[17] ametista, roteiros e abraços

🌙 boa leitura
não esqueça do votinho 🍒

#beatsandcherry

Estávamos um de frente para o outro. Parados em uma das mesas redondas do restaurante, um lugar aconchegante e grande, as mesas eram redondas na cor preta e as cadeiras eram acolchoadas o que esquentava, assim como o lado de dentro era quentinho. Janelas de vidro rodeavam toda a parede, elas tinham um estilo que lembrava-me as casas francesas, mesmo que eu sequer tenha visto uma de perto. As luzes são suspensas por pequenos lustres, simples, mas bonitos e todas elas tinham uma tonalidade amarela.

Jung Kook estava na minha frente com os olhos fixos nos meu rosto, parecendo olhar cada tracinho. Jeon agora não usava mais suas luvas pretas e o sobretudo azul marinho, esse mesmo que estava usando quando apareceu para me buscar, agora ele estava apenas com a blusa cacharréu de mangas longas, tão negras quanto seus cabelos, uma calça na mesma tonalidade e um par de tênis.

- Jeon? - ele saiu de um pequeno transe, sorrindo tímido antes de virar um copo com água entre os lábios - No que estava pensando?

- Que o inverno tornou-se mais feliz - sorriu - Até ano passado, nessa época eu ficava encolhido em uma cama, olhando fotos antigas e assistindo filmes felizes para mudar as rotas do meu pensamento.

- Eu imagino como seja! - deixei um suspiro escapar, pousando a mão no queixo.

- Estar aqui com você é o mesmo que saber que encontrei algo que me deixa quente. - abaixou a cabeça enquanto sorria.

- Fico feliz que de alguma forma minha presença faz diferença na sua vida - sorriu de volta mais uma vez.

Um garçom aproximou segundos depois, com duas bandejas com "Kimchi Stew" um prato simples, mas maravilhoso para aquela época do ano, ele vinha em uma espécie de panelinha preta e a fumaça que saia do ensopado era a causa do meu sorriso animado.

- Quando foi a última vez que comeu guisado de kimchi? - perguntou ao visualizar minha reação um pouquinho exagerada ao provar uma colher, fechando os olhos enquanto prensava os lábios um no outro.

- Acho que antes de meus pais se separarem!

- Nossa, sério? Mas é algo tão comum?

- Jimin detesta Kimchi, tudo que seja relacionado a repolho ele odeia, então quando passei a viver com o Ji, meio que paramos de comer.

- Tem alguma outra comida que tem tempo que não come? - pensei, observando o rosto de Jung Kook enquanto ele mastigava, analisando os olhinhos e o nariz vermelho pela comida estar quente demais.

- Não! Mas se houver eu te falo.

- Certo - voltou a atenção para a panelinha, terminando de comer devagar.

Vezes ou outra ainda trocávamos algumas palavras, enquanto esvaziávamos o recipiente. No fim, esperando nossos corpos esfriarem enquanto conversávamos , esperando um pouco para enfrentar o clima frio de Seoul naquela noite. Tínhamos sorte que a atmosfera lá fora estava limpa, as estrelas até estavam presentes, não muitas, apenas pequenos pontos perdidos na vasta extremidade daquela capa azul, e nas ruas, haviam apenas algumas poças de água que faziam crianças pularem com suas botas plásticas das mais curiosas cores.

- O clima está bom, diferente de quando chegamos! - falou, enquanto andávamos sobre a calçada de algumas ruas próximas de onde havia deixado o carro.

Jung Kook enfiou uma das mãos no bolso do sobretudo, tendo os cabelos movidos pelo vento suave, seus ombros tinham o costume de ficarem elevados por causa do frio, enquanto eu mantinha o corpo aquecido por uma calça jeans, botas pretas, uma blusa na mesma cor, mas com duas camadas de lã, e o cachecol de Jeon no pescoço, o mesmo que ele não deixou que eu tirasse.

- Sim, estava chovendo, mas agora só temos o vento frio! - concordou, enquanto esfregava as mãos uma nas outras por causa do frio - Você acabou esquecendo delas! - parou em dúvida, mas sorriu sem graça no momento que percebeu.

- Enfie as no bolso - puxei suas mãos, colocando elas ali.

- Não seria melhor se fizermos isso? - puxou minhas mãos, tirando a luva da minha mão direta e enfiando na sua, mesmo que ela ficasse um pouco pequena, o material esticava e isso o ajudou. Ele parou por alguns segundos com o rostinho cheio de dúvidas, mas pouco depois ele entrelaçou nossos dedos descobertos e enfiou no seu bolso, mas no momento em que fez isso eu senti algo bater contra nossas mãos.

- O que é? - tirei nossas mãos, mas ele continuou apertando firme, começando a correr pelas ruas até pararmos em um parque rodeado por flores, sentando em um banco, gelado demais.

- Eu passei em uma lojinha em Ilsan e comprei isso! - levantou um pequeno saquinho preto, amarrado por uma fitinha lilás - Um presente pela nossa... - ponderou, pensando no que dizer - Por isso que sentimos, por essa loucura - desfiz o enlace de nossos dedos para abrir o pequeno saquinho, lá dentro havia um colar feito de linha, com uma pedra roxa e no centro o pequeno desenho de uma pena cravado.

- Que pedra é? - deveria estar sorrindo feito uma idiota.

- A vendedora disse que é uma Ametista, dizendo ela que é uma pedra da sabedoria - aproximou sua mão da minha - Eu passei em uma lojinha no caminho e pedi para desenharem uma caneta de pena, para te dar sabedoria quando for escrever - passei o colar por meu pescoço, ainda com os olhos presos na pedra.

- Jeon, muito obrigada - olhei para ele, rodando os braços por seu corpo, com a cabeça sobre seu peito, e pelos poucos segundos, escutei seu coração bater rapidamente.

- É simples, mas espero que te ajude de alguma maneira - sorri, balançando a cabeça como se fosse óbvio que fosse ajudar...

- Eu amei! - apertei o pingente, soltando quando ele segurou minha mãos mais uma vez, nós nos levantamos e voltamos a seguir um trajeto que nos levava até seu carro.

Jung Kook dirigiu devagar, enquanto o aquecedor estava ligado junto de uma música baixa: Dandelions.

Foi como se a ocitocina e serotonina tivessem trabalhado juntas no meu corpo naquele momento seguinte, quando ao parar em um sinaleiro, ele olhou para mim e cantarolar baixinho: "I see forever in your eyes", mas pareceu quase um movimento involuntário, porque no minuto seguinte ele balançou a cabeça timidamente, voltando a atenção ao trânsito.

Ficamos em silêncio, carregando os pensamentos, olhando minhas mãos e vez ou outra apertando o colar entre elas. Jung Kook me levou até o prédio, inclusive subiu as longas escadas e parou de frente meu apartamento.

- Seu irmão está? - neguei - Não tem perigo ficar sozinha?

- Estou acostumada a ficar sozinha, Jimin chega tarde da faculdade - concordou, enfiando as mãos no bolso - Você quer entrar? - apontei, tremendo um pouco e não sabia se era de nervosismo ou pelo frio.

- Posso? - concordei, vendo ele tirar os sapatos.

- Aqui! - entreguei uma bolsa de água quente que Jimin deixava em uma caixa térmica.

- Obrigado!

- São 22h! - disse assustada, porque parecia não ter quase hora nenhuma que eu e Jeon saímos.

- O que fará agora? - sentou na borda da cama de Jimin, assim que estávamos em meu quarto.

- Eu iria escrever, mas agora vou te dar minha atenção - riu, colocando os cabelos para trás.

- Você pode escrever, e eu te observo - levantou, pegando o notebook em minha mesinhas para me entregar.

- Será entediante para você! - segurei o aparelho e ele negou com um sincero sorriso.

- Quero ver como você fica, dá última vez não pude observar do jeito certo - concordei, cedendo e sentando perto da janela, em um dos pequenos assentos debaixo da janela, uma espécie de sofá colado no chão, um vermelho que era meu e outro cinza que era de Jimin.

Jeon acomodou-se ali, deixando a coluna de forma confortável assim como eu, enquanto olhava para tela do meu computador, já aberto no arquivo de escrita.

- Qual o nome da história?

- Bad Rock - sorriu, parecendo satisfeito.

Comecei a digitar, tendo toda a atenção do rapaz sobre mim, analisando cada uma das minhas ações.

- Eu já te disse que é linda, não disse? - Olhei para ele tímida - Até quando está escrevendo, seus olhos brilham, a forma como joga o cabelo para trás quando estão caindo no rosto e a maneira como morde os lábios quando não sabe o que digitar.

- Me sinto intimidada.

- Quem está intimidado sou eu, Aurora! - tocou meu rosto, os dedos estavam quentes por causa da bolsa térmica que segurava antes.

- Obrigada - foi o que consegui dizer, rindo timidamente, mas ficando surpresa no momento que puxou meu rosto e selou nossos lábios delicadamente, sem movimento apenas um suave toque, nos meus lábios e depois em minha testa.

- Continue, eu ficarei aqui - com quais estruturas eu continuaria? Eis a questão!

- Okay! - pousou a cabeça em meu ombro, olhando para tela enquanto eu tentava manter a concentração.

Jeon interrompia o mínimo que podia, mas vez ou outra fazia perguntas a respeito da cena que eu estava escrevendo. Acabou por dizer também o quanto escrever roteiros era diferente, eu narrava cada sentimento com afinco, enquanto seus roteiros eram diretos, assim como o exemplo que ele havia dito.

- "Ele puxou a guitarra das mãos da menina, e seu coração doeu, não por que sentiu-se traído, mas porque ele havia a machucado, muito mais do que havia si machucado... Estava sendo egoísta por rejeitar os sentimentos dela com tanta frieza quando eles se gostavam... " - continuou lendo a parte do livro.

- E como seria um roteiro?

- "Cena 01 - fulano puxa a guitarra com brutalidade, olha para ela/ Cena 02- Foca no rosto dela, ela está chorando/ Cena 03- Ele percebe o erro, mas continua sem dizer nada; Ignora os sentimentos..." - e finalizou até terminar aquele parágrafo, e por segundos eu ri.

- É realmente direto.

- O diretor, a equipe e os artistas precisam saber de forma clara como agir naquela cena - balancei a cabeça concordando, admirada com as diferentes maneiras de produzir histórias, fossem elas para serem transmitidas em uma tela ou gravadas em um papel.

Talvez eu tenha escrito por 1h30, parando e olhando o rapaz ao meu lado, com os olhos fechados e os lábios abertos, a cabeça escorada em meu ombro enquanto fungava baixinho.

- Jeon? - balancei ele um pouquinho, vendo ele abrir os olhos rapidamente - Está cansado, né? - balançou a cabeça devagar.

- Vou para casa, amanhã tenho que trabalhar e você tem faculdade! - concordei, com os olhos presos nele - Foi bom passar esse pedacinho de noite com você - colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

- Obrigada pelo colar, pelo jantar e pela companhia! - sorriu, abaixando um pouquinho para beijar minha bochecha.

Fitamos um ao outro, analisando os sorrisos que ousavam aparecer em nosso rosto, era uma atmosfera boa, queria que ele ficasse um pouco mais, seria bom desfrutar da sua companhia, seria bom se ele pudesse dormir comigo aquela noite, mas como uma resposta negativa, a porta da sala abriu-se, quebrando o contato visual.

- Seu irmão chegou! - concordei, andando na frente dele e sendo seguida.

- Oi pestinha... - curvou a sobrancelha ao ver Jung Kook atrás de mim, mas em seguida soltou um sorriso malicioso para nós dois.

- Fomos jantar, Jimin e depois passamos um tempo juntos, não crie expectativas - fez um biquinho.

- Oi Jung Kook! - acenou, recebendo uma curvatura do mais novo, apesar de Jimin estar na faculdade, ele era dois anos mais velho que Jung Kook.

- Oi, Park - prendeu o ar - Eu estou de saída! - afirmou, pegando o sobretudo no apoio ao lado da porta enquanto calçava os sapatos.

- Vou acompanhar você...

- Está frio, fique aqui... - tocou meus ombros com gentileza.

- Não se preocupe! - vesti uma blusa, puxando o cachecol de Jeon enquanto saia com ele do apartamento.

Nossos passos foram lentos até a portaria, ele parou de frente para mim antes de despedir.

- Seu cachecol! - enrolei em seu pescoço, observando o sorriso surgir quando eu ajeitei ele com carinho - Obrigada por ele também.

- Não precisa me agradecer - tocou minha cabeça - Faço tudo de coração.

- Certo, eu agradeço! - rimos - É melhor você ir antes que fique tarde, mais tarde quero dizer - concordou, andando de passos contrários até acenar e girar a calcanhares.

Fiz o mesmo, porém na metade do caminho eu ouvi passos rápidos atrás de mim e a mão gelada tocar a minha puxando-me para um abraço. Pode ser um choque, mas aquela era a primeira vez que Jung Kook me abraçava daquela forma, ele beijava meus lábios e às vezes abraçava minha cintura, mas daquele jeito era diferente, parecia até que ele não queria ir.

- Está tudo bem? - apertei ele contra mim, sentindo o aperto ficar mais forte.

- Yoongi disse que abraços são poderosos, que curam onde dói - preocupei, olhando para ele com o queixo apoiado em seu peito.

- Jeon? O que é acontecendo? - ele negou.

- Yoon hyung disse isso, mas quero te abraçar mesmo que nada esteja doendo.

- Jun...

- Só um pouco, Aurora... Quero sentir o calor do seu abraço, quero que meu coração dispare e eu tenha certeza o suficiente, para dizer exatamente o que sinto.

- Jeon, você está colocando muita pressão em cima de si mesmo - levantei minha mão, tocando seus cabelos - Não fique preocupado em retribuir meus sentimentos, se gostar ou não de mim nada vai mudar, vou continuar sendo sua amiga.

- A questão é que o que sinto por você não é amizade, mas também não consigo dizer, não quero dizer agora, quero usar a palavra certa para dizer tudo que sinto por você.

- Tudo bem... Mas não se pressione demais, okay? - levantei os pés para beijar sua bochecha - Como eu disse, vou estar aqui independente do que decidir.

E abraçou-me com um pouco mais de força, desfazendo o contato minutos depois para tocar meu rosto e aproximar o seu do meu. Fechei os olhos sentindo sua respiração contra meu rosto e não foram segundos até ele encostar os lábios gelados nos meus, com delicadeza, mas profundidade. Suas mãos tocaram cada lado de meu rosto enquanto as minhas apertavam minha tecido de sua blusa. Eu senti sua língua invadir minha boca, e um frio na espinha surgir... Aquela era uma das outras coisas que Jeon não fazia todas as vezes, mas sempre que fazia me causava borboletas no estômago. Nossas línguas dançaram juntas, assim como nossos rostos viravam para lados opostos. Jeon apenas afastou o rosto quando o ar faltou, dando selinhos rápidos antes de deixar meu rosto por completo.

- Se eu fizer seu coração doer, me diga...

- Você faz tudo, menos doer...

Oioi gente, como estão?
Finalmente sexta-feira e com o finzinho dela temos atualização!!!
E ? Gostaram do capítulo?

demorando, mas de pouquinho o JK vai mostrando o quanto os sentimentos dele pela Aurora estão borbulhando, ?

Bem, é isso! Não esqueça do votinho e comentem, isso ajuda muito a autora aqui!

Love you e obrigada pelos 4k!!!

Vejo vcs em breve 💜

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top