Eu me apaixonei

            

Caminhavam já fazia um tempo. Pelo fato de ainda ser muito cedo, ainda estava bem frio e a grama estava molhada, graças ao sereno. O sol já havia terminado de nascer, contudo poucas pessoas estavam acordadas naquela hora.

O moreno não fazia ideia de onde estavam, Jimin apenas o disse que seria mais rápido - e mais discreto - irem pelo meio da mata, então assim o faziam.

Barulhos de algumas cigarras preenchiam seus ouvidos, juntos do som de passos. Era incrível, o pisar de Park era silencioso e delicado, quase não dava para escutar, já o de Jungkook era barulhento e pesado, chamando a atenção de qualquer coisa que estivesse próximo.

Andavam com as mãos entrelaçadas, e as vezes o príncipe soltava alguma exclamação, impressionado com alguma planta. Em seguida, o loiro o explicava qual era e falava seu nome. Era algo que ficaria na mente do moreno por tempos. Não as plantas, mas sim o fato de Jimin se preocupar tanto consigo que se dava ao trabalho de explicar cada uma delas. Era uma preocupação genuína, coisa que não estava acostumado a receber.

Começaram a avistar a muralha do castelo. Por mais que as pernas de Jeon agradecessem o fato de já estar tão próximo de sua casa, seu coração ficava triste em perceber que estava cada vez mais próximo de se despedir de seu anjo. Queria poder ficar com o outro para sempre.

Você sabe onde fica a portinha do Jardim? Perguntou Jimin, tirando o moreno de seus pensamentos.

Não me lembro bem Coçou a nuca, envergonhado pela sua falta de memória Só sei que é em alguma parte do muro.

—   Então teremos que contornar até achar...   Analisou a construção á frente, soltando um muxoxo de descontentamento   É bem grande, isso pode ser cansativo.

—   Tudo bem se quiser me deixar aqui Comentou envergonhado. Não queria que se distanciar do outro, mas entendia que ele podia ir embora quando bem quisesse, não o prenderia Daqui dá para ir sozinho.

— Nada disso. Eu disse que te deixaria em casa, e é isso que farei — Sorriu, apertando fracamente a mão do outro, tentando demonstrar que estava ali ao seu lado.

Começaram a rodear o muro. As vezes tinham que se distanciar um pouco da construção, já que tinha um tronco ou uma árvore tapando a passagem, mas nada muito trabalhoso.

Passado algum tempo em que percorriam aquele caminho, Jungkook avistou a entradinha. Pelo fato de estar escondida no meio de algumas moitas, o loiro não havia a percebido, então continuou caminhando, só parando ao notar que o príncipe já não andava mais.

— A... A portinha está ali Apontou para aquele discreto pedaço de madeira escura, encoberto por plantas.

— Bom, então chegamos Deu um sorriso de canto. Park gostaria de passar mais tempo com o moreno, porém tinha noção que o outro havia coisas mais importantes a fazer que ficar consigo.

Jeon se dirigiu a portinhola, a abrindo e lançando um olhar um tanto quanto triste a Jimin.

— Então, tchau Jimin Não sabia ao certo o que dizer. Não se dava bem com despedidas, principalmente com aquela, na qual ele não queria fazer.

— Adeus Alteza Se curvou, virando logo em seguida para a floresta, indo em direção ao caminho em que tinha vindo.

— Espera! Correu atrás do loiro, segurando seu braço, o fazendo se virar para si Nós... Olhou para os pés, subitamente envergonhado — Vamos nos ver de novo?

— Com toda certeza. Apenas não sei quando Mordeu o lábio, encarando a face do mais alto. Não queria se separar dele e pensar em passar um tempo afastado do mesmo fazia seu peito doer. Aquelas sensação era estranha e nova para Park, e ele não sabia ao certo se isso era bom ou ruim.

— Amanhã, ao anoitecer... Eu posso aparecer aqui, nesse mesmo ponto — Estava inseguro. O que faria se o outro dissesse que não queria o ver?

— Eu estarei aqui Deu um largo sorriso, contagiando Jungkook a fazer o mesmo.

Mesmo envergonhado por toda a cena, o moreno se aproximou, deixando um selar nos lábios de Jimin. Era para ser apenas aquele simples contato, porém o loiro o puxou, aprofundando.

O ósculo foi calmo, apenas apreciando o carinho. Não passaram muito tempo se beijando, já que o príncipe não podia correr o risco de se atrasar, mas assim que se separaram e começaram a seguir seus caminhos, tinham vontade de sair correndo para os braços um do outro.

Durante o percurso, no meio dos corredores secretos, Jeon percebia que o movimento estava começando no castelo. Os serviçais já começavam a acordar para preparar o café da manhã e seria questão de tempo até irem o chamar.

Assim que chegou em frente ao espelho de seu quarto, olhou o máximo que podia para dentro do local. Não podia correr o risco de ser pego justamente agora.

No momento em que confirmou que tudo estava exatamente como ele havia deixado, entrou dentro do quarto, suspirando aliviado. Não conseguia acreditar que havia conseguido.

Foi em direção ao armário, escolhendo um entre vários de seus pijamas de seda, vestindo-o e guardando cuidadosamente a roupa de Jimin em um canto em que os funcionários não iriam achar.

Aquela roupa era a única comprovação física do que tinha acontecido, todo o resto estava apenas em suas memórias, então aqueles pedaços de pano possuíam um grande significado. Elas, além de todas as lembranças que carregava, também continha o cheiro de seu anjo, o que fazia Jungkook querer ficar com ela próxima de si a todo instante.

Resolveu deitar na cama e fingir que dormia. Se embrulhou nos cobertores e fechou os olhos, tendo lembranças da noite anterior invadindo sua mente. Todos os toques, palavras, carícias. Tudo estava salvo em sua mente, e ele revivia tudo ficando cada vez mais ansioso para a noite do dia seguinte.

Agora entendia o porquê os funcionários sempre falavam de suas noites com outros homens. Porque era algo bom. Pecaminoso, porém prazeroso.

Sua vontade era o trazer para dentro do castelo, fazer ele viver consigo, dormir na sua cama e acordar com ele nos braços. Poder lhe sussurrar todos os dias um "Bom dia", recebendo um murmurar rouco em troca.

Droga, sua mente fantasiava demais. Obviamente isso nunca aconteceria, a igreja, o reino nunca permitiria. Mas sonhar não lhe custava nada.

Escutou barulho da porta abrindo, e logo o som das cortinas correndo se fez presente pelo cômodo. Uma forte claridade invadiu o quarto, que até de olhos fechados o moreno conseguiu perceber.

Alteza A voz de sua criada soou próximo Já está na hora de levantar, Alteza. Hoje o senhor terá reuniões cedo, é necessário que levante.

Oh, tinha se esquecido das reuniões. A coisa que menos queria era ficar sentado em uma sala junto de várias pessoas que só o bajulariam por conta da coroa que carregava, sendo que na verdade nem ligavam para a sua opinião.

Abriu os olhos, levantando. Sua roupa já havia sido separada pela criada, ele apenas teria que vestir. Na verdade, a maior parte dos príncipes e reis eram vestidos pelos servos, porém o Jungkook sempre gostou de ser autônomo, e repudiava a ideia de alguém que sequer era intimo de si o vestir.

Assim que já havia acabado de se aprontar, saiu do quarto, rumando ao grande salão de jantar, onde era servido o café da manhã.

A mesa estava farta, como sempre. Uma grande variedade de sucos, bolos, pães e frutas, porém Jeon sabia que nenhuma daquelas comidas era mais gostosa que a de Jimin.

Mesmo não estando com fome, se forçou a comer um pouco, caso não o fizesse iriam estranhar.

Filho, não vai comer mais? Perguntou a rainha. Ela estava preocupada com a saúde do príncipe, já que ele não havia aparecido para jantar na noite anterior.

Não mãe, estou sem apetite Inventou qualquer desculpa. Não poderia dizer que já tinha comido, e se comesse mais ficaria muito cheio, o que o faria sentir-se pesado e seu dia acabaria não sendo produtivo.

Não está doente, está?

Não. Eu apenas queria continuar na cama — Deu um sorriso sem graça. Não era mentira, estava acabado, tanto pela noite anterior, quanto pelo fato de ter acordado muito cedo e de ter caminhado tanto.

Terminaram de comer, trocando leves palavras de vez em quando, e cada um foi para as suas atividades. A rainha tinha seus deveres de checar todo o Castelo e socializar com as damas da corte. Era extremamente importante que a família real mantivesse boas relações, já que assim eles controlariam revoltas que ocasionalmente poderiam ocorrer. Porém os cidadãos adoravam a rainha, então ao todo não era um trabalho muito difícil. Ela também precisava organizar a festa de seu aniversário de casamento. Seria na semana seguinte e cada vez aparecia mais problemas para serem resolvidos.

Já o rei e o príncipe foram em direção a sala de reuniões. Estavam criando relações com mais um reino e precisavam discutir todas as questões diplomáticas. Algo chato, mas necessário.

Chegaram lá e o espaço já estava cheia. Logo se deu início a reunião, e assim se passaram longas horas, discutindo os acordos e qual produto seria comercializado entre os dois reinos.

Quando finalmente o compromisso foi findado, todos saíram do local, exceto a família real. O motivo era bem simples: o rei havia pedido para conversar com seu filho.

Então filho, como foi seu dia de folga? — Perguntou o mais velho, com um leve sorriso no rosto. Ele estava sentado em uma cadeira acolchoada e confortável, atrás de uma belíssima mesa, de madeira pura bem polida. Sua postura revelava o quão relaxado estava, o que transmitia a Jungkook a mesma calma.

Hm? Bem, meu dia... Ele foi normal. Fiquei dentro do quarto o dia inteiro, estava com muita dor de cabeça Evitava olhar para os olhos do pai. Não gostava de mentir para o mesmo, porém não possuía muita opção.

Ah sim Apoiou a cabeça na mão, divertido com aquela conversa — E não encontrou-se com ninguém?

Q-que? Engasgou-se com o ar Não pai, não. Que isso! Onde o senhor tirou essa ideia?

Bem, hoje você apareceu sorrindo, suspirando do nada e possuía um brilho muito incomum no olhar. Fazia tempo em que eu não o via assim Nesse momento o moreno se amaldiçoou. Ele esquecia o quanto seu pai era observador Você sabe que pode confiar em mim para tudo, não tem problema.

Na verdade... Suspirou, tentando tomar coragem. Sabia que podia contar tudo para seu pai, ele nunca o julgaria por nada, mas ainda era uma tarefa complicada se abrir para o rei, principalmente quando ele infringiu uma de suas maiores regras Eu ontem meio que fugi do Castelo.

Eu já esperava por isso Suspirou, cruzando os braços enquanto se ajeitava na cadeira Para ser honesto, estou surpreso que só fez isso com essa idade. Escute filho, isso é comum. Até eu já dei umas fugidas, não tem problemas. O importante é não ser pego.

Mas não foi só isso pai Olhou para a cara do mais velho, recebendo um sinal para continuar Eu também dormi fora de casa.

Oh. Bem... Eu na sua idade não fazia isso — Pôs a mão no queixo, o coçando levemente enquanto pensava Para ser honesto, eu trazia minhas convidadas para cá.

Detalhe desnecessário pai Balançou a cabeça, fazendo sinal de negação Mas esse não é o maior problema.

Não? Então o que poderia ser? Não me diga que se apaixonou pela moça? Falou em tom de gozação, mas logo percebeu que o filho ficou desconfortável e resolveu se corrigir Seria um grande problema fazer a corte aceitar um casamento com uma camponesa, mas não se preocupe, não é impossível.

Sim pai, eu me apaixonei Pegou fôlego, tentando buscar coragem para proferir aquela sentença E foi por um camponês.

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