Tudo ficará bem


Jungkook corria, se pudesse até voaria, pelo quarto. Estava atrasado. Justamente naquele dia vieram visitas para o Castelo, e com isso ficaram prendendo-o no jantar, tendo que conversar com todos.

Na verdade, tentavam o empurrar para a jovem dama da família dos visitantes, na esperança de que talvez ele se interessasse pela moça e ela viesse a ser a sua futura noiva. Esse estava longe de ser seu objetivo, então deu seu jeito para fugir, porém resultou no seu atraso.

Preocupava-se. Será que Jimin o esperaria? Ou ele apenas acharia que o moreno desistiu do encontro?

Mal teve tempo de escolher direito uma roupa, então apenas trocou suas vestes reais por umas mais simples, de um tecido mais confortável e leve, e saiu correndo pelos túneis - não antes de apagar as luzes do quarto e arrumar os travesseiros para parecer que dormia. Mesmo com pressa, não podia por tudo em risco. Principalmente o jovem Park.

Percorreu todo o caminho já tão conhecido por si, conseguindo analisar que os moradores do Palácio já se preparavam para dormir e finalmente saiu do Castelo. Fechou delicadamente a portinhola, apenas para que a mesma não fizesse um barulho, e olhou para os lados, procurando a figura loira.

O achou um pouco distante, deitado em cima de um tronco de árvore que havia caído, destacando-se em meio à toda aquela paisagem, olhando para o céu. Estava com o cenho franzido e parecia travar uma batalha em sua mente, porém voltou rápido a realidade ao escutar os passos - nada silenciosos - do príncipe.

– Pensei que você não vinha – Falou baixo enquanto levantava, como se estivesse segredando algo. Sentou-se, jogando seu corpo para trás, apoiando-se em seus braços.

– Eu fiquei preso no Castelo. Pensei até que você já tivesse ido para casa, perdão.

– Tudo bem, mas por que demorou tanto? Aconteceu alguma coisa?

– Nada de muito importante – Deu um pequeno sorriso, apenas para tranquilizar o outro. – Apenas cumprindo um dos deveres chatos de príncipe – Não queria contar sobre as damas que constantemente eram jogadas para cima de si para o loiro, não se sentiria bem com aquilo.

Para Jungkook, um casamento deveria envolver sentimentos, amor. Infelizmente não era esses os pensamentos de todos. Como um príncipe, coisas como amor, carinho e afeto não entravam na lista de prioridades no casamento. Sua união seria apenas feita por negócios, independente de como ele se sentisse sobre o assunto.

Seus pais, por mais que quisessem fazer a vontade do filho, também precisavam se preocupar com a diplomacia, cuidando para que se mantivesse a paz com os reinos vizinhos, e que maneira melhor de realizar isso do que casando seu primogênito - e filho único, no caso - com a princesa de algum desses lugares?

Mesmo com a cabeça abarrotada de pensamentos sobre essa questão, resolveu deixar tudo de lado, pelo menos por hora, e aproveitar o momento ao lado de Park. Havia sonhado durante o dia inteiro com aquele instante, de estar ali, finalmente perto de Jimin, podendo o tocar, escutar sua melódica voz, sentir sua leve respiração...

Ah, aquele loirinho o levaria a loucura. Já estava o levando, cada segundo que passava longe de si parecia anos, tão torturantes. Em sua mente só se passava cenas daquele corpo esguio movendo-se a luz da lua, quase brilhando. A pele clara contrastando com os fartos lábios era uma doce tentação a sua sanidade.

O moreno andou, parando em frente ao pequeno ser, o encarando fixamente. Passou delicadamente a mão no rosto do loiro, apreciando sua textura e gravando cada pequeno detalhe. Por si, passaria a vida inteira ao seu lado, todos os dias lhe olhando e roubando deliciosos beijos.

Sua mão se fixou em seu queixo, usando seu polegar para acariciar o local que tanto lhe chamava a atenção: sua boca. Levantou levemente o rosto de Jimin para cima, aproximando do seu próprio rosto para, finalmente, selar os dois lábios.

Começou um beijo lento, calmo. Estavam matando a saudade que um sentiu do outro naquele período tão pequeno que passaram separados, mas que parecia ter sido anos.

O loiro pôs as mãos na cintura do príncipe, o puxando para ainda mais perto, enquanto Jungkook passava os braços pelo pescoço do loiro, acariciando ocasionalmente sua nuca.

Quando se separaram estavam levemente arfantes. Seus olhos brilhavam, parecia que aquele tão singelo contato havia os revigorado, como se tudo que já tivessem vivido valesse a pena apenas por aquele momento.

Jeon respirou fundo, olhando para o rosto que estava a sua frente. Ele era tão belo. A luz da lua batendo em sua face fazia ela brilhar, parecia que ele iluminava a escuridão, tanto a escuridão da floresta quanto aquela que assolava o vazio da sua alma.

Parecia que Park preenchia todas as lacunas do seu ser. Ele era, realmente, um anjo em sua vida, o salvando de todo seu caos interior, o trazendo para a simplicidade e paz. Se o príncipe usasse um pouco da sua imaginação, conseguiria facilmente imaginar belíssimas asas saindo das coisas do loiro. Talvez não branca, possivelmente uma azul clara com pontos esverdeados ficasse mais bonito.

Era complicado para Jungkook explicar a visão que tinha, mas se ele tinha certeza de algo, era de que Park Jimin era um belo feixe de luz.

– Senti sua falta, sabia? – Acariciou o rosto do menor, admirando suas delicadas bochechas serem coloridas por uma tonalidade de vermelho.

– Mas foram apenas dois dias... – Falou baixo, envergonhado. – Eu também senti a sua – Deu um singelo sorriso.

– Para mim esses dois dias pareceram mais tempo – Fez um leve biquinho, fazendo o sorriso de Park aumentar.

– Eu senti como se tivesse durado quase uma eternidade – Confessou em tom baixo, como se contasse um grande segredo.

O grande sorriso que Jeon deu em seguida foi melhor que qualquer resposta que pudesse sair de sua boca. Sem aguentar, segurou delicadamente o rosto do de fios loiros. Seu delicado rosto encaixava perfeitamente nas palmas das mãos do moreno. Acariciando o rosto do menor, aproximou as bocas, unindo-as em mais um caloroso beijo.

Não era para ser um beijo afobado. Ele iniciou-se delicado, apenas demonstrando o turbilhão de sentimentos positivos que um sentia pelo outro. Contudo, conforme o beijo evoluía, o desejo também crescia, e quando foram reparar um já segurava com força o outro, ambos batalhando por domínio.

Não importando o quão ruim pudesse ter sido esses dois dias sem a companhia do outro, apenas esse reencontro fazia com que todos os sentimentos ruins fossem levados.

– Jungkookie... – Jimin gemeu, afastando-se um pouco, apenas para conseguir olhar para a face alegre do outro.

– Jiminnie... – Chamou o nome do outro, brincando com o apelido.

Seu peito enchia-se da mais prazerosa paz ao encarar a pessoa a sua frente. Não sabia dizer em que exato momento ocorreu, nem como, apenas pode dizer que já se via apaixonado. É como um cano que estoura. Você não repara no momento, apenas repara quando já inundou sua casa.

Abraçou Jimin com força. Não queria ficar longe, não queria imaginar-se em um altar da igreja com alguém ao seu lado, tal pessoa não sendo aquele loirinho. Aquela pessoa tanto mais baixo que si, completamente doce, com um sorriso capaz de causar inveja nas estrelas. Que tomou seu coração em tão pouco tempo, e que já poderia dizer que era dono de cada parte de seu ser. Não queria chamar ninguém de minha rainha, queria apenas ser um camponês normal, vivendo ao lado de Park.

Afundou seu rosto no pescoço do loiro, suspirando auditivelmente. Seus braços, que estavam ao redor da cintura do menor, o apertaram ainda mais contra si. Queria ter a sensação de que ele estava ali, queria sentir-se completo novamente.

– Minnie... Promete que você vai sempre estar ao meu lado?

– Jungk-

– Promete que ficaremos juntos? – Apertou ainda mais a cintura do loiro. Sentiu uma queimação em sua garganta e lágrimas começarem a vir em seus olhos, indicando um choro que ele fazia questão de prender. – Promete que não importa o que aconteça no futuro, eu ainda vou ter você?

Suspirando, Jimin pôs sua mão nos fios morenos, em uma carícia, tentando o fazer relaxar.

– Meu amor... Não posso dizer o que o futuro aguarda, não posso garantir um destino, sequer posso prever os planos malucos deste universo. – Segurou o rosto do moreno, levantando-o e encarando seus belos olhos negros, que brilhavam por conta das lágrimas presas. – Mas se tem algo que eu posso garantir, é que eu sou teu. Meu corpo, alma, cada parte de mim pertence apenas a você. Estamos juntos aqui e agora, e para mim é isto que importa.

Ao escutar aquelas palavras, o choro que tanto segurou acabou escapando de seu controle, fazendo com que singelas lágrimas corressem por sua face, enquanto soluços escapavam por seus lábios.

A situação era muito complicada. Apenas uma noite foi o suficiente para que os dois se apaixonassem perdidamente, contudo não importava o tamanho de seu amor, ele não era permitido. Um era uma das principais pessoas do reino, talvez até a mais importante. Já o outro um simples camponês, um homem simplório na visão dos outros. Além de serem de classes muito diferentes, ainda eram do mesmo sexo. Nunca que a igreja permitiria algo assim.

– Jungkook – Chamou, com a voz calma. – Não se preocupe. Não sei o que tanto te incomoda, mas tudo irá se resolver. Tudo ficará bem. – Sorriu. Não um sorriso grande, mas sim um daqueles pequenos, de compreensão.

Suspirando, o futuro rei apenas uniu os lábios, os selando em um delicado contato. Apenas aquele toque era o suficiente para que um pequeno choque percorresse todo seu corpo. Entrava em um estado de êxtase. De fato, aquele pequeno loirinho era a sua perdição.

Tentando distrair-se, fugir daquele assunto tão incômodo, começaram a conversar sobre o próprio reino. A população, as ruas. Era impressionante como Jimin sabia tanto sobre o que acontecia por lá e entendia tanto dos assuntos políticos. Ele sabia até mesmo sobre as relações diplomáticas. Ah, a cada segundo que se passava o moreno se via cada vez mais apaixonado por ele, e sequer conseguia preocupar-se com isso.

Chegou em um determinado momento em que o moreno sequer sabia qual era o assunto, ele apenas observava os lábios de Park moverem-se. O pequeno sorriso que ele dava às vezes. Sua alegria em conversar. Admirar Jimin poderia ser uma profissão. Definitivamente, se fosse, Jungkook seria um viciado em trabalho. Porque, na verdade, ele era viciado em Park Jimin.

Em apenas uma noite foi pego naquele amor. Enroscou-se em uma armadilha para coelho, e não tinha maneiras de escapar. Contudo, sequer queria escapar. Se via viciado naquele pequeno ser de fios loiros. Queria afogar-se na profundidade de seus olhos, embebedar-se em sua boca e perder-se em sua alma.

Sentia-se louco. Completamente pirado, tudo por aquele loirinho. Queria viver abraçado nele, passar todos seus dias agarrado no outro. A presença dele o fazia bem, sentia-se completo. Era um sentimento de paz e tranquilidade tão forte que podia chorar de alegria.

Voltou a beija-lo. Era viciado nos doces lábios, não conseguia imaginar-se deles.

E assim passaram o resto da madrugada. Entre carícias, juras de amor e beijos. Somente se separaram ao raiar do dia, com a promessa de se verem novamente. Ambos dormiram muito pouco naquele dia, porém seus corações estavam em paz. Momentaneamente.

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