— Você está lin.... - Interrompo Benjamin Logan Finley, quando entro no carro dele em direção a festa de Kristen.

— Não complete, eu sei. - Sorrio, fechando a porta do automóvel. - Embora esteja me sentindo a real Kate Middleton, não estou confortável nesse vestido. Na próxima vou de all star e calça moletom. - Digo, mas obviamente não vou fazer isso.

Contudo, seria uma boa para mostrar a essas patricinhas o que realmente é estilo.

— Deixa para a próxima, então! - Diz com apreensão, basicamente descartando a ideia e dando partida no carro.

Ligo o rádio, conectando o Bluetooth do meu celular no mesmo. Vou até o Spotify e coloco em " Riptide" - minha música favorita - pondo no volume máximo. Em seguida, coloco o cinto-de-segurança, assim como o Ben.

Quero sentir a vibração da canção.

— I was scared of dentists and the dark. I was scared of pretty girls and starting conversations. - Começo a letra, tocando um ukulele imaginário, assim, espero a música chegar até o refrão. - Lady, running down to the riptide. Taken away to the dark side. I wanna be your left hand man.

Ben me visualiza de soslaio, então, me ajuda a terminar o refrão, cantando e sorrindo a todo o momento.

— I love you when you're singing that song and. I got a lump in my throat 'cause. You're gonna sing the words wrong - Cantamos, sorrindo. Mexo meus braços para o alto, batendo meus pés no chão do automóvel. Benjamin não pode se locomover muito, pois está dirigindo, mas a sua agitação não deixa de ser contagiante.

Após o final, começo uma gargalhada juntamente com o garoto, nós fazemos uma bela dupla de cantores. Poderíamos tentar qualquer dia desses.

— Você é muito bom! - Digo, falando quando ele estaciona o carro onde parece ser a casa de Kristen Hildegart.

- São seus olhos! - Brinca, retirando o cinto-de-segurança.

Faço o mesmo, mas penso " Não, são os ouvidos!"

— Pronta? - Me olha esperançoso, abrindo a porta do carro para sair.

— Que diferença faz? - Coloco a mão na maçaneta, abrindo a minha porta e me retirando do veículo.

Já do lado de fora, caminhamos até a entrada. O local está cheio. Garrafas de bebida jogadas no pátio, adolescentes se pegando, um grupo brigando e se atirando cerveja...é, perdi muita coisa estudando mesmo.

— Nossa, animadíssimo. - Reviro os olhos, entrando finalmente na casa.

Ben me fita por alguns instantes após eu ter ironizado os acontecimentos. Mas é engraçado, não?

Entramos dentro da casa. A música está muito alta e não a reconheço, mas sinceramente, nem tento, meus ouvidos doem. Por cima das diversas cabeças, tento encontrar alguém conhecido. Mas nada. É, exatamente, ninguém, apenas uma ruiva - a anfitriã da festa - que vem em minha direção. Na realidade, na direção de Benjamin Logan Finley.

— Kristen! - Benjamin sorri de forma verdadeira, feliz. Morde o lábio inferior, aliás, acho que ele fez isso apenas para sensualizar ALGO QUE NÃO DEVERIA SER SENSUALIZADO.

Não dá para negar que Kristen Hildegart é um ser humano incrivelmente lindo, mas com o caráter dela, eu prefiro ser feia mesmo.

— Oi Benjamin! E aí? Você está um gato. - Diz, pegando uma mecha do cabelo e enrolando nos dedos.

— Digo o mesmo. - Fala, analisando-a de cima a baixo.

Hm, eles estão flertando assim mesmo? Na cara dura?

Kristen começa a me visualizar, o que me deixa um tanto incomodada.

— Ah, trouxe a Lolo? Que meiguinha! - Franze o nariz, sorrindo com ironia ao me tratar feito uma criança.

Reviro os olhos com um pouco de irritação. Sério mesmo que ela irá querer arranjar encrenca comigo já no início da festa?

Mas Louise Adams não se abala por qualquer coisa. Qual o ponto fraco de Kristen Hildegart? Ah, beleza.

— Não tão meiga quanto você e suas pontas duplas! - Visualizo-a de forma preocupada, afinal, é um grande problema. - Com licença, vou pegar algo para beber. - Sorrio, franzindo o nariz do mesmo jeito que ela fez.

Percebo a irritação no olhar da garota, que visualiza de lado as pontas do cabelo, mas não se deixa abalar realmente pelo comentário.

Saio de perto deles, deixando-os sozinhos para que se comam de uma vez. Não é isso que querem fazer, mesmo?

De soslaio, percebo Ben Logan rindo de lado, mas gargalhando por dentro. Farpas são farpas.

Chego até a mesa que contém bebidas e me sirvo de refrigerante. Nada melhor que isso para uma garota completamente livre de álcool.

Levo minha atenção para outras pessoas do local. Todos estão dançando e se divertindo, mas ainda estou ali sem nada para fazer além de beber Coca-Cola.

— Essa festa está uma bela merda. - Escuto uma voz feminina sussurrar ao meu lado.

Tento procurar a dona da mesma, e quando a encontro, apenas consigo concordar.

— Também acho. - Suspiro, com impaciência. - Na real, fui obrigada a vir nessa merda. - Comento, levando o copo aos meus lábios.

A menina levanta seu olhar para mim, sorrindo de forma sincera.

— Mabel Hildegart, e você? - Coloca o celular que estava em sua mão direita no bolso.

— Louise Adams. - Comprimo meus lábios, pensando rapidamente sobre a origem do sobrenome da menina. - Hildegart? É parente da Kristen? - Peço com um pouco de curiosidade.

Ok, admito, muita curiosidade. Mas é que a Kristen é insuportável.

— Somos irmãs. - Explica, esfregando os olhos com as duas mãos.

Ah não.

— Ah. - Desanimo a minha voz.

Minha vontade é de dizer " Então, acabou as nossas chances de sermos melhores amigas, porquê você é irmã da maior vadia da escola".

Mas claro que não disse.

— Não sou chata como ela. - Explica, percebendo o afastamento em meu olhar. - Kris é idiota tipo, 100% do tempo? - Pergunta retoricamente, ironizando a própria irmã.

Não consigo me conter e solto uma gargalhada quase inexistente com o som da música. Se nem a própria irmã suporta ela, quem conseguiria?

Hm, Ben e Carter. Ops.

— Parece que seremos amigas. - Comento, brincando.

— Minha irmã se acha a rainha da cocada preta em meio a um caos na sociedade. Essa é só a verdade. - Dá de ombros, servindo um copo com refrigerante.

— É... - Deixo pairando a palavra no ar, enquanto percorro meu olhar pelo salão.

Vejo Carter Callaway me visualizando. Será que ele está me observando por muito tempo?
Meu coração acelera, vendo-o manter contato visual comigo por pelo menos três segundos.
Poderia ser aquelas cenas de filme em que os protagonistas não se falam, mas os olhares se cruzam e eles percebem que estão apaixonados.
Mas não é um filme, então tecnicamente não irá acontecer. Carter começa a caminhar em minha direção com a apreensão nas vistas. Consigo perceber um leve receio com os movimentos dele. Não quer vir até mim, mas precisa, pois sua consciência está dizendo o quão foi idiota.

Quando finalmente chega em minha frente, se vira para Mabel com uma esperança quase inocente. Quase.

— Posso atrapalhar a conversa de vocês por um instante? - Pergunta, remexendo as mãos com nervosismo e praticamente obrigando-a se retirar.

— Claro. - Ela sorri gentilmente e sai, levando por alguns instantes o olhar até o meu, como se pedisse permissão.

- Não... - Digo baixinho, mas Mabel finge não me escutar e continua seu caminho para qualquer lugar longe dali.

Talvez ela percebeu que eu quero e não quero falar com ele.

Minha indecisão vai acabar me matando.

Meu olhar que seguia os passos dela, agora se volta para o maior babaca do colégio. Fito-o com irritação. Depois de todo aquele papelão no dia anterior ao início das aulas agora ele quer conversar? Aqui no meio de todos?

— O que você quer? - Pergunto, pondo minha mão na cintura e esperando por uma explicação plausível para a perseguição desse e s t r u p í c i o atrás de mim.

— As coisas ficaram meio confusas no final, não acha? - Interroga, lançando-me um olhar esperançoso.

Que? Hm, que legal. As meninas costumam se humilhar para um idiota desses após receberem o maior pé na bunda. Isso é uma afirmação.

Incrível, mas comigo isso não irá acontecer.

— Confusas? Eu não achei.- Descarrego na cara dele, que aliás, tinha mudado de "agradável de se olhar" para " péssimo de se olhar". - Na real, você foi bem claro terminando o que quer que chamássemos nossa relação. Agora não existe mais, aceite. - Digo, virando-me de costas para ele com a finalidade de sair dali.

— Espera! - Segura meu braço, se pondo em minha frente novamente. - Sei que fui um idiota, mas sinto sua falta. - Procuro visualizá-lo no fundo dos olhos.

Tento procurar qualquer indício de sinceridade vinda dele, mas só encontro uma coisa: necessidade. Ele só me quer agora porque viu que Benjamin é meu amigo.

Idiota.

— Não caio nesse papo. Você é uma farsa, Carter Callaway. O meu mundo não gira em torno do seu. Você não me quis e eu também não te quero. - Sinto meus olhos lagrimarem, mas novamente me finjo de atriz e não choro. - Qual o problema agora? Aceito todo aquele seu joguinho de " agora começa as aulas, precisamos acabar com isso". Acabamos. Você não queria que eu ficasse com você nos corredores, motivo? Popularidade. - Sua expressão de tristeza corta o meu coração. Por que ele insiste em me deixar mau? - Sua reputação e todo aquele blablabla importavam mais do que eu. Você é fútil. Só pensa em si mesmo e nesses jogos de hierarquia que só existem na sua cabeça. Não faço parte disso, não farei também. - Jogo todas as palavras com muito estresse. Ele não merece nem a mim, nem a ninguém.

Olho firmemente para o olhar dele. Parece assustado, mas o ego já deve estar todo deteriorado.
Ah, que bom. Ele pensou que eu seria uma idiota que iria correr atrás dele o resto do ano.

— Desculpa. - Fala com a tristeza transcendendo em sua face. Deve ser difícil para alguém que é acostumado a ser o centro, ser ridicularizado em uma festa. - Olha, você é diferente e gosto disso, ver você com Benjamin Logan é tipo...? - Para, tentando organizar os sentimentos. - Você era quase minha namorada há algumas semanas. - Ele franze a sobrancelha, tentando me fazer entender o inexplicável.

— Namorada? Você está de brincadeira! - Me exalto, colocando minha fúria para fora. - Você me descartou como se eu fosse um chiclete velho. Odiei isso, não espere que eu vá sair correndo em sua direção. - Respiro fundo, recolocando meus pensamentos em ordem. - Gosto de você, até demais, mas não sou trouxa. - Acabo comigo na última fala. Porém precisava dizer.

Sou apaixonada por Carter Callaway. Mas a única coisa que ele sabe fazer é me machucar, e de ferimentos já estou farta.

Saio dali, esbarrando contra o ombro do garoto apenas para causar impacto - um modo muito divertido de se despedir em grande estilo.

Só preciso ficar sozinha em meio a todo aquele caos.
Não faz nem uma hora que estou aqui e já sinto como se meu mundo fosse colocado de cabeça para baixo.
Até que estou gostando de festas.
Emoção.

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O que vocês acharam deste capítulo? Parte dois no sábado :)

XOXO, Ana Louise.