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CAPÍTULO VINTE E DOIS
como patinhos.

4ª temporada, episódio 1

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DRA... DRA. LAWRENCE?

Norah se virou para ver três estagiários nervosos e um rosto familiar esperando por ela em uma fila; eles tinham um bloco de notas nas mãos e uma caneta na outra. Ela ergueu a sobrancelha para eles antes de balançar a cabeça.

— Nunca existe um equilíbrio de gênero? — Ela murmurou antes de erguer os olhos para eles; os estagiários endireitaram a postura mais do que já estavam. — Nomes?

— Dra. Nina Lee. — Disse a única mulher entre os quatro, sua mão levantada no ar.

— Kirian Rook. — Disse um homem de cabelo escuro.

— George O'Malley.

O homem restante se apresentou, — Jace Thompson.

Nora assentiu. — Eu tenho cinco regras, memorize-as-

— Cinco? Isso é muito. — Kirian murmurou.

A residente lançou-lhe um olhar que o fez calar a boca. — Faça disso seis. O sexto não é para me interromper quando eu falar. Estamos claros, Rook?

O estagiário assentiu e Norah recomeçou: — Regra número um: não se incomode em puxar saco. Você fará o que merece quando provar para mim que está pronta.

Eles começaram a rabiscar em seus blocos de notas enquanto a residente se afastava, gesticulando para os itens no posto de enfermagem. — Protocolo de trauma, listas telefônicas, pagers. — Ela listou, — Enfermeiras vão te chamar, e você nunca se atreva a perder um pager. Além disso, nunca desrespeite suas enfermeiras - essa é a regra número dois. Enfermeiras irritadiças não nos fazem nada bom. Acompanhe.

Ela começou a andar pelo corredor enquanto seus estagiários se esforçavam para pegar seus pagers antes de segui-la. — Vocês são estagiários, grunhidos, ninguém - no fundo da cadeia alimentar cirúrgica. Você administra laboratórios, escreve pedidos, trabalha a cada duas noites até cair. — Ela se virou para eles, — Não reclame comigo até que você esteja realmente caindo, porém, o que me leva à regra número três: não se sobrecarregue e desmaie. Não tenho tempo para tomar conta de um paciente extra.

Ela abriu uma das portas do corredor, rezando silenciosamente para que não estivesse ocupada. Ah, meu dia de sorte. — Quartos de plantão. Todo mundo os monopoliza, então durma quando puder e onde puder. — Continuou ela, — Lembre-se de avisar, se você pegar alguém lá dentro, por favor, vire-se e apague sua memória do último minuto que existiu. — Os estagiários trocaram um olhar; George fez uma careta de conhecimento.

— Regra número quatro: me chame sempre que você não tiver certeza de alguma coisa. — Ela olhou para eles com as sobrancelhas franzidas, — Eu não quero que você saia por aí matando pacientes em vez de salvá-los, estamos claros? — Ela revirou os olhos para George, que engoliu uma gargalhada.

Nina levantou o braço no ar antes de perguntar: — Você errou uma regra. Qual é a regra número cinco?

— Regra número cinco? Isso é simples. — Norah limpou a garganta, — Aproveite seu estágio. Não faça coisas idiotas, e não me decepcione. Perguntas?

— É verdade que você congelou na sala de cirurgia? — Kirian perguntou, e os outros três internos viraram suas cabeças para ele, seus olhos arregalados. Ele pareceu notar a tensão no ar e se encolheu de volta ao seu lugar, gaguejando: — Uh, quero dizer... Eu, uh... Eu ouvi-

A residente olhou para ele. — Você já ouviu falar que eu dei um soco na cara de uma colega de trabalho também? — Os internos ficaram quietos; George parecia prestes a explodir de tanto segurar o riso. — Sim, isso aconteceu. E eu vou tentar o meu melhor para não repetir isso com vocês este ano.

Kirian sorriu sem jeito e assentiu.

— Bem, então. Bem-vindo ao seu estágio no Seattle Grace... — O pager de Norah tocou, assim como os dos estagiários. Eles abaixaram suas cabeças e então voltaram para sua residente. — Dica rápida - se você quer os melhores casos, corra para o pronto-socorro. Vamos.

Norah desceu correndo em direção ao pronto-socorro com seus estagiários seguindo-a. Percorrendo os corredores ao longo do caminho, ela rapidamente listou os nomes dos assistentes e enfermeiras-chefe, e os estagiários os anotaram instantaneamente.

— Dra. Lawrence.

— Dr. Sloan.

— Eu vejo que você tem patinhos seguindo você por aí. — Mark sorriu enquanto ela passava por ele, — E O'Malley.

— Sério? Patinhos? — Ela balançou a cabeça para ele antes de se virar para seus estagiários, — Aquele era o Dr. Sloan, Chefe de Plásticos. Tenha em mente que ele odeia estagiários.

Eles entraram no pronto-socorro onde estava... Vazio. Ela esperava ver um enxame de novos rostos, mas, em vez disso, foi recebida por um silêncio assustador e pela nova Chefe dos Residentes, Callie, que parecia mais do que satisfeita ao vê-la chegar. — Onde estão os outros? — Callie perguntou.

— Não faço ideia. — Norah deu de ombros. — O que você tem?

— Vários MVCs chegando a qualquer minuto. — Informou a Chefe dos Residentes. — George é seu estagiário? — Suas sobrancelhas se ergueram, — Bem, pelo menos eles parecem estar seguindo bem suas ordens.

— Como patinhos. — Norah murmurou baixinho. Oh Deus, Mark Sloan a estava infectando.

Ela se virou para os quatro, e duas mãos se ergueram no ar. — Tudo bem, George e Lee, vão para a área de ambulância; Rook e Thompson, vão buscar pacotes de estatísticas.

Os três internos observavam o braço, que foi decepado em um acidente de carro, enquanto George fazia um ultrassom no paciente. — O que vocês vêem? — Norah perguntou a eles.

— É, uh... Muito sangrento. — Kirian respondeu e recebeu um olhar insatisfeito.

— É um corte limpo, — observou Nina, — amputação completa.

— Bom. — A residente assentiu enquanto continuava olhando para a tela do ultrassom. — E com o que devemos proceder? Thompson?

— Uh... Pendure antibióticos... Para prevenir infecções. — Jace respondeu inseguro, — Então coloque um curativo estéril para-

O estagiário foi interrompido quando a porta se abriu, e todos viraram a cabeça para ela. Izzie entrou na sala junto com seus estagiários seguindo atrás dela. Timothy entrou atrás do grupo, parecendo muito entediado, mas conseguiu sorrir ao ver sua irmã.

— Esta é a sala de trauma um. — Izzie familiarizou, — Oh, oi, George. E como você pode ver, é... Há um trauma. — Seus estagiários começaram a cochichar e murmurar, e ela baixou a voz para Norah: — Ei, você precisa de ajuda? Por favor, me diga que você precisa de ajuda.

— Esta sala está lotada, Iz, como você pode ver. — Afirmou Norah.

Izzie soltou um suspiro frustrado, balançando a cabeça. — Por que seus estagiários estão olhando para mim assim? — Ela perguntou novamente, — E o meu?

Norah virou a cabeça para seus estagiários, que também cochichavam entre si. Vendo seus olhos disparando entre as duas residentes na sala, então para Timothy, que fingiu um olhar sem culpa em seu rosto, o moreno riu silenciosamente.

— Ah... Eles provavelmente sabem que eu já dei um soco em você antes. — Ela deu de ombros. — Veja, eu poderia ter mencionado isso ao meu esquivar, e, bem, meu irmão é seu estagiário.

A porta se abriu novamente, e os estagiários de Izzie deram um passo para trás, permitindo que Mark entrasse na sala enquanto ele colocava as luvas. Os olhos do atendente encontraram os de Timothy brevemente, e ele pigarreou, voltando o foco para o paciente na sala.

— O que você tem para mim, Lawrence?

— Nancy Walters. Amputação completa. — Apresentou Norah e virou o monitor de ultrassom para ele. — Seu bebê parece bem, mas ela está tendo algumas contrações.

Mark assentiu e virou para o lado da paciente. — Oi, Nancy. Eu sou o Dr. Sloan. Você se importa se eu der uma olhada? — Ele inspecionou a seção cortada do braço, seus olhos se estreitando.

— Pendure antibióticos e coloque um curativo estéril e úmido. Há uma chance de uma boa recuperação aqui. — Ele instruiu, e Norah viu o sorriso de Jace pelo canto dos olhos. Mark levantou a cabeça para a residente antes de perguntar: — Nós temos um braço?

— Eles ainda estão procurando no local.

— Meu bebê não tem pai. — Nancy falou, sua voz trêmula, — Ele já está com dois braços caídos. Então ele realmente precisa que eu tenha um braço.

— Thompson, vá chamar as autoridades pelo telefone. — Instruiu Norah.

Jace piscou, — Eu?

— Há outro Thompson aqui? — Ela arqueou uma sobrancelha para ele, seu tom o fazendo calar a boca. — Vá, agora.

O estagiário gaguejou e rapidamente saiu do quarto e foi para o posto das enfermeiras; Kirian ficou olhando para ele enquanto Nina continuava fazendo anotações sobre o ferimento cortado.

Mark tinha um pequeno sorriso no rosto enquanto tirava as luvas. — Você está gostosa mandando nesses patinhos. — Ele sussurrou em um tom baixo ao lado dela.

— Dr. Sloan. — Norah avisou calmamente, e ele deu uma piscadela para ela antes de sair da sala de trauma. Timothy conteve uma risada enquanto George estreitava os olhos entre os dois curiosamente.

A cirurgia foi silenciosa. Bem, quase.

Norah tinha seu foco completo na imagem ampliada dos capilares sanguíneos através do escopo, segurando cuidadosamente o grampo enquanto trabalhava junto com Mark no lado oposto.

— Tive um grande sangramento. — Informou o atendente. — Lawrence, pressione e segure bem aqui.

O monitor fetal de repente começou a apitar, e os internos viraram a cabeça para ele. — Ela está tendo contrações. — George notificou, — Elas são fortes e estão separadas por dois minutos.

— Ligue para OB e traga alguém aqui. — Mark instruiu.

— Uh, eu não acho que há tempo para chamar OB. — Informou o estagiário, — A bolsa dela acabou de estourar, e ela está coroando.

— Ligue para Peds. Aqueça aqui. Este bebê está vindo agora. — Mark falou. — O'Malley, levante-a nos estribos.

— Podemos colocá-la em um Trendelenburg reverso e ter alguém pressionando seu abdômen, já que ela não pode empurrar?

Uma estagiária atirou um braço no ar, olhando para sua residente esperançosa. Norah sentiu a urgência da situação e assentiu. — Uh, tudo bem - Lee, vá ajudar George.

— Experimente sem todos os empurrões, — advertiu Mark, — estou segurando uma artéria importante aqui.

— Ok, pinça. — George pediu, e a enfermeira entregou a ferramenta para ele, — Tesoura. — Os internos ficaram surpresos e impressionados com sua rápida reação enquanto a residente e o atendente continuavam salvando o braço de Nancy. — Eu peguei. Eu peguei ele. — Ele anunciou.

Um grito alto encheu a sala, e todos exalaram de alívio. — Ótimo trabalho, George. — Comentou Norah, — Você também, Lee.

— Obrigado. — Eles cantaram em coro.

— Sim, sim. Somos todos heróis. — Mark revirou os olhos. — Agora, se ninguém se importa, eu gostaria de costurar o braço desta mulher. Como ela disse, ela vai precisar.

— Como está em Plásticos? — Derek perguntou quando Norah se aproximou dele no posto de enfermagem. A residente bocejou e passou um prontuário para a enfermeira.

— Está tudo bem, suportável. Legal, mas não divertido. — Ela respondeu com sinceridade. — Eu ainda prefiro cérebros, no entanto.

Ele assentiu com um sorriso antes de se virar para ela. — Você sabia que Meredith tem uma irmã?

— Meredith tem uma irmã?

— Sim, meia-irmã, aparentemente, — ele compartilhou, — eu a conheci no bar.

Norah ergueu uma sobrancelha para ele. — É por isso que você e Mer estão... Separados agora? — Ela questionou, e ele deu de ombros em resposta.

Mark se aproximou por trás deles, e Derek suspirou quando viu o cirurgião plástico por cima do ombro; Norah estreitou os olhos entre os dois. Oh, estar entre esses dois idiotas.

— Eu sou o único que poderia usar um amigo. — Mark expressou. — Eu disse que você poderia usar um amigo - eu poderia usar um amigo.

— Olha, Mark- — Derek tentou falar, mas foi cortado.

— Não, eu não vim para Seattle para Addison. Eu não vim para Seattle para ser chefe. — Mark afirmou com firmeza, — Eu vim para Seattle por você, ok? Eu vim para Seattle para te trazer de volta.

Ele parou momentaneamente ao processar as palavras que acabaram de sair de sua boca; Derek o encarou estranhamente, e Norah caiu na gargalhada, fazendo com que o cirurgião plástico olhasse para ela.

— Eu sei, — Mark declarou sem jeito, — eu quero retirar agora, mas eu já disse isso, então. — Ele deu uma risada desajeitada para os dois.

— Sim, talvez devêssemos tomar uma bebida. — Derek afirmou, divertido, enquanto tentava conter o sorriso.

— Poderíamos.

— Sim. Hoje não. — Seu sorriso caiu instantaneamente, e ele se afastou do outro atendente.

Norah sorriu ao ver os dois reconstruindo lentamente sua amizade, ou pelo menos o que parecia ser um passo inicial dela. Mark estava sorrindo para si mesmo também. — Bebidas, Laurie? — Ele perguntou enquanto se aproximava dela.

— Nah, eu tenho patinhos para cuidar. — Ela rejeitou com um piscadela, deslizando para longe antes que ele pudesse impedi-la.

Ele a observou enquanto ela se afastava do posto de enfermagem; uma mistura de agitação e acidez afundou em seu peito. As noites que passaram juntos flutuavam em sua cabeça, e sua mente corria solta. Como ele iria continuar amigo dela quando não conseguia parar de fantasiar?

Até então, acho que somos melhores como... Amigos.

As palavras dela ecoaram em sua cabeça; ele a queria tanto que doeu até mesmo com essa frase.

Até então.

Havia uma chance? Ele esperava que sim.

Norah estava andando pela calçada iluminada por uma fileira de postes de luz. Suas mãos descansavam nos bolsos do casaco; ela ouviu os pequenos respingos vindo de trás dela. Timothy estava pisando nas poças de água da chuva que havia parado um tempo atrás.

— Pare de pisar nas poças, Tim. Você vai molhar os sapatos. — Aconselhou Norah. Eles haviam caminhado até o hospital pela manhã, já que ele insistia em 'se exercitar' antes que o trabalho fosse saudável para eles - embora ela tivesse informado que correr atrás dos pagers no hospital já era 'exercício' suficiente.

— Eu não sou burro. Estou apenas pisando nos pequenos. — Declarou ele, pulando da esquerda para a direita. — Mamãe nunca nos deixou pular poças.

— Sim, porque você sempre chorou quando você molhava suas meias. — Ela balançou a cabeça com um sorriso na memória de sua infância.

Timothy deu de ombros; ele não tinha lembranças claras de quando era tão jovem. — Acha que ela ficará feliz em ver onde estamos hoje? — Ele perguntou, sua voz um pouco mais baixa desta vez.

— Ela está orgulhosa, Tim. — Ela assegurou com um sorriso, seus olhos olhando para o céu. — Eu sei que ela está.

— Ei, você sabia que Stevens salvou um cervo hoje? — Ele piscou.

— Um o quê?

— Um cervo, um maldito cervo. — Ele balançou a cabeça frustrantemente. — Tivemos que ver um cervo ressuscitando em vez de salvar vidas humanas.

— Bem, ela tem suas maneiras de ensinar.

Timothy estreitou os olhos para a irmã. — Por que você parece estar defendendo ela? — Ele questionou. — Você deu um soco na cara dela antes!

— Eu sou uma hipócrita orgulhosa, às vezes. — Ela riu. — Além disso, ela é sua residente, quer você goste ou não. Então, engula, estagiário.

Timothy revirou os olhos enquanto Norah destrancava a porta do apartamento. Ele bocejou e colocou os sapatos de lado antes de caminhar até o sofá e se jogar nele. — O primeiro dia já é exaustivo pra caralho.

— Bem-vindo ao ano de estágio.

Ele se virou para encarar sua irmã, que se sentou ao lado dele; o último devolveu as sobrancelhas franzidas com um olhar confuso. — Seu namorado não está vindo? — Ele perguntou.

Ela estreitou os olhos com as palavras dele. — Mark e eu não estamos-

— Então, você está me dizendo que ele é apenas um encontro casual? — Ele questionou com humor. — Cara, você precisa de mim para bancar a porra do cupido agora?

— O que? Não.

— Porra, você viu o jeito que ele olha para você?

— Tim-

— E a maneira como você olha para ele. — Acrescentou, cortando completamente as palavras dela enquanto olhava para ela incrédulo. Quando ela ficou sem palavras, ele balançou a cabeça com um suspiro. — Algo para você pensar, eu diria. Boa noite.

Enquanto Timothy se levantava do sofá e ia para o quarto, Norah recostou-se nele com a mente inundada pelas noites que passaram naquele apartamento.

Mas é isso que você quer?

Sua pergunta saltou em sua mente enquanto ela mergulhava em uma profunda hesitação. Mas ela lembrou a si mesma que já havia feito uma escolha naquela noite e pretendia continuar com ela.

O que você quer?

Ou pelo menos ela esperava ficar com ela.

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