Uma tempestade


Chovia demais. A água caia do céu com tanta força que os jardineiros do castelo temiam pelas roseiras recem plantarás no jardim. Era possível ver diversos funcionários correndo de um lado para outro no castelo, tentando ver se a ventania teria destruído algum lugar, ou se o lugar estaria molhado.

Mesmo sendo uma situação preocupante, Jeongguk não conseguia esconder o sorriso. Graças ao temporal que havia acabado de chegar, ele teria o dia livre. Ninguém se aventurava a andar pelas ruas do reino, o carteiro não tinha conseguido chegar até o castelo, não tinha trabalho. É aquilo não poderia o deixar mais feliz.

Com aquele dia de descanso, iria fugir e ir para a casa do loirinho que tanto o encantava. Fazia uns três meses desde a primeira vez em que se encontraram, e seu coração só faltava pular de seu peito só de pensar no lindo sorriso do outro. Claramente Jimin não sabia dessa visita que ele planejou, seria uma surpresa, e ele não conseguia ficar menos ansioso. Imaginar a carinha alegre que o outro faria quando o visse na porta de sua casa. Ah, tremia em excitação.

Contudo, ele possuía uma pequena pulga atrás da orelha. Tinha escutado o cardeal falando mais cedo que toda aquela chuva era a raiva de Deus. Ele descobrira que um de seus fiéis havia cometido um dos mais tenebrosos pecados. Quando foi questionado sobre quem era essa pessoa e o que ela havia feito, ele apenas respondeu para aguardarem. E se tinha algo que Jeon não era, era paciente.

Resolveu que, momentaneamente, deixaria esse assunto de lado. Mesmo que a curiosidade corroesse seu âmago, não valia a pena estressar-se com aquilo naquele momento. Tinha um maravilhoso dia pela frente, e não seria aquilo que ocuparia sua mente.

Seu pai, mesmo que não concordando com o relacionamento que ele mantinha, ele o ajudava em suas escapadas. Como todo pai, apenas queria ver o filho feliz. Contudo como um pai, não poderia concordar com algo que traria males ao Jeongguk.

Após conversar com o rei e avisar de sua saída, vestiu roupas que fossem confortáveis e que evitasse com que ele se molhasse tanto. Percorreu os túneis, reparando que eles se encontravam com paredes úmidas, tendo o chão levemente molhado, provavelmente por causa da chuva.

Quando enfim conseguiu sair do castelo, assustou-se com a visão que teve. Os galhos das árvores, junto das folhas, tinham sido arrancados e arrastados pelo vento. Algumas próprias árvores não haviam suportado aos fenômenos da natureza e, consequentemente, tombaram.

Mesmo o jovem príncipe já conhecendo os caminhos daquela floresta, teve que admitir para si mesmo que tudo tinha ficado um tanto confuso. Na verdade, também era um tanto triste. Aquele lugar era de extrema importância para si, cada canto dele tinha lembranças dele com Jimin, e ver esse local daquele jeito trazia dores ao seu coração. Mas aquilo não era o suficiente para impedi-lo de ir até o loiro. Ignorando a pontada de tristeza que sentiu, começou a percorrer a floresta, conseguindo chegar a uma estrada que levava a casa do outro.

Tinham descoberto aquele caminho a pouco tempo, mas ficaram extremamente alegres em ver o tempo que economizariam com ele.

A chuva estava forte. Caminhar por aquela estradinha de terra, repleta de lama, estava se tornando uma tarefa difícil. Suas botas já estavam repletas de lama e estava completamente encharcado. Qualquer um que o visse naquele estado, nunca diria que ele é um príncipe.

Para si, aquela situação era nova. Foram os raros momentos em que pode sentir a chuva tocar sua pele. Lama então? Era capaz de alguém jogar-se no chão para ele passar por cima, somente para não sujar seus sapatos.

O vento bagunçava seus cabelos, que sempre estiveram milimetricamente alinhados. Mordeu os lábios, sentindo a sensação de liberdade preencher seu peito. Livrar-se das normas, mesmo que pequenas, era um ato tão rebelde para si, sempre tão repreendido para andar na linha. Ele gostava tanto de poder viver do seu jeito. Andar quando quisesse, na direção onde quisesse. Responder o que quisesse e quando tivesse vontade. Dar-se a liberdade de ter uma respiração mais acelerada ou mais calma. Ter um olhar gentil, ou de raiva, ou até mesmo de tristeza. Poder ser humano.

Conseguiu avistar a casinha de Jimin. Ah, estava tão ansioso. Como será que o baixinho reagiria? Ele iria sorrir? Ou se irritar? Ou será que ficaria confuso? As dúvidas eram diversas, mas não conseguia desanima-lo.

Assim que conseguiu chegar na varanda, soltou um suspiro de alívio. Finalmente, um lugar seco. Seu corpo tremia. Estava frio, e adicionando seu corpo molhado pela chuva e o vento, era o suficiente para seus lábios ficarem meio arroxeados e seus dentes baterem.

Bateu na porta. Não queria passar nem mais um segundo naquele frio.

A porta foi aberta por um Jimin surpreso. Ele carregava embaixo de seu braço uma bacia, e seu rosto continha olhos arregalados e boca levemente aberta.

— Kookie! — berrou, puxando outro para entrar. — O que você faz aqui? Por que pegou essa chuva? Ai meu deus você vai ficar gripado!

Largou a bacia em qualquer canto, correndo até seu quarto para pegar uma roupa seca. Voltou com as roupas e, junto delas, uma toalha.

— Vai lá se secar! — Ordenou, fazendo Jeongguk bufar internamente. Ele estava parecendo sua mãe.

Tirou a capa preta que estava por cima de sua roupa, começando a desabotoar a blusa.

— Meu Deus menino, vai para o banheiro! — Park berrou, tapando o rosto com suas pequenas mãos.

— Por que? Você já viu tudo isso mesmo. — Deu de ombros, voltando a se despir ali mesmo.

Jimin sentiu seu rosto esquentar. Oras, que pirralho mais irritante aquele! Virou de costas, voltando a pegar a bacia e rumando para onde estava indo antes do outro bater na porta — a poça da água que estava em seu chão.

Tinha uma goteira em seu teto, e aquela droga tirava a sua paz nos dias de chuva. Já havia revirado seu próprio telhado, procurando alguma falha, na qual seria o motivo do vazamento, mas nunca achava nada. Apenas restava se conformar e cuidar para que não enxarcasse sua casa.

— Você não deveria dar um jeito no seu teto? — Perguntou o moreno, apoiando-se nos ombros do mais baixo enquanto analisava a goteira.

— Acontece que eu vivo procurando, mas nunca achei o motivo disto. — Resmungou, encostando suas costas no peito do outro, que agora já estava seco e se encontrava com suas roupas.

— Hm... — Olhou para cima, pensando. — É só trocar o teto todo. — Falou como se fosse uma resposta óbvia.

— O que!? — Berrou, desencostando-se de Jeongguk. Aquele garoto só podia ser maluco. — Você sabe quanto custaria isso? Nem todo mundo é rico... — resmungou a última parte, descontente.

Aquela resposta, na verdade, vez uma dúvida se acender dentro da mente do príncipe. Era verdade que nem todo mundo era rico. Já havia tido a oportunidade de observar com os próprios olhos que havia pobreza dentro de seu reino. Porém não sabia qual era o trabalho de Park. Nunca o escutou falar sobre, e pelo que aparentava, sua vida não era difícil.

— Jimin. — Chamou, obtendo a atenção do outro — Qual o seu trabalho?

Os olhos do loiro se arregalaram levemente. Nem tinha reparado que, naqueles três meses, não tinha contado para o outro sobre o seu ganha pão.

— Ah, eu sou tipo um artesão — Sorriu. Amava as habilidades que tinha, e também amava artes — Eu construo algumas coisas, tipo vasos, objetos de madeira, decorações... Bastante coisas até. Eu vou nas feiras que tem no meio da Vila e vendo.

Aquilo era um tanto constrangedor. Já estavam juntos fazia um tempo, mas sabiam tão pouco um do outro.

— Kookie... — Falou manhoso, abraçando o moreno. — Por que você veio aqui hoje? Não estou reclamando, mas é que nós nem tínhamos combinado nada... — Fez um leve bico com os lábios. Amava a companhia do outro, mas se soubesse que ele vinha ele teria feito deliciosas comidas.

Se tinha algo que ele gostava, era de cozinhar para o namorado. Namorado. Gostava tanto dessa palavra. Nem sabia se podia, de fato, definir a relação dos dois assim, já que nunca houve um pedido, contudo era basicamente o que eles eram.

— Graças a chuva eu tive meu dia livre — Sorriu, acariciando a bochecha do Jimin com seu nariz, aproveitando e cheirando a pele do outro. Ele era sempre tão perfumado, tão delicioso. — Sei que não programamos, mas assim que eu soube que estava livre das minhas tarefas... eu não aguentei. Tive que vir aqui te ver.

Jimin, por mais que tentasse, não conseguiu esconder o sorriso que surgiu em seu rosto. Como o moreno conseguia ser tão fofo? Ah, era tão injusto aquilo! Ele era sensível a fofura.

Sem conseguir aguentar mais, o puxou para um beijo. Eles disputavam por espaço, cada um criando sua própria guerra. Park pressionava seus dedos na cintura fina de Jeongguk, enquanto este puxava os fios loiros na nuca alheia.

— Ah amor, eu senti falta de você — O mais baixo falou quando se separaram, fitando os olhos do príncipe.

— Eu... senti falta de você. Do seu sorriso. Do seu corpo.

Se Jimin pudesse, ele enfiaria seu rosto embaixo da terra. O moreno sempre falava coisas que o envergonhavam, o deixando sem jeito.

Ele enfiou seu rosto no pescoço do outro, escondendo a sua vermelhidão, provocando riso no Jeon. Segurou o rosto do loiro entre a palma de suas mãos, trazendo seu rosto em sua direção, para selar os lábios novamente.

Sentia-se como se tivesse achado o lugar onde desejasse ficar para o resto da vida. Contudo, não era um lugar físico. Era dentro daqueles braços.

Era possível escutar o ruído das gotas caindo na bacia, o som da água batendo na telha da casa. E o barulho dos beijos trocados.

Eles ainda estavam um tanto inseguros. Jeongguk ainda conhecia diversas garotas, pretendentes em potencial para o cargo de futura rainha. Aquilo era incômodo. Saber que, no futuro, não poderiam estar juntos.

O moreno tentou esconder aquilo o máximo possível, porém Park percebia seu desconforto quando conversavam sobre determinados assuntos relacionados às visitas do castelo. Quando ele soube, ao invés das lágrimas e discussões que o moreno acreditara que fosse ocorrer, o loiro apenas disse um leve "tudo bem". Concordaram que apenas aproveitariam o momento e que, apenas quando o futuro chegasse, cuidariam dele.

Desde então entraram em um delicioso relacionamento. Noites de amor, palavras carinhosas, conversas sobre os mais diversificados assuntos. Jimin já havia, até mesmo, emprestado diversos livros ao príncipe, e assim que este acabava o livro discutiam horas e horas sobre.

Não era um relacionamento carnal. Eles envolviam tudo que sentiam, e davam tudo que eram.

Estavam deitados no aconchegante sofá do loiro. A chuva ainda estava forte e já tinha anoitecido. Concordaram que dariam mais um tempo e sairiam, para levar Jeon de volta a sua casa. Enquanto isso, eles conversavam sobre os mais banais assuntos, com o moreno deitado no peito do outro.

— Mas Jimin, eu ainda não acho que Gladstone seja o melhor nome para um bebê.

— Eu sei. Eu também acho o nome horroroso, mas eu nem sou o pai da criança para ter de gostar ou não. Sem falar que seria muito deselegante desejar os meus parabéns para o filho alheio falando "parabéns pelo neném ter nascido saudável, contudo você é péssima escolhendo nomes". — os dois riram da voz forçada feita pelo loiro, ao fingir conversar com sua amiga.

— Ainda acho um péssimo nome. E uma grande maldade com a criança. — Fez um bico, o que encheu o peito de Jimin de vontade de apertar e morde-lo.

Em meio a todo aquele clima imensamente agradável, Park começou a sentir as pontadas nas costas. O desespero percorreu seu corpo. Como assim? Lembrava-se de já ter tomado o remédio naquele dia? Ele já não era mais o suficiente para o dia inteiro?

Conforme a dor se alastrava pelas costas, ele começou a franzir o cenho. Evitava soltar algum grunhido, para não assustar Jeongguk, mas a cada segundo que passava tornava-se mais difícil.

— J-Jeon... — Tentou chamar a atenção do outro. — Sai... sai de cima d-de mim.

Tentava tirar o outro de cima de si de maneira delicada. Precisava chegar até seu remédio, só assim para curar de sua dor.

— Jimin? — Virou-se rapidamente para o loiro, preocupado com a voz do outro, que soara tão sofrida. Assustou-se com a expressão do outro, estava angustiada. — O que houve? Por que você está assim? Está sentindo alguma coisa?

O moreno levantou, preocupado com o estado do namorado. Assim que pode levantar, Jimin o fez, contudo acabou caindo no sofá soltando um alto gemido de dor.

Ao se levantar, a dor triplicara. Suas costas pareciam estar sendo quebradas, retorcidas. A dor propagava-se em suas pernas, que já não sustentavam mais o peso do seu corpo.

— Kookie... — Fechou os olhos com força, tentando controlar as lágrimas que imploravam para descer — P-pega... remédio.

— Que? Que remédio? Onde? — O príncipe estava entendendo nada. Estava entrando em desespero, ele conseguia observar o sofrimento do loiro e ele fazia a menor ideia do que o outro tinha e do que teria que fazer.

— Está- — Engoliu o ar, tentando arranjar forças para falar — n-no armário. Da cozinha.

Jeongguk, no instante seguinte, saiu em disparada para aquele cômodo. Começou a abrir a porta de todos os armários, procurando desesperadamente por qualquer coisa que tivesse a aparência de remédio. Suas mãos tremiam e ele derrubava tudo que via pela frente, tentando achar.

— Jimin! — Berrou — Como ele é? Qual a aparência dele?

O loiro já derramava lágrimas pela dor. Céus, como aquilo doía. A cada segundo que passava apenas piorava.

— Ele... — Sua voz falhou, o fazendo engolir em seco e tentar novamente — Ele e-está em um frasco... É r-roxo.

Assim que acabou de falar isso, começou a se contorcer. A dor era demais para si, não conseguia nem mais raciocinar.

Já na cozinha, o príncipe abria todos os armários para procurar o maldito frasco de conteúdo roxo. Suas esperanças de acha-lo já estavam baixas, havia olhado em quase todos e não conseguia encontrar. Porém, bem na lateral de um armário, como se estivesse escondido, achou um pequeno frasco de vidro. Dentro dele estava um líquido roxo, um tanto viscoso e de aparência um tanto duvidosa.

Correu de volta para a sala, vendo uma cena de doeu seu coração. Jimin contorcia-se no sofá, os pequenos olhos espremidos, com o rosto banhado de lágrimas enquanto soltava grunhidos.

— Calma meu amor, calma. Eu to aqui. Peguei o remédio. — Tirou a tampa, conseguindo sentir o odor. Era adocicado, agradável.

Segurou a cabeça do loiro, a levantando um pouco para que não engasgasse. Em seguida, despejou o líquido em sua boca, observando o outro engolir tudo.

Seu efeito não era imediato, e Jimin já sabia daquilo. Mesmo após beber, ainda chorava até chegar a soluçar. O moreno estava sentado no chão, ao seu lado. Acariciava os fios loiros, completamente preocupado com o outro. Não sabia o que tinha acontecido, não sabia o que era aquilo. Apenas sabia que um remédio roxo, de aparência suspeita, poderia ser a única coisa que melhoraria o seu pequeno anjinho.

Aos poucos, ele foi escutando o choro diminuir. Os soluços, antes tão constantes, estavam em uma frequência mais baixa. O remédio estava fazendo efeito. Levantou rapidamente, ficando de joelhos ao lado do amado.

Observou sua face. Alguns fios grudavam em sua testa, por conta do suor que se encontrava ali. Seus olhos estavam fechados e era possível ver o rastro das lágrimas. Seu nariz tinha a ponta avermelhada e seus lábios estavam inchados, pelo tanto que Jimin mordeu enquanto sentia as dores. Entretanto, ele ainda era maravilhoso. Talvez Jeon soasse como um bobo apaixonado, talvez ele até seja isso mesmo, porém o loiro ainda tinha a aparência extremamente angelical.

— Jimin... — acariciou o rosto cansado do outro, tendo como resposta o outro abrindo os olhos, prestando atenção em si — o que você está sentindo? Por favor fale comigo.

— Eu já estou bem — deu um sorriso fechado. Sabia que o outro pediria explicações, tais que ele não queria dar. Não estava preparado para contar sobre aquilo, não queria ver as reações do moreno ao saber.

— Tem certeza? Não sente mais nenhuma dor?

— Não — deu um suspiro cansado — sinto mais nada.

Pode ver o príncipe dar um sorriso de alívio. Estava preocupado demais com o menor. Em um segundo ele estava bem, fazendo piadinhas com ele, e no outro estava chorando de dor. Não entendia mais nada.

— Jimin, o que foi que aconteceu? O que você teve?

Tais perguntas fizeram o loiro gelar. Não queria, não podia responder. Jeongguk não entenderia. Ninguém entende.

— Por favor... — acabou sussurrando — por favor não me faça responder isso.

— Mas você quer que eu apenas esqueça o que acabou de acontecer? Esqueça que você estava chorando de dor a poucos minutos? — revoltou-se. Não é como se não estivesse preocupado. Precisava saber o que aconteceu, precisava saber o que Jimin tinha.

— Não dá para explicar. — olhou para baixo, procurando alguma distração no chão — Pelo menos, não agora.

— Você não confia em mim o suficiente para contar? É isto? — perguntou, obtendo somente o silêncio como resposta.

O moreno levantou. Agora estava irritado. Como assim ele não confiava em si? Ele fez de tudo pelo loiro. Ele teve sua primeira vez com ele, ele fugia do castelo somente para que eles pudessem se encontrar, ele estava indo contra os mandamentos da igreja por ele. Céus, ele falara do loiro até para seu pai!

Sentia como se tivesse sido traído, e talvez até quisesse chorar se não estivesse tão afobado no momento.

— Olha, eu... — começou uma frase, mas parou no início, mudando de idéia. — Bem, quer saber? Eu vou para casa.

Pegou a capa, que estava secando até o momento. A vestiu, enquanto caminhava em passos largos e pesados até a porta.

— Jeongguk, espera! — O loiro levantou correndo, chegando rápido o suficiente para conseguir segurar o braço do outro antes que ele tocasse a porta. — Não é como se eu não confiasse em você. Nossa, eu confio muito! Mas é que sou eu. Eu não estou pronto para falar disso. — Apertou o braço do mais alto, fazendo com que o mesmo virasse para si.

Quando seus olhos encontraram a face do loiro, chocou-se com a visão que teve. Seu rosto já estava banhado em lágrimas novamente. Porém agora não era por culpa da dor maluca, e sim por causa da ideia do outro partir.

— Por favor, me entenda — mordeu o lábio inferior — eu juro que eu vou contar. Só não vai ser... agora.

Suspirando, Jeon tirou a mão do outro de seu braço. Não é como se não estivesse magoado. Ele estava, e muito. Porém aquela discussão, naquele momento, não resolveria nada, apenas traria mais mágoas.

— Tudo bem. — Pôs a mão nos fios loiros, fazendo um breve carinho. Algo semelhante ao que os pais faziam quando os filhos eram elogiados por suas professoras. — Eu vou para casa agora. Depois conversamos melhor.

Dito isso, pegou um pequeno lampião que estava aceso ao lado da porta, e saiu da pequena casinha do loiro. Talvez aquilo fosse melhor. Talvez, se continuassem naquela conversa, ela acabasse tomando um rumo muito mais desagradável do que já estava.

Jimin estava ainda parado na mesma posição, olhando para baixo enquanto lágrimas caiam de seus olhos, percorrendo seu belo rosto, até finalmente pingarem no chão. Mais cedo ele tentava secar o chão, já agora era ele quem molhava.

Se sentia um idiota. Ele era um idiota. Como pode magoar aquele que mais amava? Ele era a pessoa mais próxima de si, era o único em que confiava. O único em que não queria, de jeito nenhum, que saísse do seu lado. Cada adeus já era doloroso, contudo naquela única vez em que não o disseram acabou sendo a mais dolorosa de todas.

Já o príncipe andava frustrado pela rua escura, deserta e molhada. Não era como se temesse algo, mas ele apenas sentia-se desconfortável por ter de andar sozinho nas ruas, quando podia estar aproveitando o calor dos braços do amado. Chegava a ser frustrante.

Percorreu a floresta, tomando muito cuidado para não se perder, visto que a paisagem do caminho havia sofrido uma drástica mudança. Doía a visão. Suas lembranças com o Jimin, em sua maioria, eram naquele local. Agora, já não tinha mais coisas físicas que servissem como memória. Havia somente aquilo que estava em suas cabeças.

Adentrou no castelo, seguindo pelos túneis até seu quarto. Era incrível como sentia que o quarto do loiro era mais seu quarto do que aquele cômodo onde dormia todas as noites.

Trocou de roupa, pondo seu pijama de seda. Nao sabia o que fazer com as roupas que usara naquele dia. Estavam molhadas e sujas de lama, e ninguém poderia ver aquilo, porque caso vissem, desconfiariam. Resolveu esconde-las, até que pensasse no que faria.

O seu único desejo era apenas se tacar na cama e dormir, o que foi exatamente o que ele fez.

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