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JACK JOHNSON

Um acidente na avenida principal.

Dois carros.

Uma pessoa morta.

A cada minuto que passava eu me desesperava mais.

Os policiais não deixavam ninguém passar da faixa amarela por conta do acidente grave que tinha ali. Mesmo o meu carro estando no meio e eu comprovando isso.

Eu estava desesperado pela segunda vez em três meses.

Isso não poderia estar acontecendo de novo, não com elas.

Um policial da perícia começou a falar o nome da pessoa morta.

- Parentes de Charles Gutierrez, por favor seguirem para o hospital reconhecer o corpo!

Por um momento o meu cérebro parou assim que Clarie e Jordan passaram da faixa amarela e foram juntos até o policial, para irem até o hospital juntos.

Olhei de relance pata Jordan e o mesmo riu ao olhar para dentro do meu carro, negando com cabeça.

Foi ele.

E eu fui até o hospital mais próximo. Eu queria pegar ele.

Fixei meu olhar naquele corno manso. Eu tenho total certeza de que foi ele que provocou isso, nunca gostou da própria filha e do nada ela sofre um acidente e ele estava la pra rir.

E do nada uma barulheira e várias pessoas começaram a aparecer, olhei para trás e vi Elle deitada em uma das macas. Seu rosto estava ensanguentado e o braço dobrado para trás, assim como uma das pernas também sujas de sangue.

Logo depois passou ela.

O amor da minha vida.

Seu rosto era quase irreconhecível. Estava muito inchado e um tanto roxo. Seu corpo repleto pelo vermelho de sangue, suas roupas rasgadas e uma paramédica em cima da mesma fazendo respiração boca a boca na mesma. Sem duvidas, uma das piores coisas que eu já vi foi ela dessa maneira.

E na outra maca, um bebê.

O meu bebê.

Charlie chorava bastante diante da maca, e eu não sabia ao certo se era pelo susto ou pelo tempo sem mamar.

Chamei a atenção de um medico e disse que era pai do bebê, e logo foi pedido para que eu entrasse na sala de emergência junto com ele.

Segurei a mão de Charlie e ela me deu um sorriso, colocando a outra não no rosto.

E eu estava disposto a fazer qualquer coisa pra a segurança das mulheres da minha vida.

Peguei meu celular e liguei para Cameron, que atendeu no mesmo momento.

Eu não iria deixar isso passar despercebido. Não iria aceitar essas coisas com as pessoas que eu amo, muito menos com a minha própria filha.

KIARA GUTIERREZ

Acordei com a luz branca invadindo o local por completo. Por um momento eu até achei que estivesse no céu, de não fosse pelos barulhos irritantes que tem aqui.

Abri os olhos aos poucos para me adaptar com o brilho. Vi alguns aparelhos ligados em mim e um tubo em meu nariz, sem entender o motivo de estar cheia de fios em mim.

Tinha um homem sentado numa poltrona, ao lado da minha "cama" com um bebê em seu colo, que dormia serenamente.

Eu não conhecia ele.

E nem o bebê.

Sentei na cama e senti minhas costas doerem mais do que o normal e me perguntei onde estão os meus pais, afinal, eu ainda tenho 19 anos.

Do lado da cama havia uma mesinha com um copo de água e um pacote de bolacha água e sal. A minha barriga roncou e estiquei o braço para pegar o mesmo, reparando em alguns machucados que tinha no braço, alguns já cicatrizados e poucos ainda com uma linha preta fina mos mesmos.

Foi ai que eu percebi que estava toda dolorida e acabei gemendo de dor. Era uma dor insuportável.

Olhei pro lado e vi a criancinha acordada me olhando com um sorriso no rosto.

Ela era linda.

A porta foi aberta e vi minha mãe entrar junto com o médico de mãos dadas com o mesmo, rindo como se ele tivesse conta do a melhor piada do mundo.

Mas e o papai?

Assim que ela me viu, o sorriso que apareceu no seu rosto foi mágico. Seus olhos brilharam mais do que qualquer estrela no céu.

- Querida. - uma lágrima escorreu pelo rosto da mesma, foi como se eu tivesse sofrido um grave acidente e ficado em coma por um tempo.

- Cadê o papai? - perguntei confusa.

Meu pai nunca foi o melhor pai do mundo pra mim. Ele vivia no trabalho, nunca foi de abraçar ou conversar, muito menos quando se tratava de mim. Com Froy ele sempre fora amoroso, ao contrário de mim.

Mas infelizmente continuaria sendo meu pai.

- Bom, vou checar o seu quadro é atualizá-lo. Quantos anos você tem? - perguntou o médico, segurando a prancheta enquanto via os aparelhos ao meu lado.

O garoto que estava deitado na poltrona acordou e sorriu ao me ver. Arqueei minha sobrancelha sem entender absolutamente nada.

- Eu tenho 19 anos. - disse, tendo certeza de que era essa.

O medico olhou pra mim como se algo tivesse errado.

- O que foi? - perguntei sem entender.

Os outros rostos mudaram rapidamente. O garoto que segurava o neném fez um bico e uma lagrima solitária escorreu pelo seu rosto. Mesmo não sabendo quem era, eu odiava ver as pessoas chorando, principalmente na minha frente.

- Filha... - minha mãe chamou a minha atenção e olhei pra ela rapidamente - O papai teve alguns problemas de saúde e veio a falecer a quase 6 meses.

E ai a minha ficha caiu.

Como assim do nada ele teve um problema de saúde e morreu sem mais nem menos??

- Você tem 22 anos, Kiara. Tem uma família linda com Jack e Charlie. - sua voz falhou e eu continuei sem entender.

Ela começou a chorar desesperadamente e se deitou no meu colo. E por automático, derramei lágrimas junto a ela.

Como eu podia não me lembrar disso?

- Infelizmente você sofreu um acidente, Kiara. - o garoto disse, olhando diretamente para mim. Olhei para ele, que começara a chorar também - O seu pai pagou para o seu primo bater o carro em alta velocidade no seu, quando você estava levando a Charlie na primeira consulta dela junto com a minha irmã, Elle. Depois de um julgamento, ele fugiu e fez mais de quarenta pessoas de refém em uma lanchonete. Ele faleceu por que cortou o pescoço de uma criança, os policiais atiraram nele imediatamente.

E então mais lagrimas caíram.

Desde quando meu próprio pai havia se tornado um monstro ao ponto de fazer isso com uma criança?

- Não querendo interferir na conversa - disse o médico, enxugando uma lagrima que acabara de cair, respirou fundo e continuou -, senhora Gutierrez, lamento em dizer que o forte impacto em sua cabeça, causou um certo tipo de amnésia. Os últimos três anos da sua vida, foram apagados de sua memória.  Se me derem licença, preciso conversar com a sua mãe a sós.

E então ele saiu do quarto.

Eu havia sofrido um acidente e não me recordava disso.

- Você sabe quem eu sou, né? - perguntou o garoto, visualmente preocupado e desesperado, vindo até mim.

Abaixou a cabeça e neguei a mesma.

- Desculpa mas, quem é você?

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