Um príncipe?

Acordou com uma bela e aveludada voz cantando uma linda melodia, que lhe lembrava uma antiga cantiga de ninar, uma que sua mãe sempre cantava antes de ir dormir.

Um sentimento de nostalgia preencheu seu peito e, movido pela curiosidade, abriu os olhos.

Se assustou. Não se lembrava daquele local, aquele não era seu quarto. Era todo de madeira, tanto as paredes, quanto à porta e a janela. Além das cômodas e da cama, o quarto possuía uma estante, que estava repleta de livros. Pela luz que passava pela janela, era possível ver que já estava no fim da tarde, faltando pouco para anoitecer.

Forçou um pouco a memória e se lembrou da queda que teve. Também se lembrou do anjo que apareceu.

Céus, aquela queda deve ter sido muito feia, estava a ver até anjos.

Ficou forçando a mente, tentando se lembrar de como parou ali. Estava tão concentrado que nem reparou na figura que lhe observava, apoiada no batente da porta. Se assustou quando escutou uma voz.

- Que bom que acordou. Já estava preocupado.

Olhou para a figura. Aquela voz era a mesma que cantava, e a figura era a mesma da floresta. Era belíssima, com cabelos loiros que lembravam fios de ouro e olhos tão azuis quanto o céu. Era tão angelical e belo que lhe lembrava as pinturas dos santos que tinha na igreja, também lembrando as estátuas de anjo que tinha espalhado nos jardim.

Era a junção das coisas mais belas que já havia visto. Não dava para parar de olhar, o fascinava, o hipnotizava.

- Eh, você está se sentindo bem? Consegue me entender? - Desconfortável, se aproximou do moreno, que ainda estava deitado na cama, o encarando.

- Uh - Saiu do estado em que se encontrava, percebendo que o outro havia falado consigo. Até a voz dele era perfeita. Era ele quem cantava a música que escutou quando acordou - E-estou bem. Aonde estou?

- Na minha casa, no campo - Se aproximou um pouco da cama, mas ainda estava a uma distância considerável - Eu... te achei desacordado na floresta. Estava com um machucado na testa. Fiz um curativo, espero que não se importe. Te tirei de lá. É um local perigoso, não te aconselho a voltar lá.

- P-perigoso? O que há de mais lá? Espera, você falou com alguém sobre mim? Falou que eu estava aqui? - Se desesperou com a possibilidade do anjo a sua frente tivesse contado sobre alguém sobre si. Imagina se contasse aos guardas? Ele nunca mais iria poder ficar sozinho.

- Acho que você não é daqui - Fez pouco caso, sentando na ponta da cama, perto dos pés do outro - Qualquer um da Vila sabe que não se deve aproximar daquela floresta. E como assim "contar a alguém"? O que eu contaria? Que achei um camponês de outro reino caído no meio da floresta? - Riu leve.

Aquela risada, tão calma e descontraída encantou Jungkook. Nunca havia dele sentido daquela maneira, mas todas as ações do outro o encantavam.

- Bem... - Não sabia como explicar aquilo. Nem sabia como aquele camponês não o conhecia. Oras, quem não conhecia o futuro rei? - É difícil explicar. Mas eu não sou de outro reino. Nasci nessas terras - Completou orgulhoso. Num futuro governaria, e teria alegria em falar que nasceu e que morreria ali.

- Se você é daqui, por que está vestido tão engraçado? Camponês você não é, ninguém se vestiria assim - Notando a careta que o outro fez ao escutar aquelas palavras, se apressou em se corrigir - Não que você não fique bonito nessas roupas. Está belíssimo. Só não são vestimentas comuns, por isso achei que não era daqui. Mas todos sabem sobre a floresta, como você não sabia?

- Eu não saio muito do palácio - Falou, arregalando os olhos depois que percebeu o que havia proferido.

- Hum, Palácio? Ah, você mora no castelo? - Sorriu para o outro - Então você faz parte da corte?

- Han, não exatamente.

- Então é filho de algum funcionário? Mas isso não teria sentido, em algum momento você acabaria saindo dali de dentro....

- Também não.

- Então o que você é? Não responda humano, por favor - Se sentou mais próximo do outro. Estava curioso, parecia um grande mistério, um que queria desvendar.

- Eu... Eu sou o príncipe - Murmurrou - Mas não conte para ninguém, por favor!

Não sabia se havia se precipitado ao contar aquilo para aquele camponês - que mais parecia um anjo - mas algo naqueles olhos brilhantes e sorriso perfeito o fez confiar nele.

Após escutar o que o outro disse, o loiro fanziu o cenho. Ficou calado durante um tempo, tentando absorver a informação.

- Príncipe? Não é possível, o príncipe Jeon é somente uma criança.

- Não, eu não sou uma criança - Fez um bico. Tinha 17 anos, já havia deixado de ser criança fazia um tempo - E sim, eu sou o príncipe Jeon. Jeon Jungkook.

- Mas da última vez que eu o vi ele era uma criança. Impossível.

- Isso faz quanto tempo? Sabe, conforme os anos passam, as pessoas envelhecem - Riu um pouco do outro.

- É... Pode ser - Continuava com o cenho franzido. Não podia fazer tanto tempo assim, não se lembrava de ter se passado tanto tempo.

- Aqui, olha - Puxou um cordão de dentro da blusa. Nesse cordão, tinha um pingente que era o brasão da família real. Os únicos que o possuíam eram os membros da família.

- Não precisava me mostrar - Sorriu para o outro - Eu acredito em você. O problema é apenas a minha memória.

- Tudo bem você não se lembrar direito. Você também deveria ser uma criança na época.

- É... deveria - Deu um pequeno sorriso triste, mas logo o desfez - Bem, se você está aqui agora aposto que não foi com a autorização do rei. Fugiu?

- Sim - Deu um sorriso sapeca. Aquela foi uma das melhores coisas que fez em anos, mesmo com o acidente. Afinal, sem ele não teria encontrado esse garoto belíssimo que estava na sua frente - Você sabe como que faz para voltar para lá?

- Sei. Mas não posso te levar agora. Hoje não - Antes que o outro perguntasse o motivo, resolveu se adiantar - Vem cá - Se levantou da cama rumando em direção a janela, chamando Jeon para ir junto.

O príncipe se levantou devagar. Sentia seu corpo estalar e pontadas dolorosas percorriam seu ser. Mas nada preocupante.

Caminhou para o lado do ruivo, observando a paisagem do lado de fora. Tinha um vasto campo de trigo, que estava consideravelmente alto e, mais atrás, tinha uma floresta.

- Está vendo aquela parte da floresta? Mesmo estando longe, durante a noite as criaturas mágicas se aventuram, muitas vezes até saindo de dentro da floresta. Nunca vão para algum lugar muito distante, mas não deixa de ser perigoso.

- Mas como que eu vou voltar para casa? Não posso voltar amanhã, de manhã irão me visitar em meu quarto!

- Calma. Sairemos com os primeiros raios de sol. Chegaremos lá bem cedo, não irão notar seu sumiço.

Mesmo inseguro, Jungkook resolveu aceitar a proposta. Não era muito, mas era a melhor coisa que tinha no momento.

- Espera. Se todos sabem que a floresta é um local perigoso, por que você estava lá?

- Isso... Isso é complicado. O que importa é que eu te salvei, e agora você está bem - Sorriu - Oh, me desculpe! Preciso me referir a você como bossa alteza.

- Por favor não. Todos já me chamam assim, não gosto desses títulos honoríficos, mas no Castelo é obrigatório. Por favor, me chame apenas de Jungkook.

- Tudo bem "Apenas Jungkook". Venha, irei te mostrar a casa onde passará a noite.

Saíram do quarto, chegando em um pequeno corredor, que continha apenas outra porta, que o "anjo" disse ser o banheiro. Descendo as escadas, estava a sala, que continha duas poltronas e um sofá, todos de coloração vermelho. Em baixo deles estava um grande tapete, em um tom marrom escuro, que estranhamente combinava com o local. Havia uma janela perto, com pesadas cortinas que, no momento, estavam abertas, deixando entrar a iluminação natural. Mas também tinha diversos candelabros espalhados, para quando a noite chegasse.

Possuía uma estante grande, repleta de livros de diversos assuntos. Aquilo fez os olhos do príncipe brilharem, ele amava literatura.

Um pouco mais distante, estava uma pequena mesa de jantar, com seis cadeiras ao seu redor, tudo de madeira. Na verdade, a casa inteira era de madeira, salvando apenas a lareira que estava um tanto quanto perto do sofá. Ela era feita de pedras escuras e continha uma grade.

Tudo, incrivelmente estava combinando, criando um clima único e confortável. Era simples, mas combinava e ficava harmônico. Não esbanjava riqueza, não ostentava, e isso foi o que mais encantou o moreno. Era tudo tão diferente do que estava acostumado, mas parecia tão certo.

Ali possuía duas portas, uma que estava fechada - essa Jeon acreditava que levava ao lado de fora - e outra que estava aberta, que possibilitava enxergar que era uma cozinha.

- Eu sei que é meio pequeno... - Murmurou o loiro, olhando para baixo enquanto brincava com seus dedos - Mas é o que eu tenho. Pode parecer difícil de acreditar, mas é bem confortável.

- Ei - Com cuidado levantou o queixo do outro, o fazendo olhar em seus olhos. Deu um pequeno sorriso, tentando passar a tranquilidade que sentia - Não se preocupe, é perfeito.

O mais baixo sorriu, mostrando os seus dentes brilhantes e com seus olhinhos se fechando. Aquela visão aqueceu o coração do outro. Aquela pessoa em sua frente despertava sentimentos curiosos em si, e estava louco para explora-los.

- Desculpe, mas ainda nem sei seu nome - Comentou envergonhado. Mesmo após o outro salvar sua vida e prometer lhe levar para casa, ainda não sabia o nome dele. Aonde estava seus modos, Jeon Jungkook?

- Ah, meu nome é Park Jimin.

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