𝐏𝐑𝐎𝐋𝐎𝐆𝐔𝐄

capítulo zero
prólogo

" Os Bridgertons são, de longe, a família mais fértil da alta sociedade. Essa qualidade da viscondessa e do falecido visconde é admirável, embora se possa dizer que suas escolhas de nomes para os filhos sejam bastante infelizes. Anthony, Beatrice, Benedict, Colin, Daphne, Eloise, Francesca, Gregory e Hyacinth. É claro que a organização é sempre algo benéfico, mas seria de esperar que pais inteligentes fossem capazes de manter os filhos na linha sem precisar escolher seus nomes em ordem alfabética.

Além disso, a visão da viscondessa e de todos os seus nove filhos num único ambiente é o bastante para que se ache que está vendo dobrado, ou triplicado, ou pior. Esta autora nunca tinha presenciado um grupo de irmãos tão absurdamente parecidos. Embora a autora não tenha memorizado as cores de seus olhos, todos os nove têm estruturas ósseas semelhantes e os mesmos cabelos grossos e castanhos. É lamentável que a viscondessa, que está atrás de bons casamentos para a prole, não tenha tido filhos mais elegantes. Ainda assim, há vantagens numa família de aparência tão consistente: não há dúvida de que todos são legítimos.

Ah, gentil leitor... Sua dedicada autora gostaria que fosse assim entre todas as grandes famílias...

CRÔNICAS DA SOCIEDADE DE LADY WHISTLEDOWN, 26 DE MARÇO DE 1813"

—Aaaaaaaahhhhhhhhhh!—A Viscondessa Bridgerton amassou o jornal de apenas uma página numa bola e o atirou para o outro lado da sala de estar.

Daphne, sua segunda filha, arregalou os olhos pelo estouro da mãe sem compreender do que se tratava.

Por outro lado, Beatrice fingiu continuar apenas concentrada em seu bordado e não deu atenção ao chilique da mãe.

—Leram o que ela escreveu?

—Não tivemos a oportunidade antes de a senhora, bem...terminar.—Beatrice falou com uma calma invejável que disfarçava a curiosidade sobre o porquê sua mãe ter se exaltado.

—Pois leia!

A mais velha das irmãs foi em direção a bola feita de papel e desamassou, logo em seguida lendo todo o conteúdo que tinha no folhetim. Ela prendeu um riso e depois de ler o entregou a Daphne.

— Não é tão ruim, mãe. Na verdade, é uma bênção comparado ao que ela escreveu sobre os Featheringtons na semana passada.—Daphne disse tentando tranquilizar sua mãe.

—Ela chamou a lady Featherington de cafona e indelicada.—Beatrice riu ao lembrar-se.—Ao menos lhe chamou de inteligente, mamãe.

—Como posso conseguir maridos para vocês com essa mulher difamando nossos nomes?—Violet escolheu ignorar o comentário sarcástico da filha.

Beatrice se obrigou a respirar fundo. Depois de cinco temporadas em Londres, a simples menção da palavra "marido" era suficiente para fazer sua cabeça latejar.

Não a leve a mal, antes ela queria se casar, de fato queria, e não estava sequer sonhando com um amor verdadeiro. Mas desejar um marido por quem tivesse ao menos um pouco de afeição era pedir muito?

Até então, sete homens haviam pedido sua mão, mas quando pensara em viver o resto de seus dias na companhia de qualquer um deles, Beatrice simplesmente não conseguia aceitar. Havia vários cavalheiros que ela acreditava que poderiam ser maridos razoáveis, mas o problema era que nenhum deles estava de fato interessado nela.

Ah, eles gostavam dela. Todo mundo gostava dela. Todos a achavam divertida, gentil e bem-humorada. Todos eles a consideravam bonita, mas também não ficavam hipnotizados por sua beleza , sem fala diante de sua presença , nem inspirados a compor poemas em sua homenagem.

Beatrice imaginava que sua irmã Daphne seria exatamente o contrário dela. Daphne era a mais bela entre suas irmãs, não possuía tantos pensamentos intrusivos como a maioria dos Bridgerton, ela era em sua opinião exatamente o que qualquer homem bom iria querer em uma esposa.

Ninguém parecia inclinado a cortejar alguém como Beatrice. Todos a adoravam, ou ao menos era o que diziam, porque ela era muito simpática e parecia entendê-los.

Certa vez, um dos homens que Beatrice julgara que poderia ser um marido aceitável dissera: "Por Deus, Bia, você não é como a maioria das mulheres. Você é absolutamente normal." Ela poderia ter considerado isso um elogio, se ele não tivesse saído para correr atrás da beldade loira mais jovem e bonita do que ela.

—Tenho certeza de que essa Lady Whistledown não vai prejudicar nossas chances de encontrar um marido.—Ela saiu de seus pensamentos ou sentir Daphne tocar seu ombro e proferir tais palavras.

—Daphne, já faz cinco anos!—Beatrice disse com seu semblante exausto.—Ela escreve há apenas um mês de modo que não vejo como a culpa de eu não ter um marido possa ser dela.—Dessa vez suas palavras são dirigidas especificamente à sua amada mãe.

—Posso culpar quem eu quiser.—resmungou Violet.

Beatrice respirou fundo se esforçando para conter as palavras. Sabia que sua mãe tinha as melhores intenções, que a amava. E o amor era recíproco. Na verdade, até Beatrice chegar à idade de ser desposada, Violet com certeza havia sido a melhor das mães. Ainda era, quando não estava desesperada pelo fato de que, depois de Beatrice, tinha mais quatro filhas para casar. E o pior de tudo: as novas debutantes seriam apresentadas amanhã e Daphne seria oficialmente apresentada à sociedade. Violet com certeza estava com os nervos a flor da pele.

—Ela disse infâmias sobre nossa linhagem.—Violet continuou retrucando.

—Não!—Afirmou Beatrice com certa cautela.—Na verdade, o que ela disse foi que não poderia haver dúvida de que somos todos legítimos. Isso é mais do que se pode dizer da maioria das grandes famílias da sociedade.

—Ela não deveria sequer ter mencionado isso.—falou Violet, torcendo o nariz.

—Mamãe, ela escreve um jornal sensacionalista. Faz parte do trabalho dela falar desse tipo de coisa.

—Ela nem sequer é uma pessoa de carne e osso.—Acrescentou a viscondessa, irritada. Ela pousou as mãos nos quadris, então mudou de ideia e sacudiu o dedo no ar.—Whistledown, rá! Nunca ouvi falar de nenhuma Whistledown. Quem quer que seja essa mulher perversa, duvido que seja uma de nós. Como se alguém de berço fosse escrever mentiras tão ferinas...

—É claro que ela é uma de nós.—disse Beatrice, com ar divertido.—Se não fosse membro da sociedade, não teria conhecimento do tipo de notícia que dá. A senhora acha que ela é uma espécie de impostora, que espia através de janelas e escuta atrás de portas?

—Não estou gostando do seu tom, Beatrice Bridgerton.—Advertiu Violet, estreitando os olhos.

A jovem tentou conter uma risada. "Não estou gostando do seu tom" era a resposta padrão de sua mãe quando um dos filhos estava ganhando uma discussão. Mas era muito divertido provocá-la.

—Bem, pelo que me lembro, quando ela escreveu sobre os Featherington mencionou principalmente Portia.—Daphne disse para tirar a fala de sua irmã, porque sabia que ela se divertia em irritar sua mãe de vez em quando.

—E é claro que ela sente necessidade de descrever tudo até mesmo algo insignificante sobre o quanto o vestido não valorizou lady Featherington.

—Ah, por favor, mamãe. A senhora sabe que a lady Featherington sempre fica horrorosa de roxo.

Violet tentou não sorrir. Ambas as irmãs viram os cantos dos lábios da mãe se retorcerem
enquanto ela tentava manter a compostura que considerava adequada a uma viscondessa na presença das filhas. Mas, em dois segundos, estava sentada ao lado de Beatrice no sofá.

—Beatrice Bridgerton, não estou...

—... gostando do meu tom, eu sei.—A jovem sorriu.—Mas a senhora me ama.

Violet sorriu calorosamente e passou um braço sobre o ombro da filha.

—Isso é verdade, amo mesmo.

—É a maldição da maternidade. A senhora precisa nos amar mesmo quando nós a irritamos.

—Espero que um dia você tenha filhos...

—... exatamente como eu, eu sei.—Ela deu um sorriso melancólico e apoiou a cabeça no ombro de Violet. A mãe era questionadora em excesso e o pai se mostrara mais interessado em cães e caçadas do que em assuntos da alta sociedade, mas os dois haviam tido um casamento afetuoso, cheio de amor, alegria e filhos. E Beatrice se pegou novamente presa em seus pensamentos de que a essa altura seria melhor desistir de um casamento por amor, como sua mãe sempre insistia em afirmar que todos os seus filhos teriam. Talvez ela até mesmo tivesse sorte de chegar a se casar, já que era considerada uma solteirona aos vinte e seis anos.—Eu poderia fazer coisas muito piores do que seguir seu exemplo, mamãe.

—Nossa, Beatrice.—Falou Violet, com os olhos se enchendo de lágrimas.—Que coisa encantadora de se dizer.

A jovem enrolou um cacho dos cabelos castanhos no dedo, sorriu e transformou o momento sentimental em provocação.

—Ficarei feliz de seguir seus passos em relação a casamento e filhos, mamãe, desde que eu não precise dar à luz a nove crianças.

Ela disse e levantou-se correndo antes que sua mãe atirasse umas das almofadas do sofá nela.


——Prólogo inspirado no primeiro capítulo do livro "O Duque e Eu" da série de livros Os Bridgerton's.

——Essa é apenas uma fanfic. Todos os créditos do universo dos Bridgerton's são destinados à maravilhosa Julia Quin e à Netflix.

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