26
" Há dois tipos de dor: a dor que te torna mais forte e a dor útil, a que reduz o sofrimento"
A G N E S C A S T I E L
Andei apressada com a pá nas costas, tentando fugir de todos os julgamentos que eu estava ouvindo das pessoas e de mim mesma. Minha mente estava uma grande bagunça.
Escolhei um lugar mais distante e finquei a pá no chão começando a cavar. Fiquei fazendo aquilo por horas até que Tara trouxe o corpo da namorada sendo ajudada por Tyler, o qual eu não via a muito tempo. Eles colocaram o corpo da médica dentro da cova e eu comecei a jogar a terra por cima, Tara ficou ali o tempo todo chorando, me fazendo ficar mais angustiada ainda. Depois de terminar corri até o deposito para pegar uma faca.
- Posso pegar uma faca? - pergunto a Olivia que me olhava com desprezo.
- Sim. - ela responde.
Pego uma faca de punho vermelho e saio. Vários pensamentos ruins vem atona e eu fecho os olhos tentando controla - los. Arrumo uma tábua e pulo o muro, indo para dentro da floresta. Me sento em um canto qualquer e começo a gravar o nome de Denise ali.
Uma a fina garoa começou a cair e eu penso em ir embora, mas me lembro que as pessoas não queriam me ver naquele momento, então decido ficar ali, sozinha.
Observo a faca em minha mão molhada pelos pingos da chuva já grossa. Meu reflexo aparece em sua lâmina, eu estava horrível. Estico meu braço e sinto a lâmina cortar minha pele.
_
Termino de fincar a tábua com o nome de Denise e saio sem rumo.
- Agnes? - olho para trás e encontro Carol com a roupa toda molhada, igual a mim. - Está tudo bem?
- Sim... - percebo que demoro demais a responder.
- Pode vir aqui? - ela pergunta e eu nego escondendo os cortes no braço.
Quem iria cuidar deles agora já que Denise está morta por minha culpa?
- Vamos para casa, juntas então? Já está anoitecendo e você pode ficar doente novamente.
- Não...não posso, não ainda.
Corro a igreja abrindo a porta com tudo e assustando Gabriel. Me sento no último banco e abaixo a cabeça começando a pedir perdão por tudo que tinha feito até aquele momento.
Sentia que estava rolando uma festa dentro de mim, uma festa onde a ansiedade, medo e dor eram os protagonistas, só que eu não queria estar naquela festa.
- O que...O que eu tenho que fazer para ter o perdão por tudo que eu já fiz? - pergunto a Gabriel quando ele se senta ao meu lado.
- Se perdoar em primeiro lugar, você já fez o principal, veio até Deus.
- Ele perdoa pessoas que matam outras?
- Se você pedir perdão, ele pode sim perdoar.
- Eu matei a Denise e outros 20 homens.
Ele não me respondeu, só pegou em minha mão e deixou a cabeça tombada sobre a minha.
- Vá para casa, tome um banho, coma algo.
Deixei a igreja e andei até a casa, que eu não sabia se podia chamar mais de minha. Abri a porta de entrada depois de alguns minutos e passei pela multidão entrando no banheiro. Tranquei a porta e retirei minha roupa, a água quente do chuveiro me causou êxtase. Passei a bucha com sabão sobre os meus cortes e os enxuguei.
Talvez toda aquela dor seja útil, para mim, para poder ser melhor, para seguir em frente, ou apenas me recuperar.
Oiiii
A história vai mudar muito daqui pra frente e muito. Faltam 24 capítulos para o livro acabar.
Deixem seu voto e comentário me dizendo o que acham.
Beijos e fuiii
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top