Safe and Sound - Parte 2

Hope olhou mais uma vez para os cálculos e anotações a sua frente, procurando por qualquer erro que pudesse ter deixado passar. Ela suspirou baixinho, pegando a pena e começando a escrever em seu diário, alternando os olhos entre ele e as anotações de Franklin. Ela estava tão perto, podia sentir isso.

O som da porta se fechando fez com que a morena levantasse os olhos, encontrando uma bandeja sobre sua mesa com chá e pães doces acompanhados da deliciosa geléia de amoras de Elisabetta. Ela sorriu, estava tão distraída que não o ouvira entrar e ele sabia disso, deixara aquilo ali como um convite. Convite esse que ela não ousaria recusar.

Ela conferiu uma última vez os cálculos, antes de se levantar, ajeitando o vestido e seguindo a passos silenciosos pelo corredor. Ela olhou rapidamente ao redor, antes de bater três vezes em uma determinada sequência.

— Boa noite- — Hope puxou Liam para si pela gola da camisa, selando seus lábios ao dele, o interrompendo. O Assassino lhe envolveu a cintura, a puxando contra si e dando um passo para trás, antes de fechar a porta.

— Também estava com saudades. Fiquei tão preocupada com você quando soube que quase se encontraram... E quando descobrimos sobre o Kesegowaase... — os olhos dela o encararam preocupados, enquanto ele abria um pequeno sorriso.

— Eu estou aqui agora... Você não tem com o que se preocupar. — ele apoiou sua testa a dela, um sorriso triste tomando seus lábios. — Queria ter a coragem dele. Poder largar tudo e fugir com você. Poder ter uma vida normal ao seu lado.

Hope sorriu para ele, lhe segurando o rosto com ambas as mãos e beijando delicadamente seus lábios.

— Não pense nisso. Estou aqui para aproveitar o tempo que tenho com você, não para pensar no tempo que teria se as coisas fossem diferentes. — ela acariciou a bochecha do Assassino com o polegar, antes de descer as mãos até seus ombros, alisando o tecido, antes de começar a lhe desabotoar a camisa. — Agora, sr. O'Brien... Deixe-me lhe mostrar o quanto prezo sua companhia.

Liam deixou que um sorriso lhe tomasse os lábios quando a morena virou de costas para ele, começando a tirar o vestido. Ele se aproximou dela, depositando alguns beijos quentes em seu pescoço e ombros, enquanto ela se livrava da peça.

***

Feixes de luz dourada entravam pela pequena fresta na cortina, iluminando fracamente o quarto e o casal adormecido sobre a cama. Hope trilhou com os dedos algumas das cicatrizes que se espalhavam pelos braços de Liam, deixando um sorriso tomar seus lábios. Ela sabia a história da maioria daquelas marcas, assim como ele sabia das suas.

— Bom dia. — a voz grave a fez sorrir, girando o corpo e lhe encarando os olhos azuis.

— Bom dia. — ela sentiu aquela calma se espalhar quando ele selou seus lábios ao dela, bufando irritado ao ouvir uma batida na porta.

— Sr. O'Brien, a senhorita Leiza Fontayne está lá em baixo. — o homem esperou pela resposta.

— Sim. Já estou indo... — Liam sorriu, respondendo em alto e bom som, voltando os olhos para Hope, que o encarava curiosa. — Agora sei por que ele sempre estava com aquela carranca quando alguém o chamava e ele estava com a Perséfone.

Hope deixou uma risada baixa escapar, enquanto o Assassino a puxava para si, a abraçando e afundando o rosto em seu cabelo, respirando fundo e se permitindo ser envolvido pelo cheiro dela.

— Por mais que eu não queira... Acho que deveríamos descer. — ela sorriu contra a pele dele, sua voz soando um tanto abafada. — A Leiza não deveria estar aqui e alguém pode voltar, ou ir me procurar em meu quarto.

Ele a manteve em seus braços por mais um instante, antes de deixar que Hope se levantasse e começasse a separar suas roupas. Liam se levantou, seguindo os passos dela e começando a se vestir, parando por um momento e a puxando para si pela cintura, lhe beijando o pescoço, tão ansioso quanto ela pelo próximo momento que teriam a sós.

Alguns minutos depois, os dois Assassinos estavam sentados de frente um para o outro na pequena cozinha, esperando pela chegada de Leiza e, quem sabe, do café da manhã.

— Estou perto de conseguir repetir o experimento de Franklin. Talvez mais algumas semanas... — Hope levantou os olhos para Leiza, que apareceu à porta e sorriu para os dois, alternando os olhos entre eles, seu sorriso aumentando ainda mais.

— Bom dia pra vocês dois. — Leiza se sentou ao lado de Hope, o sorriso se esmaecendo de seus lábios, enquanto ela mexia as mãos nervosamente.

— Ela está bem, Leiza. — Hope a puxou para si, passando os braços ao redor dela, a abraçando enquanto ela começava a chorar.

— Liam... O que vamos fazer? — Leiza olhou para o grande Assassino, os olhos cor de ônix preocupados e suplicantes, enquanto algumas lágrimas escorriam por seu rosto.

— Ela vai ficar bem, Leiza. — ele passou os braços ao redor dela, deixando um pequeno sorriso tomar seus lábios quando Hope se aproximou, passando as mãos pelas longas tranças negras dela, tentando a acalmar. — Você sabe tão bem quanto nós que o Shay jamais a machucaria.

— Mas... ele matou o Kesegowaase... — ela se afastou, encarando o casal.

— Eu sei que você pensa que ele enlouqueceu, Leiza... E as vezes, concordo com você quanto a isso. Mas o Shay está caçando Assassinos. E ele, mais do que qualquer um de nós, sabe que a Perséfone está bem longe de ser uma Assassina, embora seja a nossa família. — Hope sorriu para ela, pegando as mãos dela entre as suas. Leiza concordou com um aceno algumas vezes, antes de levantar os olhos para Liam.

— Você... ainda tem aquele desenho? — ela o encarou, enquanto ele concordava com um aceno e sinalizava para que ela o acompanhasse.

— Vai devolver a ela? — ele a encarou, pegando o rascunho de dentro da pequena caixa e a entregando.

— Eles já estão juntos... Não fará mais diferença agora. — ela o guardou em um bolso de seu casaco, antes de correr rapidamente os olhos pela sala, soltando um pesado suspiro ao ver que estavam sozinhos. — Liam, eu preciso te contar uma coisa... Eu desobedeci ao Adéwalé... Ele me disse para não sair do Experto Crede, mas eu precisava saber como ela estava. Eu... Eu não estou pronta. Não estou pronta para fazer o que vocês fizeram.

Lágrimas grossas rolavam pelo rosto da Assassina, antes que a Liam a envolvesse com seus braços, em um abraço.

— Eu não consigo. Eu sou forte o bastante para fazer isso. — ela levantou os olhos para ele, a voz soando embargada pelo choro. — Eu não quero lutar contra ele. Nem contra ela. Ela é minha irmã... E eu não quero voltar, por que eu sei que terei que fazer isso...

— Você não precisa fazer se não quiser... — ele sorriu para ela, a segurando pelos ombros e encarando seus olhos negros. — Quando pensamos que ele estava morto, passei noites chorando pela perda dele, mesmo que não devesse. Sofrer por perder alguém que se ama ou se preocupar com esse alguém não é um sinal de fraqueza, Leiza. E eu tenho certeza de que a Perséfone preferiria que você ficasse fora disso. Não se preocupe, nós lidamos com o Adéwalé.

Leiza sorriu, enquanto Liam lhe apertava carinhosamente o ombro antes de sair, a deixando sozinha. Ela pegou o desenho, relendo rapidamente a carta de Shay para Perséfone, antes de procurar por uma pena e começar a escrever.

Perséfone acordou, encarando o teto por um momento e deixando um suspiro escapar, preocupada com Shay. Ela se sentou, olhando ao redor, antes que sua atenção fosse tomada pelo pequeno pacote sobre a cômoda.

— O que é isso? — ela olhou novamente ao redor, antes de puxar o pacote para si e o abrir. Uma carta e três belas penas de ave estavam ali. No momento em que desdobrou a carta, ela reconheceu um rascunho a muito perdido da Morrigan.

A folha começava a assumir um tom amarelado e as dobras marcadas começavam a rasgar nas pontas. Perséfone olhou para o desenho por mais um instante, antes de virar a folha e morder o lábio.

"Minha doce Snow,

Eu estou fugindo. É uma história longa demais para que eu te conte aqui. Mas inocentes perderam as suas vidas por causa do artefato que Achilles me mandou recuperar. Não posso permitir que isso se repita. Por isso, essa noite irei roubar o manuscrito e fugirei com a Morrigan para longe.

Me perdoe por deixá-la, mas não posso arriscar que você se machuque. Eu vou voltar por você, eu juro. Apenas preciso de um pouco de tempo. Em três meses irei para Albany. Se você me perdoar, me encontre lá. Eu estarei a sua espera no porto.

Do sempre seu,

Shay Patrick Cormac."

Perséfone sorriu, secando as lágrimas que insistiam em lhe descer pelo rosto, evitando que elas tocassem o papel. Ela fungou algumas vezes, respirando fundo e secando o rosto com as mangas da chemise, antes de continuar a ler.

"Perséfone,

Eu não estou pronta para ser como eles, minha irmã. Pensei que conseguiria ser forte e lutar contra ele, ignorando os meus sentimentos. Mas descobri que nem eles fizeram isso.

Por isso, minha querida irmãzinha, é melhor que ele esteja certo. Eu não te passarei informações, mas você sabe que irei te ajudar. E é melhor que esse idiota impulsivo esteja cuidando bem de você, ou eu mesma mato ele. Uma última coisa, preciso saber se você me perdoa. Deixe um vaso com flores na janela e mandarei uma amiga te visitar. Você a reconhecerá pelas penas.

Com amor, da sua irmã de aventuras,

Leiza."

— Cabeça dura. — a albina sorriu, apertando o desenho contra o peito, antes de correr os olhos ao redor pelo quarto. Ela se levantou, a passos trôpegos, caminhando até a mesinha próxima a porta.

O vaso que Cassidy trouxera a pedido dela com algumas flores no dia anterior ainda estava ali. Perséfone o pegou, o arrumando cuidadosamente no beiral da janela, deixando um pequeno sorriso tomar seus lábios, antes de voltar para a cama e reler novamente as cartas.

***

Perséfone encarou o teto, deixando um suspiro escapar, entediada. Ela odiava ficar trancafiada, sem poder caminhar ou fazer qualquer coisa.

— Bom dia. — a simpática senhora se aproximou da cama da albina, a encarando com um doce sorriso. — Como está se sentindo?

— Entediada. — ela riu quando Perséfone suspirou, se sentando e olhando ao redor, deixando que aquela preocupação transparecesse em seus olhos.

— Não se preocupe, querida, logo ele estará de volta. — Cassidy sorriu, deixando o café ao lado de sua cama e saindo.

Ela olhou ao redor, antes de se levantar, ignorando os pedidos do médico de que ficasse de cama por mais alguns dias e encarando o delicado vestido, deixado ali por Elisabetta alguns dias, antes de o vestir e descer as escadas.

— Você deveria estar descansando, senhorita. — Barry Finnegan olhou por cima do livro para a albina, deixando um sorriso escapar quando ela deu ombros, lhe oferecendo um doce sorriso. — Não se esforce. Eu não sou o mestre Cormac para conseguir te levar lá para cima com a mesma facilidade.

— Barry! — Perséfone riu do quão indignada Cassidy ficara. — Não ligue para ele. Mas...

— Eu sei. O Shay me disse para ficar lá em cima, descansando. — ela encarou a gentil senhora com olhos suplicantes. — Mas vou morrer de tédio se continuar naquela cama e sem nada para fazer.

Cassidy a encarou por alguns instantes, antes de concordar com um aceno, enquanto a albina sorria largamente.

— Ótimo. Que tal uma torta? — ela voltou os olhos para Barry, que sorriu, antes que ela fosse saltitante para a cozinha. Depois de três semanas, que ela se lembrava, praticamente confinada a aquele quarto sem ter o que fazer, ela esperava ainda saber cozinhar decentemente.

Perséfone sorriu, arrumando cuidadosamente na massa as fatias de maçã que Cassidy trouxera para ela do pomar. Por um momento ela sentiu como se nada estivesse mudado. Ela estava ali, cozinhando a torta favorita de Shay, esperando que ele voltasse. Por um instante, era como se tudo estivesse normal e perfeito.

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