A princesa de Wangenbourg

Olá leitores cheirosos!


Como vocês estão? Está tudo bem? 

 Esse capítulo é meio avulso até, mas fala de uma das lendas que eu mais gosto. Espero que vocês também gostem! Boa leitura.

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Era possível escutar naquela sala o som de metais se chocando, junto ao som da respiração cansada e passos pesados. Sempre que um avançava, soltava um arfar mais pesado, que ressalva por todo o cômodo, junto ao barulho das espadas batendo, uma à outra.

Jungkook se mantinha focado em desviar da espada. De vez em quando achava uma brecha e contra-atacava, mas não obtinha êxito. Pelo menos seu atacante também não tinha.

Adorava praticar luta, principalmente com seu melhor amigo. Era o único que ele tinha dificuldades de vencer - tirando o chefe da guarda real.

Passaram boa parte da tarde lutando. Aquilo era libertador, para ambos. Podiam gastar suas frustrações junto de sua energia, apenas se concentrando em executar uma junção de movimentos, que incluíam atacar e desviar. O barulho de espadas se tocando ecoava pelo salão de batalhas, enquanto os dois jovens já estavam suados e ofegantes. Qualquer um que olhasse de fora concordaria que, além de tudo, aquilo também era um teste de resistência, já que estavam naquela luta fazia um bom tempo.

  - Já chega - Falou esbaforido seu combatente - Estou cansado, já deu por hoje.

  - Hyung, você é um preguiçoso - Reclamou, pondo a espada na bainha. Começou a tirar parte da armadura, ela pesava e esquentava, fazendo o príncipe sentir ainda mais calor.

  - Não sou que nem você que passa a manhã inteira sentado - Rebateu, também se livrando da armadura.

Aquele era o melhor amigo do Jungkook já fazia muito tempo. Seu nome é Kim Taehyung, filho de nobres, 2 anos mais velho que si. Se conheceram quando o mais velho, com seis anos, se perdeu no Castelo e foi ajudado pelo Jeon mais novo. Desde então, estão sempre juntos, um sempre podendo contar com o outro.

  - O que aconteceu com você ontem? - Perguntou Kim, já sem armadura e também tirando a camisa. Havia descoberto sobre o dia de folga do outro e também soube que ele passou o dia inteiro dentro do quarto.

  - Muita coisa... - Sorriu, lembrando de Jimin. Ah, aquela pessoa lhe roubara suspiros o dia inteiro.

  - Como pode ter acontecido muita coisa se você passou o dia inteiro no quarto? - Franziu o cenho.

  - As passagens Taehyung, as passagens.

  - Você então foi para onde? A cozinha? - Questionou. Não que lá fosse um local proibido para o príncipe, só não era comum - e também bem-visto - ele visita-la.

  - Por que eu ainda converso com você? - Se irritou. O outro tinha dificuldades em tratar de assuntos sérios, possuía um lado extremamente brincalhão, que o fazia fazer piadas com tudo.

  - Porque você me ama. Agora conta.

  - Eu usei as passagens para sair do Castelo - Tentou falar, porém foi interrompido novamente.

  - Como assim? Você tipo, saiu mesmo do Castelo? O que você tem na cabeça? E se te reconhecessem?

  - Calma, calma. Você poderia me deixar terminar de explicar? - Recebeu um "sim" como resposta, e assim continuou - Eu desci para o Jardim, e lá usei uma portinha escondida para sair daqui. Tae, você não vai acreditar como é grande o mundo lá fora!

  - Claro que eu acredito, Jungkook - Riu - Você se esqueceu que eu vivo lá fora?

  - As vezes eu esqueço que a única pessoas que têm barreiras na própria vida sou eu - Resmungou - Mas eu não te contei tudo! - Pulou animado - Eu visitei a cidade! Ela é maravilhosa, hyung! Sabia que realmente existe um bosque com criaturas mágicas? E eu encontrei com um goblin, e tive que fugir. Ele ia me atacar! Foi tão emocionante.

  - Você ainda duvidava da floresta? E como assim você correu de um goblin? Você foi burro o suficiente para entrar lá?

  - Eu estava fugindo da Guarda real. Não podia ser pego, e o único lugar próximo era uma floresta que tinha do meu lado. Porém quando eu entrei fiquei perdido, assim acabei achando o goblin. O pior de tudo foi que durante a fuga eu acabei caindo e batendo com a cabeça.

  - Mas como você conseguiu sair de lá? - Perguntou curioso. A história do amigo era muito interessante, e realmente queria saber seu desenrolar.

  - Bem, graças a queda, eu perdi a consciência. A última coisa que consegui ver foi um anjo - Sorriu, lembrando-se de Jimin. Seus olhos agora possuíam um brilho, coisa que não passou despercebida por Taehyung, que preferiu ficar calado - Foi ele quem me salvou. Ele me tirou da floresta e me levou até sua casa. Cuidou de mim lá.

  - E vocês se tornaram amigos?

  - Acho que posso dizer mais que amigos  - Sorriu com as lembranças.

Aquela fala deixou o mais velho assustado. Essa história, de Jungkook fugir do Castelo e ainda conhecer uma pessoa, um homem, e se relacionar com ele era toda errada. Se qualquer um com más intenções descobrisse aquilo, tudo iria dar muito errado.

  - Jungkook - Segurou o braço do outro - Você sabe que ninguém pode saber, né? Nem sonhando que você pode deixar essa história cair nos ouvidos do cardeal!

  - Céus, relaxe! Eu não sou burro, sei que ninguém pode saber. Até agora as únicas pessoas que sabem além de mim e do Jimin, é você e meu pai.

  - O REI? - Acabou berrando, sendo repreendido por um olhar do príncipe - Você contou para o rei? E o que ele falou? Quem é Jimin?

  - Primeiro, acalme-se. Não precisa se exaltar tanto. Meu pai foi até bem compreensivo, dentro de seus limites. Obviamente ele disse que ninguém poderia descobrir disso, e para mim ter discrição. Sua reação não foi tão mal, porém ele ficou bem surpreso, não esperava que eu fosse homossexual - Suspirou - Jimin é o camponês que me salvou.

  - Ah, ainda é camponês. Que maravilha! Tem como piorar?

  - Você pode parar de surtar? Não haja como se você também não tivesse um relacionamento proibido.

  - Mas é diferente. Eu não sou um príncipe. Eu me relaciono com o chefe da guarda, não com um camponês. E mesmo assim ninguém pode saber de nós. Jungkook, eu te apoio em tudo, você sabe. Porém se descobrirem, sua aceitação com o povo vai cair, sem falar que o garoto será executado sem pensar duas vezes.

  - Eu sei, eu sei - Revirou os olhos, já irritado com aquela conversa - Você não pode só ficar feliz por mim? Por finalmente achar alguém que eu gostei, que gosta de mim por quem eu sou, não por causa dessa maldita coroa.

  - Eu estou feliz por você, eu juro - O abraçou - Eu apenas me preocupo contigo... Não quero que nada de mal aconteça, não quero te ver triste.

  - Do lado do Jimin duvido que eu vá ficar triste - Abriu um sorriso.

Resolveram encerrar o assunto e irem tomar um banho. Já estavam começando a feder, e ambos odiavam a sensação de ficar grudentos por causa do suor.

O príncipe passou o dia inteiro lembrando do sorriso do loiro, ansiando por escutar sua voz novamente. Aquilo era paixão que todos falavam?

Sentia como se estivesse sido contaminado pelo vírus Park Jimin, onde só conseguia pensar nele. Fechava os olhos e sua mente era invadida por lembranças. Sabia perfeitamente cada trejeito do loiro, sua mania de passar as mãos gordinhas e pequenas pelo cabelo, cobrir o rosto quando sorria, a mania de lamber os lábios toda vez que pensava antes de falar. Como era possível ele estar assim o conhecendo a apenas um dia? O que havia de errado consigo?

Durante o jantar, pensava na sua refeição do dia anterior. O pequeno camponês era um excelente cozinheiro, pelo que Jungkook conseguira experimentar.

Para ser honesto, até onde havia observado, o loiro era habilidoso em tudo. Tinha um excelente gosto para decoração, cozinhava bem, era culto, sabia conversar sem deixar o assunto chato e ainda era ótimo na cama. Não era atoa que era comparado com um anjo, era perfeito.

Tentou se concentrar em uma leitura qualquer. Tentava ler um conto novo, havia ganhado recentemente de seus pais. Era a princesa do Castelo de Wangenbourg.

Era bem interessante, na verdade. Contava sobre um homem muito encrenqueiro. Um dia, enquanto ele voltava de uma expedição de guerra, viu uma bela donzela em um campo florido. Essa donzela, uma princesa, fora abençoada em seu nascimento por um anjo, e tudo nela era maravilhoso. Tinha vários pretendentes, porém recusava todos. E o senhor de Wangenbourg resolveu conquista-la. Aplicou todos seus métodos, até que um dia, ela aceitou. Ele prometeu ama-la e não desejar outros corações, e assim eles foram felizes.

Porém, certo dia, ele começou a olhar para outras moças, recomeçando sua antiga vida de mentiroso. A princesa, magoada e desesperada, resolveu lavar-se das afronta na cachoeira de Nideck. Contudo, Wangenbourg era muito distante para uma princesa ir a pé. Durante o percurso, se machucou diversas vezes, a fazendo até pensar que uma chama do inferno saía do chão apenas para queima-la. Quando finalmente chegou ao alto da cachoeira, estava cansada e não conseguia manter-se de pé, e assim acabou caindo no vazio.

Seu anjo, vendo todas as suas infelicidades, chegou como um raio e a salvou da fatídica queda, e resolveu que a levaria para os céus. Desde aquele dia, os habitantes da região dizem ver uma sombra branca dançando sobre a espuma da cachoeira, avisando que uma tempestade estava por perto.

Riu do conto. De fato era belo, porém era apenas uma maneira dos cidadãos acharem uma maneira de explicar eventos da natureza. Precisavam de uma explicação, e como a igreja proibia a ciência, a única maneira era inventar contos com seres luminosos. Triste.

Começou a pensar. No futuro, como que sua imagem será passada aos seus súditos? Como um homem másculo, que dormia com várias mulheres? Como um rei inútil, uma vergonha para a família real?

Esses pensamentos sempre rondavam a sua mente. Como que estaria o Reino daqui a alguns anos?

Sentia como se não fosse dar conta de tudo. Obviamente tinha os conselheiros e a corte para o ajudar, mas querendo ou não as decisões seriam suas? Seria ele capaz de administrar um reino daquela magnitude? Conseguiria decidir o que era melhor para o seu povo?

As vezes perguntava-se como seu pai aguentava a pressão. Como ele aguentava todas as pessoas, todos os dias, o observando, julgando cada ato, esperando algo dele. Ele já sentia-se envergonhado com os olhares que recebia em suas festas de aniversário, imagina como seria quando comandasse tudo.

Sentia como se não tivesse nascido para ser rei. Não tinha a calma, a sabedoria necessária. Sempre que se queixava disso para seus pais, eles apenas respondiam "É para isso que você tem suas aulas", contudo ele sentia que não era o suficiente. Não queria ser uma vergonha para seus pais, seu Reino, seu povo.

Com esses pensamentos rondando sua mente, acabou pegando no sono. E durante aquela noite, sonhou com a princesa de Wangenbourg.

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