[40] fotos, traumas e "Zenitsu"
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#BeatsAndCherry 🍒
Haviam se passado mais de um mês desde a briga de Jung Kook no clube. Não tínhamos noticias do que havia acontecido com Woon Ho. Após nosso depoimento, não soubemos de mais nada, apenas passamos um borracha naquele acontecimento.
Mas havia algo completamente longe disso, que nos deixava ansiosos a cada dia que ia passando: A produção do livro! A capa de "Escrevendo você" já havia sido divulgada, e as fotos de propaganda do livro estavam espalhados por todos os cantos que envolvessem o mundo literário.
Frequentemente eu ia até a Azulyside para reuniões e averiguar o andamento do livro, porém o ponto de destaque não era ali dentro – mesmo que houvessem cartazes pela empresa – e sim, na entrada. Havia um banner próximo a escadaria. Uma foto minha de corpo inteiro no meu tamanho real, sorrindo e com meu livro em mãos, – mesmo que aquilo fosse uma edição apenas com a capa modificada – e acima de minha cabeça a frase em destaque sobre o próximo lançamento: "Escrevendo Você", escrito por Aurora Clark, é o próximo lançamento da Editora Azulyside!" E mais embaixo, um Qrcode onde você podia saber mais sobre o livro.
— Por que repentinamente resolveu que me traria na editora? — Retirei o cinto de segurança no momento em que Jung Kook estacionou na porta da AS.
— Olha que garota bonita — apontou para o banner — Em breve, haverão inúmeros fãs querendo um autógrafo seu, é melhor para sua segurança.
— Minha segurança? — ri, vendo-o assentir de olhos fechados e lábios prensados — Certo, vou mudar seu contato para "Guarda-costas".
— Olha lá, não inventa! "Jeongguk my love, coração roxo, coração roxo e cereja" é maravilhoso, não ouse mudá-lo. — cai na gargalhada.
— Não posso misturar trabalho, senhor Jeon! — devolvi entre risos, vendo ele soltar o ar pelos lábios.
— Certo, vou contratar outro guarda-costas e aproveitar seu amor.
— Não aguentou nem 1h e já pediu demissão.
— Pois é... Mas a verdade é que trouxe você aqui com outro propósito... — tombou a cabeça, sorrindo com os olhos cerrados.
— Hum... E qual seria? — esfregou as mãos, puxando o celular moderno e dobrável do bolso.
— Tira uma foto minha? — ergui uma sobrancelha, concordando em seguida enquanto pegava seu telefone — Na frente do banner... — apontou, com as bochechas vermelhas.
— Ah, não Jeon! — ri, apertando sua bochecha — Você quer uma foto no banner por que tem eu?
— Não, amor... Eu só, gostei da cor!
— Vamos, lá... Admite! — balancei seu corpo no banco do motorista.
Ele olhou para os lados, prensando os lábios por algum tempo, até admitir em um único aceno silencioso.
— Admitiu!
— É, Aurora! Eu quero uma foto, da foto de divulgação do livro da minha namorada.
— Que gracinha, meu Deus! — segurei suas bochechas, beijando o biquinho formado em seus lábios, pronta para sair do carro e fazer o que ele queria.
Jung Kook parecia envergonhado, mas ele não conseguia disfarçar o sorrisinho nos lábios. Esperei que ele ficasse próximo ao banner e fizesse alguma pose para fotografá-lo. Talvez eu tenha tirados umas 5 fotos, mas todas ele havia saído muito bem.
— Prontinho, quer um autógrafo? — ele riu, passando as fotos no telefone.
— Quero uma foto com a minha namorada! — disse simples, passando o braço por meu ombro, antes de colar sua bochecha na minha e com a câmera frontal virada para nós, tirar outra foto.
— Tão apaixonado! — bati a ponta do indicador em seu nariz.
— Demais da conta! — falou divertido — Bem, eu preciso ir agora, ou daqui a pouco o senhor Kang vem atrás de mim com uma vara verde.
— Certo, se cuida! — nos despedimos com um beijinho rápido, antes de tomarmos nossas devidas direções.
Terminei de subir as escadarias quando o vi dar partida no carro. Empurrei a porta de vidro e passei pela recepção a caminho do escritório da senhorita Yoon, mesmo que nosso destino fosse a sala de reuniões. Naquela manhã, passamos talvez duas horas em uma reunião com a ilustradora de EV, estava tudo tão perfeito, que sempre que me perguntavam se havia algo que eu queria que mudasse, eu simplesmente negava com um sorriso, se pudessem ouvir meu coração, teriam medo que ele parasse por estar acelerado demais.
Também deveria ressaltar que eu tinha um escritório agora, era uma sala pequena porém bastante arejada por causa das janelas. Havia uma mesa de madeira com um computador moderno, uma impressora, canetas e papéis. Na parede revestida de uma madeira clara, murais e um quadro branco ficavam presos para que eu pudesse fazer anotações. De acordo com minha superior, aquele espaço era para que eu pudesse produzir coisas novas ali mesmo, ou então revisar minhas histórias. E estar na empresa, me permitia ter um acesso mais direto com aquela obra que seria publicada, sem falar que era muito mais fácil quando tinha reuniões.
Confesso que estava com as emoções a mil. Ansiedade, felicidade, um pouquinho de preocupação, realização e as vezes se parasse para pensar, me sentia como se estivesse anestesiada.
Minha mãe estava tão empolgada quanto eu, ela pedia para que eu compartilhasse tudo, inclusive foi a primeira a ver a capa. Estávamos conversando por videochamada, ela estava tão empolgada e orgulhosa que começou a chorar, me arrastando em lágrimas junto com ela. Eu estava recebendo muitas energias positivas de meus familiares, Jimin já havia espalhado aos quatro mundos sobre a publicação e meu pai, por mais reservado e distante que fosse, havia marcado no calendário o dia do lançamento.
As horas no escritório passavam rápido, eu acabava anotando e fazendo planilhas de ideias futuras. Por passar apenas a parte da manhã por ali, me sobrava muito tempo depois do almoço. E apesar de ver a senhorita Yoon frequentemente, quando eu saia, nunca me encontrava com ela.
— Já está indo? — perguntou a recepcionista, que agora eu sabia bem seu nome: "Julieth".
Não importava como ela estivesse, mesmo antes de saber seu nome eu sempre a vi como a protagonista de um romance. Julie, assim como passei a chamá-la, era uma coreano na faixa de talvez seus 32 anos, com os cabelos tingidos em uma cor caramelo, os olhos lembravam grandes bolas de gude e ela nunca usava muita maquiagem, suas sardas ficavam evidentes e os lábios, estavam corados, talvez por algum hidratante. A mulher, carregava um ar sério, porém bastante sincero, apesar das roupas neutras que quase nunca fugiam de vestidos lisos com poucos detalhes diferenciados, e os saltinhos negros nos pés, sua aura ainda passava tranquilidade.
— Sim, já deu minha hora! — disse com calma, checando o telefone na espera da mensagem de Jung Kook, ele disse que viria me buscar.
— Vá em paz! — ela despediu-se, assim que atravessei a porta de vidro.
Na porta, o automóvel de Jung Kook já estava ali. Entrei no banco do passageiro, observando seus olhos fixos em algo no celular. Percebi sua testa enrugava e a expressão séria em seu rosto, parecia preocupado?!
— Desculpe a demora! — pediu, e rapidamente neguei, dizendo que havia acabado de sair — Está com fome?
— Não, eu comi agora pouco um bolo que a senhora Yoon deixou na cozinha para tomarmos café! — ele balançou a cabeça.
— Se importa se eu der uma passadinha na empresa? Estamos na reta final das gravações, e eu preciso checar o andamento da última cena, antes do almoço.
— Por que não me disse que estava ocupado? — questionei, preocupada em tê-lo atrapalhado, enquanto passava o conto pelo corpo.
— Eu precisei ir no banco, então não foi trabalho algum! — sorriu, passando a dirigir.
— Não tente me enganar, tem um banco em frente a MAction! — ele gargalhou, sem tirar os olhos da rua.
Jeon seguiu pelas ruas com cautela, e durante o caminho conversamos sobre diversos assuntos. Ele me contou sobre o trabalho, dizendo que estava mais cansado que o de costume, e apesar de eu contar sobre o meu, resolvi mais ouvi-lo naquele momento, do que falar sobre mim.
— Você sai às 18h, certo? — assentiu, após abandonar o carro no estacionamento da empresa — Vou ficar na sua casa, quando chegar ajudo você a relaxar!
— Aurora, estou no trabalho, e as formas que você pode me fazer relaxar, na minha cabeça... — olhei ele de olhos arregalados, seguindo na frente enquanto fingia não tê-lo ouvido.
Após um crise de risos vinda de Jung Kook, esperávamos lado a lado pelo elevador. As pessoas ali já me conheciam, talvez pela foto de perfil de Jeon, e não porque ele dizia para cada pessoa nova que passava por nós a seguinte frase: "Fulano, essa é minha namorada, Aurora!" — eu sempre continha minha risada, mesmo que ficasse com uma baita timidez.
— AURORA! — foi impossível não assustar, todos aqueles que estavam em volta olharam para quem exuberava meu nome pelo andar.
— Senhor, Kang! — ele me olhou torto, desaprovando aquela formalidade.
Daniel, não estava diferente. Carregava consigo aquele mesmo ar divertido, inclusive, suas roupas revelavam que ele estava a caminho de um jogo de golfe.
— Onde está indo? — meu namorado perguntou, com a sobrancelha erguida, parecendo preocupado.
— Reunião de negócios! — mordeu a bochecha.
— Senhor Kang, é a última cena.
— Isso significa que precisamos começar a planejar o próximo filme! — rebateu, nem um pouco preocupado — É isso que estou indo fazer, vou me encontrar com o ator Lee para ser nosso protagonista! — Jeon soltou um suspiro, enfiando os dedos no cabelo.
— Daniel...
— Estresse faz mal, não se preocupe! — piscou, batendo no ombro de Jung Kook — Já conversei com a equipe, está tudo correndo bem.
— E a iluminação, você viu o que aconteceu? — parecia desesperado. Jun havia me contado o ocorrido. A chuva da manhã, por mais fina que fosse, afetou a gravação quando por um descuido, o fio da extensão ficou para fora da janela durante a organização do cenário, molhando e queimando no mínimo cinco peças de iluminação.
— Já comprei luzes novas, as gravações já voltaram! — suspirou, como se estivesse mais aliviado — Estou indo jogar golfe para aliviar a bolada que meu bolso perdeu em menos de 10 minutos! — piscou novamente, girando a chave do carro no dedo enquanto ia para o lado de fora.
A porta do elevador foi aberta pela segunda vez, quando apertei o botão novamente. Entramos no retângulo de metal. Jung Kook soltou o ar pelos lábios, encostando a cabeça na parede do elevador. Segurei sua mão, acariciando com o polegar, avistando seu sorrisinho suave.
— Ele já resolveu! — afirmei, sentindo ele apertar meu corpo em um abraço, enquanto o elevador subia.
— Sim, eu não sei porque ainda me estresso, sendo que ele sempre resolve! — afastou-se, olhando para mim.
— É porque você é responsável! — confirmei, vendo-o sorrir.
— Você não tinha apertado o 3º? — ele coçou a nuca, quando o elevador passou direto para o 4º andar.
— Estou cansado, nem vejo o que estou fazendo! — riu sem graça, observando as portas fecharem novamente, contudo, dessa vez o piscar das luzes e a parada brusca do elevador, foi a causa do abraço repentino e apertado.
— O que? — apertou o botão de abrir as portas. Os números que indicavam o andar, piscavam sem uma ordem certa, enquanto a luz estava fraca.
— A energia acabou? — questionei em um sussurro.
Enfiei os dedos nos cabelos, olhando o telefone, sem sinal, o que era esperado se o elevador tivesse realmente parado.
— Jung Kook, me empresta seu telefone? — subi o olhar para ele, analisando-o.
Jeon estava apertando o botão de abrir as portas freneticamente, enquanto puxava a gravata da camisa azul bebê.
— Jeon... — segurei seu braço, me preocupando ao vê-lo daquela maneira — Jun! — puxei seu corpo, desconectando sua atenção dos botões e forçando-o a olhar para mim.
Ele estava travado, sua respiração ofegante e suas mãos trêmulas. Seus olhos não consguiam focar em algum lugar por mais de 1 segundo, ele os vagava sem parar nas quatro paredes.
Divaguei em milhares de pensamentos, na tentativa de ajudá-lo. Naquela situação, o que mais se assemelhava ao estado de Jung Kook, seria uma crise de pânico, associada à claustrofobia, já que estávamos em um ambiente fechado... Ou então, fosse algum trauma relacionado ao elevador...
— Olha para mim, eu estou aqui! — disse, descendo o toque por seu pescoço, desfazendo o nó da gravata e em seguida os botões de sua camisa. Ele precisava sentir ao máximo o ar correndo por seu corpo.
Os olhos de Jung Kook tremiam enquanto me olhava, o suor fazia os fios em sua testa pregarem e sua respiracao estava descompensada. Eu não sabia o que fazer ao certo, mas eu torcia que meu pouco conhecimento ajudasse.
— Olha para mim, Jun... Está tudo bem? — acaricie seu rosto, puxando e soltando o ar, incentivando que ele seguisse minha ação.
— Aurora... Eu estou com medo! — sussurrou, de olhos marejados, olhando para os quatro cantos do elevador.
— Eu sei que está — afastei os fios de sua testa — Mas isso aqui vai passar, agora eu preciso que respire — tentei manter a calma, por mais desesperada que eu estivesse por dentro — Olha nos meus olhos, e segue minha respiração — mantendo uma distância agradável, respirei fundo tentando fazê-lo me acompanhar.
Foi aliviante, vê-lo se acalmar, a respiração indo normalizando e seus olhos relaxando.
— Amor, eu estou com você! — massageei suas mãos, dando espaço por breves momentos para apertar o botão de emergência do elevador — Vai ficar tudo bem! — puxei a garrafinha de água da bolsa que carregava, estava acabando, mas talvez o ajudasse a acalmar.
Coloquei a garrafa em seus lábios, ajudando-o a beber, enxugando com o polegar a linha fina de água que escorreu por seu queixo.
— Obrigado... — sussurrou, apertando as mãos em punho, procurando manter o foco em ficar bem.
— Não se preocupe, eu estou com você e isso quer dizer que eu vou te proteger! — ele riu, mesmo ainda abalado pela crise de segundos atrás.
— Leia para mim... — dizia entre arfares sofregos. Suas mãos tremiam, e um pouco de lágrimas estavam acumuladas em seus olhos.
— Leio! — abri minha bolsa, puxando as mais de 300 páginas impressas de minha história, e comecei a ler, observando se ele estava bem a cada frase finalizada.
Foi um alívio, vê-lo melhorando aos poucos. Ele ainda estava um pouco abalado, mas sua concentração estava em mim, ele não tirava seus olhos do meu rosto nem por um segundo e eu li por quase 30 minutos, cessando a leitura quando o ronronhar comum de quando ele dormia, ocupou o espaço.
— Eu te amo, amor! — disse baixinho, aproximando-me até estar ao seu lado, segurando sua cabeça e apoiando sobre meu ombro com cuidado para não acordá-lo.
Ele estava cansado, via-se apenas pela forma como amarrou a gravata aquela manhã ou pelas marquinhas leves, mas evidentes das olheiras.
Eu queria poder ajudá-lo, mas não tinha ideia do que fazer. Imaginava o quão duro era dirigir um filme. Era uma responsabilidade enorme.
Ficamos trancafiados por 1h. Confesso que fiquei com medo também, só não sabia se era por estar preocupada com Jung Kook ou de ficar ali por muito tempo. Portanto, quando as luzes voltaram ao normal, e o elevador voltou a subir, causando um breve solavanco em nós, foi aliviante, principalmente quando paramos no 5° andar.
— Graças a Deus! — ele soltou, levantando-se depressa e saindo com tudo para fora, não evitando em me arrastar com ele.
Jung Kook respirava fundo, enquanto abotoava os botões de sua camisa. Olhei em seus olhos, percebendo-os olhando fixamente para o elevador, antes de soltar o ar com força dos pulmões e sentar-se em um dos bancos que ficavam espalhados por cada andar.
— Como está? — toquei seu rosto, colocando um pouquinho do seu cabelo atrás da orelha, descendo a ponta dos dedos para ajeitar a gola de sua camisa.
— Estou bem... Me desculpe por preocupá-la! — disse ele, parecendo envergonhado enquanto equilibrava arduamente as lágrimas em seus olhos.
— Confesso que fiquei muito preocupada, mas está tudo bem agora! — estava curiosa, queria questionar o que aconteceu, mas também não queria ser invasiva.
Ficamos em silêncio. Jung Kook nunca havia apresentado qualquer sintoma de claustrofobia, já havíamos ficado presos uma vez no cubículo de um banheiro e outra vez dentro do carro, mas nunca aconteceu nada... Então o problema poderia ser o elevador?
— Eu... — esfregou a ponta dos dedos na testa — Quando eu era pequeno, fiquei preso em um elevador, eu era muito pequeno então não consegui controlar bem as minhas emoções... Eu fiquei 4 horas trancado no escuro, batendo nas paredes sem ter uma saída.
— Jung Kook...
— Como eu nunca mais havia ficado preso, pensei que havia sido só o momento, mas hoje... Percebi que ainda tem resquícios daquela memória passada — suspirou — Eu era tão pequeno, não devia trazer esse tipo de trauma comigo.
— A maioria dos traumas foram ocasionados na infância. Não precisa ficar assim, você pode superá-lo.
— Preciso de terapia... Eu me senti mais calmo quando vi você com clareza. Saber que eu não estava sozinho me acalmou, mas não estamos sempre juntos, se eu ficar sozinho...
— Por momento, não fique preocupada com isso, você vai conseguir... — disse, tentando aliviar aquela situação. Ele sorriu pela primeira vez, aproximando lentamente o rosto do meu, apenas para beijar meus lábios devagar, enfiando os dedos nos cabelos de minha nuca enquanto tocava minha cintura com a outra.
— Obrigado, Aurora! — colou nossas testas, olhando-me nos olhos.
— De nada, Jeon!
Esperamos a situação acalmar mais um pouquinho, antes de levantarmos e seguirmos para nosso caminho: O estúdio de gravação. Jung Kook disse que por mais que estivesse louco para ir para casa, terminaria o que ficou de terminar, e iriamos embora, sem nem mesmo esperar às 18h.
Jung Kook agiu normalmente, explicando breve sobre o elevador. Ele olhou algumas imagens, avaliou a gravação e seguiu analisando as últimas cenas. Jeon até me deixou ficar na sua cadeira de diretor, me dando uma barra de cereal, apenas para aliviar a fome que sentíamos.
— Hyuna, é fundamental o seu olhar marcante para câmera, então, mostre profundidade para que o Jump Cut aconteça como o planejado! — era atraente, muito atraente vê-lo trabalhando.
— Ele é um gostoso, né? — quase pulei da cadeira ao ouvir a voz de alguém ao meu lado.
Ele tinha os cabelos loiros, queixo comprido, nariz pontiagudo e roupas coloridas. No crachá em volta de seu pescoço, estava escrito seu nome: Choi San.
— É... — engoli em seco
— Sabia que ele namora? Que sortuda! — eu ri, aparentemente ainda não havíamos sido apresentados, ou talvez ele estava não estava me reconhecendo por estarmos no escuro.
— Ah, eu fiquei sabendo!
— Aiai, nesses momentos que eu duvido de mim mesmo! — Coloquei a mão sobre os lábios — Eu nunca te vi por aqui, quem é você?
— Aurora!
— Olha, o mesmo nome da... — calou-se, encolhendo os ombros e engolindo em seco — Podemos esquecer o que eu disse a segundos atrás?
— Esquecer o que? Que você estava interessado no meu namorado? — ele soltou o ar.
— Me desculpe, eu sempre acabo falando demais...
— Tudo bem, vou esquecer! — ele juntou as mãos aliviados.
— Mas convenhamos... — sussurrei — Ele é um baita gostoso mesmo! — segurou a risada, balançando a cabeça.
Acabou levando mais de 1h por ali, mas o bate papo com San, – o responsável principal pelos figurinos – fez tudo passar mais rápido, deixando aquela espera ainda mais agradável.
— Vamos? As gravações acabaram, vamos rever as cenas amanhã e ver se alguma precisa ser regravada — prendeu os fios negros entre os dedos, passando os braços pelo ombro de Choi enquanto estendia a outra mão para segurar a minha.
— Você terminou? — questionei em um sussurro, vendo-o assentir com um sorriso fino, mas parecendo contente por ter finalmente acabado mais uma etapa.
— Bem, vamos indo então... Foi bom conhecer você, Choi! — sorri abertamente, inclinando a coluna brevemente antes de acenar.
— Foi bom conhecê-la também — sorriu, formando finas linhas em seus olhos e destacando as características covinhas em suas bochechas.
Descemos as escadas, Jung Kook disse que evitaria os elevadores por um tempo. A saída da empresa foi tranquila. No estacionamento, Jung Kook e eu entramos no carro, e ele rapidamente foi desatando o nó da gravata e suspirando aliviado.
— Você precisa descansar!
— Sim, eu preciso! — riu, jogando a gravata no banco de trás, antes de passar o cinto de segurança — Vou pedir comida, o que você quer?
— Pode escolher, sendo algo quente está ótimo! — ele concordou, olhando o telefone enquanto passava o cardápio de algum restaurante.
Apesar da chuva ter passado, do lado de fora ainda fazia frio, e as ruas estavam molhadas e o vento bastante gelado, então comer algo quente seria bom.
— Jajangmyeon e Mandu! — finalizou, abandonando o telefone e dando partida.
O caminho acabou me deixando com um pouco de sono, e talvez se demorasse mais alguns minutos eu cochilaria ali mesmo, mas quando vi, o prédio onde Jung Kook morava, estava em nosso campo de visão. Subimos, enfrentando as escadas, mesmo que eu estivesse quase colocando o coração para fora, conseguimos chegar.
— Lar, graças a Deus! — soltou feliz por estar em casa, retirando os sapatos e desabotoando a camisa, durante o tempo em que eu abandonava meu casaco no cabideiro próximo a entrada.
Estava quase se tornando um hábito vir do trabalho para a casa de Jung Kook e dormir aqui. Era tão bom estar com ele, que eu nunca recusava seus convites.
— O que você acha de um banho? — segurou minha cintura.
— Você está cansado...
— Do trabalho! — beijou meu nariz — Agora de você, pelos céus, eu só preciso de você! — desceu os beijos pelo meu pescoço.
Minhas mãos apertaram o tecido que cobriam seus braços, sentindo os pelos do meu corpo arrepiarem com os beijos de Jeon em meu pescoço. Seus braços ao meu redor, faltavam me tirar do chão, eu estava na ponta dos pés.
— Foi por isso que saiu mais cedo? — enfiei os dedos nos cabelos de sua nuca, soltando um arfar com o contato repentino de seus dentes em meu pescoço.
— Faça seus próprios julgamentos, Aurora! — sussurrou, movendo o rosto para olhar-me.
Suas lumes escuras mergulharem sobre as minhas. O rapaz a minha frente estava com os lábios vermelhos, os cabelos desgrenhados e um brilho incomum no olhar.
— Apesar do dia de hoje, é bom saber que estamos aqui agora! — disse ele, entre um sorriso ladino.
— É verdade... E você está bem? — assentiu. Seus dígitos tocaram minha pele, acariciando minha bochecha antes de deixar um selar suave em meus lábios.
— A comida deve chegar em breve, então é mais garantido que tomemos banhos separados — lamentou, fazendo-me rir.
— Pode ir primeiro, eu espero você acabar.
— Tem certeza? — balancei a cabeça, desfazendo nosso contato sutilmente, antes de balançar a cabeça rumo ao banheiro — Então, vou lá!
Jung Koom abandou as pantufas em algum canto da casa, retirando a camisa enquanto ia até o quarto. De longe, não evitei observar suas costas musculosas, tão perfeitamente desenhadas. A visão era tão boa, que murmurei quando ele entrou no quarto.
Esperei no sofá, de pernas esticadas enquanto assistia um vídeo no celular. Nosso pedido demorou chegar, foi quase o tempo inteiro de Jeon no chuveiro, – eram quase 30 minutos – mas o entregador chegou antes. Ele me entregou o que foi pedido, e esperou pacientemente que eu deixasse tudo sobre a bancada e voltasse, passando a quantia exata da comida.
Quando o som da água caindo no banheiro deixou de ser ouvida, deixei a sala após ajeitar a comida sobre a bancada da cozinha. Antes de passar pela porta do quarto de Jeon, dei duas batidinhas antes de entrar. O ambiente estava cheiroso, o aroma do sabonete masculino, misturado a algum hidratante que ele havia passado incendiava o quarto.
— Dessa vez você terá que usar minhas roupas! — parecia que estava lamentando, mas na verdade ele sorria perverso, aproveitando a ocasião.
— Não vejo pontos negativos! — Coloquei minhas pantufas no cantinho do quarto, abrindo as portas do guarda roupa para pegar a toalha vermelha, que antes de ser minha, era de Jung Kook.
— Ótimo — beijou minha testa, passando por mim em seguida para pegar roupas limpas.
No banho, eu tentei não demorar tanto, mesmo que toda vez que eu pensasse assim, eu acabasse demorando o mesmo tanto de tempo. Enrolada na toalha, destranquei a porta do banheiro e acabei levando um susto graças a Jung Kook. Ele estava deitado confortavelmente, de olhos fechados e o corpo relaxado no meio da cama.
— Hum, cheirinho de chiclete! — disse, sem me olhar.
— O sabonete novo que deixei aqui da última vez, não tinha usado...
— Nós acabamos esquecendo do sabonete aquela vez.
— É, né? — disse divertida, lembrando de alguns dias atrás. Acabei dando duas batidinhas na bochecha, para afastar o sorriso fino que queria aparecer.
— Sim! — disse inocente.
— Vou pegar seu moletom do Zenitsu, tá bem? — foi uma pergunta afirmativa. O moletom do personagem favorito de Jeon era seu queridinho de acordo com ele, mas sempre ficava ali abandonado no meio das inúmeras blusas de frio.
— Só se assistirmos um episódio de Kimetsu! — disse cantarolando, e olhando para trás, analisei seu sorriso animado dançando em seu rosto, mesmo que seus olhos estivessem fechados.
— Você sabe que já terminei, né?
— Eu sei, mas podemos assistir de novo, juntinhos!
— Okok! — vesti sua blusa de frio, puxando um shortinho que por sorte estava lá, junto de um par de meias gigantes dele, que agora eram minhas.
— Posso abrir os olhos?
— Eu nunca disse que precisava fechá-los! — comentei, moldando um biquinho divertido, ouvindo o barulho de seu corpo saindo da cama e em seguida, arrastando os pés pelo piso do quarto.
— Que azar! — seus dedos tocaram minha cintura, mergulhando para frente de meu corpo para apertá-lo em seus braços.
Deixamos o quarto juntos, daquele jeitinho até chegarmos na cozinha. Jung Kook pegou os pratos, enquanto eu custava para tirar as duas vasilhas presas em uma forma de isopor, apenas para que não esfriasse. Os olhos de Jeon brilharam ao ver a comida, a cara estava ótima e senti até mesmo minha boca salivar.
— Tinha tanto tempo que eu não comia Mandu — enfiou um inteiro na boca, mastigando enquanto fechava os olhos, exibindo as bochechas cheinhas enquanto mastigava.
— Deixa para depois, seu bobo! — corrigi, mesmo que estivesse mais brincando do que falando sério.
Com duas tigelas e dois pares de hashis em mãos, andamos depressa até a sala, sentando um pertinho do outro enquanto ele ajeitava o primeiro episódio do anime. Ele estava feliz, e agora os fios bagunçados, faziam parte do charme de estar em casa, vestido confortavelmente, com o rosto limpinho e o nariz vermelho pela comida quente.
— Quem é seu personagem favorito? — disse baixinho, parecendo não querer atrapalhar.
— Zenitsu!
— Não está falando isso para roubar meu moletom, né? — perguntou, fingindo estar perplexo.
— "Seu moletom"? — ironizei, olhando seu rosto pertinho do meu.
Seus lábios que exibiam um sorriso, estavam sujos pelo molho da comida, e talvez seja por isso que ri, estava tão fofo.
— Seu lábio está sujo, e eu quero te beijar! — sussurrei.
— Não ache que vou ceder, se quiser, eu compro um da Nezuko, e a gente usa de casal! — gargalhei, vendo-o limpar os lábios com a lingua.
— Caramba, eu quero te beijar ainda mais agora! — provavelmente eu estava corada, muito corada, mas aquele momento estava tão bom, e beijá-lo parecia a ação perfeita para deixar ainda melhor aquele momento.
— Por que não beijou ainda? — riu, abandonando a tigela já vazia sobre a mesinha da sala, onde a minha já estava há algum tempo.
— Boa pergunta! — deslizou as costas dos dedos sobre minha bochecha, esperando que eu o beijasse.
Seu olhar viaja de meus olhos, para meus lábios, enquanto os meus estavam apenas na boca um pouco inchadinha pela pimenta. Encostei meus lábios nos seus, selando com suavidade de início, mas os dedos firmes de Jung Kook mergulharam em meus cabelos, aprofundando o beijo.
Eu gostaria de não parar de beijá-lo tão cedo. Odiava como o ar faltava e quando nos separavamos nossas respirações ficavam ofegantes, parecendo um chamado para voltarmos a fazer o que fazíamos.
— E se fossemos pro quarto?
— Temos que assistir!
— Você já assistiu tudo mesmo! — sussurrou contra meus lábios, rindo de sua própria fala.
— Tem razão!
E entre beijos, toques e a fervura de nossas peles juntas, acordamos a noite, com o amor lascivo que exalavamos juntos. Éramos eu, Jung Kook e o quarto que aos poucos era contemplado pela volúpia, ocasionada por nós, apenas... Nós!
Leitores e leitoras de todo Brasil, como vcs estão?
Chegamos ao fim de mais um capítulo, e me digam, o que acharam? Eu espero até tenham gostado!
Muito obrigada por estarem aqui e por me apoiarem!
Amo vocês! See yah! 💜
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#BeatsAndCherry🍒
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