Lost it All - Parte 1
*Recomendação da Mentora: escutem a musica abaixo durante a leitura, dará um clima a mais...
https://youtu.be/tdN7sA5d7-k
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"Porque eu perdi tudo, morto e quebrado
As minhas costas contra a parede
Corte-me, abra
Eu estou apenas tentando respirar
Apenas tentando descobrir
Porque eu construí esses muros
Para vê-los desmoronando
Eu disse
Então eu perdi tudo
Quem pode me salvar agora?"
-Lost it All, Black Veil Brides ft. Juliet Simms
O homem olhou pela janela para a movimentada rua a sua frente, passando a mão pelas compridas mechas castanhas que insistiam em lhe cair sobre os olhos, sentindo o ferimento em seu ombro e em seu abdômen doerem.
— Maldição... — ele fez uma careta, antes que a simpática senhora entrasse no quarto, o encarando com uma expressão reprovadora.
— Você deveria estar na cama. — ela o puxou pelo braço até uma poltrona, fazendo com que ele se sentasse.
— Eu estou bem, sra. Finnegan. — ele sorriu para a mulher, a encarando por um momento a mais. — Para ser sincero, eu gostaria de voltar a ativa, estou começando a me sentir... enclausurado.
Ele pensou por um momento em suas palavras, antes de abrir um triste sorriso com a lembrança que aquelas palavras trouxeram a sua mente.
—Me chame de Cassidy... E nem pense nisso, até alguns dias atrás você estava delirando naquela cama, falando coisas sem sentido. — ela apontou para a cama, antes de voltar sua atenção para as faixas que cobriam um dos olhos do moreno, às retirando por um instante e olhando o corte profundo que começava a cicatrizar sobre seu olho.
— Que tipo de coisas? — ele a encarou com certo receio, enquanto ela colocava as faixas novamente de volta ao seu lugar.
— Ah... Você ficava perguntando sobre a neve, a primavera. Também falava sobre um terremoto e uma Rainha... E o mais estranho, você dizia que havia traído sua família... — ela deu uma leve risada, antes de voltar os olhos sorrindo para ele. — Bem, eu vou deixar que você descanse mais um pouco.
Ela sorriu antes de sair, fechando a porta atrás de si e o deixando sozinho com seus pensamentos novamente.
E por alguns momentos ele perguntou se realmente todo aquele sacrifício valeria a pena. Ele havia aberto mão de sua vida, de seu amor e de sua família, chegando até mesmo a trair os últimos, apenas para manter aquelas poderosas máquinas longes de mãos erradas.
— Ela estará segura, assim como todas essas pessoas inocentes... Aquilo não irá se repetir. — ele se levantou, olhando uma última vez pela janela para a rua, antes de voltar a se deitar, vencido pelo cansaço.
***
Shay olhou para a cicatriz em seu ombro esquerdo, passando o dedo pela marca, antes de vestir a camisa. Ele olhou seu reflexo no espelho, passando as mãos por seu cabelo, antes de decidir finalmente o prender, sorrindo satisfeito com resultado.
— Bem melhor... — o moreno passou a mão pelo rosto recém barbeado, encarando sua imagem no espelho, mantendo os olhos na cicatriz sobre seu olho direito por mais um momento, antes de vestir o casaco e descer as escadas para a sala.
— Ah, veja quem parece um cavalheiro! — ele exibiu sua nova aparência a sua anfitriã, que sorriu, se aproximando dele.
— Cass... — o moreno sorriu ao ver Barry repreendendo a esposa e se aproximando da mesma.
— Eu tinha um livro comigo? — ele se aproximou alguns passos do casal.
— Não. Só essas armas peculiares. — Barry apontou para o par de lâminas escondidas e o rifle do moreno, que sorriu, satisfeito com a recente informação.
— Obrigado aos dois... Por tudo. Se me dão licença... — ele sorriu para o simpático casal, apontando para a porta e dando alguns passos a frente, saindo em direção a rua. — Então o manuscrito está nas profundezas do Atlântico.
***
Shay olhou ao redor para o pátio do antigo prédio da gangue de Assassinos, recém tomado por guardas britânicos, com uma pequena ajuda dele, claro. Ele ainda sentia os incômodos efeitos das bombas de fumaça em seus pulmões quando pegou o lenço que o líder da gangue usava para se proteger da fumaça.
Ele se virou, encontrando um homem usando as vestes de um coronel britânico, na mão, o conhecido anel de mestre Templário. Ele pousou a mão sobre o cabo da pistola, o encarando perigosamente.
— Acalma-te, mestre Cormac, somos amigos. — o velho homem deixou as mãos bem a mostra, sinalizando para que o moreno se acalmasse. — Os Finnegans se preocuparam com suas... medidas. Sou o Coronel George Monro.
— Coronel... — Shay acenou com a cabeça, cumprimentando da forma mais cordial que poderia o homem.
— Vim ajudar, mas vejo que é tarde... — ele apontou com uma das mãos para o corpo caído próximo a eles, se aproximando mais um passo de Shay. — Obrigado por lidar com esses terríveis criminosos. Eram uma praga para Nova York.
Shay encarou o homem, um tanto cético quanto a importância que ele estava dando à cidade. Porém, após uma longa conversa e uma caminhada pela cidade, ele pode entender melhor seus objetivos. George Monro era um bom homem, que se importava com as pessoas da cidade ao seu redor.
Após caminhar sozinho por mais algum tempo pelas ruas, ele decidiu voltar a casa de seus gentis anfitriões para lhes agradecer novamente e lhes assegurar de que estava bem.
— Shay! — Cassidy Finnegan correu a seu encontro quando o viu passar pela porta, com uma expressão preocupada e um tanto orgulhosa no rosto. — O coronel Monro nos contou o que houve!
— Você é um tolo... — Barry se aproximou do moreno com uma expressão irritada, que logo deu lugar a um sorriso, enquanto ele esticava a mão para Shay, que a apertou cordialmente. — Mas obrigado.
— Mestre Cormac. Desculpe por tirá-lo de seu descanso, quando mal te recuperastes de seus ferimentos... — o Coronel ofereceu um pequeno sorriso a ele, enquanto se aproximava. Na verdade, Shay começara a se sentir enclausurado, e não se importaria em voltar a ativa.— Espero que possa me ajudar a tirar um amigo meu de um problema. Ele descobriu um ninho de criminosos criando armas estranhas...
O Coronel colocou a incomum munição nas mãos do moreno, antes de seguir com ele para uma área onde poderiam conversar a sós.
— O nome dele é Christopher Gist. Temo que esses criminosos o enforquem... — o velho coronel encarou Shay, que concordou com um aceno, já se preparando para sair. — Eles estão entrincheirados no velho Fort Arsenal. Diga ao mestre Gist que me encontre em Albany...
Shay concordou com um aceno, antes de sair para a rua, em busca de um novo aliado.
Shay olhou ao redor para o seu tão querido navio, se deixando ser invadido pelas lembranças, as quais ele tentara a todo custo não ceder. Mas ali, onde passaram tanto tempo juntos, isso era impossível.
Por um momento ele olhou para sua nova base. O velho Forte que tomara para si dos Assassinos possuía um belo jardim e por mais que não quisesse, ele se perguntou o que ela acharia do lugar.
— Ela é uma bela embarcação... — seu novo aliado se aproximou, tocando a aba do chapéu em um rápido cumprimento e olhando para o navio. — E como prometido... tenho uma tripulação para ela. Deixei, no entanto, um cargo vazio. Diga-me Shay, você tem um imediato?
— Ele... — Shay pensou por um momento em Liam, sentindo o peito pesar e deixando uma expressão amarga tomar seu rosto. — já se foi.
— Então, ofereço-me para o posto, capitão. — Gist sorriu cordialmente para Shay, que esticou a mão para o loiro e sorriu.
— Bem-vindo a bordo. — ele apertou a mão de seu novo imediato, antes de correr os olhos mais uma vez pelo navio, os olhos parando na porta que levava a cabine, se lembrando de um importante detalhe.
Após trocar algumas informações com Gist e instruir a tripulação e seu novo Imediato a como se portarem após a partida para Albany, ele decidiu não adiar ainda mais aquilo.
— Vou deixar que você prepare a nossa partida... Ainda tenho um assunto inacabado para resolver... — o moreno sorriu, seguindo a passos firmes para a cabine e trancando a porta atrás de si. Ele encarou a cama por um momento a mais, antes de se deixar cair pesadamente sobre sua poltrona.
Shay procurou pela pequena chave escondida em um dos livros, antes de abrir a gaveta da velha escrivaninha da Morrigan. Estavam ali. Tudo ainda estava ali.
O novo bloco que Perséfone esquecera na última noite que passaram juntos, enquanto ele cuidava dela, e a caixa com os materiais para desenho que ele havia comprado para ela em Lisboa e guardado ali antes que tudo saísse do controle. Os desenhos que ela fizera ao ir o visitar e que ele cuidadosamente sempre guardava. E a flor, que um dia fora lilás, que ela usara presa à orelha, contrastando com as mechas alvas.
Ele pegou o bloco, o folheando cuidadosamente e sorrindo um pouco ao ver os desenhos, cada um trazendo à tona uma doce lembrança. Ele sentiu o peito apertar ao ver o último, inacabado. Ela estava desenhada como a deusa Perséfone, com uma coroa de flores, nas mãos um lírio, e ele como o deus Hades, usando uma coroa negra e uma espada com o punho em formato de caveira. Grande parte do desenho ainda era apenas um esboço, com pequenas anotações nas laterais. 'Já que sou a Rainha do Submundo, ele será Hades, o meu rei.'
'Ele me chama de sua Primavera, então ele deve ser meu Verão. Quente, cheirando a mar e liberdade, e tão surpreendente quanto.', ele sorriu, encarando o rascunho de um dia qualquer de treino com as pistolas.
'Céus. Eu amo esse navio por tantas razões, que se ele ousar se desfazer dele lhe ensino do que uma Fontayne irritada é capaz.', um rascunho ainda inacabado da Morrigan o fez sentir o peito pesar. Por mais que ela amasse o navio, havia simplesmente o evitado por causa das lembranças.
Shay escondeu o rosto entre as mãos, sentindo aquele aperto em seu peito crescer e a garganta apertar. Ele não pensou que seria tão doloroso encontrar novamente os desenhos e as lembranças de Perséfone. Ele sentia a falta dela, muito mais do que gostaria de admitir.
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