Lost it All - Parte 2

*Recomendação da Mentora : escutem a musica abaixo durante a leitura, dará um clima a mais... 

https://youtu.be/tdN7sA5d7-k

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Christopher Gist sorriu, olhando ao redor pelo belo navio de incomuns velas vermelhas, antes de pousar os olhos sobre a porta da cabine. Shay Cormac era um traidor dos Assassinos, ele sabia disso, era algo claro como as águas sobre as quais que eles navegavam naquele momento.

Porém, seu novo aliado também possuía segredos tão profundos quanto aquelas águas. Segredos esses que o levavam a se trancar em sua cabine por horas e que faziam com que ele ficasse com um péssimo humor caso fosse interrompido em um desses seus 'momentos'.

— Capitão... — ele sorriu cordialmente para Shay, que apenas acenou, antes de seguir para a popa do navio, se debruçando sobre a amurada e olhando para o rastro deixado na água.

Ele pensou por alguns instantes, antes de dar um suspiro cansado e acenar para o marinheiro um pouco mais a sua frente, que esperava pacientemente pela ordem seguinte, deixando o timão aos cuidados dele.

— Algo parece lhe incomodar profundamente... — Gist se debruçou ao lado de Shay, mantendo os olhos no mar. O homem tinha a expressão cansada e um tanto desolada. — Eu poderia dizer que isso se deve a sua... situação com os Assassinos, mas estaria enganado, certo? Eu reconheço um homem de coração partido quando vejo um, Shay... E já conheci vários, mas a maioria estava em uma taverna, caindo de bêbado...

Gist sorriu ao ouvir o homem ao seu lado deixar uma risada escapar.

— Não vai me encontrar bebendo para a esquecer... Não quero esquecê-la, na verdade, quero me lembrar de cada momento ao seu lado... — Shay levantou os olhos para o céu por um momento, deixando que a brisa marinha lhe invadisse os sentidos, trazendo uma nova lembrança. — Só não pensei que seria tão... difícil lembrar dela.

— Ela era uma Assassina? — a resposta era óbvia, mas ainda assim, ele se atreveu a fazê-la.

— Não. — Shay fez uma longa pausa, antes de voltar os olhos para Gist, que o encarou surpreso. — Uma civil. Alguns eventos acabaram por levá-la a nosso esconderijo e ela se tornou nossa protegida. Não tinha para onde ir e nos adotou como sua família.

Ele voltou os olhos para o mar, deixando um sorriso triste lhe tomar os lábios. Gist lhe apertou amigavelmente o ombro, lhe oferecendo seu melhor sorriso, antes de se afastar, retornando a suas obrigações, e deixando Shay com seus pensamentos.

O Templário viu uma capa com delicadas flores bordadas na barra passar por si, mas manteve o foco na conversa com seu imediato. Porém, logo foi vencido por sua curiosidade.

— Eu volto logo, Gist. Só vou... verificar uma coisa. — Shay se afastou do animado e alegre Templário com quem dividira o comando da Morrigan nos últimos meses.

Ele seguiu a figura discretamente pelas ruas de Nova York, antes de parar abruptamente. Ele conhecia aquele homem. Liam passou por entre as diversas bancas, olhando ao redor antes de finalmente a encontrar.

— Oi. — ele se aproximou da figura, que afastou o capuz, exibindo as mechas alvas presas em uma complicada trança com um delicado enfeite em formato de flor, fazendo o coração do moreno acelerar. — Vim ver como você está. Se precisa de algo.

— Sabe que não precisa fazer isso, não é? — Perséfone sorriu de modo doce para o Assassino, que apenas desviou o olhar. Ela o cutucou com o ombro, antes de seguir para a próxima banca, escolhendo algumas frutas.

— Escute. Depois que... você sabe... Eu me sinto responsável por você. Como um último ato de lealdade a ele, em nome da nossa amizade. — Liam pegou a mão da albina, a passando ao redor de seu braço como Shay fizera inúmeras vezes, o surpreendendo. — Eu deveria ter te protegido do Achilles. Eu sabia que ele estava com os nervos à flor da pele... E que acabaria descontando isso em você.

— Está tudo bem, não precisa ficar assim. Eu sei disso... — ela levantou os brilhantes olhos ametista para o Assassino, que sorriu minimamente. — Pare de se preocupar. Vocês devem ter algo mais importante para fazer do que ficar vindo aqui ver como estou.

— Escute. — Liam segurou o rosto da albina entre suas mãos, a fazendo o encarar um tanto surpresa. — Eu me preocupo com você. É meu dever cuidar de você, Perséfone.

Ela acenou algumas vezes, concordando, antes do Assassino sorrir, lhe beijando as costas da mão. Shay sentiu o peito pesar e um certo ciúme, apesar de se esforçar em pensar que aquilo poderia ser bom para Perséfone.

No fim, ele ainda a amava com cada fibra do seu ser e mesmo após quase um ano, esse sentimento não diminuira nem um pouco.

— Capitão. — a voz de Gist ao seu lado fez o moreno se sobressaltar por um instante, antes de voltar os olhos para seu companheiro. — É ela, não é?

Ele concordou com um aceno, antes de finalmente se afastar, voltando a ter o mesmo semblante um tanto sombrio.

— Oh, eu já ia me esquecendo... — o animado Templário se apressou até estar ao lado de Shay, puxando um pouco mais o chapéu sobre os olhos. — Creio que já tenha ouvido falar do Grão Mestre do rito Colonial, Haytham Kenway, certo?

— Sim. — o moreno o encarou curioso, enquanto Gist deixava um grande sorriso tomar seus lábios. — Algum motivo especial para essa pergunta?

— Bem, digamos que ele tenha uma missão especial para mim... e creio que você será de grande ajuda. — ele voltou os olhos para Shay. — Além do mais, isso poderá contar como algo a seu favor, uma prova extra de sua lealdade para com a nossa causa...

Haytham Kenway olhou para Christopher Gist, que acabara de entrar na taverna acompanhado de seu mais novo associado.

— Mestre Kenway. — Gist cumprimentou o Grão Mestre, sorrindo cordialmente para ele, antes de apontar para o homem ao seu lado. — Este é o Capitão Cormac. Creio que ele será de grande ajuda...

— Haytham Kenway. — ele se levantou, esticando a mão para o homem, que a apertou firmemente, antes de se sentarem novamente. — Fico feliz que tenha aceitado vir nos ajudar, sr. Cormac, mesmo isso sendo uma questão um tanto... fora dos assuntos de nossa Ordem.

— Bem, digamos que isso me toca um pouco pessoalmente... — o moreno o encarou, nos olhos brilhando uma certa fúria velada. — Uma... velha amiga já sofreu muito na mão de traficantes de escravos. Não me importaria em livrar o mundo de alguns deles, ainda mais se são traidores da nossa causa.

— Fico feliz em ouvir isso, sr. Cormac. — Haytham encarou os dois homens a sua frente, antes de começar a lhe passar alguns detalhes. — Soube por meio de meus informantes que eles se escondem em um armazém aqui na cidade. A vigilância que mantém sobre o lugar é mínima, apenas para manter os curiosos longe, creio que isso não será um problema para nós. É de suma importância que os três sejam capturados e recebam a devida punição por seus crimes.

Eles concordaram com um leve aceno, antes de começarem a discutir os detalhes.

***

O Grão Mestre olhou para o homem que corria para fora do armazém que era consumido pelas chamas, segurando uma jovem em seus braços. Mesmo ao longe ele podia ver as marcas arroxeadas em seu corpo inerte.

Era com pesar que Haytham constatava que com aqueles ferimentos e por ter sido capturada por traficantes de escravos, era quase impossível que ela estivesse viva.

Shay se deixou cair de joelhos no chão, apertando o corpo da jovem contra si, em desespero.O Grão Mestre o encarou, reconhecendo a expressão em seus olhos, a de quem havia perdido tudo...

— Liam, nós temos um problema. — Hope se aproximou do Assassino, sendo seguida de perto por Elisabetta que tinha um semblante preocupado.

— O que aconteceu? — ele se aproximou das duas mulheres, tentando não se envergonhar quando Elisabetta o envolveu com os braços, desabando em lágrimas.

— Tem dois dias que a Perséfone não aparece em casa e quando a Elisabetta foi ver se ela estava no apartamento, encontrou o lugar destruído e totalmente revirado... — Hope o encarou com os olhos preocupados.

— Mande seus homens revirarem a cidade e ficarem de olho em todos os lugares... — Liam pensou por alguns instantes, antes de pousar as mãos nas costas de Elisabetta. — Nós vamos encontrá-la. Mande também que fiquem de olho em nossos novos... aliados, apenas por garantia.

Um instinto antigo dizia ao Assassino que talvez aqueles homens que pensavam estar os enganando pudessem estar envolvidos. Talvez soubessem de tudo, talvez tivessem descoberto sobre a 'protegida' dos Assassinos e decidido a usar como trunfo. Mas ele não permitiria que isso acontecesse, nem que saíssem impunes.

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