✦๋࿆࣭ 03 ✦

1700 d.C.

A vila de Drumnadrochit, nas Terras Altas da Escócia em mil e setecentos não passava de um lugarzinho meio abandonado, sem muitos moradores, devido a lenda que se perpetuava sobre o mostro que vivia no Lago Ness.

Era lá que Gaia vivia agora. E era ela o "monstro" por trás dos boatos.

Bom, ela já estava por lá há mais de oitenta anos. Antes disso ela estava viajando o mundo. Longe de todos que ela conhecia.

Druig havia a dito que ela não conseguiria viver sem a família, e lá estava ela.

Bom, sem a raiva pelas palavras dele talvez Gaia não tivesse mesmo conseguido.

Porque quando a saudade era demais, e Gaia deseja voltar para os braços de Ajak, a Eterna se lembra das palavras de Druig, e aquilo a motiva a seguir em frente, a mostrar para ele, seja lá em qual buraco ele estivesse, que ele estava errado. Que ela conseguiria viver sem seguir alguém.

Drumnadrochit era um lugar meio solitário, escuro, frio, difícil de lidar e desagradável algumas vezes.

A lembrava Ikaris.

E Druig, obviamente.

Agora Gaia entendia os humanos que escreviam poesias sobre como o amor poderia ser destrutivo.

Fazia duzentos anos.

Duzentos malditos anos que ele havia a abandonado. Confessado ter a enganado. E ainda assim, o coração masoquista de Gaia o queria de volta, desesperadamente.

A sensação era horrível. Algumas vezes Gaia não conseguia respirar enquanto pensava nos momentos passados ao lado dele.

Ele estava rindo dela agora? Rindo de sua ingenuidade e amor? Da sua lealdade cega? Talvez.

Mas a falta de Druig nem era o maior problema de Gaia no momento.

Não.

Seu maior problema eram os pesadelos, a forma que sua mente estava se desligando, se perdendo.

Gaia suspeitava saber o que era.

Mahd Wy'ry.

A mesma doença que havia afetado Thena, doença essa que não tinha uma cura.

No começo eram apenas três palavras. Três palavras que martelavam no cérebro de Gaia.

Saber tudo é

Ela nunca descobriu o que era o resto das palavras.

Mesmo em seus sonhos, quando ela sonhava com destruição e morte, ela nunca tinha um vislumbre do que essas palavras significavam.

Com o passar do tempo foi ficando pior.

As vezes Gaia não sabia o que era real e o que era um sonho.

As vezes ela acabava destruindo algumas coisas, derrubando algumas árvores, colocando fogo na floresta congelada.

Aos poucos a Eterna ia perdendo o controle.

E Gaia temia que estava chegando a hora dela procurar por Ajak.

Uma batida na porta da cabana soou.

Ninguém conhecia a localização da cabana de Gaia, além dos Eternos, era em um lugar muito encoberto pela natureza, um lugar onde ela poderia viver longe dos olhos humanos.

Ela caminhou até a porta e ironicamente Ajak estava parada alí.

Não foi uma grande surpresa para Gaia. Os Eternos sabiam onde ela morava, e costumavam a aparecer algumas vezes ao longo das décadas, exceto Druig, obviamente, já que Gaia fez seus companheiros prometerem nunca o revelar sua localização.

ㅡ Ajak? Que surpresa boa. ㅡ Gaia murmurou e Ajak a puxou para um abraço apertado.

ㅡ Minha querida Gaia, senti saudades. ㅡ Ajak confessou e Gaia riu levemente se separando da Eterna.

Gaia abriu a boca para dizer que também estava com saudades quando o olhar de Ajak foi para o cômodo meio queimado atrás de Gaia.

ㅡ O que houve aqui? ㅡ Ajak perguntou preocupada.

Gaia corou.

Ela havia tido um episódio, vendo uma destruição que não estava alí, escutando uma voz sussurrar em seu ouvido às mesmas três palavras.

ㅡ Eu...ㅡ Gaia suspirou derrotada.

ㅡ O que foi querida? ㅡ Ajak segurou às mãos da Eterna com uma delicadeza maternal.

ㅡ Eu...estou...ㅡ Gaia suspirou novamente. ㅡ Eu estou com Mahd Wy'ry, Ajak.

As mãos de Ajak soltaram as de Gaia, a olhando com pesar e a puxando para um abraço apertado.

ㅡ Eu sinto muito Gaia. Muito mesmo. ㅡ Ajak murmurou.

ㅡ Eu também. ㅡ Gaia fungou.

ㅡ Quanto tempo?

ㅡ Alguns anos, talvez uma década. Não sei ao certo, tem piorado. ㅡ Gaia confessou.

Ajak franziu a testa, alguém com Madh Wy'ry não duraria tanto tempo, sem enlouquecer, sem ter alguém por perto. Como Gilgamesh com Thena.

ㅡ Você sabe o que deve ser feito não é? O que precisa ser feito para que você não machuque ninguém?

Gaia assentiu. Tristeza em seus olhos azuis, tudo que ela conheceu nos últimos tempos foi a tristeza.

ㅡ Eu sei Ajak. Eu sei.

Elas estavam perto do mar, em cima de um penhasco, caminhando em silêncio.

Ajak não queria incomodar Gaia com conversas vazias. Ajak sabia que Gaia estava desistindo de algo muito importante, então o silêncio era a melhor opção.

O Deviante veio do nada.

Saltando e acertando Ajak antes que a Eterna pudesse fazer algo.

Ele a arranhou e mordeu, até que foi afastado dela por Gaia que o acertou um soco na cabeça e o mandou voando para longe.

ㅡ Ajak. ㅡ Gaia a pegou nos braços, a levantando e a examinando. ㅡ Vá. Eu resolvo isso. ㅡ ela disse.

Ajak começou a protestar. De maneira nenhuma ela deixaria Gaia sozinha para lutar contra o Deviante. 

Entretanto, Gaia estava decidida. Ajak não era uma lutadora, além disso, ela não poderia seguir Gaia para onde ela planejava levar o Deviante.

ㅡ Eu vou levá-lo para a água. ㅡ Gaia informou, se afastando da Eterna e olhando para o Deviante que se levantava e mantia os olhos nela. Como ele era assustador. Maior que qualquer outro Deviante que elas já haviam visto, parecendo irado, faminto. ㅡ Vá. AGORA! ㅡ Gaia gritou, usando o ar que ela controlava para voar e empurrar o Deviante pelo penhasco junto com ela.

ㅡ GAIA! ㅡ Ajak gritou por ela, correndo e olhando pela borda do penhasco.

Havia uma movimentação na água, o Deviante tentava sair do mar, apenas para tentáculos enormes de água o empurrarem para dentro.

Gaia submergia algumas vezes para socar o Deviante e tentar o levar para ainda mais fundo no oceano, provavelmente para soterra-lo.

Mas então, de repente, a movimentação na água se acalmou, como se nunca estivesse estado lá, não havia sinal do Deviante e Ajak suspirou aliviada pensando que Gaia havia conseguido matá-lo.

Entretanto, Gaia não havia saído da água. Ajak esperou, mas ela nunca voltou à superfície.

Então Ajak pulou no mar e procurou.

Procurou por Gaia.

Mas ela não estava lá.

O Deviante não estava lá.

E quando Arishem confirmou a morte da Eterna, Ajak nunca se sentiu mais culpada.

Gaia não se afogava.

Não, junto com o controle dos elementos, veio a resistência à eles. Ela não poderia ser queimada e não podia se afogar.

Então, por que ela sentia que não conseguia respirar?

O Deviante a circundava, nadando envolta dela como o predador que ele era.

Tudo era uma escuridão, eles estavam muito longe da superfície, felizmente longe de Ajak.

Apesar de tudo o Deviante ainda não havia a atacado novamente, ele parecia esperar algo.

Esperar pela morte por afogamento dela?

Gaia voltou a tentar respirar, ela não conseguiu. O oxigênio não parecia existir e ela se sentia ficar cansada, sonolenta.

Saber tudo

Saber tudo é

A voz voltou a sussurar na cabeça de Gaia.

E de repente Gaia estava olhando para o celestial que só havia aparecido em seus sonhos.

Arishem.

ㅡ Gaia. ㅡ ele disse o seu nome com frieza. ㅡ A mãe natureza, aquela que sempre atrapalha meus planos.

Gaia o encarou chocada, tentando voltar para o oceano, se ela demorasse alí, seria sua morte.

ㅡ Arishem. ㅡ ela murmurou. ㅡ O que eu estou fazendo aqui?

ㅡ Você deve fazer uma escolha. ㅡ ele respondeu. ㅡ Deve escolher se lembrar e morrer, ou deixar suas memórias irem sem nunca retornarem e sobreviver. ㅡ ele disse friamente.

Gaia respirou fundo chocada.

ㅡ O quê?

ㅡ Você foi a minha criação mais magnífica. Tão poderosa. Poderosa demais para seu próprio bem.
ㅡ Arishem confessou. ㅡ Subestimei você ao longo dos milênios, e você sempre voltou a se lembrar de tudo. Mas você é a natureza não é? E a natureza sempre sabe de tudo, sempre lembra de tudo que se passou.

Gaia ofegou. A pontada na sua cabeça aumentando, sua mente começando a fragmentar.

ㅡ Deveria ter destruído você há muitos milênios atrás, mas você é única, a melhor de minhas criações.
ㅡ ele disse. ㅡ Entretanto, não posso deixar você estragar tudo, não mais, você deve escolher com sabedoria.

ㅡ Escolher? Escolher deixar de ser quem eu sou? ㅡ Gaia disse, algo dentro dela se acendendo. Ela havia concordado em ir com Ajak, mas agora, agora algo dentro dela a mandava lembrar. A mandava esquecer as palavras de Arishem e lembrar.

ㅡ Então essa é sua escolha? Morrer?

Gaia ofegou, a pontada na cabeça voltando.

ㅡ Minha escolha é continuar sendo quem eu sou.

ㅡ Bem, apenas saiba que: Saber tudo é perder tudo.

O coração de Gaia falhou uma batida.

Saber tudo é

perder tudo.

Saber tudo é perder tudo.

De repente ela estava de volta ao mar, o Deviante nadando até ela, pronto para matá-la.

Gaia o tocou, a luz roxa iluminando a escuridão do oceano. A vida do Deviante se esvaiu como areia entre os dedos de Gaia.

Saber tudo é perder tudo.

A cabeça de Gaia começou a latejar, a dor a queimando de dentro pra fora.

Saber tudo é perder tudo.

A enxorada de memórias a atingiu. Memórias da destruição de mundos.

Memórias dela se esquecendo quem era várias e várias vezes.

Saber tudo é perder tudo.

A vida de Gaia começou a se esvair dela, como se estivesse saindo de seu corpo e a deixando fria e vazia, sem vida, ela estava morrendo.

Saber tudo é perder tudo.

Gaia sentia o frio da morte, a dor a consumindo.

Tudo que ela precisava fazer para a dor acabar, era deixar ir.

No entanto, Gaia não queria deixar ir.

Não queria morrer.

Não queria se esquecer.

Saber tudo é perder tudo.

Apesar de toda a dor que nublava seus sentidos, Gaia queria se lembrar de tudo.

Se lembrar de amar, lembrar dos momentos que passou ao lado da família, dos humanos.

Queria se lembrar de ser Gaia, a mãe natureza, a protetora dos humanos, queria lembrar como era ser amada pela família.

E apesar de doer, ela queria se lembrar de Druig. Seu Druig, o único alguém que ela já havia amado.

Aquele que a encorajou a ser a melhor versão de si mesma, aquele que ela pensou te a amado.

Saber tudo é perder tudo.

Gaia viu o rosto dele. Ele estava na maioria de suas memórias. Sempre havia sido ele.

Ela o estava vendo agora.

Como se ele dissesse: "Vamos minha linda Gaia, você consegue passar por isso."

Ela quase conseguia ouvir a voz dele, sussurrando em seu ouvido, quase conseguia sentir as mãos dele em seu rosto, quase conseguia sentir o gosto dos lábios dele.

Saber tudo é perder tudo.

Uma pontada ainda mais forte atingiu a cabeça de Gaia, mais memórias voltando.

Gaia sentiu sua cabeça, sua sanidade, sua vida começar a fragmentar, se partindo em um milhão de pedaços e trazendo a morte em seu encontro.

Gaia se manteve firme, ainda lutando.

Mas saber tudo era perder tudo.

E agora, Gaia sabia de tudo.

Druig estava deplorável.

Bom, sua vida dês de que se separou de Gaia estava deplorável.

Ele duvidava muito que poderia atingir um lugar mais baixo no fundo do poço que ele se encontrava.

ㅡ Eu odeio muito você. ㅡ ele murmurou para a flor que ele deu o nome da Eterna que ele amava com todo o seu ser.

A flor pareceu zombar dele enquanto desabrochava lindamente naquela manhã meio cinzenta.

As cores da planta o relembrando da única coisa que ele sempre quis.

Druig se sentia um idiota.

Ele havia quebrado o coração dela, havia dito coisas horríveis para a manter segura dele, para a manter feliz com a família que ela tanto amava, e o que Gaia fez? Se afastou da família apenas para provar que ele estava errado.

Druig se sentia o maior dos idiotas, ele procurou por ela, decidido a fazer qualquer coisa para ter o perdão de Gaia. Ele estava decidido a se jogar aos pés dela e implorar e implorar, até que ela se dignasse a pelo menos o olhar.

Entretanto, ele não conseguiu encontra-la.

E quando ele se humilhou e perguntou aos outros para ver se eles sabiam sobre o paradeiro de Gaia, os Eternos nunca o disseram onde ela estava, cada um parecia apontar para uma direção diferente.

Eles odiavam Druig por machucar Gaia.

Druig riu amargurado.

Ele também se odiava. Muito.

ㅡ Eu realmente não tenho paz. ㅡ o Eterno murmurou ao ver um grupo peculiar se aproximar dele e de sua flor.

Ajak vinha á frente, os outros Eternos a seguiam. Eles haviam até mesmo arrastado Thena e Gilgamesh do buraco que eles haviam se enfiado.

Uma pessoa não estava entre o grupo.

Gaia.

Ela o odiava tanto agora que não se dignaria a vir com os outros?

Druig se levantou, batendo a poeira de sua calça, um sorriso zombeteiro, que não alcançava seus olhos, nos lábios.

ㅡ Olha. A família toda reunida. Que lindo. ㅡ ele zombou. ㅡ Ao que devo á honra?

Ele não foi capaz de dizer mais nada.

Ikaris voou até ele. O acertando um soco que o fez voar metros.

ㅡ É TUDO CULPA SUA! ㅡ o Eterno gritou com Druig que se levantava com dificuldade sem entender ao certo o que estava havendo.

Então Druig observou o resto do grupo.

Sersi, Makkari e Sprite tinham olhos vermelhos, assim como Ajak, elas pareciam desoladas.

Kingo parecia triste e temeroso.

Gilgamesh segurava às mãos de Thena fortemente, como se buscasse apoio, Thena parecia perdida, como se sua mente estivesse em outro lugar.

Phastos estava um pouco mais para trás, como se temesse algo, seus olhos levemente vermelhos.

E Ikaris? Ikaris parecia possesso, como se quisesse partir Druig ao meio, isso não era bem uma novidade, entretanto, os olhos do Eterno estavam vermelhos também.

O coração de Druig se apertou, como se soubesse que algo muito, muito ruim tinha acontecido.

ㅡ Onde está Gaia? ㅡ a pergunta voou da boca de Druig, sua voz parecendo crua.

Isso foi o suficiente para Sprite começar a chorar e abraçar Sersi fortemente. Makkari o olhou com pena e negou com a cabeça, seus olhos ameaçando deixar cair às lágrima que a velocista segurava.

ㅡ Ela- ㅡ Ajak respirou fundo, a voz falhando.

ㅡ Ela o quê? ㅡ Druig perguntou exasperado.

ㅡ Ela está morta! ㅡ Ikaris gritou.

Druig tinha certeza que seu coração parou de bater naquele instante.

ㅡ Ela não pode estar... não, ela não está. ㅡ Druig murmurou desacreditado.

ㅡ Ela estava com Mahd Wy'ry. Eu estava a levando até a nave. ㅡ a voz de Ajak falhou. ㅡ Um Deviante apareceu, ele parecia muito mais forte que qualquer outro Deviante que eu já vi. Ela o levou para água, eu tentei ajudar, tentei segui-la.

Makkari segurou a mão de Ajak em conforto.

ㅡ Ela nunca voltou à superfície, muito menos o Deviante. ㅡ Ajak continuou. ㅡ Eu procurei por ela. Procuramos por ela, e não encontramos seu corpo. Arishem confirmou sua morte.

Os joelhos de Druig fraquejaram e ele caiu no chão.

Ele se sentia fora de seu corpo, como se ele estivesse em um pesadelo e não pudesse acordar, entretanto não era um pesadelo, era real.

Às vozes o chamando pareciam vir de longe. Ele não sentia seu corpo.

Mas sua mente?

Sua mente estava bem acordada. O lembrando do último olhar que ele viu nos olhos dela.

"ㅡ Espero que você encontre o que você tanto procura e deseja."

Era ela. Sempre havia sido ela.

Ela era tudo.

Seu mundo, seu sol, seu oxigênio.

Sua linda Gaia.

Morta.

Ela não poderia estar morta.

Ela não era uma flor frágil. Ela era a própria mãe natureza.

Como se mata a mãe natureza?

Não era possível. Não poderia ser. Arishem estava errado. Todos eles estavam errados.

Gaia não estava morta. Ela não poderia estar. Druig não podia acreditar nisso.

ㅡ Me leve até o local. ㅡ ele conseguiu reunir forças para dizer.

ㅡ Druig-ㅡ Ajak começou.

ㅡ AGORA! ㅡ ele gritou.

Assim eles partiram, alguns dias depois, Druig encarou a vastidão do mar.

Ele procurou por ela.

Procurou pela costa.

No raso, no fundo.

O corpo dela não foi encontrado.

E isso o enchia de esperança. Esperança de que ela ainda estivesse lá. Ferida sim, mas viva.

Até que um dia um corpo foi encontrado.

O corpo de Gaia.

Ela parecia estar dormindo de tão serena que era sua expressão.

Seu coração não batia. Sua cor se foi, seus cachos estavam sem vida e seus olhos não se abriam mais.

Foi Druig que a encontrou.

Ele havia mergulhado o mais fundo que pôde e parte dele desejava morrer alí, em contato com a natureza, a única coisa que ainda existia de Gaia.

Então, quando ele pensava que não aguentava mais mergulhar, ele a viu, ela parecia estar dormindo na água, seus cabelos espalhados ao redor dela como uma coroa.

Druig a segurou em seus braços, e lá dentro ele sabia que ela não estava mais lá, entretanto, uma parte dele se recusava a acreditar.

Ele a abraçou fortemente ao chegar à superfície, enquanto gritava para Ajak fazer algo.

Mas Ajak não poderia curar a morte.

E ela disse isso à ele.

Então Druig gritou para Phastos, gritou para que ele criasse uma máquina que pudesse trazê-la de volta.

E quando ele disse ser impossível, Druig gritou com todos.

Ele gritou até sua garganta implorar para que ele para-se, gritou até que o amanhecer se tornou entardecer.

Ele não a soltou. Ele não poderia. Ele temia que se a soltasse, sua dor seria triplicada.

ㅡ Devemos prepará-la Druig. ㅡ Ajak disse com o seu tom maternal, os outros já estavam dentro da casa um pouco afastada do mar.

ㅡ Prepará-la? ㅡ Druig sussurrou. Sua garganta ferida demais para falar mais alto.

ㅡ Para o funeral, Druig.

Às palavras de Ajak o atingiram.

Funeral.

ㅡ Você tem mais alguns minutos. Eu sinto muito querido. ㅡ Ajak murmurou e se levantou se afastando.

ㅡ Você não pode estar morta. ㅡ Druig voltou a chorar. ㅡ Você não se afoga, e não tem machucados. Quem fez isso com você? ㅡ ele perguntou.

ㅡ Abra os olhos. Por favor abra os olhos meu amor. ㅡ ele pediu novamente, como havia pedido por toda a tarde.

ㅡ Eu te amo. A amei dês da primeira vez que eu a vi. Sempre foi você. ㅡ ele sussurrou encostando sua testa da testa fria dela. ㅡ Eu nunca disse isso o suficiente, eu deveria ter dito, deveria ter ficado com você. Eu nunca deveria ter partido. Nunca deveria ter quebrado o seu coração gentil.

Druig soluçou e se agarrou ao corpo sem vida de Gaia.

Gaia estava morta.

O seu sol, seu mundo, a mulher que ele amava mais que tudo estava morta.

E a culpa era dele.

Toda dele.

Druig não tinha mais lágrimas para chorar quando viu Gaia deitada no barco pronta para deslizar pelas águas e ser cremada.

Ikaris era aquele que soltaria a flecha.

Ajak estava dizendo algumas palavras, os outros estavam chorando.

Mas Druig não se importava.

Nada mais o importava.

E se Ikaris tivesse concordado a essa hora Druig já estaria morto.

Mas o idiota apesar de adorar a ideia, disse que Gaia não gostaria disso. Que ela amava Druig demais para desejar a morte dele.

Druig socou Ikaris depois disso.

Mas a raiva não fez a dor passar.

Não.

A dor o estava consumindo.

E Druig desapareceu antes que a cerimônia terminasse.

Ele nunca ficou em um lugar só depois disso. Ele sempre estava em contato com a natureza, em lugares remotos que o lembravam de Gaia.

A dor o consumia mais e mais a cada dia.

E com o passar do tempo Druig começou a se desesperar. Porque aos poucos ele começava a esquecer do rosto dela, da voz dela, de seu toque. Por isso ele a desenhou, por isso ele obrigou pintores a desenha-la.

Assim, ele nunca se esqueceria do rosto dela, mesmo que a voz dela aos poucos fosse ficando mais e mais distante.


I. Oiiee pessoas. Confesso que eu derramei umas lágrimas escrevendo esse capítulo kkkkk. Mas e vocês, haviam preparado o lencinho? Kkkkk.

II. E sim, a Gaia "morreu". Eles precisavam de um corpo, porque sem um corpo o Druig nunca acreditaria que ela estava morta. Eu prometo que tudo vai fazer sentido, confiem em mim kkkk.

III. Mas e aí? O que acharam do capítulo? Gostaram?

IV. Próximo capítulo já será no tempo presente, dias antes dos Eternos irem para a Amazônia.

V. Por hoje é só mas nos vemos em breve.
Byee ♡.

BY: Duda
2021.

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