazendo-a bufar de aborrecimento. — Mark, estou começando a odiar você, sabe?
— Bem, nós dois sabemos que você não odeia. — Ele corrigiu com bastante certeza, e ela revirou os olhos para ele.
— Yeah, yeah.
Ele riu, olhando para a caixa. — Não se preocupe, Laurie. Trarei café todas as manhãs.
— Capuccino seco.
— Dobro?
— Triplo no início da manhã, e solteiro se eu chegar depois das nove. — Ela sorriu.
Ele assentiu com um sorriso estampado em seu rosto e um sentimento caloroso em seu coração. — Onde está seu irmão? — Ele perguntou enquanto caminhavam juntos para o estacionamento.
— Os estagiários estão bebendo no bar do Joe. — Afirmou.
Mark estalou a língua enquanto abaixava a cabeça ao lado de sua orelha. — Então seu apartamento estará vazio?
Ela virou a cabeça para ele - a cabeça dele acima do ombro e o rosto dela na frente dele - não foi surpresa que a primeira coisa que eles olharam foram os lábios um do outro. Mark não hesitou quando colocou um beijo gentil em seus lábios, mas quando ela se inclinou para mais, ele se afastou. Provocação.
— Você não sente minha falta nu em sua cama, Laurie?
Ela podia sentir as borboletas em seu estômago e o vapor subindo por sua cabeça. Poxa, eles ainda estavam no hospital, pelo amor de Deus - bem, o estacionamento, tecnicamente.
— Você acreditaria em mim se eu dissesse não? — Ela imaginou.
Ele balançou a cabeça com uma risada leve, — Impossível.
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4ª temporada, episódio 5
Norah estava na casa de Meredith, ajudando com algumas decorações estranhas de Halloween. Alex estava cortando abóboras enquanto Izzie espalhava geleia sobre torradas.
Norah roubou um pedaço do pão e deu uma mordida, e seus olhos se arregalaram ligeiramente. — Bom gosto. — Ela comentou.
Meredith entrou na cozinha meio acordada e olhou para seus três amigos que se reuniram em sua cozinha. — O que vocês estão fazendo acordados? — Ela perguntou.
— Não consegui dormir. — Responderam em uníssono.
Norah ergueu a sobrancelha quando Meredith entrou na cozinha, colocando a urna em suas mãos no balcão da cozinha antes de tirar um saco Ziploc de uma das gavetas. Izzie e Alex olharam confusos enquanto Meredith despejava o conteúdo da urna na bolsa.
— O que é aquilo? — Questionou Izzie.
Meredith lançou-lhes um olhar enquanto esvaziava o conteúdo na bolsa. — Minha mãe. — Ela respondeu casualmente com um encolher de ombros.
Eles olharam preocupados para a amiga com o saco de cinzas agora dentro de um saco Ziploc na mão. Bem, isso não é nada assustador.
— Feliz Dia das Bruxas. — Alex brincou.
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Norah guardou sua bolsa em seu cubículo no vestiário dos residentes antes de prender o pager na calça. Os residentes na sala olharam para Meredith perturbadoramente enquanto ela segurava o saco de cinzas em sua mão, tentando descobrir uma maneira de guardá-lo.
— O que estamos olhando? — Cristina perguntou ao entrar na sala.
— Atrasada Ellis Gray em um maldito Ziploc. — Respondeu Norah. — Mer está levando o Halloween a um nível diferente.
— Eu tive que tirá-la do meu armário. — Meredith explicou, — Ela estava me assombrando.
— E agora ela está assombrando a todos nós. — Alex acrescentou severamente.
— Eu estou colocando ela para descansar.
Callie abriu a porta e entrou na sala junto com Bailey enquanto Norah vestia seu jaleco branco. Os outros residentes também prestaram atenção a Chefe dos Residentes. — Ok, escute. Hoje é feriado, o que significa que o poço será invadido. — Callie informou, — Você tem a estupidez bêbada de sempre-
— E então você tem o concurso anual de escultura de abóbora de serra elétrica de Seattle. — Acrescentou Bailey alegremente. — Eu amo essa cidade.
— Fique na ponta dos pés, e fique em cima de seus estagiários, ok? — Callie aconselhou.
— Então, devemos dar a volta antes de ir para o poço ou-
— Sim, você deveria direcionar suas perguntas para a Dra. Bailey, Stevens. — Callie cortou Izzie no meio da frase. Os residentes olharam com curiosidade para a residente mais velha, depois para o olhar alarmante de Izzie em seu rosto.
— Estamos todos direcionando nossas perguntas para a Dra. Bailey? — Perguntou Norah.
— Ah, não. Apenas Stevens.
Bailey estreitou os olhos em confusão. — Por que Stevens está direcionando suas perguntas para mim? — Ela perguntou.
— Porque ela está dormindo com meu marido. — Callie expôs, e todos ficaram em silêncio. Os residentes se viraram para olhar a pessoa em questão; Os olhos de Norah se arregalaram. George? E Izzie? — Tudo bem, então. Tenham um bom dia.
Seus olhos seguiram Izzie quando ela saiu da sala apressadamente por vergonha. Cristina estava com a boca aberta enquanto virava a cabeça para Meredith. — Ok, isso é ainda mais perturbador do que o seu saco cheio de mamãe.
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— Podemos falar sobre mamães mortas por um segundo? — Meredith perguntou enquanto caminhavam pelo corredor. — Como você colocou a sua para descansar?
— Uh... Eu tinha nove anos quando a minha morreu. — Respondeu Norah. — E eu acho que ela ainda está sentada em uma prateleira em Londres.
— Quarto ou carro? — Meredith perguntou em vez disso: — Quero dizer, é desrespeitoso deixá-la no carro?
— Ela pode se evaporar. — A morena deu de ombros, assim que Meredith caminhou direto para Derek no final do corredor. Os itens em suas mãos caíram e se espalharam pelo chão.
Derek se agachou para ajudá-la a recolher os itens, mas franziu as sobrancelhas em confusão ao ver a bolsa Ziploc. — O que é aquilo?
— São gráficos.
Norah bufou antes de informar: — E a māe dela.
— O que?
— Eu a tinha no cubiculo, e ela estava assustando as pessoas. Então eu ia colocá-la no carro. — Explicou Meredith. — Estou tentando descobrir como colocá-la para descansar. Eu não posso mais enfiá-la no fundo do meu armário. Eu tenho que lidar com ela.
Derek recolheu as cinzas de volta no saco enquanto Norah recolhia os prontuários no chão, achando toda aquela coisa de cinzas em um saco Ziploc notavelmente preocupante.
— E esta sou eu tentando evoluir. Estou tentando aqui. — Meredith suspirou. — Então... Cubículo ou carro? Norah?
— Eu.. digo... Hum, eu não sei. — Norah franziu a testa. — São as cinzas da sua māe,o que é preocupante. E o Halloween não diz: 'traga sua māe morta para o trabalho'.
— São realmente as cinzas da sua māe? — Um menino perguntou enquanto caminhava até os três.
— E estranho, certo? — Derek observou: — E estranho.
— Você está perdido, garoto? — Perguntou Norah.
— Não, minha māe trabalha no refeitório, — respondeu o menino, — e ela disse que eu poderia vir aqui e procurar o Dr. Sloan. Você o conhece?
— Eu conheço, na verdade. — A residente morena assentiu. — Hum... Derek?
— Você pode cuidar dele? — Perguntou Meredith.
— Sim. — O atendente se levantou do chão, ainda olhando preocupado para o saco de cinzas. — Você pode... Cuidar dela?
— Hmm... Gostosuras ou travessuras, certo? — Norah estreitou os olhos para o menino, um sorriso involuntário crescendo em seu rosto. O menino olhou para ela com a cabeça inclinada para o lado. — Derek, eu tenho um bom truque. — Ela sorriu antes de abaixar a cabeça, — Qual é o seu nome, garoto?
— Ryan.
— Ok, Ryan. Ouça o que eu tenho a dizer...
Os olhos de Ryan se arregalaram de excitação quando Norah sussurrou seu plano para ele. Derek se divertiu enquanto ouvia atentamente a residente.
Os três chegaram ao posto de enfermagem, onde Mark estava. Norah não pôde deixar de correr até ele, cutucando-o bem na cintura, o que o fez gritar antes de se virar para ela. — Ah, ei, Laurie. Eu-
— Tem um, uh, garoto procurando por você. — Derek interrompeu atrás deles.
— O que? — Mark virou-se para o outro assistente, intrigado.
Ryan saiu de seu esconderijo atrás de Derek com um olhar apavorado no rosto com grandes olhos brilhantes. Norah jurou que foi uma atuação soberba. — Papai?
— O quê? — Mark olhou para o garoto; suas sobrancelhas se ergueram em choque. Ele virou a cabeça para a residente ao lado dele, que tinha a melhor expressão neutra que ela poderia reunir enquanto olhava para ele.
Depois de um minuto, Ryan abriu um sorriso. — Muito bem. — Derek riu enquanto entregava ao garoto uma nota de 10 dólares.
— Obrigado. — O menino sorriu e deu um soco em Norah.
— Eu vou trazer você de volta para isso. — Mark ofegou de alívio, apontando para os outros dois cirurgiões acusadoramente, — Vocês dois.
Norah riu enquanto lhe dava um tapinha no ombro. — A criança é toda sua, Sloan. — Ela riu. — Divirta-se.
★
Timothy suspirou enquanto colocava sua bandeja na mesa de Norah, sentando-se na cadeira em frente a ela. — Feriados são uma merda. — Ele gemeu.
— Conte-me sobre isso. — Ela bufou enquanto rasgava a camada de crosta de pão de seu sanduíche.
— Pelo menos eu vou assistir a um transplante de coração mais tarde. — Timothy deu de ombros enquanto enfiava o garfo em um pedaço de frango. — O destinatário é a porra do pai do doador. A filha está com morte cerebral.
Norah levantou a cabeça da comida e perguntou: — Quem está fazendo o transplante?
— Dr... Hans? Ha... Ou é-
— Hahn? Erica Hahn? — Norah questionou, e ele assentiu. — Eu a encontrei uma vez em Mercy West... Na noite em que levei um tiro.
Antes que Timothy pudesse falar, três estagiários se sentaram nos assentos desocupados restantes, empurrando Timothy para longe da mesa. Ele jogou as mãos no ar antes de xingar baixinho. Norah olhou para seus quatro estagiários, que estavam olhando para ela, todos com rostos ansiosos.
— Vocês já mataram um paciente? — Ela os questionou. — Porque eu realmente não tenho interesse em fazer papelada extra hoje.
— Há muitos, muitos pacientes no pronto-socorro, e a maioria deles precisa ser suturada. — Kirian falou primeiro.
— Eu posso fazer suturas decentes, — afirmou Nina e recebeu olhares dos outros. Ela suspirou, — mas você, Dra. Lawrence, tem suturas perfeitas.
— Uh... Obrigada?
— Nós estávamos nos perguntando se você poderia, você sabe, nos ensinar. — Perguntou Kirian. — Nós somos estagiários-
— Patinhos — Nina interrompeu.
— Quem gostaria de aprender.
Timothy franziu o cenho para eles enquanto dava a volta por trás de Norah. A residente estava decidindo se seus internos haviam enlouquecido ou não. Ela virou a cabeça para o último, que permaneceu quieto durante toda a conversa.
— Thompson, você tem cinco segundos para me dizer o que diabos está acontecendo aqui.
Os olhos de Jace se arregalaram. — Hum, eu... Nós... Uh... — Ele gaguejou, — C-Café, Dra. Lawrence?
Norah estava confusa além do possível enquanto pegava a xícara de café do estagiário, que sorriu sem jeito para ela. Ela tomou um gole do café e imediatamente franziu a testa.
Baunilha, que engraçado.
— Onze horas. — Timothy sussurrou enquanto pegava o café da mão dela e o bebia. Ele encolheu os ombros ao sabor dele e roubou-o dela.
Ela encontrou os olhos com o atendente de pé ao lado do carrinho de café com um sorriso no rosto. — Patinhos, hein? — ela revirou os olhos para ele antes de encarar seus estagiários, — O Dr. Sloan subornou você?
— Ele disse que podemos fazer a cirurgia de orelha de Ryan esta noite. — Respondeu Nina.
— Ah, viciados em cirurgia. Muito engraçado. — A residente balançou a cabeça antes de verificar o relógio, — Ainda há algum tempo antes da cirurgia, e estou aberta a corrigir suas habilidades de sutura. Alguém está?
— Sim!
— E, por favor, — ela limpou a garganta, — se alguém quiser me trazer café da próxima vez - cappuccino seco. Lembrem-se disso. Certo, mas se você errar - eu vou me certificar de que seu nome esteja na página de todas as enfermeiras quando se trata de vômitose exames retais.
Os olhos dos estagiários se arregalaram e eles assentiram com entusiasmo.
★
O bar do Joe estava lotado naquela noite de Halloween. As paredes do bar eram decoradas em laranja e preto - um tema clássico com teias de aranha falsas, morcegos pendurados e abóboras esculpidas. O lugar estava cheio de música alta para levantar o ânimo dos clientes; a maioria deles estava fantasiada.
Timothy havia sugerido que eles usassem uniformes ensanguentados no bar, mas Norah rejeitou a ideia. Seu irmão nāo sabia sobre seus flashbacks de seu uniforme sangrento, e ela preferia que continuasse assim. Embora já não afetasse tanto quanto antes, ela não queria que ele se preocupasse.
O irmão mais velho deveria proteger o mais novo, não era? Não o contrário.
O bar também estava cheio de pessoas do hospital que Norah reconhecia - enfermeiras e cirurgiões, anestesiologistas e radiologistas - todos pareciam estar bebendo e conversando alegremente uns com os outros.
Acho que é isso que são os feriados, não é? Unindo as pessoas. Ainda assim, ela não era uma grande fã de feriados.
Timothy, no entanto, era um espírito totalmente diferente quando se tratava de feriados.
— Um brinde aos malditos fantasmas e espíritos, que estão se juntando a nós nesta bela noite! — Ele ergueu o copo no ar.
— Um brinde por estar vivo para insultar os espíritos. — Norah gargalhou e brindou em seu copo antes que eles tomassem suas doses. Ela inclinou a cabeça para trás contra o assento acolchoado enquanto sentia o gosto ardente em sua garganta.
O Lawrence mais jovem sempre teve uma alegria extra, seja no Halloween ou no Natal, até mesmo na Páscoa. Isso porque a jovem Norah nunca quis que seu irmão perdesse esses eventos em sua infância; portanto, a irmã mais velha sempre tinha jogos e ideias planejadas para eles.
Feriados não eram sua coisa favorita, mas passar tempo com a família era e sempre seria.
— Eu vou até lá. — Timothy levantou a voz no barulho estrondoso no bar. — Porque seu estagiário ficou olhando para mim a noite toda.
Norah seguiu o olhar dele até o balcão, onde três de seus estagiários estavam sentadas lado a lado; Kirian estava olhando na direção deles, ou mais especificamente, em Timothy. — Nossa, eu preciso poupar o apartamento esta noite?
— Hum... — Ele se levantou de sua cadeira em frente a ela com um sorriso no rosto, — Espero que sim.
Norah viu seu irmão se juntar aos outros estagiários, já conversando sobre o que quer que estivessem falando. Ela observou o olhar persistente no rosto de Kirian para Timothy; as bochechas do primeiro brilharam em um leve tom de vermelho.
Ela tinha certeza de que Timothy notou porque ele estava com a mão muito perto da de Kirian. Suave. Kirian estava sorrindo amplamente como sempre, flertando com algumas senhoras do outro lado do balcão; Jace parecia um pouco perturbado com a grande multidão, segurando seu copo com força.
Norah foi empurrada sem esforço para o assento quando Mark deslizou para o assento ao lado dela. Um sorriso se instalou em seu rosto quase imediatamente, mesmo que ela não percebesse.
— Tire sua mão do meu ombro, Mark. — Ela murmurou, movendo o braço dele para longe de seu ombro e de volta para ele. — Este lugar está lotado de pessoas do hospital.
— Está lotado. Ninguém vai nos notar. — Mark discordou, sorrindo para o olhar confuso dela.
— Eles vão. — Ela insistiu, — Nós somos pessoas gostosas. Nós nos destacamos.
Ele riu e soltou um longo suspiro. Quando Norah apoiou o queixo na lateral do braço dele, ele pôde sentir a confusão em seu peito subindo até ele; ele sabia que estava fazendo um esforço cada vez menor para suprimi-lo.
Ele se perguntou se alguém os estava vendo e, se sim, pensou nas palavras que usaria para calá-los de sussurrar. Ela inclinou a cabeça para que o lado de seu rosto se apoiasse na jaqueta de couro dele, sem saber o que sua ação simples fez com ele.
Ela estava observando os dois estagiários no balcão do bar; Timothy já estava na metade de sua bebida, sentado ridiculamente perto de Kirian. Suave foi tudo o que ela conseguiu dizer.
— Salve-me. — Derek implorou enquanto se sentava no banco em frente a eles; A cabeça de Norah se ergueu imediatamente. — Uma senhora que está claramente muito bêbada estava tentando me apalpar.
Mark arqueou uma sobrancelha para ele. — Problema?
— Problema? — Derek soltou uma zombaria, — Estou com Meredith.
— Correção: você está tendo relações sexuais constantes com Meredith. É diferente. — Norah riu, e Mark concordou com a cabeça.
— Ha, ha, ha. Muito engraçado. — Ele revirou os olhos, — Eu te odeio.
— Pfft. Você não odeia. Admita, eu sou sua residente favorita. — Ela sorriu, — Depois de Meredith, é claro.
— Isso é... — ele suspirou, — Verdade.
Mark pegou a mão dela debaixo da mesa, desta vez. Ele traçou palavras no centro da palma de sua mão, que ela não conseguia descobrir o que eram. Ela podia sentir as faíscas subindo por seu braço; sua ação por si só estava lentamente deixando-a tonta - ele percebeu.
Quando os três tilintaram seus copos, ele sorrateiramente moveu a mão da palma da mão para a perna dela. Ela não reagiu a isso no início, mas quando a mão dele se moveu para a parte interna de sua coxa, ela quase cuspiu sua bebida. Ela limpou a garganta e pisou no pé dele, tudo isso mantendo um olhar neutro em seu rosto.
— Você sabe, eu costumava jogar um jogo com meus colegas na escola de medicina. — Norah falou, enviando-lhe um olhar de advertência. — Três doses de tequila em linha reta, então vemos quem consegue acertar o meio do alvo.
— Sim, claro. Parece divertido. — Derek deu de ombros e se levantou. Ele caminhou em direção ao alvo de dardos primeiro, enquanto Norah empurrava Mark com força para fora de seu assento.
— Marck, eu juro por Deus. — Norah sussurrou para o homem, que não conseguia tirar o sorriso estúpido do rosto.
— Admita, Laurie. Você adora.
— V-você-
— Eu? — Ele brincou, dando um passo mais perto dela.
Norah soltou um bufo frustrado quando sentiu suas bochechas esquentarem. — Apenas espere, Mark Sloan. — Ela resmungou antes de sair para se juntar a Derek no alvo de dardos.
— Sim... — Mark seguiu preguiçosamente atrás dela, escondendo uma risada suave. — Eu estou esperando.
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