[008.] tudo que importa pra mim
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.•🐈⬛ CAPÍTULO SEIS 👁️ .•
❝ all that Matters — justin Bieber ❞
Brooke Bonavich Pov
Dois dias depois...
Brooke segurava o travesseiro contra o peito, encarando o teto do quarto escuro. Cada vez que fechava os olhos, ouvia a voz dele: "Não acabou." Ela balançava a cabeça, tentando afastar o eco, mas era inútil. Estava presa ali, sozinha com seus próprios erros, Ela passou a mão pela barriga ainda quase imperceptível. Era um segredo só dela agora.
Estava deitada no chão do quarto, as luzes apagadas e fotos com o ex namorado ao redor enquanto as mensagens não paravam de chegar. Brooke estava irritada, número desconhecidos brilhavam na barra de notificação. Seu primeiro instinto seria bloquear qualquer número que a ligasse as três da manhã, bloquearia se não tivesse um pingo de esperança.
Na terceira chamada se levantou na ponta dos pés, trancando a porta do quarto para que seu pai não entrasse. Pegou os fones de ouvido, deixando a música da tv do quarto se espalhar pelo lugar.
Sabia que não deveria atender, algo a acuava como uma notícia ruim. Os dedos pairaram sobre o teclado do celular. "Oi, Rafe." Ela apagou. E se não fosse ele? Escreveu de novo. Apagou de novo. O coração batia acelerado como se ele pudesse ler o que ela estava pensando. Brooke jogou o celular na cama e enterrou o rosto nas mãos.
O telefone continuou a apitar, três mensagens na notificação:
NÚMERO DESCONHECIDO
"Fala comigo"
"Rafe aqui, peguei o celular do Barry"
"OUUU???"
Precisamos conversar.
NÃO ME IGNORE!"
EU
"Já disse o que tinha pra falar"
"Era o que você não queria , não era?"
NÚMERO DESCONHECIDO
"Vc entendeu tudo errado"
"Não pensei direito, com você eu terei"
EU
"Agr já foi."
NÚMERO DESCONHECIDO
"Prescisamos nos ver"
"Pq contou pros teus pais?"
EU
"Moro com eles, precisam saber."
"Não deveríamos nem estar conversando"
NÚMERO DESCONHECIDO
"Vou ir na tua casa"
EU
"Está chapado?"
"Meu pai não gosta de vc"
NÚMERO DESCONHECIDO
"que porra"
"Nós temos que falar disso agora. Vc n me deixou falar"
EU
"droga rafe, já conversamos."
NÚMERO DESCONHECIDO
"não foi você que falou comigo"
"Foi o seu pai .vamos nos ver e conversar sem toda essa merda nos atrapalhando"
EU
"Você estragou tudo"
"Só me deixa em paz,"
"Vou te bloquear"
NÚMERO DESCONHECIDO
Digitando•••
EU
"ACABOU."
A garganta de Brooke secou. Ela queria falar, mas as palavras não saíam. Tudo que conseguia fazer era olhar para a tela imaginando ele — os olhos brilhando de intensidade, a mandíbula travada, a força no corpo que parecia prestes a explodir.
Deletou todas as mensagens com medo que vissem.
Foram mais dois dias de ligações de números diferentes. Octavia a seguia a cada passo por ordem do pai, o único momento dói era o colégio; ainda ia para a escola, mas apenas com a vigilância do motorista. Se sentia sufocada por ter que fingir estar bem, sorrir e fazer comentários, mesmo que os olhos ardessem da noite mal dormida. Escondia o que tinha na barriga a sete chaves.
Ser adicionada na aula de saúde após uma conversa do pai com o diretor não poderia ter sido mais inútil dada a situação.
Passar horas ouvindo sobre como sexo antes do casamento pode levar até a morte, aborto e milhares de outras coisas, como métodos contraceptivos, a fizeram cair no sono. Tarde demais para qualquer tentativa de conscientização, pensava ser uma perda de tempo.
A meia-calça irritava, e em toda aula levantava a mão pedindo para ir ao banheiro. O celular apitou quando estava sentada no vaso, iluminando o pequeno cubículo. Brooke o desbloqueou, e um número desconhecido a mandou mensagem.
"Voltei pra resolvermos isso."
Levou o polegar entre os dentes, mordendo levemente, observando o número continuar a digitar.
"Vou te levar pra casa, vamos conversar."
Por mais que quisesse, que desejasse, não o respondeu. Não tinha coragem de falar, imagine o encarar depois de ter mentido, de ter ouvido tudo aquilo e, mesmo assim, continuado.
Ela se pegou sorrindo ao ver a foto de fundo de tela. Era de uma tarde na praia, quando ele havia insistido em carregá-la no colo até a água gelada. O sorriso logo se desfez. A realidade atual esmagava qualquer nostalgia. Aquela felicidade parecia de outra vida.
•••
Dava passos lentos para o lado de fora do colégio, segurava a mochila com força, ao seu lado uma colega de sala, Winter, falava sem parar, tagarelando sobre sua vida sem movimentação. Levantando os olhos, Brooke sentiu todos os pelos de seu corpo se arrepiarem, a moto familiar parada ali.
Ele veio mesmo, pensou com um sorriso crescendo nos cantos dos lábios. Disfarçou quando o pai a chamou com as mãos, encostado no carro preto.
Engoliu em seco, se despedindo com um abraço, olhando para os próprios pés quando sentiu passos nas suas costas, o coração batendo como louco quando viu a expressão de Don praticamente gritando quem estava nas costas da filha.
Rafe.
Ele a chamava sem rodeios, mesmo com vontade de o ver, se virar e o agarrar implorando que ele a levasse para outro lugar. Não o fez, não tinha coragem de o encarar.
━━ Brooke, venha aqui!
Seu coração quase parou. Ele não precisou gritar, não precisou elevar a voz — foram apenas três palavras, mas elas carregavam um peso que atravessou a distância entre os dois como um raio.
Rafe andava rápido com tanta força que os pés tamborilavam o chão, e o peito subia e descia de maneira irregular, como se cada respiração fosse uma luta. Seus olhos estavam fixos nas costas dela, intensos, queimando como algo que a garota não sabia se queria enfrentar ou fugir.
━━ Venha aqui. ━━ Ele repetiu, dessa vez mais baixo, mas não menos exigente.
Seu coração despencou para o estômago, batendo tão forte que parecia impossível respirar. Aquelas palavras a atingiram como um soco, mas também como um convite irresistível. Ele sabia exatamente o que estava fazendo. Brooke balançou a cabeça devagar, hesitante. Seu corpo inteiro tremia, não de medo, mas de algo muito mais perigoso — uma energia que parecia vibrar, puxando-a na direção dele, mesmo quando tentava resistir.
Brooke deu um passo para trás, agarrando a alça da mochila com força, os dedos trêmulos traindo sua tentativa de parecer indiferente. A voz dele ainda ecoava em sua cabeça, como um chamado que não conseguia ignorar.
Rafe chamou novamente, a voz mais firme, mais urgente, como se ele soubesse que ela estava tentando fugir. Ela podia ouvir ele lançando o capacete no chão, ele parecia urgente.
Ela podia sentir Don se movendo na frente, sua postura ficando mais tensa a cada segundo.
━━ Entre no carro, Brooke, agora. ━━ Don ordenou, sua voz fria como uma lâmina, mas havia algo mais ali: um nervosismo mal disfarçado.
Ela deu mais um passo em direção ao carro preto, sem ousar olhar para trás. Seu coração estava acelerado, e cada célula do seu corpo parecia gritar para que ela parasse, se virasse, o encarasse. Mas sabia que, se o fizesse, estaria perdida.
━━ Brooke, você sabe que eu não vou a lugar nenhum. ━━ A voz de Rafe cortou o ar novamente, mais baixa agora, quase sussurrada, mas não menos cheia de intensidade. ━━ Olha pra mim. Só olha pra mim.
Seu peito doía com o esforço de não se virar. As lágrimas ardiam em seus olhos enquanto ela puxava a porta do carro com mãos trêmulas, jogando a mochila no banco traseiro.
Don não esperou mais um segundo. Ele deu um passo à frente, bloqueando a visão de Rafe e encarando-o com os olhos estreitos, carregados de fúria.
━━ Você não tem nada pra fazer aqui, garoto.
Rafe, no entanto, não recuou. Ele deu mais um passo na direção de Brooke, os olhos cravados nela, ignorando completamente a presença de Don.
━━ Você vai mesmo entrar nesse carro e ir embora, Brooke? ━━ Rafe perguntou, a voz cheia de algo que parecia ser tanto desespero quanto raiva. ━━ Sem me dizer nada? Sem sequer me olhar? É isso?
O silêncio dela foi como uma faca cravada no peito dele.
━━ Brooke, entra no carro.━━ Don repetiu, mais alto, como se cada palavra fosse uma ordem inegociável.
Ela finalmente se virou, os olhos marejados encontrando os de Rafe por uma fração de segundo. O mundo pareceu parar. Ela viu o brilho desesperado nos olhos dele, a dor crua que ele não se esforçava para esconder. E isso quase a quebrou.
Mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, Don puxou a porta do lado do motorista, segurando-a aberta para que ela entrasse.
━━ Agora, estrelinha. Temos que ir buscar sua mãe.
Brooke engoliu o nó na garganta, desviando o olhar de Rafe e se enfiando no banco do passageiro. Ela fechou os olhos quando a porta se fechou com força, abafando o som do mundo lá fora.
Mas mesmo dentro do carro, ela sentia o olhar dele queimando em sua direção, atravessando todas as barreiras que ela tentava erguer. E, no fundo, sabia que aquilo não tinha acabado. Não para Rafe. Não para ela.
O caminho foi tenso, nenhuma palavra no ar até que a alma entrasse e a bomba explodisse, mas se apagasse no instante que Octavia entrou. Levariam Brooke para a primeira consulta, em outro lugar além do hospital de Outer Banks, para que nenhuma notícia saísse.
Seria um escândalo se a neta do senador estivesse grávida na adolescência.
O consultório estava cheio, algumas mulheres grávidas a encaravam, outras parabenizavam Alma achando ser a mulher mais velha. Brooke mexia na barra da blusa do colégio, tinha tirado o blazer, Octavia brincava com os pés da irmã, batendo contra os dela em uma pequena guerra enquanto julgavam as grávidas.
Furioso, Don olhava a filha como quem questionasse o que ela tinha a ver com a aparição de Rafe na escola. A sorte da adolescente era a presença da irmã mais nova, que a fazia rir.
━━ Vai ser você daqui a alguns meses. ━━ Tavi riu, sentando desajeitadamente na cadeira.
A irmã mais velha afastou os cachos que se soltavam para a frente do rosto, seguiu a direção dos olhos dela, parando na mulher com uma barriga quase do tamanho de uma melancia. Soltou uma careta, vendo as roupas, um vestido largo cheio de flores.
━━ Não vou usar roupas de grávida.
━━ Seus pés vão inchar, vai começar a fazer xixi como louca.
━━ Alguma previsão de enforcar a minha irmã?
Sorrir com Tavi a fez lembrar da clínica, onde ouvia gritos do outro lado, a amedrontando, assim como a mão de Rafe apertando sua coxa. Um arrepio subiu a espinha se lembrando dos olhos da loira a julgando e a reduzindo a nada.
━━ Parem de brincar. ━━ Alma disse, mandando que Octavia se sentasse direito. ━━ Está aqui pra ver e não seguir o exemplo da sua irmã.
━━ Pra que terapia familiar, né? ━━ Octavia murmurou, segurando sua vontade de rir, uma maldição de rir em momentos sérios.
Brooke se encolheu ao ouvir isso, pensou em ligar para Rafe, mas Don estava do lado, a lembrando da escolha que tomou. Tirar de Rafe algo que lhe era direito, o que não entendia era como isso seria feito se ela vivesse em Outer Banks assim como ele, logo a notícia se espalharia e ele veria um bebê na casa dos Bonavich...
━━ Brooke Bonavich! ━━ A recepcionista chamou.
Brooke levantou com um salto, como se a voz da recepcionista tivesse atravessado a tensão acumulada no ar. Alma deu um leve empurrão no ombro dela, encorajando-a, enquanto Don cruzava os braços e lançava um olhar para a filha. Octavia ainda brincava distraidamente, mas agora lançava um sorriso travesso para Brooke.
━━ Vai lá, futura mamãe. ━━ Tavi murmurou, com tom zombeteiro, mas ainda carinhoso.
Brooke não respondeu, apenas caminhou em direção ao consultório com passos incertos. Sua respiração estava pesada, e a blusa do colégio parecia apertar mais a cada movimento. Alma a seguia de perto, o som dos saltos ecoando no chão da clínica.
A porta do consultório se abriu, revelando uma médica de expressão serena, que usava jaleco branco e um olhar acolhedor. Brooke forçou um sorriso enquanto entrava, mas o peso em seus ombros parecia aumentar.
━━ Olá, Brooke. Eu sou a Dra. Mendez. Pode se sentar. Alma, você pode acompanhá-la, se quiser.
━━ Eu fico. ━━ Alma respondeu rapidamente, como se não houvesse alternativa.
Enquanto Brooke se sentava, os dedos continuavam brincando nervosamente com a barra da blusa. Ela olhou ao redor — os instrumentos médicos, o monitor de ultrassom, a mesa de exames. Tudo parecia intimidante.
━━ Então, Brooke, vamos conversar um pouco antes de começarmos. Como você está se sentindo? ━━ A voz da Dra. Mendez era suave, mas direta.
Brooke hesitou, desviando o olhar para Alma, que lhe deu um leve aceno de incentivo.
━━ Eu... não sei. ━━ Ela finalmente disse, a voz baixa. ━━ Assustada, acho.
A médica assentiu, como se esperasse exatamente essa resposta.
━━ É normal sentir-se assim, especialmente no início. Vamos dar um passo de cada vez, tudo bem? Hoje vamos confirmar algumas coisas e, se você estiver pronta, podemos fazer um ultrassom.
A menção ao ultrassom fez o coração de Brooke acelerar. Era como se ouvir aquelas palavras tornasse tudo ainda mais real. Ela engoliu em seco, desviando o olhar para o chão.
━━ Certo. ━━ Ela murmurou, quase sem som.
Alma apertou a mão da filha, o toque caloroso tentando passar uma força que Brooke não sabia se tinha.
━━ Vai ficar tudo bem. ━━ Alma disse suavemente.
Dra. Mendez ajustou seus óculos e abriu o prontuário, olhando para Brooke com um sorriso compreensivo.
━━ Antes de começarmos o ultrassom, vou fazer algumas perguntas básicas, tudo bem? Isso nos ajuda a garantir que tudo está sob controle e que o bebê está saudável.
Brooke assentiu timidamente, ainda torcendo os dedos na barra da blusa.
━━ Você sabe o tempo estimado da gravidez?
Brooke tentava se lembrar, não foi na última vez, mas também não a última vez antes dessa vez. O olhar da mãe a fazia corar, talvez tivesse sido melhor que estivesse esperando do lado de fora.
━━ Uhm... ━━ Ela hesitou, o olhar se desviando para Alma. ━━ Não tenho certeza.
Dra. Mendez anotou.
━━ Ótimo. E o pai do bebê, você sabe quem é? Ele está ciente?
A pergunta fez o estômago de Brooke revirar. Ela engoliu em seco, hesitando por um momento.
━━ Eu sei quem é... mas não, ele não está aqui. ━━ Ela respondeu, a voz quase um sussurro.
━━ Tudo bem, isso é uma decisão sua. Se precisar de ajuda para lidar com essa questão, estamos aqui para apoiar. ━━ A médica respondeu com um tom profissional e sem julgamento. ━━ Vou anotar apenas para referência médica, caso seja necessário mais tarde.
Ela fez mais algumas anotações antes de continuar.
━━ Agora, Brooke, precisamos falar sobre saúde. Já realizou algum exame de sangue recente? Sabemos que, durante a gravidez, é importante checar imunidade a doenças, níveis de vitaminas, e possíveis infecções ou sífilis.
Brooke balançou a cabeça, sem certeza do que responder.
━━ Eu nunca falei com ela sobre métodos contraceptivos ━━ foi a vez de Alma, sua voz era baixa, encarando a médica.
A testa da mulher à frente se franziu, dividindo entre mãe e filha. Seu olhar dizia tudo, mas não queria ser indiscreta ou invasiva.
━━ Mãe, não estamos aqui pra falar sobre isso. Sem casos de família. ━━ Murmurou envergonhada. ━━ Não, acho que não fiz nenhum exame. ━━ Disse com a voz hesitante.
Dra. Mendez assentiu.
━━ Sem problemas, podemos organizar tudo por aqui. Faremos alguns exames de rotina hoje mesmo. É rápido e importante para garantir sua saúde e a do bebê.
Brooke assentiu novamente, sentindo o peso da realidade se instalar ainda mais profundamente.
━━ Está pronta para o ultrassom? ━━ A médica perguntou, tentando aliviar a tensão no ambiente com um tom acolhedor.
Brooke hesitou, respirou fundo e, finalmente, concordou.
━━ Sim... estou pronta.
━━ Pode deitar aqui, Brooke. Levante um pouco a blusa para que possamos começar.
Brooke fez o que lhe foi pedido, sentindo o tecido frio do lençol sob suas costas enquanto expunha a barriga ainda praticamente lisa. Era surreal estar ali. Nada disso parecia real.
Foi uma surpresa quando o gel foi aplicado na barriga, arrepiando, e ela estremeceu levemente. A médica começou a deslizar o transdutor sobre a barriga dela, os olhos fixos na tela ao lado.
Quando o gel tocou sua pele, Brooke estremeceu levemente. A médica começou a deslizar o transdutor sobre a barriga dela, os olhos fixos na tela ao lado.
━━ O gel vai estar um pouco frio, mas só por um momento, tá? ━━ Explicou Dra. Mendez com um sorriso tranquilizador.
Por um momento, tudo o que se ouvia era o som do aparelho ajustando frequência. Brooke apertou a mão de Alma, sua ansiedade aumentando. E então, um som preencheu a sala ━━ um ritmo rápido, como um tambor distante.
━━ Esse é o coração do bebê. ━━ Dra. Mendez sorriu, inclinando a tela levemente para Brooke e Alma. ━━ Está forte e saudável.
Brooke sentiu um nó na garganta enquanto olhava para a tela. No monitor, uma pequena forma estava visível, movendo-se quase imperceptivelmente.
━━ Isso é... ━━ Sua voz saiu fraca, quase um sussurro.
━━ Sim, esse é o seu bebê. Ele está com cerca de 8 semanas, pelo que podemos ver aqui. ━━ Alma olhou, se sentindo um pouco confusa, a mãe fazendo as contas mentalmente, pouco antes da viagem de aniversário de Brooke. A mais jovem revirou os olhos, sabendo no que a mãe estava pensando.
Se lembrava perfeitamente desse dia quando rafe entrou pelos fundos da casa e subiu no quarto dela.
Enquanto a médica falava, apontava os movimentos e o pequeno borrão na imagem, explicando os braços se formando, o início das pálpebras... tudo o que passava em Brooke era se o bebê teria os olhos castanhos dela, ou azuis como os de Rafe. Desejava que fosse como ele.
Alma soltou um suspiro tremido, colocando os óculos para ver melhor. Brooke, por outro lado, permaneceu em silêncio, sentindo o peso da realidade desabar sobre si. Não era mais apenas um "problema". Era uma vida.
━━ É isso mesmo, mamãe. Você está indo bem. ━━ Dra. Mendez a tranquilizou, apagando o gel da barriga dela com delicadeza. ━━ Vamos imprimir uma imagem para você levar.
Enquanto Brooke se sentava novamente, ajeitando a blusa, ela sentiu o olhar de Alma sobre si. Não conseguia decifrar. E no fundo, entre o medo e a culpa, havia algo novo, como uma fase sendo desbloqueada, mesmo que fosse contra a vontade inicial da matriarca.
━━ Ele tem orelhas ━━ Brooke contou para Octavia assim que saiu da sala.
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Não saía do quarto desde a notícia; por mais que tentasse, o clima estava pesado demais, ainda mais depois que Rafe foi à escola. Alma, por sua vez, estava mais carinhosa, começando a se acostumar com a ideia. O celular começou a tocar, e, ao atender, Brooke ouviu a voz de um conhecido.
━━ Topper? ━━ atendeu.
━━ Oi, Brooke, eu estou aqui no Island Sun e o Rafe estava aqui há poucos minutos ━━ a voz parecia preocupada, mesmo que falasse baixo para que ninguém ouvisse ━━ ele estava doido, não sabia pra quem ligar.
━━ O Rafe estava bebendo lá? ━━ a menina colocava o cabelo atrás da orelha, se levantando para trancar a porta do quarto.
━━ Arrumando briga como sempre, Kelce acalmou ele.
Brooke suspirou fundo, apoiando a cabeça nas mãos. E se algum funcionário contasse pro pai dela? Ele o odiaria mais. Odiava que sua mente se importasse tanto com a opinião do homem que traiu a mãe dela.
━━ Ele ainda está aí?
━━ Não, ele não parecia normal, Brooke. Liguei pra você porque não sabia pra quem ligar.
Engoliu em seco, agradecendo, sabendo onde ele estava naquele momento. Uma guerra interna se formou na cabeça da garota, se questionando se iria ou não. Rafe perdeu o juízo, a culpa caiu de novo, e foi a maldita culpada por fazê-la ir onde era proibido.
Quando foi dada a permissão de sair, veio a condição de que levasse Octavia com ela para que vigiasse se não fosse ver o nome proibido em casa. Por outro lado, a mais nova não se importou quando a irmã pediu segredo, mas não ficaria calada no banco do passageiro.
━━ Onde estamos? ━━ questionou, com o nariz enrugado, se deparando com o chão de areia da casa do Barry.
━━ Fica no carro.
━━ Ficar aqui? ━━ indignada, olhava ao redor ━━ Já viu esse lugar?
━━ Já disse pra ficar.
━━ Ao menos deixa a chave do carro aqui pra trancar ━━ resmungou, tirando o celular do bolso.
Pulando pra fora do carro, Brooke praticamente corria em direção à casa. Odiava esse lugar, mesmo que tivesse vindo poucas vezes.
De longe, podia ver o cabelo loiro de Rafe abaixado, mexendo em uma mesa enquanto Barry contava dinheiro. Sua mente já desenhou milhares de possibilidades do que estava acontecendo, tentando escapar da única que a fez sair de casa. A que ele tenha voltado pro vício, talvez nunca tenha saído.
A casa estava uma bagunça, latas de cervejas vazias eram lixo, coisas aleatórias e até um colchão tinha no chão. Ao menos as cadeiras estavam limpas.
━━ Olha a princesa chegando ━━ Barry riu,
deitando as costas na cadeira ━━ Está ferrado, herdeiro.
━━ Não chama ela assim ━━ Rafe resmungou, não a encarando quando ela entrou na varanda. Brooke pôde reparar no que ele mexia: cocaína.
━━ Que merda é essa, Rafe? ━━ ela praticamente gritou, ignorando o comentário do traficante.
━━ Seu namoradinho está delirando aqui, falando um monte de merda ━━ Barry iniciou, oferecendo com a mão um lugar para Brooke se sentar, o que não aconteceu, já que a menina tinha os braços cruzados, apenas observando ━━ Disse que John B está vivo.
━━ São essas porcarias que você dá pra ele, deixam ele nessa paranoia.
━━ Eu mesma vi o muleque nas Bahamas, tá? ━━ disse, vidrado, encarando o nada ━━ E o Kelce disse que viu ele comprando cerveja aqui. Ele e o grupo ternura.
traficante, por sua vez, deu um chute na mesa, totalmente puto, e se deixou puxar o cabelo para trás.
━━ John B não tem dinheiro nem pra ir ao cinema, quem dirá Bahamas ━━ Brooke encarava incrédulas, não acreditando no que ele falava.
Pelo que tinha ouvido dizer a chuva derrubou o barco dos dois, provavelmente morreram afogados.
━━ Você entende não que sou eu ou ele? É a minha vida em risco, princesa.
Odiava quando ele a chamava assim.
━━ Que porra você está falando? ━━ começou com desprezo ━━ Sua cabeça e a do Kelce estão ferradas de tanta merda que colocam.
Rafe finalmente ergueu o olhar, o rosto cansado, os olhos avermelhados. Ele estava claramente abalado, mas manteve uma postura defensiva ao encontrar o olhar de Brooke.
━━ Você não devia estar aqui ━━ disse ele, a voz baixa e rouca, desviando o olhar novamente para a mesa.
Brooke deu um passo à frente, ignorando a tensão palpável no ar, e a presença do traficante ali os observando de camarote.
━━ Não devia? E você devia? ━━ rebateu, apontando para a cocaína na mesa. ━━ Que merda está fazendo, Rafe?
Barry gargalhou do fundo, tirando um cigarro do bolso e o acendendo com calma.
━━ Olha só quem virou moralista. ━━ riu, se lembrando da vez que a garota foi lá com Kiara tentar comprar maconha ━━ Se meteu em confusão, herdeiro. Deixa ela aqui, vai.
━━ Cala a boca, Barry! ━━ Rafe rosnou, girando o corpo para o encarar, antes de voltar a atenção para Brooke. ━━ Não é da sua conta o que eu faço.
Brooke cruzou os braços, firme.
━━ Não é da minha conta? ━━ respondeu, dando um passo mais perto. ━━ Você está aqui, jogando sua vida no lixo, enquanto eu... ━━ ela hesitou, o nó na garganta dificultando falar ━━ enquanto eu tento descobrir o que fazer com a minha. E ouvir suas ligações e ler suas mensagens dizendo que quer melhorar, ━━ continuou com deboche na voz, imitando a voz dele ━━ "Ah, Brooke, porque vou ser melhor agora."
Por um momento, a provocação desapareceu do rosto de Barry, e a tensão entre Brooke e Rafe era tão densa que parecia preencher o espaço ao redor. Rafe finalmente soltou o ar que prendia, os ombros caindo. Ele parecia menor agora, vulnerável.
━━ Por que veio? ━━ perguntou, a voz vacilando. ━━ Não acabou? Foi o que você disse, vim comemorar que estou livre, não está vendo?
━━ Porque você tem que ser tão escroto? ━━ respondeu, jogando uma lata de cerveja vazia na direção dele. ━━ Agora está sendo honesto, mostrando quem você é.
Ele piscou, surpreso, se levantou assustado, e depois riu ━━ um som amargo, cheio de dor. Nunca a viu tão furiosa.
━━ Você sabe quem eu sou, Brooke. Não tem mistério, nunca menti sobre isso. Sou um desastre ━━ apontou para a cocaína na mesa ━━ um problema ambulante.
Brooke estreitou os olhos, a determinação queimando em seu olhar.
━━ Está dizendo a mesma coisa que meu pai fala sobre você. ━━ deu de ombros, seguindo o olhar pro pó branco na mesa ━━ E ele nem sabe dessa porcaria.
Foi um baque quando a mão de Rafe pulou para a lateral do rosto dela, segurando no cabelo da nuca e a trazendo pra perto. Tão perto que sentia a respiração dele bater nos cílios, a deixando com falta de ar, forçando a olhar os olhos avermelhados enquanto ele falava:
━━ Seu pai não sabe de nada. ━━ soltou entre dentes, o coração pulsando feito louco.
━━ Então prove que não é. ━━ levantou as sobrancelhas, a voz firme, encarando-o sem piscar. Odiava quando o pai tinha razão.
━━ Vocês dois são um drama. ━━ Barry riu de novo, como se achasse tudo uma grande piada. ━━ Ela está ferrada se te ama como fala, e você tá pior. Divertido de assistir.
━━ Sai daqui, Barry ━━ Rafe rosnou novamente, mas os olhos firmes na namorada ou ex-namorada.
Barry deu de ombros e se levantou, levando o dinheiro e o cigarro com ele.
━━ Vou pegar ar, mas me paguem pelo espaço. Negócio é negócio.
Assim que Barry desapareceu pela porta, se sentando na cadeira no quintal, o silêncio entre Rafe e Brooke parecia ensurdecedor. Ela empurrou a mão do loiro para longe, furiosa e com os hormônios à flor da pele.
━━ Eu tentei falar com você o dia todo.
━━ Falar? Me fala o grande monólogo que planejou. Você queria uma chance pra te ouvir, mas pelo jeito não parece ter capacidade pra se manter longe dessa merda.
Rafe a encarou por um longo momento, e algo nos olhos dele mudou ━━ um lampejo de determinação que antes estava ausente.
━━ Eu disse que iria tentar. Por você... e pelo bebê.
━━ Não quero promessas, Rafe. Quero ações. ━━ Brooke se afastou com um passo, mas Rafe se aproximou mais um passo, sua voz mais baixa, mas firme. ━━ Comece limpando a bagunça que você mesmo criou.
O olhar de Rafe mudou, se abaixando para o chão. Ela era tudo que importava para ele, a amava, e o deixava maluco parecer que ela não acreditava, ou pior, que não dava a mínima.
Com a voz carregada em magoa questionou:
━━ Por que você tirou? ━━ sua cabeça girava tentando tocar o rosto dela. Mordeu o lábio interior, tentando tocá-la de novo, mas ela se afastava, engolindo em seco ━━ Hein? Eu não fiz bagunça nenhuma. Como pode exigir quando terminou comigo?
━━ Você não queria um bebê ━━ soltou, tentando se afastar, mas sua respiração estava desregulada, os joelhos tremiam.
Olho a olho, ela sentia medo que ele notasse quando ela mentia, como sempre fez. Pela primeira vez, agradeceu por ele estar chapado demais pra reparar que a mão dela segurava o braço dele, mantendo a parada no rosto dela dessa vez e não afastando.
Rafe deu um passo à frente, mais perto do que Brooke queria permitir que seu corpo ficasse. Seus olhos brilhavam de frustração e tristeza, mas também de algo mais profundo, um tipo de desespero que a fez hesitar.
━━ Eu não queria um bebê? ━━ repetiu, incrédulo, com a voz embargando. Ele gesticulou como se buscasse as palavras certas. ━━ Eu não estava preparado, Brooke, mas isso não significa que eu não queria.
Brooke balançou a cabeça, os braços cruzados como uma armadura. Preferia que ele tivesse contado antes de a deixar voltar pra casa a pé.
━━ Você não parecia querer nada. Nem eu, nem... ━━ ela engasgou, o nó na garganta a interrompendo. ━━ E eu não podia esperar que você mudasse de ideia.
Rafe passou a mão pelos cabelos, frustrado, e seus dedos tremiam.
━━ Brooke, você é tudo pra mim. Tudo! ━━ exclamou, a voz falhando ao final. Ele deu outro passo à frente, reduzindo o espaço entre eles a nada. ━━ Eu sei que errei, que não fui o cara que você precisava. Mas... você acha mesmo que eu ia abandonar você? Que eu ia abandonar nosso bebê?
Uma voz queria que ela contasse que ainda tinha bebê, mas a sufocou. Parecia ser mais forte que ela. A cabeça girava com mil pensamentos, a palavra evitada finalmente fazendo sentido.
━━ Não. ━━ confessou, foi como um suspiro de alívio em seu peito.
Queria chorar, sentia o cheiro de bebida invadir suas narinas e os trejeitos de Rafe demonstrando estar totalmente chapado. Como podia se sentir tão dependente de alguém dependente?
━━ Rafe, eu... Eu não sabia o que fazer. Você estava perdido, e eu... eu estava sozinha.
━━ E você acha que eu não tava com medo também? ━━ ele rebateu, a voz agora um sussurro urgente. ━━ Brooke, eu nunca quis nada tanto quanto eu quis você. Você me ama tanto quanto eu te amo?
Ele estendeu a mão novamente, desta vez tocando o braço dela. O toque foi suficiente para fazê-la estremecer, mas ela não se afastou.
━━ Por que você acha que estou aqui? ━━ continuou, a voz quebrando com o peso das palavras. ━━ Por que acha que eu continuo tentando?
━━ Preciso de palavras. ━━ pediu, como se para ele, palavras valessem mais que ações.
As palavras pairaram no ar, pesadas e sinceras. Brooke o encarou, a respiração curta, o coração disparado. Ela queria dizer algo, qualquer coisa, mas a dor e o medo a paralisavam.
━━ Você diz isso agora ━━ murmurou, finalmente, a voz quase inaudível. ━━ Mas como posso confiar?
Rafe segurou o rosto dela com as mãos, forçando-a a olhar para ele. Seus olhos tinham algo que parecia inquebrável.
━━ Confia em mim, Brooke. Só me dá uma chance de provar que posso ser melhor. Por você. Por nós. ━━ ele fechou os olhos, respirando fundo enquanto pedia ━━ Agora fala como se eu não tivesse implorado para que você me falasse.
E ali, na varanda daquela casa que ambos odiavam, Brooke sentiu seu coração vacilar. Porque, apesar de tudo, parte dela queria acreditar. Gritava por ele.
━━ Eu também te amo.
NOTAS DA AUTORA:
Gente por favor, me perdoem se estou pegando pesado. Por favor me avisem a opniao e o que vocês esperam porque eu levo muito a sério!!!
Lembrando como sempre lembro que eles não são um exemplo de casal.
Sei que disse que teria a meta no anterior mas estou TÃO animada com essa fic akakkkk
Meta desse 50 comentários e 95 votos.
BEIJOOOOOOOS
Até o próximo.
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