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S E I S    D I A S    D E P O I S

C A R L   G R I M E S 

A lição de geometria estava me deixando louco. Aquelas contas e aqueles desenhos não eram meu forte, nunca foram, nem mesmo no antigo mundo. Só estava indo pra escola pra poder fazer o que meu pai queria... terminar pelo menos o terceiro ano e aprender alguma coisa que não fosse matar zumbis.

Os gritos vindos do andar debaixo me chamaram a atenção e me fizeram deixar o quarto e correr pelo corredor até as escadas. 

- Carl! - ouço a voz de Tara e encontro com meu pai. - Rick!

- O quê foi? - pergunto desesperado.

- Agnes. Ela acordou e está descontrolada na enfermaria, ela cortou o braço do Pete com uma tesoura.

No mesmo instante que ela disse o nome dela, eu saí correndo, passando feito um louco por eles. A cada rua que eu virava, era uma rua mais próxima da enfermaria. Eu não tinha conseguido parar de pensar nela, durante os dias que eu fiquei sem poder a ver. 

Quando a rua da enfermaria apareceu, encontrei uma quantidade grande de curiosos na frente da mesma e passei por eles. Abri a porta  da mesma e encontrei Pete com um machucado em seu braço e as coisas quebradas no chão. 

- Cadê ela?

- Aquele mostro? Trancada dentro do quarto. - Pete responde apontando para a porta - Se eu fosse você não ia lá. Vai que ela mata você.

- Agnes! - digo abrindo a porta. 

 Uma cabeleira castanha e cacheada vem a meu encontro e eu seguro a mão que estava com uma tesoura com um pouco de sangue, a qual eu joguei no chão. Ela ficou se debatendo contra meu corpo assustada enquanto ela gritava.

 - Ei, ei sou eu. - digo virando seu rosto, fazendo ele ficar quase colado ao meu.

Ela parou de se rebater e se soltou de mim indo para trás.

- Eu... Eu preciso sair daqui. Eles vão vir atrás de mim, Carl. - ela exclama - Eu preciso sair daqui! Onde eu estou?

- Você está em Alexandria, na comunidade que aquele homem do celeiro aquele dia um mês atrás, falou. Lembra?

- Eles vão me achar. Vão... - ela começou a chorar. - Eu preciso acabar comigo. Eu preciso morrer. - ela veio até mim e pegou minha arma do coldre.

- Não! - meu corpo se embateu contra o dela, mas mesmo assim a arma em suas mãos disparou.

Estavamos os dois caídos no chão, eu por cima dela e um buraco a alguns metros de nós onde a bala havia entrado. Seus olhos estavam arregalados e seus cabelos espalhados pelo chão de madeira. 

- Não faz isso. - peço - Não me deixa de novo.

Batidas eram ouvidas na porta e  a voz desesperada do meu pai também.

- Estamos bem! - exclamo. 

Os olhos castanhos dela estavam vermelhos, as lágrimas rolavam por seu rosto. Eu as sequei e a puxei para mim, abraçando seu corpo.  

- Quem fez isso com você?

- W. - ela sussurrou.

Passei a mão pelo corte do lábio dela e pelo seu rosto. Ela deitou a cabeça sobre minha mão e fechou os olhos, parecendo estar mais calma e aliviada. Aproveitei o momento e juntei os nossos lábios.

- Não me deixa de novo, não me faz viver sem você. - digo - Eu não me perdoei depois daquele dia, não parei de pensar em você.  Fica, eu cuido de você, eu cuido dos seus machucados. Fica?

Seus olhos varreram as coisas ao nosso redor e ela concordou antes de deixar um "sim" escapar. 

- Vem! Vou te levar para a minha casa. Está com fome ? - ela assentiu. - Vem.

Abri a porta e senti ela me agarrando, olhei para a mesma e ela olhava para as pessoas com medo e andava como se estivesse tentando se esconder. Passei pela minha família e meu pai entendeu meu olhar.

Essa não era à garota que eu havia conhecido a um mês e meio atrás. Não era à garota destemida de antes. Algo aconteceu e eu vou descobrir.

- Comer ou tomar banho?

- Comer. - ela sussurrou.

- Ok! Pode se sentar! - digo. Ela se sentou toda receosa na cadeira ao meu lado. Carol logo apareceu com uma bandeija de cookies e bolo e uma jarra de suco. - Obrigada Carol.

- Posso pegar? - ela diz baixo

- Claro que pode a casa agora é sua! - vi a mão dela ir ao encontro de um cookies. - Suco?

- Sim, por favor. - coloquei o suco e entreguei à ela.

Ela comeu a metade das coisas que estavam na mesa. Eu sorri quando ouvi um pequeno arroto sair da boca dela.

- Agora banho! - a puxei pela mão, subindo as escadas. Entramos no meu quarto e pude ver ela olhando tudo. - Tem toalhas no banheiro, vou arrumar uma muda de roupa para você.

Seu rosto estava baixo, logo a porta se fechou. Essa com certeza não é a garota que eu conheci a um mês e meio. Seu sorriso não aparece mais, o brilho em seus olhos já não existe mais.

Eu me apaixonei por uma garota - sim eu me apaixonei - destemida, que encarava todos que batiam de frente a ela, sem medo da morte, me apaixonei pela garota que apareceu na estrada em nossa frente pedindo água e logo depois desmaiando.

_

- Você tem que falar com a Deanna.- digo me jogando na minha cama perto dela.

- Quem é Deanna? - ela questiona deixando o gibi de lado e me encarando.

- Ela manda aqui. Então você tem que falar com ela para ver se pode ficar.

- Com certeza eu não vou. - me levantei e fiquei olhando para ela. - Eu machuquei duas pessoas hoje, Carl. Ela não vai me deixar ficar.

- Ela vai deixar. Quer que eu vá com você?

- Por favor.

- Vamos! 

Ela veio atrás de mim toda receosa, eu abracei sua cintura com cuidado. Fazendo ela me encarar por alguns segundos e voltar sua atenção para o chão.

As pessoas nas ruas evitavam olhar para ela e passar perto de nós, eles pareciam estar com medo do que ela poderia fazer.

Segundos depois, a casa de Deanna apareceu e subimos as escadas, batendo na porta e esperando pela mulher baixa e de cabelos na altura dos ombros aparecer.

- Deanna essa é a Agnes. - a apresento quando a porta se abre - A trouxe para vocês conversarem.

- Oh, olá querida! Vamos entrar. - passei pela mulher com Agnes atrás de mim e ouvi a porta se fechar.  - Pode se sentar ali Agnes.

Agnes me encarou e se sentou na poltrona em frente a prateleira de livros.

- Carl o que estava fazendo com uma arma hoje mais cedo?

- Eu ia sair um pouco, só que esqueci de colocar meu cinto com o coldre e quando eu voltei, fui estudar e depois pra enfermaria. Vou devolver ela depois.

- Ok! Posso gravar nossa conversa? - Ag balançou a cabeça dizendo que sim. - Quantos anos você tem?

- 16 ou 17!

- Qual seu sobrenome?

- Castiel. Agnes Castiel.

- Pode me contar como sobreviveu la fora?

- Eu estava em um grupo - ela olhou para mim - pessoas pularam os muros e mataram todos.  Meus pais me pediram para correr para longe e quando eu ia me virando para poder pular o muro um cara matou os dois. - ela se encolhia na poltrona e eu fui até lá.

- Tá tudo bem. Tá tudo bem! - digo limpando as lágrimas de seu rosto e segurando suas mãos.

- Quem fez isso com você? - será que essa velha não entende que ela está mal e ainda fica perguntando coisas.

- W.

- O quê eles...

- Deanna eu não acho...

- Eu preciso saber Carl. O que eles fizeram?

- Coisas ruins.

- Que tipo de coisas?

- Me torturaram e ...e abu...

- Você não precisa falar. - ouço a voz da Maggie e mando um olhar de agradecimento para ela. - Deanna, ela não precisa da entrevista. Minha família conhece ela.

Oi Oi
Tudo bem? Espero que sim.
Agnes contou quem eu isso com ela, será que os W estão chegando?
Votem e comentem
Beijos e fuiii

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