A promessa


Depois de toda aquela confusão na praça, Jeongguk não conseguiu ficar calmo pelo restante do dia. Sentia-se sempre inseguro, com medo. O desespero ainda estava presente, e ele apenas esperava o momento em que ficaria sozinho para poder desabar em lágrimas. Contudo tinha que ser forte e aguentar. Foi criado para que, nas mais devastadoras situações, se mantivesse calmo e tranquilo. E era assim que se forçava a estar, enquanto em seu interior ocorria uma terrível batalha em meio a uma tempestade.

Queria tacar os papéis que era obrigado a ler nos ares, mandar todos aquelas reuniões para o espaço, mas não podia. Então passou o dia inteiro se arrastando, sentindo a angústia e a ansiedade o corroer por dentro.

O pior de tudo era não poder perguntar para ninguém sobre Seokjin. Ele queria saber como o amigo estava, se ele estava bem. Mas ele é o príncipe. E o príncipe não pode se envolver com esse "tipo" de gente. E também não poderia levantar suspeitas. Ah, como ele estava revoltado com tudo aquilo.

E assim ele passou o dia. Tendo um turbilhão de sentimentos, não podendo demonstrar nenhum.

[...]

Assim que acabou o jantar, correu até seu quarto. Tinha esperança que Jimin tivesse conseguido interpretar seu olhar desesperado, ou que pelo menos tivesse pensado na mesma coisa que si.

Vestiu roupas simples e confortáveis, logo saindo de seus aposentos. A passagem, que sempre pareceu tão curta, nunca esteve tão longa. Mas não tardou a conseguir sair do Castelo, chegando assim na habitual floresta de sempre.

Olhou ao redor, seus olhos ansiando pela visão do loirinho. Queria mais que tudo abraça-lo. Saber que ele estava seguro. Estava tão preocupado que ficaria nada surpreso se achasse algum fio de cabelo branco em meio aos negros. Estava tão peocupado com tantas coisas, sentia-se exausto mentalmente.

Ficou ligeiramente decepcionado ao não achar o menor. Não sabia se ele havia apenas se atrasado, ou se ele não havia entendido que era para se encontrarem. Sem muitas opções, apenas andou até um tronco qualquer, sentando-se ali e se pondo a esperar. Não havia muito o que fazer, então apenas iria torcer para que Jimin aparecesse ali em alguma hora.

Quieto, em silêncio no seu canto, sua mente acabou voando nas lembranças do ocorrido na manhã. Lembrava dos estalos do chicote, dos berros de Seokjin, de seus olhos desesperados, implorando por ajuda. Tal coisa que Jeon não foi capaz de dar, e aquilo o corroía tanto por dentro.

Queria saber como Jin estava. Aonde ele estava. Se alguém cuidou de suas feridas e o ajudou. Era tão difícil ser uma pessoa com tanto poder, mas nunca poder fazer nada, principalmente por aqueles que ama. Sentia como se estivesse preso. Nunca podia fazer nada, agir da maneira que quisesse, tomar suas próprias decisões.

– Nossa, toma cuidado para não sair fumacinha da sua cabeça.

Aquela voz, baixinha, doce e inconfundível, soou nos ouvidos de Jeon, fazendo com que ele tomasse um grande susto. Aturdido, olhou para todos os lados, procurando pelo Park.

Quando os olhos do outro encontraram os seus, uma sensação de paz, uma calmaria profunda atingiu seu coração. Ele estava bem. Ele estava a salvo. Mesmo sem ainda ter proferido nada, levantou-se, caminhando em direção ao loiro. Ele estava tão lindo, como sempre. E além disso, ele estava ali, na sua frente. Seguro.

– Jimin! – correu para abraçá-lo. O segurou entre seus braços, o apertando. Sentiu o cheirinho de seus cabelos, a textura da sua pele, o calor do seu corpo. – Eu estava tão preocupado contigo...

– Kookie... – Começou, com a voz chorosa abafada pelo abraço. – eu fiquei com tanto medo. Eu achei que era eu, eu pensei que tinham descoberto tudo!

– Eu sei... eu também estava com medo. Mas você está bem, meu amor, não se preocupe – acariciava os fios loiros, tentando transmitir uma calma que sequer ele mesmo possuía.

– Aquele homem, Seokjin. Você o conhecia, não é? – afastou-se brevemente, enxugando as lágrimas que teimavam em escorrer pelo seu rosto.

– Nós éramos meio que amigos. É um tanto difícil definir nossa relação. – Olhou para o chão, desconfortável com aquele assunto – Eu não sou permitido ter amizade com serventes, mas ele é um dos mais próximos de mim dentro do castelo.

– Eu... eu perguntei por aí para onde ele iria. Ele foi expulso do reino, Kookie. Ele está todo machucado e nem tem para onde ir.

Dentro do peito do príncipe, uma batalha era travada. Estava aliviado pelo fato de Jin estar vivo, mas sentia-se arrasado com o fato dele estar à deriva por aí, machucado e sem nenhum tipo de apoio.

– Eu também escutei que seu parceiro também foi expulso. – Pausou, relembrando cada coisa que conseguiu escutar pelas pequenas ruas da vila – Ele era da guarda, então não sofreu as mesmas punições que Jin, mas os dois estão por aí sem casa.

– Eu só queria poder fazer algo por eles. Droga, me sinto tão inútil! – Mordeu o lábio, descontando ali toda a sua frustração.

– Não é sua culpa... Não é como se você pudesse fazer algo quanto a isso – acariciou o ombro do moreno, tentando dar algum tipo de conforto.

– Mas eu tinha que poder! Eu sou o príncipe, Jimin. Eles são o meu povo. Era para mim cuidar deles, passar alguma segurança. Não deixar que eles sintam medo de ser quem realmente são! Eu simplesmente estou falhando no meu principal objetivo como soberano.

– O que seus pais fazem é o melhor para o povo. Se vocês forem contra a igreja, aí sim vocês estariam pondo a população em apuros. Entrariam em guerras infindáveis. Não se cobre de coisas que não te pertencem.

Aquela situação toda, tudo aquilo que passava no reino cobrava demais o jovem príncipe. Ele queria trazer segurança e paz para todos. Queria que casais como ele e o Park pudessem andar juntos na rua. Céus, ele queria poder governar tendo Jimin ao seu lado! Por que tudo sempre era tão complicado? Por que a felicidade sempre parecia estar dez passos a sua distância, e mesmo que ele desse vinte, ele não conseguia alcançá-la?

Ainda transtornado, deixou-se ser abraçado pelo mais baixo, apoiando sua cabeça no ombro alheio e deixando suas lágrimas escorrerem, deixando sua frustração fluir.

Toda aquela bagunça acabou o fazendo esquecer de questionar o loiro sobre os acontecimentos do dia anterior. Ele na verdade mal se lembrava mais daquilo. Sua mente encontrava-se preocupada demais com o futuro, perguntando-se como ele faria para permanecer junto daquele que fazia seu coração falhar umas batidas. Todos os acontecimentos daquela manhã abalaram demais ambos, os fazendo até esquecer da briga do dia anterior.

– Jimin – chamou baixinho, escutando um leve "hm" como resposta – o que será da gente? Como ficaremos no futuro? – Seus medos eram gigantescos. Sabia que o pequeno nunca poderia sentar ao seu lado no trono, nunca poderia reinar ao seu lado. Mas o jovem Jeon não queria ninguém além dele. Se não fosse Park, não seria ninguém.

– Eu... eu não sei ao certo como responder isso – Seus olhos encheram-se de lágrimas. Pensar no futuro o magoava de diversas formas, e pensar que no final o príncipe ficaria triste era o pior de tudo. Talvez devesse cortar o mau pela raiz. Talvez, se eles terminassem ali, o futuro não fosse tão doloroso para Jeon. – Kookie... você já parou para imaginar que talvez eu não esteja no seu futuro?

Aquela simples frase foi capaz de sobressaltar o moreno. Não, ele não conseguiria viver sem o loiro. Um futuro sem ele era impossível, disto já estava certo.

– Jimin, nem fale isso. Eu não conseguiria seguir com a minha vida sem você. Eu preciso de você ao meu lado.

Naquele momento lágrimas escorriam pelo rosto do loiro. Mas estas não eram de emoção pela fala do outro. Essas eram de uma pura e profunda tristeza.

– Jungkook... Me promete algo? – Sussurou, mesmo que ao seu redor tivesse apenas árvores e insetos.

– O que?

– Não importa o que aconteça, você sempre irá seguir em frente. – olhou nos olhos do moreno, tentando transmitir toda a seriedade que o momento pedia.

– Como assim? O que quer dizer com isso? – Franziu o cenho, não entendendo qual era o ponto do outro.

– Apenas prometa.

– Tudo bem, meu anjo. – Suspirou, cedendo aos brilhantes olhos que tanto lhe encaravam – Eu prometo.

E apenas para selar a promessa, deram um casto beijo. A lua era a maior testemunha do juramento, junto das árvores e das cigarras, que ainda cantavam.

E com os corações temerosos, se afastaram, cada um seguindo seu caminho, com a promessa de que se encontrariam dali a sete dias.

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