CAPÍTULO VINTE UM

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⚠️Este capítulo contém muita angústia e menção a automutilação, por isso, leve isso em consideração se você decidir lê-lo ~ Eu não quero que você seja desencadeado ou ferido por causa disso.
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— Sinto muito, amor. Prometo que vou compensar você.

— Está tudo bem, você não precisa. — A voz de Jimin fica pequena quando seus olhos se voltam para ver a visão na frente dele. Os pratos mais bonitos ​​foram colocados sobre a mesa e algumas pequenas velas com cheiro de tangerina decoram o espaço na tentativa de tornar o jantar romântico. Ele não disse a Jungkook que iria cozinhar, mesmo que ele tenha passado o fim de semana inteiro tentando descobrir como fazer o suflê perfeito (ele não é o melhor cozinheiro da cidade). Francamente, essa é a última coisa em sua mente, porque a decepção inunda sua mente, alarmando-o de que ele não precisa parecer afetado para não incomodar seu namorado.

Não é como se Jungkook não quisesse vê-lo, ele está sempre reclamando do pouco tempo que passam juntos no último mês, mas não é a primeira vez que ele cancela seus planos. Ele nem se lembra da última vez que o tatuador realmente conseguiu fazer um encontro acontecer

— Sinto muito, Jimin. Hyung está doente e... e eu tenho que cuidar de seus clientes também.

— Você não precisa justificar nada, Kookie. Podemos nos ver outro dia. — Lágrimas de frustração já estão se acumulando no canto de seus olhos, mas ele promete não derramá-las nem fazer sua voz tremer. Talvez ele esteja dando muita importância a algo pequeno; casais nem sempre precisam estar juntos, é um pedido irracional, mas ele odeia a solidão que substitui Jungkook.  — Boa sorte.  — Jimin encerra a ligação antes que Jungkook possa adicionar mais alguma coisa e, quando o telefone toca, anunciando que ele havia recebido uma nova mensagem, ele a ignora, não querendo ler outro longo pedido de desculpas.

Jimin apaga as velas e tira o suflê para cortar uma porção para Taehyung, que está com alguns amigos. Ele não está com vontade de limpar a mesa, então simplesmente vai para o quarto, onde encontra Bunny dormindo no meio da cama. Ele escolhe "This Side of Paradise" e começa a relê-lo e antes que perceba as páginas acabam e são quase cinco da manhã. É segunda-feira de manhã, mas ele não consegue se arrumar e ir para a universidade, então dorme até o meio dia, quando seu estômago começa a roncar e ele é forçado a ir à cozinha em busca de cereais.

Seu telefone está onde ele o deixou, então ele percorre a longa mensagem e encontra mais sete, todos perguntando se ele está chateado, como ele esta se sentindo e assim por diante. Ele digita: "eu estou bem :) Tenha um bom dia" e vai para o quarto de Tae, se perguntando se seu melhor amigo está concorrendo a um filme da Disney.

São 21h e ele está se sentindo incrivelmente improdutivo quando alguém bate na porta e ele decide responder, surpreso ao encontrar o namorado do lado de fora da porta.

— Oi. — O mais velho está segurando um lindo buquê de flores e parece terrível, as bolsas sob seus olhos marcantes. — Elas são para você, me desculpe...

Mãos pequenas as pegam e um sorriso tímido aparece.

— Obrigado. Você quer entrar? Estamos jantando tarde.

Taehyung já está enchendo sua boca, então ele acena para Jungkook, sua boca cheia demais para falar. O garoto de cabelos grisalhos não está ciente dos pequenos problemas que o casal está enfrentando, então ele imediatamente oferece ao tatuador um suflê, sem esquecer de mencionar que é tudo mérito de Jimin.

— É louco como isso é bom. — Taehyung termina seu elogio a tempo de Jungkook entender que o prato foi preparado para o encontro cancelado. Tae pede licença para oferecer privacidade e a primeira pergunta que Jungkook faz é se ele pode passar a noite.

— Claro que você pode. — É normal que Jimin se sinta chateado, então Jungkook não culpa o comportamento estranho, mas a si mesmo e a suas ações. Ele realmente quer melhorar as coisas, mas as coisas estão loucas no trabalho e não há como ele pular mais, não quando Yoongi confia nele.

— Tae está certo, esta é a melhor coisa que eu já comi. — Isso provoca um sorriso genuíno, então ele decide empurrar a sorte e se levanta da mesa para se aproximar do namorado que está encostado em um balcão da cozinha. — Posso beijar você? — A resposta vem na forma de Jimin se aproximando para que seus lábios possam se encontrar, mas o ato termina depois de apenas alguns segundos, suas línguas não ousando explorar. Parece estranho, pois é o primeiro em dias, mas o segundo se segue, desta vez fazendo com que o corpo menor relaxe visivelmente, punhos pequenos descansando no peito de Jungkook. — Eu senti tanto a sua falta, bebê.

— Eu também senti sua falta.

O mais velho precisa tomar um banho, mesmo que suas pálpebras já estejam pesadas, pois eles estavam compartilhando os eventos que aconteceram nos últimos dias, então Jimin pediu que ele fosse se preparar para dormir. Ele está feliz que o namorado tenha decidido vir vê-lo, mesmo que só por um tempo, e espera que isso se torne um hábito. Jungkook tem algumas coisas em sua casa e todas estão limpas, então o garoto as oferece ao homem junto com uma toalha antes de trocar de pijama e deitar na cama.

Ele se pergunta se o tatuador está com vontade de fazer sexo. Ele tem sentimentos confusos sobre isso.

Sua linha de pensamentos é interrompida por alguns ping's altos que indicam que Jungkook recebeu várias mensagens. Ele sabe que não deve estar curioso sobre elas, porque realmente confia em seu namorado, mas quando a tela acende pela enésima vez seu estômago revira e ele decide olhar para ver quem está tão desesperadamente procurando por seu namorado. O número não está salvo nos contatos.

📩 Mal posso esperar para recuperar o atraso.
📩 Espero que você não tenha esquecido nosso encontro, senhor.
📩 Eu sei o quanto você ama coisas precisas.

Senhor. Jimin coloca o telefone no local exato em que foi deixado e aconchega-se sob as cobertas, de frente para a parede, mesmo quando Jungkook abre a porta do banheiro. Ele deseja poder enganá-lo, fingindo que está dormindo e, felizmente, o mais velho fica quieto antes de apagar a luz e subir ao lado dele na cama, um braço travando no sua cintura. Lábios suaves toca sua nuca e ele precisa do maior autocontrole que já teve para não soluçar ao pensar que seu namorado está vendo outra pessoa. É obviamente alguém da comunidade BDSM e eles tem um encontro.

Jungkook sai antes dele acordar de manhã e Jimin encontra uma pequena nota em seu travesseiro, na qual ele esta agradecendo e se desculpando mais uma vez. Ele não irá tirar conclusões precipitadas e decidir que o tatuador o está traindo, mas o pensamento dele ter tempo para um estranho e não para ele o faz querer se enrolar em uma bola e chorar.

O fim de semana chega dolorosamente lento e, quando ele termina sua sessão de leitura, está exausto. Ele passou muito tempo chorando, então seu rosto estava constantemente inchado, ele perdeu o apetite e, no geral, parecia que ele estava passando por um rompimento. Ele viu Jungkook três dias antes e foi uma breve visita em que ele decidiu fingir sorrisos e agir como se não estivesse incomodado com a queda do relacionamento deles. Ele esperava mencionar seu encontro, mas isso nunca aconteceu.

Ele decide passar mais tempo procurando novos romances para ler quando sente o telefone tocar e vê que é uma mensagem de Daeshim.

📩 Você terminou com as crianças?

Jimin se pergunta se deve responder ou não quando o telefone toca novamente.

📩 Vamos tomar chocolate quente em algum lugar. Eu gostaria de conversar.

Ele está curioso e não tem nada melhor para fazer, então aceita o convite com calma. Ele não consegue mais sentir ansiedade, não se sente mais como uma pessoa e seu cérebro constantemente o lembra que voltar para Daeshim é o caminho natural para as coisas acontecerem. Jungkook obviamente se cansou do que ele acredita ser uma brincadeira de fingir, então talvez essa seja a única chance para ele esquecê-lo. Daeshim se importa o suficiente com ele para machucá-lo.

O homem parece emocionado por Jimin ter aceitado o convite, mesmo que o garoto pareça um fantasma. Eles vão para um café que está perto, sem trocar uma palavra no caminho. O lugar é agradável e o mais novo está disposto a deixar o outro escolher a mesa quando uma voz alta chama seu nome e ele se vira e encontra Hoseok acenando para ele, provavelmente feliz em vê-lo. Ele sorri pequeno, mas seu rosto cai quando percebe que Yoongi está ao lado de seu namorado, seus olhos de gato examinando o homem que ele está acompanhando; é óbvio que ele reconhece Daeshim.

Ele sente como se tivesse sido pego fazendo algo horrível e, assim que seus dedos começam a tremer, ele decide que não pode fazer isso e gira nos calcanhares antes de sair correndo daquele lugar. Ele não se importa com a aparência, ele só quer ir para casa e passar alguns momentos em pequeno espaço, porque sua mente está em todo lugar.

Seu telefone toca no momento em que está entrando no ônibus, é Jungkook. Ele ignora e coloca os fones de ouvido, a música alta tocando até chegar à estação certa. Seu namorado está na frente da porta, então ele desliga a música assim que o vê dar longos passos em sua direção.

— Jimin? — Mãos começam a vagar freneticamente pelos lados do corpo. — Graças a Deus, onde você esteve? Por que você não atendeu o telefone? Yoongi me disse que você estava com Daeshim.

— Eu fui. — Ele responde, sua voz pequena enquanto luta para destrancar a porta.

— Que porra é essa? — Jungkook murmura baixinho e o segue para dentro, tirando os sapatos o mais rápido possível. — Por quê? Como ele te encontrou? — Há muitas perguntas passando por sua cabeça e a mais preocupante é que seu namorado está pronto para voltar aos seus velhos hábitos.

— Ele queria conversar.

— Jimin!

O tom o assusta, então ele se vira, sem saber como reagir.

— O que você quer de mim, Jungkook? É a primeira vez que te vejo há dias...

— E essa é uma razão boa o suficiente para encontrar esse bastardo? Como diabos você pode pensar que está tudo bem? A última vez que você o viu, eu tive que buscá-lo porque você estava tendo um ataque de pânico! Você esqueceu o que ele lhe disse? Você esqueceu como ele te tratou? — Jungkook está vendo vermelho na frente dos olhos e não tem ideia se pode cuidar de sua boca porque está cansado, ele não teve a chance de comer o dia inteiro e descobriu pelo melhor amigo que seu namorado estava com seu ex-Dom, que tem sido um pedaço abusivo de merda. — O que diabos há de errado com você?

— Talvez eu goste de receber atenção de tempos em tempos. — É uma mentira amarga e Jimin sabe disso.

— E isso significa que você simplesmente se prostituirá para alguém?! — Jungkook está obviamente perdendo o controle e ele teria continuado se um tapa não tivesse caído em seu rosto bem a tempo de lágrimas começarem a sair dos olhos de canela do garoto de cabelos rosa.

— Foda-se.

— Não... Foda-se você. Eu terminei com essa merda, não vou mais permitir que você brinque com meus sentimentos.

— Eu sou o único a brincar? — Jimin grita. — Eu sei que você está vendo outra pessoa!

Os olhos do tatuador se arregalam de surpresa com as palavras às quais ele foi acusado, as sobrancelhas franzidas na testa. Ele não tem ideia do que o outro está falando, ele está trabalhando cerca de 12 horas por dia porque eles estão lidando com um buraco no orçamento e ele mal pode se dar ao luxo de deixar seu maldito apartamento. Não que ele queira, de qualquer maneira, porque desmaia sempre que chega à cama.

— Eu vi seus textos! Por que você não terminou comigo? Eu sou... eu fui apenas um brinquedo para você no final. — Jimin não consegue mais controlar seus soluços, suas unhas cravando na pele do pulso, a fim de causar dor que pode mantê-lo no chão. Ele não quer mais nada além de cortar, mas sabe que essa será a última vez que Vera Jungkook e quer confrontá-lo.

— Essa é a pouca fé que você tem em mim? Eu tenho trabalhado sem parar, não sei do que você está falando.

— A-alguém chamou você de senhor e disse que vocês iriam se encontrar em breve. — A realização atinge Jungkook assim que ele conecta os pontos, então ele cruza os braços na frente do peito defensivamente. Ele poderia ser mais cruel, mas Jimin já está com dificuldade para respirar e a visão o está preocupando, principalmente porque o garoto parece um naufrágio. Ele se pergunta quando foi a última vez que ele comeu.

— Encontrei um velho amigo para jantar nesta quarta-feira. Ele me chama assim há muito tempo, é de brincadeira.

Jimin começa a soluçar mais violentamente, as patas do suéter subindo para enxugar as lágrimas.

— Por que você teve tempo para ele e não para mim? — A pergunta parece quebrada, então algo puxa todas as cordas do coração de Jungkook. Está claro que o relacionamento deles se tornará uma merda se eles não se acalmarem e discutirem as coisas. — Eu pensei que Daeshim iria me querer se você não o fizesse.

— Porra, Min. — Jungkook sussurra e se aproxima. — Eu nunca parei de querer você.

— Eu não sou um s-sub... — Assim que os braços envolvem seu corpo, seus sentidos aumentam e seu choro fica mais alto quando ele se lembra dos vídeos que provam que eles não podem funcionar. É como se todas as suas inseguranças estivessem sobre ele de uma só vez, então ele começa a uivar, liberando os sentimentos que o está sufocando. Nem Jungkook o viu assim, mas ele não se contém, não se importando se mais alguém possa ouvi-lo.

O quarto em que Jimin acorda está escuro e ele imediatamente sente vontade de vomitar, então se senta, e uma mão esfrega suas costas suavemente, anunciando que ele não estava sozinho.

— Ei. — Ele procura cegamente o interruptor que pode acender a lâmpada e vira-se para Jimin assim que esse termina. — Você desmaiou, baby. — A respiração de Jimin fica engatada, então o outro o puxa para um abraço apertado, tentando acalmá-lo antes que outro ataque de pânico ocorra.

— Por favor, deixe-me, Kookie.

— Jimin...

— Por favor, Jungkook.

— Quero falar com você.

— EU NÃO QUERO! — Jimin grita e mal consegue sair da cama sem cair, indo direto para o banheiro. Ele pode ouvir o tatuador chamando seu nome, tentando acalmá-lo, para atraí-lo de volta para a cama, mas ele ignora tudo, trancando a porta atrás de si e sabendo exatamente o que está procurando.

Ele tem uma navalha e a agarra sem pensar duas vezes, pressionando-a contra a pele e desenhando linhas longas sobre ela para encontrar alívio. Não há nada que possa acalmá-lo mais rápido do que isso, então ele continua a fazê-lo e, pela primeira vez, começa a chorar, sua mente sussurrando para que ele pressione mais fundo, que não há motivo para continuar assim. Ele é apenas um incômodo. Ele deseja ser corajoso o suficiente para acabar com a dor, ele gostaria de poder...

O sangue começa a espirrar em sua pele e ele entende que há algo errado por causa da pressão que é muito alta, então ele entra em pânico, percebendo o que pode ter acontecido. Ele congela por alguns segundos, observando o vermelho deslizar pelo pulso e formando gotas que caem no chão e começa a ficar tonto. Ele já ouviu falar que as pessoas que abrem uma veia desmaiam por causa da perda de sangue e mesmo que seja provavelmente muito cedo para que isso acontecesse, ele...

Um baque alto faz Jungkook pular assustado, seu telefone escorregando da mão e caindo no chão. Parece que um objeto enorme caiu e ele não consegue imaginar o que pode ser.

— Jimin? — Não há resposta e um nó se forma em sua garganta quando ele percebe de onde o barulho pode ter vindo. Ele tenta abrir a porta, mas em vão porque está trancada, então ele puxa e empurra desesperadamente, tentando fazê-la se mover. — Jimin? Porra! Jimin, por favor responda! — Ele dá um passo e olha ao redor da sala, tentando encontrar um objeto forte o suficiente que possa ajudá-lo. A cadeira de Jimin parece forte o bastante, então ele a agarra apressadamente antes de forçá-la contra a porta, observando a madeira rachar sob a pressão. Um pequeno buraco é formado no local onde uma das pernas da cadeira bateu, então ele se concentra nesse ponto, a adrenalina não permitindo que ele se canse.

Uma vez que ele consegue olhar para dentro do banheiro, vê que o namorado está deitado no chão enquanto uma poça de sangue se espalha lentamente sob ele, então procura freneticamente o telefone e chama uma ambulância enquanto tenta abrir a porta.

— 119 emergência, como posso ajudá-lo?

— Meu namorado, ele... ele está perdendo muito sangue, ele tentou...

— Com quem estou falando? — Sua mão é cortada em um pedaço de madeira, mas ele a empurra mesmo assim, procurando a fechadura.

— Jeon Jungkook, por favor envie uma ambulância. Ele está... ele vai... — Jungkook não tem ideia de como conseguiu permanecer na linha até fornecer o endereço certo, mas, assim que faz, deixa o telefone de lado, mesmo quando é instruído a não abandonar a ligação, para pegar Jimin em seus braços. Seu bebê está completamente inconsciente, ele não responde, não importa o quanto tente recuperá-lo. — Está tudo bem, querido. A ajuda está a caminho. — Lágrimas não param de cair e turva sua visão; ele tenta se manter forte, o pensamento de seu namorado morrendo dificulta sua respiração. Ele está segurando com força o pulso que foi aberto, mesmo que saiba que não tem chance de parar o sangramento e continua murmurando encorajamentos suaves no ouvido do garoto, sem perceber que são mais por ele. — Eu tenho você, anjo. Eu peguei você.

Jimin parece estar dormindo e essa é a parte mais difícil. Seus lábios estão abertos, seu pulso se torna mais fraco a cada minuto que passa, e sua pele parece translúcida sob a luz branca do banheiro. Graças a Deus a porta da frente está destrancada porque Jungkook não teria imaginado deixar seu bebê sozinho para ajudar os paramédicos a entrar. Ele implora que o deixem entrar na ambulância, onde tem que ser empurrado para longe do corpo de Jimin para que os médicos possam estabilizar ele. O mais velho se permite soluçar apenas quando lhe dizem que Jimin ficará bem, que eles chegaram a tempo e que o garoto conseguiu evitar uma veia maior que realmente o teria matado.

— Você é da família? — A voz fria pertence a uma das enfermeiras do hospital para a qual foram levados e Jungkook tem que esfregar o rosto com as duas mãos para olhá-la adequadamente.

— Eu sou o namorado dele, senhora. Por favor, deixe-me ficar, ele não tem...

— Somente os membros de sua família são permitidos dentro da sala fora do horário de visita. — A notícia puxa o tapete dos pés de Jungkook. Ele não pode deixar Jimin sozinho; e se o garoto acordar assustado? Ele precisa estar lá, ele...

— Por favor, senhora! Ele não tem nenhum membro da família, por favor! — Pode ter sido seu choro genuinamente doloroso que convenceu a senhora do contrário, mas ele é deixado dentro assim que a intervenção termina e o garoto de cabelos rosa é colocado em uma cama estreita. Ele olha pacificamente, um saco de sangue pingando lentamente na cânula que está conectada ao braço do mais novo para garantir que todo o sangue que ele perdeu seja recuperado. Jungkook percebe que Jimin perdeu peso, porque suas bochechas estão menos gordinhas do que ele se lembra e os médicos disseram que ele está carecendo de muitas vitaminas e nutrientes.

Ele conseguiu ligar para todos e disse que eles poderiam visitar o dia seguinte, e ele teve mais dificuldade com Taehyung, que não podia acreditar nas notícias e que acabou chorando sua alma. Seokjin estava preocupado com ele, então o convidou para que pudesse observá-lo e Jungkook agradeceu pela preocupação, sabendo que seu hyung não tinha a agenda muito tranquila. Foi-lhe dito que Jimin não iria acordar tão cedo, porque ele teve um sono induzido por medicamentos, mas Jungkook não conseguiu dormir até as quatro da manhã, quando um dos monitores começou a emitir um sinal sonoro irregular, de acordo com o batimento cardíaco do garoto.

A sala é iluminada apenas por uma lâmpada e é estranha, então Jimin acorda assustado, os olhos vagando pelo espaço e depois em direção ao próprio pulso, envolto em um curativo limpo. Ele estremece e tenta se mover, então Jungkook decide tentar acalmá-lo.

— Jiminie, tente não se mexer, anjo.

Assim que suas esferas marrons encontram os olhos do tatuador, elas ficam cheias de alívio por ele estar vendo seu namorado e por não estar sozinho.

— Eu sinto muito. — Ele sussurra, sua voz rouca, os nós dos dedos embranquecendo quando ele agarra o cobertor que cobrem a metade inferior de seu corpo. Jimin não pretendia ir tão longe e assim que percebeu que a morte era uma possibilidade, ele entendeu que não era o que queria para si mesmo. Jungkook oferece a garrafa de água sem gás que comprou para ele e o ajuda a beber, seus dedos suavemente escovando as lágrimas.

— Tente voltar a dormir, pequeno.

— Eu não posso e... — Jimin engole em seco, sentindo-se impotente. — Sinto muito, Kookie. — Ele derrama tudo: desde os vídeos que recebeu até ter olhado seus textos quando não deveria, suas inseguranças e encontrar Daeshim. Ele não tem idéia se o relacionamento deles vai ser salvo porque ele está ferrado demais, mas ele percebe que Jungkook está chorando baixinho quando finalmente termina e a imagem parte seu coração.

O tatuador parece arrasado e suas mãos unidas tremem muito enquanto gotas de lágrimas continuam rolando por suas bochechas. Ele as limpa em todas as ocasiões, mas precisa de algum tempo para conseguir falar. A quietude está matando Jimin.

— Por que você não acredita em mim? — A pergunta sai quebrada, dor e desesperança entrelaçando cada palavra. — Por que você não confia em mim quando digo que te amo?

— Sinto muito, Jungkook.

— Eu tento tanto... eu fiz o meu melhor para ser bom para você e você ainda voltou para ele. — Foi exatamente como Daeshim disse a ele durante aquele telefonema e nada fará Jungkook acreditar que não acontecerá de novo e de novo. É o primeiro relacionamento real que Jungkook tem e passar por toda essa provação o faz lembrar o por que ele escolheu o BDSM em primeiro lugar: para que não tenha seu coração pisado. É extremamente tóxico o que eles tem: uma história de amor não deveria envolver mentiras e coisas ocultas.

— Por favor, não chore, por favor. — Jimin sussurra. — Tudo o que faço é magoar e desapontá-lo. Vou deixar você em paz... — Talvez ele não deva estar em um relacionamento, por mais que se sinta sozinho. — Eu amo você, mas eu...

— O médico que cuidou de você me disse que deveria ser transferido para a ala psiquiátrica. — Os médicos perceberam seus braços marcados e qualquer um que carregue tais sinais está obviamente perturbado em algum nível, incluindo Jimin. O garoto fica surpreso, mas cansado demais para protestar, sem saber como responder, sobre o que é melhor para ele. — Você voluntariamente tentou... — Suicídio, Jungkook não consegue dizer essa palavra. — Ou foi um erro (acidente)?

— Foi um erro, eu nunca quis me matar, eu juro. — A notícia é um pouco aliviante, mas eles ainda estavam em um hospital e Jimin ainda poderia ter morrido: erro ou não.

— Você deveria concordar em ir para lá.

O garoto assente com a sugestão, o lábio inferior tremendo por causa de uma pergunta não dita: e nós?

— Você pode ir para casa agora, Jungkook. Você não precisa ficar. — Sua mente está gritando 'por favor, não vá', mas ele não é egoísta o suficiente para prender o homem que ama de maneira tão abusiva. O tatuador não lhe deve nada, ele merece ser feliz e, se feliz significa ficar longe dele, que assim seja. Ele força um sorriso, mas as lágrimas estão traindo suas verdadeiras emoções.

Jungkook fica ao seu lado até a manhã seguinte, quando Taehyung começa a chorar e ele se certifica de que o garoto de cabelos rosas ​​não ficará sozinho.

Jimin concordou em permanecer na enfermaria psiquiátrica por uma semana, mesmo que estivesse com medo do remédio e do estigma que o seguiria. Todo mundo veio vê-lo e todos trouxeram pequenos presentes, principalmente flores e balões flutuantes, que era uma pobre tentativa de embelezar o horrível evento. Ele observou seus amigos irem um a um, enquanto o horário de visitas terminava e o último foi Jungkook, seus olhos vazios enquanto acenava para ele. O mais velho parecia uma bagunça ambulante, ainda pior do que o garoto hospitalizado e Jimin entendeu que era a expressão de alguém que nunca mais voltaria.
 
  
  
 

CONTINUA ☾ ◌ ○ °•
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📝 Então... Tenho certeza que esta é a angústia mais angustiada que já escrevi. Espero que ninguém tenha sido acionado por causa do conteúdo desta atualização e espero que você esteja curioso para ver como isso irá progredir; vamos apenas confiar em ambos no momento. Eles precisam pensar muito. Obrigado pela leitura, como sempre! Seus comentários me deixa muito, muito feliz. Cuide-se!

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