✦๋࿆࣭ 09 ✦
Grécia, 400 a.C.
Gaia estava entretida assistindo Phastos trabalhar.
Metade das criações do Eterno não seriam usadas, já que eram avançadas demais para o momento ao qual os humanos estavam vivendo, mas Phastos adorava criar e Gaia gostava de assistir.
ㅡVocê está calada hoje. ㅡ Phastos comentou.
Geralmente, quando Gaia não era mandada junto com os outros lutadores atrás de Deviantes, ela costumava ficar com Phastos falando sobre tudo e nada, mas principalmente reclamando de Ikaris.
Entretanto, ela estava quieta naquela manhã.
ㅡ Não é nada. ㅡ Gaia murmurou olhando para as mãos.
ㅡ Conheço você, raio de sol.
ㅡ Phastos retrucou, se virando para a Eterna e largando seu projeto de lado.
ㅡ Eu sinto falta da Babilônia. ㅡ ela confessou. ㅡ Tenho medo que a cidade desmorone sem nós.
ㅡ Civilizações vêm e se vão com a mesma facilidade, querida. É como as coisas são. ㅡ Phastos disse.
ㅡ Eu sei, mas ainda assim eu fico triste. ㅡ ela murmurou. ㅡ Tenho saudade dos jardins e odeio como algumas cidades tratam as mulheres por aqui. Sei que era assim nas outras civilizações, mas os gregos se acham tão superiores, cultos, principalmente os atenienses, e às vezes eu só queria colocar tudo abaixo.
ㅡ Eu sei, também odeio muitas coisas que os humanos fazem ou, deixam de fazer, mas eles estão em um processo de evolução, um dia vai ficar melhor. ㅡ Phastos tentou a reconfortar.
Barulhos de passos e uma voz reclamando soaram.
ㅡ Ainda não acredito que eles deram o nome de uma cidade em homenagem à Thena e nenhuma em minha homenagem. ㅡ Kingo se aproximou reclamando, Sersi e Sprite uma de cada lado dele.
ㅡ É da Thena que estamos falando, Kingo. ㅡ Phastos comentou como se fosse óbvio.
ㅡ Mas não é justo, eles estão endeusando a maioria de nós. Eu quero ser um deus também. ㅡ Kingo voltou a reclamar.
Gaia revirou os olhos.
ㅡ Atrapalhamos a fofoca? ㅡ Sprite perguntou com humor para Gaia e Phastos.
ㅡ Fofoca? ㅡ Ajak perguntou confusa ao se aproximar do grupo.
ㅡ Toda vez que a Gaia fica quando os outros vão lutar, ela e Phastos ficam fofocando. ㅡ Sersi respondeu e Gaia a olhou indignada. ㅡ A Gaia usa esse tempo pra reclamar do Ikaris. ㅡ Sersi completou.
ㅡ Seriamente? ㅡ Kingo perguntou surpreso. ㅡ Eu quero participar, mas em vez de falar mal só do Ikaris, eu vou falar mal do Druig também.
Sprite, Sersi e Ajak sorriram com a fala do Eterno.
ㅡ Você também participa Sersi.
ㅡ Gaia acusou.
Sersi corou e deu de ombros.
ㅡ Vocês parecem crianças. ㅡ Ajak negou com a cabeça.
ㅡ A Gaia que começou com isso, Sprite, Sersi e eu, só apoiamos a ideia. ㅡ Phastos se defendeu.
ㅡ Eu estou me retirando antes que eu tenha que ouvir mais calúnias envolvendo o meu nome. ㅡ Gaia murmurou e se virou para sair.
ㅡ Vai sair pra encontrar o Druig, aposto. ㅡ Kingo comentou.
ㅡ E você deveria sair pra encontrar uma namorada. ㅡ Gaia disse e ainda pôde escutar as risadas dos outros enquanto saía.
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ㅡ Minha linda Gaia. ㅡ Druig se aproximou dela enquanto ela estava distraída com os pés no pequeno riacho. Gaia deu um pulinho assustada.
ㅡ Assustei você, querida?
Gaia sorriu para ele, feliz por vê-lo e o beijou levemente nos lábios.
ㅡ Eu estava distraída. ㅡ ela justificou.
ㅡ Você parecia distante. ㅡ ele observou.
ㅡ Pensando na Babilônia, principalmente nos jardins, sinto falta deles. ㅡ ela confessou.
ㅡ Acho que eu tenho algo que pode te alegrar um pouco. ㅡ Druig disse e retirou uma mudinha de dentro de um pequeno saco.
Gaia reconheceu a flor rapidamente.
ㅡ Você realmente gosta dessa flor não é? ㅡ ela brincou.
ㅡ Obviamente, ela tem o nome da mulher mais perfeita de todo o universo. ㅡ ele disse sorrindo e Gaia o empurrou levemente enquanto revirava os olhos.
ㅡ Por que você a trouxe? ㅡ ela perguntou pegando a mudinha nas mãos e se afastando da água para a plantar nas margens do rio.
ㅡ Eu quero espalhar elas pelo mundo, e eu queria te fazer uma surpresa. ㅡ ele confessou.
ㅡ Surpresa? A quanto tempo você está com essa flor?
ㅡ Eu fui na Babilônia um tempo atrás e a trouxe comigo. ㅡ ele explicou enquanto observava Gaia plantar a flor. ㅡ Mas, ela começou a morrer, então tive que recorrer à mãe natureza.
Gaia riu levemente.
ㅡ Eles estão me chamando assim por aqui, criaram até um mito dizendo que eu sou a mãe terra, a criadora de tudo. ㅡ ela riu e se sentou no chão ao lado da flor.
ㅡ Não podemos dizer que eles estão completamente errados. ㅡ Druig se sentou do outro lado da flor, mas ainda assim próximo de Gaia. ㅡ Acho que o mito combina com você.
ㅡ Sério? ㅡ Gaia riu. ㅡ Estão dizendo que eu matei meu marido também, não, que eu mandei meu filho matar meu marido, que é o céu. ㅡ ela disse confusa.
Druig riu.
ㅡ Bom, essa parte é estranha. ㅡ ele confessou.
ㅡ Também estão dizendo que eu tive filhos monstruosos que foram jogados no mundo inferior, por esse marido, antes de eu mandar matá-lo. ㅡ ela comentou.
ㅡ Essa parte também é bem estranha. ㅡ ele disse. ㅡ Filhos monstruosos.
ㅡ Druig riu.
ㅡ Ei! ㅡ Gaia repreendeu. ㅡ A parte ruim não é eles serem monstruosos, é eles terem sido jogados no pior lugar possível só porque eles pareciam monstruosos.
Druig a encarou por um momento, a observando com carinho e a puxou para um beijo em seguida.
Gaia correspondeu ao beijo um pouco confusa.
ㅡ Você pode amar qualquer coisa não é, minha linda flor? ㅡ Druig sorriu de forma brilhante para ela quando eles se separaram.
Gaia sorriu, brilhante como o sol, Druig sorriu ainda mais, ela era o sol dele. Sua luz.
ㅡ Alguém tem que amar os monstros não é? ㅡ ela retrucou.
ㅡ Principalmente, porque a maioria daqueles que são considerados monstros por outros, são apenas seres incompreendidos, perdidos.
Ela beijou Druig por um momento e sorriu para ele quando o beijo se encerrou, as testas deles ainda estavam coladas, os narizes se tocando.
ㅡ Todos precisam de amor, Druig.
ㅡ ela sussurrou. ㅡ Qualquer tipo de amor.
Os pés dela estavam na água.
Ela havia tomado coragem o suficiente para entrar na água corrente pela primeira vez em mais de trezentos anos.
Ela sentia que devia isso à Druig, devia isso aos Eternos.
Devia isso à todos que ela conheceu e não se lembrava mais.
Os Eternos choraram por ela, ficaram de luto por ela, para alguns, para a maioria deles, o luto ainda continuava. Eles ainda estavam sofrendo.
Druig havia a dito para ficar na margem, não ir para longe da Vila, e lá estava ela.
Na água. Seu maior pesadelo nos últimos anos.
Havia se passado alguns dias, dês de que ela havia desabafado com Druig, talvez uns dez dias.
Julien não estava contando.
Aos poucos a vontade dela de retornar para casa iam se esvaindo, aos poucos ela ia ficando mais e mais a vontade ao redor de Druig, agora ela nem mesmo sentia dor de cabeça ao tê-lo por perto. Era um grande alívio.
Entretanto, ainda era difícil dizer o nome dele, às vezes, Julien travava e gaguejava o nome dele. Porque por algum motivo era absurdamente difícil para ela dizer o nome dele.
Ele parecia passar por algo parecido, ele parecia odiar ter que a chamar de Julien.
A água estava nos joelhos dela agora, e parecia instiga-la a continuar.
Julien não queria continuar com isso, por muito tempo ela pensou em quem ela poderia ser, de onde ela havia vindo, se alguém sentia falta dela, e o por quê de suas memórias terem desaparecido.
Agora, ela tinha resposta para as suas três primeiras perguntas.
A quarta, e maior delas, entretanto, continuava um mistério absoluto.
E isso assustava Julien, esse mistério, esse tremor que crescia dentro dela cada vez que ela tentava se lembrar, esse medo, esse pavor, isso tudo por muito tempo foi maior que a vontade dela de se lembrar.
Até mesmo agora, depois de saber a maior parte da verdade sobre a vida dela, e as pessoas que uma vez ela amou, o pavor continuava, a fazendo querer continuar na ignorância.
Uma parte dela queria se lembrar, queria lembrar das civilizações que ela viu crescerem e morrerem, queria lembrar dos Eternos, de cada um deles, e de como eles uma vez foram especiais para ela, sua família.
Acima de tudo, ela queria lembrar dele.
Druig.
Ele foi a primeira memória que ela se lembrou, a memória em questão era triste e confusa, mas ainda assim, ela lembrou dele, de um pequeno momento que ela viveu antes de se esquecer.
A água estava na cintura dela agora.
E a água parecia cantar uma canção que só ela conseguia ouvir, a chamando para a parte mais funda, a instigando a mergulhar, a enfrentar seu trauma.
A água estava nos ombros dela agora, sua calça jeans e sua blusa grudando em seu corpo.
As mãos de Julien começaram a tremer.
O que você poderia ter a perder? Foi como se água sussurasse.
O que ela tinha a perder?
Talvez, apenas a vida, ou sua mente.
A água estava no queixo dela agora.
Não havia uma correnteza forte no rio, estava na hora.
Julien respirou fundo se preparando para mergulhar, para enfrentar o seu trauma de frente, com determinação.
ㅡ GAIA! ㅡ Druig gritou atrás dela.
O susto a fez se desequilibrar e ela caiu na água.
ㅡ Quando você vai parar de se afogar Gaia? ㅡ uma voz murmurou, parecendo vir de muito longe, quase como se viesse de outro planeta.
ㅡ Quando você vai parar de ter medo?
ㅡ Quando você vai parar de se esconder atrás de desculpas e traumas?
ㅡ Como você pode temer algo que você domina? Algo que você controla? Algo que você amava?
ㅡ Quando você vai perceber quão poderosa é, e como deveria ser temida por todos os planetas e todos os seres, até mesmo os celestiais?
A voz estava ficando mais fraca, mais distante.
ㅡ Não foi o oceano que te afogou naquele dia, Gaia. Foi você mesma. O seu medo.
A voz parecia baixa agora, quase não fazendo sentido, como um sussurro em uma sala lotada.
ㅡ Diga-me Gaia, criação primordial de um ser de muitos nomes. Como se mata um celestial?
Druig não era o maior fã de se jogar na água com muitas roupas.
Entretanto, lá estava ele, nadando o mais rápido que podia até a mulher que ele amava.
Ele havia a dito para permanecer em terra. Havia a dito para não fazer nada perigoso.
Ele deveria saber que a teimosia era uma característica que a nova Gaia manteria.
Ele mergulhou procurando por ela e quase soltou o fôlego que ele segurava ao vê-la.
Gaia estava com a cabeça tombada levemente, como se estivesse escutando alguém, os olhos estavam abertos brilhando em um arroxeado fraco.
Ela estava respirando.
Ela não estava se afogando.
Ele a agarrou, ignorando o quão apavorante ela parecia parada alí, parecendo escutar algo que Druig não conseguia escutar.
Ele nadou até a superfície, e depois até à margem, agradecendo pelo rio não ser muito profundo e a não haver muita correnteza.
Ele a deitou no chão da floresta. Em determinado momento, momento esse que ele não sabia qual, ela havia fechado os olhos.
Ela parecia estar dormindo, mas algo nele o dizia que ela estava inquieta.
Então, do nada, ela começou a ofegar, como se buscasse por ar e não o encontra-se, como se tivesse se afogando.
ㅡ GAIA! ㅡ ele gritou, a puxando contra ele e ficando tentado a tentar invadir a mente dela.
Entretanto, ele havia feito uma promessa para ela, a dezenas de séculos atrás. Ele havia prometido nunca invadir a mente dela sem permissão.
ㅡ GAIA! ㅡ ele gritou novamente.
Ela ofegou uma última vez e voltou a respirar normalmente, abrindo os olhos e se afastando para o encarar.
ㅡ Você está bem? ㅡ Druig perguntou preocupado, seu coração acelerado com o medo de a perder.
Gaia assentiu confusa.
ㅡ Estou, acho que estou. ㅡ ela murmurou parecendo deverás confusa.
ㅡ Eu te-
ㅡ Eu sei. ㅡ ela o cortou e Druig suspirou derrotado.
ㅡ Vamos voltar pra Vila. ㅡ ele a ajudou a levantar.
Uma parte do coração dele estava aquecido pelo contado, feliz pois aos poucos ela ia confiando nele e o deixando a tocar.
ㅡ Do que você precisa? ㅡ ele perguntou quando eles chegaram na Vila.
ㅡ Tudo que eu preciso é de uma roupa seca e uma bebida. ㅡ ela disse e suspirou parecendo perdida.
ㅡ J-Julien? ㅡ como sempre ele teve dificuldade em proferir o novo nome dela. ㅡ O que foi?
ㅡ Acho que eu estou finalmente começando a entender o que aconteceu comigo.
I. Oiiee pessoas, aqui estou kkk.
II. Eu ia postar o capítulo mais tarde, mas, como eu vou fazer algo pra comer e etc, eu decidi postar de uma vez.
III. Esse capítulo tava cheio de reviravoltas e coisas que são bem importantes pra história, principalmente a voz misteriosa. Teorias? Kkkkk.
IV. Vocês gostaram do capítulo? Eu particularmente gostei bastante desse. Nem teve muito sofrimento, eu fiquei com dó de vocês kkkkk.
V. Uma coisa, o Druig não levou a flor pros lugares depois que a Gaia morreu, ele levou antes, cada civilização que eles acompanhavam o desenvolvimento e tal ele levava uma mudinha e plantava com a Gaia, em determinado momento os humanos começaram a fazer isso também, e a flor acabou na Amazônia e em vários outros lugares.
VI. É isso, nos vemos em breve. Acho que vai sair capítulo sábado ou domingo também, e semana que vem eu to planejando ir assistir Eternos de novo, dessa vez com a minha melhor amiga, então eu vou provavelmente atualizar durante a semana também.
VII. Obrigada por todo o apoio, vocês me fazem muito feliz interagindo, fazendo teorias, comentando, vocês estão sendo os melhores leitores que eu tive em muito tempo, vocês são meu tudinho pessoal. Obrigada, de verdade ♡.
Byee.
BY: Duda
2021.
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