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Celia James
Medo.
Era isso que eu sentia enquanto me arrumava para a escola. Coloquei uma calça de moletom azul escuro e um top branco, junto com meu all-star preto. Deixei meu cabelo solto e fiz uma maquiagem básica, apenas rímel, blush e gloss.
Peguei minha mochila e desci as escadas. Meu pai estava tomando café, mas minha mãe não estava à vista.
"Bom dia, pai", disse.
"Bom dia, filha", ele respondeu e logo acrescentou, "Provavelmente não estarei mais aqui quando você voltar da escola."
"Ah, pai, vou sentir muito sua falta", disse, abraçando-o.
"Eu também, meu amor. Bom, sua aula começa às 7:30, e agora já são 6:55. Acho melhor você ir indo."
"Verdade. Tchau, pai!"
Fui até a garagem, peguei minha bicicleta ciano e comecei a pedalar em direção à escola, ouvindo "Love Story" da Taylor Swift. As ruas estavam tranquilas, com poucas pessoas saindo de casa tão cedo. Eu observava as casas e árvores enquanto pedalava, tentando distrair minha mente do nervosismo crescente.
Quando cheguei na escola, notei que ela estava melhor do que antes. Haviam reformado algumas partes e a fachada parecia mais moderna. Coloquei minha bicicleta no bicicletário e entrei. Todos pareciam me olhar e algumas pessoas cochichavam coisas como "essa menina é nova?" ou "ela já não estudava aqui?". Pelo visto, não fui completamente esquecida.
A escola estava cheia de alunos andando pelos corredores, conversando e rindo. Senti um frio na barriga, mas continuei em frente, tentando parecer confiante. Fui até a diretoria, agradecendo a Deus por estar no mesmo lugar de sempre. Bati duas vezes na porta e ouvi alguém me convidar para entrar.
"Bom dia! Sou Celia James, vim buscar meus livros e minha grade de horários", disse, me dirigindo à diretora.
"Bom dia! Aqui está sua grade e você pode pegar seus livros na sala ao lado, é só falar seu nome."
"Obrigada", respondi educadamente e fui pegar meus livros.
Peguei meus livros e, ao sair, acabei esbarrando em alguém.
"Ei, cuidado onde você anda!", exclamou um menino de forma grosseira.
"Desculpa aí, garoto", respondi no mesmo tom.
"Espera aí", ele parou após dar dois passos. "Você aqui, Celia? Pensei que nunca mais veria você por aqui!"
"Ah, é você, Goldfarb", revirei os olhos. "Ainda grosso como sempre, vejo."
"Então, minha loirinha está de volta", disse ele, sorrindo para mim.
"Eu não sou a SUA loirinha", falei dando ênfase na palavra "sua".
"É o que vamos ver", ele disse, saindo andando.
Garoto bobão.
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Quebra de tempo
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Já tinha entrado na sala e estava sentada em uma das cadeiras do fundão, afinal, não estava muito afim de prestar atenção na primeira aula. Eu estava morrendo de sono.
"Ah, meu Deus, é você mesmo, Li?", ouvi a voz animada da Stacy Friedman.
"Oi, Stacy", sorri para ela.
"Por que não me contou que iria voltar? Se soubesse, a gente já podia ter marcado de fazer alguma coisa com mais antecedência!"
"Não tinha seu número e foi tudo em cima da hora."
"Entendi. Bom, daqui a pouco a professora chega. Na hora do recreio, me encontra na frente da biblioteca. Vou te apresentar as meninas!"
"Beleza."
E então, a professora chegou. A primeira aula era história, o que significava que eu não prestei atenção em nada! Minha cabeça estava longe, cheia de pensamentos sobre como seria voltar a estudar ali e rever as pessoas.
Finalmente, o sinal do recreio tocou, uma das melhores partes do dia! Só perde para a hora de ir embora. Eu não estava nem há um dia na escola e já queria me jogar de um prédio! Fui em direção à biblioteca. Por sorte, nem era tão longe da sala onde eu estava, então foi fácil encontrar. Lá estavam Stacy, Lydia e mais duas meninas que eu não conhecia.
"Oi, gente!"
"Oi, Li", disse Lydia. "Bom, essas são Nikki", apontou para a ruiva, "e Julia", apontou para a menina de cabelos cacheados.
"Prazer, meninas."
"O prazer é todo nosso!", responderam as duas em coro.
"Bom, que tal irmos para o pátio?", sugeriu Stacy.
"Vamos!"
Seguimos em direção ao pátio e sentamos em uma mesa qualquer. A manhã estava agradável, e o sol brilhava, deixando tudo mais bonito.
"Eu preciso descobrir algo para o meu Bat Mitzvá logo", disse Nikki, a menina de tranças. "Quanto tempo será que demora para virar uma influenciadora ativista no TikTok?"
"Seis meses?", respondeu Julia, a menina de cabelo curto.
"Muito tempo."
"Ainda bem que meu aniversário já foi", falei, levantando os braços para o céu em alívio.
"O que você fez no seu Bat Mitzvá?", perguntou Julia.
"Eu não fiz! Na minha antiga cidade, não praticava muito a nossa religião, então tive uma festa normal: bolo, parabéns, amigos, essas coisas."
"Que sorte, porque planejar isso está muito difícil", comentou Lydia.
"Precisamos relaxar. O que vão fazer sábado? Minha mãe vai viajar", disse Nikki, tentando mudar de assunto.
"Você vai dar uma festa?", perguntou Stacy, animada.
"A festa das bobonas", brincou Julia.
"E se eu desse uma festa de verdade?", disse Nikki.
"Bom, meu pai tá viajando!", falou Lydia.
"Você mesma pode dar uma festa. E sem excluir ninguém do sétimo ano", sugeriu Stacy.
"Celia, você podia mandar alguns vídeos seus? Eu queria fazer um vídeo de compilados engraçados de nós!", perguntou Stacy.
"Claro!", respondi.
De repente, notei que Stacy começou a olhar fixamente para algo. Lydia também começou a olhar na mesma direção. As duas estavam literalmente BABANDO. Quando olhei para ver o que era, percebi que estavam olhando para o idiota do Andy Goldfarb.
Ele gritou um "Cuidado!", mas já era tarde demais. A bola já havia batido no rosto de Stacy, que estava agora caída no chão. Fui direto ajudar a levantar, com a ajuda de Lydia. Quando Stacy se levantou, olhou que nem boba para Andy.
Um menino de cabelo enroladinho veio direto perguntar se ela estava bem, mas ela ignorou. Quando Andy perguntou, ela ficou olhando para ele como se ele fosse um herói.
A MENINA ACABOU DE LEVAR UMA BOLADA NA CARA E ESTAVA BABANDO NO MENINO.
"CLARO QUE ELA TÁ BEM! VOCÊ NEM ACABOU DE TACAR A BOLA NA CABEÇA DA MENINA!", gritei para Andy.
Andy fez um gesto meio estranho e foi embora.
Matteo, o menino de cabelo enrolado, estava preocupado, perguntando se ela queria água.
E foi aí que eu parei de prestar atenção na conversa delas. As meninas começaram a fofocar sobre quem gostava de quem, e eu fiquei ali, tentando entender como minha vida tinha mudado tanto em tão pouco tempo. Estava de volta à cidade onde nasci, na escola onde estudei, mas tudo parecia tão diferente. Eu só queria que esse dia acabasse logo.
Mas, ao mesmo tempo, era bom estar de volta. Eu estava com minhas amigas novamente, e mesmo com todos os dramas, me sentia em casa.
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▪︎ Revisada
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