Stay - Parte 1

"Eu poderia te dar milhares de motivos

Mas você está indo e você sabe que

Tudo o que você tem que fazer é ficar por um minuto

Leve o tempo que precisar

A hora está passando, então fique

Tudo o que você tem que fazer é esperar um segundo

Com suas mãos nas minhas

A hora está passando, então fique"

- Stay, Zedd feat. Alessia Cara

— Ai... O Liam vai matar a gente... — Shay não pode evitar sorrir ao sentir a albina se revirar na cama, tentando se livrar de seus braços e se levantar. — Shay, eu sei que você está acordado. Vamos...

Snow, eu acabei de acordar. Sossega, só por mais alguns instantes... — ele a puxou de volta para si quando ela finalmente se sentou, afundando o rosto em seu pescoço e depositando alguns beijos ali. — O Liam não vai matar ninguém. A menos que sejamos templários ou bandidos... E não somos nenhum dos dois.

— Estamos atrasados. Já bateram na porta três vezes e mexeram na maçaneta. — ela girou o corpo, o encarando e deixando uma risada escapar quando ele fez uma expressão emburrada, bufando. — Vamos... Assim que você terminar de salvar o mundo podemos ficar trancafiados aqui o quanto você quiser...

Ele sorriu pelo tom malicioso dela, antes de a agarrar pela cintura, girando o corpo e ficando sobre ela, lhe beijando. Até ouvir uma batida na porta.

— Capitão... O sr. O'Brien pediu que eu lhe avisasse que ele o espera na fazenda Davenport. — o homem esperou por mais um instante, antes que Perséfone deixasse escapar uma gargalhada pela expressão emburrada do moreno. — Com sua licença, irei continuar com minhas tarefas.

— Sim, não se preocupe. — Shay gritou, antes de voltar o olhar para a albina. — Está achando isso engraçado, não é?

— Não tenho culpa... Você fica adorável irritado... — ela piscou os cílios de forma exagerada, o fazendo sorrir.

***

Mon cherry... — Shay tentou imitar o modo como Perséfone o chamara.

— Não é cherry (cereja) é chéri (querido)... — ela riu, enquanto eles voltavam para a fazenda, passando por algumas das muitas trilhas. — Mon chéri... Era como a vovó chamava o vovô. Eles eram franceses.

— E como vieram parar aqui? — ele a encarou

— Não sei. Nunca perguntei ou quis saber. — ela deu ombros antes de apoiar a cabeça ao ombro do moreno. — Apesar de que sempre tive curiosidade para saber como é o lugar de onde eles vieram. O vovô sempre se gabava das belas paisagens do interior e da maravilhosa arquitetura das cidades.

— Prometo te levar a França, assim que as coisas se acalmarem. — ele sorriu para ela, passando a mão por sua cintura a apertando contra si.

— Só depois que vocês salvarem o mundo dos templários... — ela levantou os brilhantes olhos para ele, o fazendo sorrir.

— Você sabe que ainda vai demorar um pouco para 'salvarmos o mundo'... Vai esperar tudo isso? — ele lhe beijou o topo da cabeça quando ela concordou algumas vezes.

Shay viu a silhueta da fazenda, apertando um pouco mais a albina contra si, antes de a soltar e ela entrelaçar seus dedos aos dele, o fazendo sorrir.

— Oi, Liam. — Perséfone sorriu docemente para o grande Assassino de expressão irritada, que alternou o olhar entre os dois, antes de suspirar e finalmente sorrir amigavelmente para ela.

— Bom dia, Perséfone. — o sorriso desapareceu dos lábios do Assassino quando ele voltou os olhos para o amigo. Shay viu Achilles alternar o olhar entre ele e a albina, deixando que um pequeno sorriso surgisse por instantes em seu rosto. — Vamos. Já estamos atrasados.

Shay se segurou para não rir quando o amigo passou por ele, marchando irritado em direção a trilha, enquanto Perséfone acenava para eles, com uma expressão preocupada no rosto.

— Eu tenho quase certeza de que irei me arrepender dessa pergunta, mas... — ele ouviu Liam suspirar ao seu lado no leme, olhando de soslaio para o amigo, que ainda tinha uma expressão irritada. — Por que você está sorrindo como um idiota a manhã inteira?

Ele estava sorrindo como um idiota por que estava feliz. Por que sua Primavera havia se entregado a ele, porque ele conseguia a fazer feliz e por que ele via seu futuro no fundo dos olhos de ametista dela.

— Perséfone... — a albina congelou por um momento ao ouvir o tom sério na voz de Achilles. Ela estava feliz demais para se irritar com o homem. — Preciso lhe perguntar uma coisa.

— Claro, Mentor. — ela se virou para ele, hesitante, mas ainda assim com um doce sorriso.

— Você e o Shay estão se relacionando de forma mais... romântica... Estou certo? — ele a encarou. Nos anos que passara na fazenda ela aprendera algo importante: jamais minta para um Assassino. Eles farejam a mentira, a descobrem e a erradicam como um esconderijo templário. E eles possuíam diversos métodos para isso...

— É... Bem... — ela torceu uma mecha do cabelo entre os dedos, nervosa, antes de concordar com um aceno. — Sim, Mentor.

— Nesse caso então... — Achilles se aproximou da albina, colocando a mão sobre seu ombro e sorrindo, o que a surpreendeu. — Espero que ele esteja cuidando bem de você.

Perséfone deu um largo sorriso, antes de passar os braços ao redor do homem, que ficou sem jeito, antes de a afastar cuidadosamente.

— Bem... Acho que pode ser uma boa ideia que você nos acompanhe até River Valley para nos encontrarmos com eles. — Achilles não pode evitar rir ao ver a euforia da albina em voltar para o belo lugar e esconderijo.

***

Perséfone olhou ao redor, de onde ela estava podia ver com perfeição o pequeno porto e as florestas que cercavam River Valley. A vista era de se encher os olhos e o pequeno caderno de rascunhos já em suas últimas folhas.

Ela pode ouvir os passos firmes de Achilles atrás de si, sem precisar se virar para saber que o Assassino se sentara logo atrás dela, ao lado da pequena fogueira onde ela preparava o chá.

— Eles devem chegar logo. — o velho Mentor deu um pequeno sorriso, encarando as costas da albina por um momento a mais, antes de pegar uma guloseima da mesa bem preparada por ela e começar a se afastar.

— Obrigada. — ele pode ouvir a voz baixa dela, a olhando sobre o ombro e retribuindo o sorriso doce que ela tinha nos lábios.

Perséfone deu um largo sorriso ao ver o navio de velas vermelhas se aproximar, dando alguns pulinhos de alegria, antes de seguir rapidamente para o pequeno porto. Ela se jogou nos braços do moreno, o abraçando assim que ele pisou fora do navio.

— Também senti saudade... — ele riu, a apertando um pouco mais contra si.

— Céus! Vocês precisam de um banho. — ela fez uma expressão exagerada que fez os Assassinos rirem. — Vamos logo. Eu fiz algumas coisinhas para você comerem.

— Tenho a impressão de que ela quer nos engordar... — Liam olhou de soslaio para o amigo, que riu, encarando a mulher quase saltitante a sua frente.

— Com certeza. — eles a seguiram até a conhecida casa. Shay a puxou para um beijo, antes que ela corresse para a cozinha improvisada, ao se lembrar do chá esquecido sobre a pequena fogueira.

Ela sorriu ao passar pela pequena mesa na varanda com algumas guloseimas faltando, cruzando com o velho Mentor, que limpava os farelos do rosto. Achilles não pode evitar uma risada por seu descuido, antes de se afastar, procurando por seus pupilos, a espera de um relatório.

Perséfone arrumou com cuidado o bule sobre a mesa, deixando um pequeno sorriso escapar ao ver Liam passar acompanhado por Hope em direção ao belo esconderijo.

— Considerando seu conhecimento pessoal do lugar, esta tarefa cai sobre ti. — ela pode ouvir a voz de Achilles, enquanto se aproximava da pequena varanda, a procura dos Assassinos. — Compreendes o que deve ser feito?

— Encontrar o templo dos precursores e recuperar a Peça do Éden. — Shay se voltou para o velho Mentor, os olhos brilhantes de determinação.

— Obtivemos um navio para cruzar o oceano. Não se preocupe, manteremos a Morrigan segura em Nova York. — Hope se virou para o moreno, lhe oferecendo seu melhor sorriso, junto a promessa. — E a Perséfone longe de problemas durante sua pequena estadia comigo.

— Obrigado. — ele deixou escapar uma risada, apesar do olhar preocupado. — Liam e eu sairemos muito em breve.

— Liam está indisponível no momento. Sua tripulação e navio te aguardam. Toma cuidado em Lisboa, Shay.— a voz de Achilles chamou a atenção da albina, fazendo com que ela se aproximasse ainda mais deles. — Peças do Éden são relíquias poderosas...

— Você vai para Lisboa? — Perséfone encarou o moreno que congelou por um momento, antes de concordar de forma hesitante com um aceno.

Snow... — Shay deu um passo à frente, antes que ela saísse correndo para a trilha mais próxima. — Maldição.

— Vá atrás dela. — Achilles encarou seu pupilo, dando um mínimo sorriso, antes de se afastar, o deixando a sós com Hope.

— O que foi? — ela o encarou ao perceber que ele ainda encarava o ponto a sua frente, inerte.

— Ela não vai me ouvir... Vai querer ir junto e não posso correr esse risco... Mas... — ele voltou os olhos preocupados para a morena, que sorriu, lhe apertando carinhosamente o ombro.

— Sei que está preocupado... Mas nós vamos estar aqui e vamos cuidar bem dela. — Hope sorriu, antes de o puxar consigo em direção a pequena mesa preparada pela albina, começando a colocar algumas coisas em uma pequena cesta. — Sua partida pode aguardar até amanhã. Então, aproveite bem as próximas horas que terá ao lado dela e mostre a ela a importância disso...

Hope lhe entregou a cesta, perfeitamente arrumada, abrindo um grande sorriso e apontando para a trilha.

***

Perséfone estava sentada ao lado de um arbusto, brincando com uma flor entre os dedos.

— Você me achou... — ela disse baixinho, quando Shay se sentou ao lado dela, pegando sua mão e entrelaçando seus dedos. — Como sabia?

— Eu conheço você. — ele sorriu para a albina, lhe encarando os olhos violeta quando ela se virou para ele. — Eu sei que quando você fica chateada vem colher flores, por que te ajuda a pensar.

— Você tem mesmo que ir? Lisboa é tão longe... — ela o encarou com os olhos suplicantes.

— Sim, eu preciso. Você está conosco a tempo o suficiente para saber o quão importante isso é... — ele deu um pequeno sorriso para ela. — Eu irei partir pela manhã. Por isso, eu tenho que aproveitar ao máximo o tempo que terei com você.

Perséfone, deu um pequeno sorriso, enquanto Shay a puxava para si, a abraçando.

— Vem, eu tenho uma surpresa para você. — ele sorriu, exibindo a cesta preparada cuidadosamente por Hope, antes de a guiar por uma trilha até então desconhecida.

Perséfone olhou ao redor, deixando um sorriso escapar pelas belas paisagens que a cercavam, a medida que Shay a guiava pela apertada trilha.

— Certo... Venha aqui, Snow. — ele pegou uma pequena tira de pano, se aproximando dela e a vendando.

— Shay... Eu não gosto disso... — ela esticou uma das mãos, sorrindo quando ele a pegou e apertou de forma carinhosa, lhe beijando a palma.

— É apenas por alguns instantes... Eu quero te fazer uma surpresa. — ele passou o braço ao redor da cintura dela, a puxando um pouco mais para si, enquanto a guiava pelo resto do caminho. — Só mais um pouquinho...

Ele se afastou dela por alguns instantes, enquanto Perséfone mexia nervosamente as mãos, ansiosa por se livrar da venda.

— Sem espiar. — ela pode ouvir a voz do moreno ao longe, antes que ele finalmente se aproximasse, depositando um delicado beijo em seu pescoço, tirando lentamente a venda. — O que achou?

Perséfone olhou para a paisagem a sua frente, enquanto um sorriso se espalhava por seu rosto. A cachoeira que caía em um lago de águas azuis e cristalinas, antes de descer penhasco abaixo em uma queda ainda maior. Flores silvestres nos mais diversos tons se espalhavam ao redor deles em um pequeno campo e apesar de poucas, as árvores de copas verdes e abundantes proporcionavam a proteção perfeita para o sol do meio dia.

— Pelos deuses... — Perséfone piscou mais algumas vezes, antes de coçar os olhos e seu sorriso aumentar ainda mais. Ela se virou para Shay, que deixara uma risada escapar pela pequena referência a mitologia grega. — É lindo...

— Fico feliz. — ele a puxou pela mão até a toalha esticada sob uma das grandes árvores, antes de se sentarem lado a lado e ele começar a esvaziar a pequena cesta. — Eu quero e preciso aproveitar até o último instante que terei ao seu lado, Snow. Porque eu sei que vou quase enlouquecer de saudade nesses meses longe de você...

— Eu poderia ir junto, sr. Capitão. — ela sorriu travessa para ele, antes de fazer uma expressão emburrada quando ele negou com um aceno. — Chato.

— Teimosa. — Shay habilmente girou o corpo, ficando sobre ela e lhe beijando de forma apaixonada os lábios. E por mais que Perséfone não quisesse admitir, sabia que quase morreria de saudades.

Shay era como uma brisa de verão, quente, acolhedora e cheirando a mar e liberdade. Estar sem ele seria como entrar novamente naquele inverno. E novamente, a única coisa que ela poderia fazer seria aproveitar cada momento ao seu lado, antes de esperar pacientemente pelo retorno de seu verão.

 — Não posso negar... ela tem motivos para estar chateada. Mas correr para o meio da mata? Isso é exagero... — Liam envolveu a mão de Hope com a sua, enquanto eles caminhavam pelo pequeno porto de volta para a casa.

— É a Perséfone, Liam. Ela é sempre um pouquinho exagerada. — a morena sorriu. — Apesar de tudo... Fico feliz de saber que irá ficar aqui.

Ele voltou os olhos para a mulher ao seu lado, antes de abrir um grande sorriso, lhe apertando de forma carinhosa a mão e olhando em direção a uma das trilhas.

— Aceita me acompanhar em um pequeno passeio, srta. Jessen? — ele sorriu para a morena, que deixou uma risada escapar pela formalidade forçada do Assassino. — Soube que existem belos locais para se admirar o pôr do sol aqui...

— Aceito o seu convite, sr. O'Brien. — ela sorriu, apertando levemente o braço dele, enquanto seguiam por uma das muitas trilhas.

Nos últimos anos Liam e Hope se tornaram mais próximos, tendo algo que ao longe lembraria a relação de Shay e Perséfone. Porém, diferente deles, ambos tinha noção de que aquilo não poderia tomar forma.

O estilo de vida perigoso e volátil que levavam não os permitia esse luxo. Ainda assim, passearem por aquelas trilhas, longe da vista de todos, seria o mais próximo que teriam de um relacionamento. E para os dois, isso era o suficiente, aqueles momentos a sós, em que podiam aproveitar de melhor forma a companhia um do outro.

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