Parte XII
POV Sebastian - O melhor de mim
Estava caminhando meio perdido pela praia, de sapatos nas mãos e camisa entre aberta. O som das ondas batendo forte nas rochas e desaguando na praia me embalava.
Me agachei fitando o horizonte e suspirei forte. A confusão fazia parte da minha mente. A única imagem que a ocupava e que me dava alguma calma era a de Evelyn. A cada dia que passava me sentia mais e mais ligado a ela, como nunca fui com Cassidy.
Continuava sem entender como minha Epilégi por Cassie podia ser tão certo ao mesmo tempo que ela não era a mulher certa!
Deixei minha cabeça cair por cansaço de pensar tanto e não achar nenhumas respostas.
O velho Drako pediu para eu não tentar mudar nada que tudo iria ter onde devia, como um rio que desagua no mar, mas era algo difícil de deixar tudo como estava.
-Tentando lavar a mente? – Escutei a voz do meu grande amigo ressoar acima de mim.
Girei meu rosto para o olhar. A luz do sol incidia atrás dele, me impedindo de o enxergar direito.
-Tentando não pensar demais. – Suspirei.
Mikhail se jogou na areia, do meu lado e eu fiz o mesmo, esticando minhas pernas na areia.
-Sei que a Maddi me pediu para não interferir na vida dela, mas...você tem uma amante? – Perguntei, tentando desviar de minha rota de problemas.
Era muito melhor lidar com os problemas dos outros. Pareciam sempre tão mais simples de resolver.
-O QUÊ? Ela...ela está pensando que eu tenho uma amante? – Mikhail falou perdido, passando uma mão pelos seus fios bagunçados e os repuxando de leve, indicando certo desespero.
-Só não vai correr atrás dela dizendo que eu falei isso. – Pedi, pensando que seria um homem morto.
-Droga! – Xingou. – Eu julgando que estava fazendo tudo certo para ela não desconfiar de nada...
-VOCÊ A ESTÁ TRAINDO? – Me alterei, o olhando com uma fagulha de ódio.
-NÃO! – Se defendeu de imediato. E então retomou sua linha de pensamento. – Você sabe que vida de empresário não é a minha onda. Eu não tenho cara de engomadinho! – Mik revirou os olhos e eu estreitei os meus, sem entender onde ele queria chegar.
-Você se demitiu? É por isso que tem chegado tarde? Está procurando um emprego novo? – Atirei na sorte.
-Não. Nada disso. Não posso dar mole de me despedir assim, com uma filha sobredotada com necessidades especiais e uma casa para sustentar. Eu...promete que não ri de mim... - Ele apontou o dedo, com o rosto contorcido.
-Prometo. – Ergui as mãos esperando ansioso sua explicação.
-Estou fazendo faculdade de noite. – Suspirou.
-Faculdade!? – Exclamei erguendo os sobrolhos.
-É...de medicina. – Sorriu fraco me deixando super aliviado e feliz por essa notícia.
-Cara... - Falei e de seguida o puxei para um abraço forte. – Você tem de contar para Maddi. Ela está dando em doida. Se você continuar de segredinhos, é bem capaz dela pedir o divórcio e sair por aí com seus filhos...
-Filhos? – Mikhail me interrompeu.
O olhei com cara de "Ops, falei demais" e ele abriu um sorrisão, se erguendo apressado da areia e correndo para casa.
-NÃO DIGA A ELA QUE EU TE CONTEI! – Gritei, tentando salvar minha pele.
Sorte que no dia seguinte eu estaria longe daqui. E hoje dormiria em casa...bem...Acho que preferia correr da Maddi. Venisa é uma grávida muito mal-humorada.
Voltei a caminhar pela praia e por fim resolvi voltar a casa.
Venisa me esperava de rolo da massa na mão.
Ok, o rolo não era para mim, mas me deu uma pena da massa que ela batia.
Seus lindos cabelos estavam soltos, mas arrumados para trás, por um lenço de cabeça azul clarinho. O avental que ela usava a fazia mais fofa e a blusa de meia gola e sem mangas estava toda subida para cima por conta da barriga enorme.
Caminhei até minha irmã e a abracei por trás, acariciando sua barriga e sentindo Anya pontapear minha mão.
Sempre amei crianças e meu maior sonho era ter filhos. Cassie não os queria, mas agora não a conseguia imaginar mãe. A imagem que me aparecia era de Eve, de barrigão, sorrindo para mim.
Afastei essa imagem e percebi minha irmã me olhando de cenho franzido. Uma de suas mãos se ergueu até meu rosto, enxugando lágrimas que eu nem dera conta que derramava.
-Preciso de colo. – Sussurrarei agradecendo mentalmente por Philipos voltar bem tarde. Com certeza iria me zoar para o resto da nossa existência por me ver desse jeito.
-Oh, meu menino. – Nisa suspirou, me puxando até o sofá e me fazendo deitar a cabeça em seu colo, enquanto ela fazia cafuné.
Estava precisando desse carinho há muito tempo.
POV Evelyn - Cama Rei da Califórnia
Depois da consulta da primeira com Sam, eu me tranquei em meu quarto. Cassie e Tessa passaram o dia batendo em minha porta, mas eu as ignorei. Apenas permaneci deitada em minha cama, abraçada a meu diário, passando em um filme lento e doloroso de todo o meu passado.
Entre essas imagens sempre surgia uma de Bast, me reconfortando e me trazendo paz. Sues olhos negros sempre invadiam minha mente como se espantando toda a minha escuridão e domando meu coração corroído pela dor e culpa.
Os dias passavam corridos, em que todas as manhãs eu tinha o ritual de me levantar e ir até o consultório de Samantha para ler alguns trechos do meu diário. Quando não conseguia abrir o caderno, ela me levava para passear, a fim de me deixar relaxada e feliz.
Aquele era mais um dia que eu queria passar longe de casa.
Depois que reabri os olhos vi que um novo dia espreitava pela janela. Não hesitei em me levantar e sair logo daquela casa, sem dar uma única palavra a minha irmã.
Fui até a estrebaria e peguei em um cavalo manso para levar até a cidade. Diana não gostava de movimento nem de pessoas, não seria uma boa levá-la comigo.
Galopei apressada e em menos de 10 minutos cheguei ao consultório de Sam.
Ela me esperava na porta com uma caneca fumegante de café nas mãos e um sorriso doce nos lábios.
Corri para seus braços e me aconcheguei neles. Me senti em casa de novo.
-Vem, vamos entrar. – Indicou ternamente, me cedendo passagem.
Me acomodei no divã com o diário em mãos e nem hesitei em o abrir.
-Ei, ei, ei...não precisa de ter pressa. Tudo no seu ritmo. – Samantha me pediu.
-Quanto mais rápido eu me livrar desse pesadelo, mais rápido serei feliz. – Sussurrei, abrindo o diário em uma página marcada e preparando meus lábios para a soletrar.
"Estou com ânsias de vômito. Queria ter podido evitar ver o que vi.
Depois de ter ficado de castigo por não usar sutiã por baixo das minhas blusas, eu resolvi pedir um emprestado a Cassie. Ela não estava no quarto quando lá cheguei e meus pais estavam fora.
Me enfiei dentro do closet vasculhando por um sutiã que me servisse quando escutei uns risinhos vindos do quarto. Fui até a porta do closet ver quem era e mal pude acreditar quando vi Max deitado por cima de Cassie, sem roupas. Nenhum dos dois.
De início não entendi o que aquilo significava, mas quando a escutei gritar eu me assustei. Max estava fazendo mal a ela e eu sem puder fazer nada. Porque simplesmente paralisei.
Fiquei assistindo Max machucar minha irmã até o fim, derramando lágrimas, mas no final fiquei ainda mais sem palavras.
-Eu te amo. – Escutei minha irmã dizer com um sorriso nos lábios, depois do que ele lhe tinha feito.
Max não pareceu muito satisfeito com essas três palavras, porque se levantou e catou suas roupas. Cassie o agarrou, mas ele a enxotou. Os dois brigaram e ele acabou esbofeteando minha irmã.
Contive um gemido solidário e observei Max se desculpar e jogar as roupas de novo para um canto, tornando a fazer mal a minha irmã. Um mal que ela estava gostando."
Desviei mais uma folha, procurando por um trecho mais explícito e por fim o achei.
Respirei fundo e engoli o bolo que se formava na minha garganta.
"Cassie está furiosa comigo.
Estou escondida no sótão da casa, o local que mais me dá medo, porque sei que esse é o último lugar que ela me irá achar. Meu aniversário de 14 anos é amanhã e eu só quero poder cancelar tudo. Cassie me odeia!
Por mais que eu jure que não fiz nada ela não acredita em mim. O simples fato de me ter visto nua no quarto de Max, com ele por cima de mim, bastou a ela para acreditar que eu estava tentando roubar seu 'namorado' quando na verdade era ele que estava querendo me fazer mal.
Me custa lembrar como fui tão burra em ter aceitado ir com Max até seu quarto, com o pretexto de pegar o presente de meus pais. Como se meus pais fossem guardar o presente no quarto de Max.
Quando ele trancou a porta percebi que não tinha saída. O medo me dominou e me fez obedecer a tudo o que ele pedia.
E logo nossas roupas estavam no chão.
Pensei que estava perdida de vez, meu corpo se retorcia de nojo de seu toque...mas Cassie apareceu. Ela tinha uma chave suplente do quarto de Max e nos apanhou em flagrante; como ela gritou. Sua fúria foi tão grande que ela saltou para cima de mim, me estapeando e puxando meus cabelos. Mas ela mal sabia que acabara de me salvar."
Era difícil perceber que estava tão perto de toda a verdade. Sam tinha razão. Eu não conseguia me livrar desse pesadelo tão rápido assim. Sentia como se meu estômago estivesse levando socos consecutivos, me fazendo nausear e por fim correr para o banheiro e vomitar.
Sam me reconfortou, segurando meus cabelos e sussurrando palavras acalentadas de carinho.
O resto da manhã passamos na companhia uma da outra, falando banalidades e comendo bolinhos, como meio de me fazer distrair das palavras daquele diário.
Depois retornei a casa, com o coração mais destroçado que antes, se era possível.
Estava abatida, mas quando entrei no hall e vi aquela figura tão imponente e que me dava tanta paz e segurança que julguei até que fosse miragem.
Mas assim que seu rosto se voltou e seus olhos cruzaram os meus, eu soube que ele era real. Corri ao alcanço de seus braços e me joguei neles, o abraçando forte, ignorando os olhares inconvenientes de Cassidy e Tessa.
Ele estava ali...de volta a mim.
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