✦๋࿆࣭ 05 ✦

1700 d. C
Oceano, horas antes que o corpo de Gaia fosse encontrado.

ㅡ Gaia. Sempre lutando. Sempre tentando e tentando. Você é a criação, não o criador. ㅡ Arishem disse para ela. ㅡ Por que lutar quando sabe que você irá perder? Um Eterno nunca será mais forte que um Celestial. Um Eterno é um peão.

ㅡ Então por que você tem tanto medo de mim? ㅡ Gaia perguntou olhando para Arishem.

Ela não sentia mais seu corpo, sua vida. Ela estava morta? Então era assim que a vida dela iria acabar? Morta por desejar lembrar?

ㅡ Medo? ㅡ Arishem perguntou com a voz fria.

ㅡ Sim. Medo. Por que mais você faria tudo isso? Por que tentar continuar apagando minhas memórias? O que eu sei que é tão importante para você querer que eu esqueça? ㅡ Gaia perguntou olhando para o celestial.

O poder de Arishem a envolveu, a fazendo sentir uma dor tão grande que ela não saberia descrever em palavras como era.

Gaia gritou, a dor a consumindo de forma avassaladora.

ㅡ Eu pareço ter medo de você? ㅡ a voz de Arishem retumbou. ㅡ Você tem vivido por milhares de anos seguindo minhas regras, já matou ao meu comando. Eu te criei. Eu fiz você quem você é.

Gaia ainda gritava, a dor a fazendo não conseguir nem ao menos pensar.

ㅡ Eu sou o celestial julgador, e eu poderia destruir seu amado planeta Terra com apenas o abaixar do meu polegar. ㅡ a voz de Arishem era fria e cortante. ㅡ Acha que eu tenho medo de você? Acha que você pode matar um celestial?

Gaia viu momentaneamente através da dor.

Matar um celestial.

Matar um celestial.

Como se mata um celestial?

A cabeça de Gaia parecia que iria explodir.

ㅡ Seu amor é sua ruína. Se eu não fosse tão justo, se o que você pensa fosse verdade, eu poderia ter matado todos aqueles que você ama. Ajak. Sersi. ㅡ Arishem disse, a voz ainda mais fria. ㅡ Aquele controlador de mentes, Druig. ㅡ Arishem completou.

Gaia gritou. Raiva se juntando com a dor.

Ele poderia matar todos aqueles que ela amava.

O preço para que eles mantivessem suas vidas era as memórias de Gaia? As memórias daquilo que ela não deveria ter descoberto?

ㅡ Sua tentativa de deter o nascimento dos celestiais acaba agora. ㅡ Arishem disse. ㅡ Você está tão decidida a sobreviver, que sobreviva. Mas suas memórias serão tiradas de você outra vez.

Gaia gritou de raiva, a dor aos poucos a deixando.

ㅡ Minhas memórias não são suas para você tirá-las. Elas são minhas. E eu não as darei para você. ㅡ Gaia murmurou com determinação.

ㅡ Bom, você pediu por isso.

ㅡ Julien! ㅡ alguém gritou desesperado.

A mulher acordou assustada, saindo do seu pesadelo, pesadelo esse que uma mulher idêntica à ela dizia que seu nome era Gaia, enquanto Julien se afogava novamente.

O hidroavião estava um caos, seus companheiros estavam gritando e Frederick a estava sacudindo violentamente.

ㅡ O que está havendo? ㅡ Julien perguntou atordoada.

ㅡ Estamos caindo. ㅡ Theo gritou do seu acento.

ㅡ O quê? ㅡ Julien perguntou confusa.

ㅡ Eu não quero morrer. Eu não quero morrer. ㅡ Justin começou a falar consigo mesmo, Theo segurou firmemente a mão do irmão mais novo.

ㅡ A tempestade começou do nada.
ㅡ Stephanie disse do seu acento, seu rosto tão vermelho quanto o seu cabelo.

ㅡ Um raio nos atingiu, estamos perdendo altitude muito rápido, o piloto disse que vai ter que fazer um pouso de emergência. ㅡ Frederick disse enquanto se sentava ao lado de Julien e afivelava o cinto da White, fazendo o mesmo consigo.

ㅡ Como vamos fazer um pouso de emergência? Estamos sobrevoando a floresta agora, não tem nenhum rio por perto. ㅡ Julien disse assustada.

ㅡ Eu não sei Jules, não sei.
ㅡ Frederick respirou fundo tentando se acalmar e não demostrar o medo que estava sentindo.

ㅡ Eu não quero morrer. Não quero morrer. ㅡ Justin voltou a dizer apavorarado.

ㅡ EI! ㅡ Julien gritou chamando a atenção do grupo. ㅡ Ninguém vai morrer okay. Ninguém. ㅡ ela completou com confiança.

ㅡ Exatamente, estaremos rindo disso daqui semanas quando voltarmos para casa. ㅡ Stephanie completou.

Justin assentiu, mas ele ainda estava apavorado demais.

De repente o avião deu uma guinada e começou a despencar mais rápido.

ㅡ Fiquem aqui, eu vou falar com o piloto. ㅡ Julien começou a desafivelar o cinto.

ㅡ Julien, não. ㅡ Frederick segurou a mão dela, a impedindo de soltar o cinto.

ㅡ Eu já volto, prometo. Vou só checar. ㅡ a White sorriu e soltou o cinto, andando até a cabine do piloto, enquanto escutava as reclamações dos companheiros de equipe.

ㅡ O que está acontecendo? ㅡ Julien perguntou ao piloto e ao co-piloto ao adentrar a cabine de controle.

ㅡ O avião não está mas obedecendo os comandos, senhorita White. ㅡ o piloto a olhou triste, seus olhos contendo a dor de alguém que sabe que irá morrer.

ㅡ Não temos mas o que fazer senhorita. ㅡ o co-piloto completou e Julien começou a tremer.

Ela poderia sobreviver, ela nunca havia testado se era resistente à uma queda assim, nem sabia se iria se curar, já que tudo que ela sabia era que não envelhecia.

Mas seus amigos, eles eram normais. Eles morreriam.

ㅡ A senhorita deveria ir e colocar o cinto, pode ser a única forma de sobreviver. ㅡ o piloto disse.

Julien assentiu e fez menção em se virar, suas pernas pareciam gelatina.

Mas era tarde, o hidroavião atingiu uma árvore, o impacto jogou Julien para frente, e ela atravessou o vidro da cabine.

Tudo aconteceu rápido demais e Julien caiu na inconsciência antes que pudesse assimilar o que havia acontecido.

Não era algo muito comum caírem aviões na floresta, Druig se lembrava de apenas seis aviões que caíram ao longo dos mais de setenta anos que ele estava na Amazônia, bom, sete agora.

Druig se aproximou do local onde o avião caiu.

Havia muita fumaça e pedaços do avião para todos os lados.

Druig sabia que não haveria sobreviventes, o avião estava completamente destruído, mas ainda assim ele procurou por alguém.

O que ele encontrou não o chocou, ele havia visto muitos humanos mortos ao longo dos séculos, mas ainda assim foi meio perturbador, os corpos estavam praticamente irreconhecíveis.

Havia muito sangue, e duas pessoas, dois homens ao que parecia, ainda estavam de mãos dadas, Druig não conseguia dizer como isso era possível.

Ele andou envolta do avião procurando por mais alguém para que ele pudesse voltar para a Vila e ligar para o resgate, para que eles pudessem recolher os corpos e contatar as famílias.

Ele não encontrou nada, mas ainda assim ele não foi embora.

Por que ele não foi embora? Por que ele sentia que não poderia ir?

O que estava acontecendo com ele?

Druig se virou, andando até a direção contrária ao qual o avião estava.

Ele andou uns cinquenta metros, seguindo algo que não deveria estar lá.

Foi quando ele viu.

Um corpo caído na terra molhada da floresta, parecendo estar apenas dormindo.

Era uma mulher.

Druig correu até ela.

Entretanto, ele parou subitamente ao ver o rosto da garota.

Os joelhos do Eterno fraquejaram e ele caiu ao chão tremendo.

Não era algo raro que ele sonhasse com Gaia.

Ele costumava sonhar com ela várias vezes, sonhava que a estava abraçando, que a estava beijando, sonhava com as memórias que eles compartilhavam, sonhava com ela gritando com ele, sonhava com a fatídica noite ao qual ele havia partido o coração dela, mas ainda assim, ele nunca havia tido um sonho tão real.

Ele se arrastou até ela, sujando sua calça com a terra e a folhagem.

O peito dela subia e descia, ela estava viva, respirando.

Não poderia ser ela, não poderia ser a sua Gaia.

A sua Gaia havia morrido, não importa o quanto ele quisesse que fosse mentira.

Ela estava morta.

Ele havia segurado o corpo frio e sem vida dela por horas até o funeral acontecer.

Só poderia ser uma humana muito parecida com sua amada.

Mas uma humana poderia sobreviver à uma queda daquelas? Sem ao menos um osso quebrado? Uma parte de Druig se perguntou.

Ele tocou o rosto dela, temendo que ela desaparecesse entre seus dedos, mas ela não desapareceu.

Ela continuou alí.

O coração de Druig acelerou, a esperança agitando-se dentro dele.

Dizem que quando tocamos nossa alma gêmea é como se uma corrente elétrica passasse por nosso corpo.

Druig sentiu a corrente.

Druig a sentiu.

Era Gaia.

Sua amada Gaia.

Se aquilo era o sonho mais real que ele já teve, ou até mesmo a morte batendo em sua porta, Druig não sabia.

Mas quando ele a pegou nos braços, a segurando contra si e caminhando até a Vila, o Eterno se pegou desejando que aquilo nunca acabasse.

ㅡ Vamos brincar de um jogo. ㅡ a voz murmurou na escuridão.

A mesma voz do sonho anterior.

ㅡ Eu não quero brincar. ㅡ Julien disse, raiva em sua voz. Ela não queria ver aquela sua gêmea de olhos roxos novamente.

ㅡ Por que não Gaia? ㅡ a mulher de olhos roxos foi até Julien, seu poder saindo dela em ondas, iluminando a escuridão.

ㅡ Quem diabos é realmente você?
ㅡ Julien exclamou. ㅡ Só... me deixe em paz. ㅡ ela pediu.

ㅡ Eu já respondi isso Gaia. Eu sou você. ㅡ a mulher disse. ㅡ Na realidade, eu sou suas memórias, todas as suas memórias. ㅡ a mulher completou.

ㅡ Minhas memórias? ㅡ Julien perguntou atordoada.

ㅡ Exatamente. ㅡ a mulher afirmou.
ㅡ Eu sou a última alternativa que o seu subconsciente encontrou para que você deixe de frescura e se lembre de quem realmente é.

ㅡ Frescura? ㅡ Julien exclamou com raiva. ㅡ Você sabe o esforço que eu tenho feito para me lembrar de quem eu sou? ㅡ Julien elevou o tom de voz.

A mulher de traje lilás riu.

Então Julien estava novamente no oceano. Naquele fatídico dia.

ㅡ Tem certeza Gaia? ㅡ a mulher debochou. ㅡ O que aconteceu Gaia? O que aconteceu naquele dia no mar? O que você descobriu nas suas memórias que fez você escolher se esquecer? ㅡ a mulher elevou o tom de voz, quase gritando, seus olhos brilhando roxos.

Julien nadou e nadou, e quando ela chegou até a superfície, a mulher a puxou para baixo com um tentáculo feito de água.

ㅡ O QUE ACONTECEU GAIA? DO QUE VOCÊ TEM TANTO MEDO? ㅡ a mulher gritou.

ㅡ ME DEIXE EM PAZ! ㅡ Julien gritou de volta, seu erro, a água começou a adentrar seus pulmões.

ㅡ DO QUE VOCÊ TEM TANTO MEDO? ㅡ a mulher voltou a perguntar.

Se afogando.

Se afogando de novo.

Destruição de mundos.

Como se mata um celestial?

Saber tudo é perder tudo.

ㅡ DO QUE VOCÊ TEM TANTO MEDO GAIA? ㅡ a mulher gritou, a névoa arroxeada saindo dela em ondas.

Alguém murmurando algo.

O que era?

Eterna.

Ela era Eterna.

"ㅡ Minha linda, linda Gaia."

Quem havia dito isso?

ㅡ O QUE VOCÊ TEME GAIA? ㅡ a mulher a segurou pelos ombros.

"ㅡ Somos uma família Gaia, estamos aqui por você."

"ㅡ Gaia? Ajak disse que você deveria se apressar, ou vai perder o casamento dos pombinhos."

A mãe natureza.

Volátil.

Perigosa.

Volátil.

Perigosa.

Mortal.

Mortal.

ㅡ DO QUE VOCÊ TEM TANTO MEDO? ㅡ a mulher a sacudiu pelos ombros.

ㅡ DE MIM! ㅡ Julien gritou de volta.
ㅡ Eu estou com medo de mim. Do que eu descobri. ㅡ Julien sussurrou, seus olhos brilhando fracamente em roxo.

Apenas uma fagulha de quem ela costumava ser.





I. Oiiee pessoas. O que acharam do capítulo? Gostaram?

II. Esse capítulo iria sair apenas semana que vem, mas eu estou amando como vocês estão interagindo e comentando nessa história, o apoio de vocês significa muito, então eu tive que postar outro capítulo kkkk.

III. Sei que muita coisa confusa, como aquele monte de frase solta e etc, mas tudo vai ser explicado, outra coisa, a Gaia "morreu" em 1700 d.C, então tem mais de trezentos anos que ela tá "morta".

IV. E sim, os amigos dela morreram, isso tava na sinopse kkkkk. E faz total sentido o Druig pensar que a Julien não é a Gaia. Ele viu o corpo. Ele ficou abraçado com o corpo dela. Isso nos leva a outro ponto. Gente, pros Eternos a Gaia tava morta, e ela realmente morreu. Então não adiantava eles esperarem mais tempo, o Druig ficou abraçado com o corpo dela do amanhecer até o entardecer, ou seja, horas. Então eles pensaram que ela tava morta, morta kkkkk.

IV. É isso, qualquer dúvida só perguntar, nos vemos em breve.
Byee ♡.





BY: Duda

2021

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