Capítulo Vinte e Seis

Teste um – Terra

Teste dois – Ar

Teste Três – Água

Teste Quatro – Fogo

Dia do Aceito

Era o que dizia no papel que nos foi entregue na segunda de manhã. Nicholas estava apreensivo, com medo de que eu me machucasse, e eu tentei ao máximo tranquilizá-lo diversas vezes, mas ele sentia que havia algo errado.

Talvez ele estivesse nervoso por causa do casamento. Já eu, me via mais nervosa pela ideia de pertencer a Seita, do que de me amarrar a ele permanentemente.

Tinham quinze buracos abertos no jardim. Quinze buracos que se pareciam muito com covas.

Todos que eu havia visto, desde minha chegada ao Complexo, estavam em uma meia lua ao redor dos buracos.

Quem seria enterrado ali? Imediatamente uma sensação de enjoo revirou o meu estômago. Teria sido isso que aconteceu com Lauren? Minha colega de orfanato que também fora picotada e que há muito tempo eu havia deixado de buscar?

Abigail riu da nossa expressão assustada.

― Não se acanhem, crianças. Podem entrar, elas foram feitas para vocês ― nos movemos lentamente em direção a elas, nenhum realmente querendo fazer aquilo. ― Vocês serão enterrados agora e devidamente desenterrados amanhã de manhã. Fiquem tranquilos. Os testes provarão o seu valor, todos aqueles que merecem estar aqui serão salvos e ficarão bem. Todos aqui― fez um arco com a mão em direção a meia-lua a nossa volta ― ficaram

― E se não ficarmos? ― Perguntou Hunter.

Ela levantou uma sobrancelha.

― Bem, se alguém morrer, já teremos uma cova para enterrá-los permanentemente ― riu.

À noite, como já era de se esperar, foi infernal. Não tivemos problemas para respirar e nem sequer senti fome, mas eu tinha certeza de que tinha alguém gritando ali embaixo e o som daquilo foi perturbador, mas na manhã seguinte, graças a Crown, todos estavam vivos ― não bem. Após ser enterrado vivo ninguém fica "bem".

O segundo teste foi aterrorizante para quem tinha medo de altura. Nas bordas do penhasco havia quinze nuvens sólidas como macas.

― Subam ― demandou Abigail. ― Elas vão sustentá-los contanto que os interesses dos seus corações sejam verdadeiros e saibam que Crown vai ampará-los.

E pensar que não havíamos gostado de ser enterrados. Conforme as nuvens começaram a se afastar da segurança do penhasco minhas mãos começaram a se torcer e permaneceram nessa posição até que aquela provação acabasse.

Nicholas ficou em uma nuvem ao meu lado, me questionando se eu estava bem sempre que lhe parecia necessário ― o que aparentemente era o tempo todo. Ele estava preocupado sobre como toda aquela situação de estresse, fome e sede afetaria o bebê. Já para mim, não havia uma preocupação no mundo. Me sentia cansada e começava a sentir fome ― a garoa incessante me salvou da sede, finalmente ― mas sentia uma tranquilidade que só pode ser encontrada ao saber que algo maior que tudo está cuidando de você.

Pouco antes do amanhecer do terceiro dia Jenna caiu.

O terceiro foi mais simples. Pelo menos a primeira parte dele. Só precisamos nos deixar cair. Para quem sentia como se estivesse congelada após tanto tempo de concentração, se deixar cair na água foi surreal.

Quando a noite chegou, Dakota tremia muito. Jacob sumiu sob as ondas depois de um tempo. Meredith estava roxa quando fomos tirados da água.

O quarto e último doeu em muitos, porém foi o mais rápido.

Precisamos caminhar sob o fogo.

Ainda molhados da água do mar, que evaporava rapidamente, com uma respiração profunda o fiz rapidamente.

Nicholas gritou e rangeu os dentes, mas passou correndo.

Bellamy pronunciou diversos palavrões, muitos dos quais eu nunca havia sequer ouvido falar.

Abraham jogou Maxwell sob o ombro e alegou que ninguém disse como deveríamos passar.

Skylar e Jackeline deram gritinhos finos.

Dakota passou rindo.

Ezra criou uma passarela de areia no meio, não que ele precisasse, já que feiticeiros eram imunes ao fogo.

Jacob, Tate e Amélia os últimos passaram sem problemas por causa do "truque" de Ezra.

Estávamos prontos.

***

Para mim havia sido designado um vestido vermelho de babados, particularmente não fazia o meu estilo, mas isso não quer dizer que Nicholas não havia sorrido como um bobo quando me viu nele. O sapato, no entanto, havia me feito suspirar e quase babar de tão belo que era.

Josephine nos levou, para escolher algumas joias e eu escolhi as que mais se pareciam comigo, um colar delicado de borboleta e um belo anel de olho de dragão vermelho.

― Luna ― Nicholas chamou, a voz abafada pelo som do chuveiro. ― Pegue uma camisa para mim, por favor?

Abri a gaveta da cômoda que havia ficado para ele quando se mudou para o meu quarto e peguei a camisa azul pois sabia que essa era sua cor favorita.

Bati na porta do banheiro e ele estendeu a mão para fora para pegá-la, um ato ridículo visto da perspectiva de que nos casaríamos no dia seguinte, mas ele ainda era totalmente envergonhado com o seu corpo e aquele era um ato tão ele que me fez sorrir. Eu garantiria que ele perdesse toda aquela modéstia descabida em breve.

Fechando a gaveta, eu percebi a pequena caixa de joias, que havíamos encontrado na Zone 3, escondida ali. Depois de guardar o colar de Julian eu a havia colocado ali, lembrei. Balançando a cabeça, a pus em cima do móvel e apressei Nicholas para descermos, aquela era nossa noite e tínhamos todo direito do mundo de aproveitá-la.

***

Quando meu pai me viu, ele riu e disse que eu estava mais bonita naquela noite do que havia me imaginado durante toda a vida.

Alicia chegou de braços dados com Florence, as duas com sorrisos gigantescos de felicidade por nossa vitória.

― Parabéns, Luna ― disse a ruiva me abraçando com força.

A loira me pegou em um enlace apertado antes de dizer:

― Fico feliz que você tenha se saído tão bem, me sinto tão próxima de você ― ela me soltou com delicadeza. ― Talvez, porque assim como você, eu só estou descobrindo a verdade sobre mim mesma agora.

No final da noite, finalmente nos tornamos membros oficiais da Seita.

Cada um que era oficializado, saia do palco com a sua marca e era abraçado e ovacionado por todos.

Nicholas foi antes de mim, saindo com uma marca de raio e um sorriso gigantesco.

Notei, então, que nunca havia lhe perguntando se, no tempo em que estive desacordada, ele havia descoberto o seu poder. Eu era uma péssima noiva, mas nós teríamos tempo para falar sobre isso. Tínhamos essa noite, a próxima e o resto de nossas vidas.

Eu fui logo depois. Abigail fez uma careta quando subi ao palco.

― Luna Canberight, em primeiro lugar, gostaria de te dizer que seu sangue é quem você é. Ser Amazona das Estrelas não torna seu sangue puro, aceite sua herança. Isso ― começou com o ritual ― é um dom. Você escolhe se aceita ou não. Eu não posso escolher por você. Se você aceitar, então o dom é seu. Mas cuidado, pode ser uma maldição também e depois de aceito não há como voltar. O dom será seu para sempre. Pode ser teu poder de salvar o mundo, mas também pode ser a chama que o destruirá ― ela fez uma pausa dramática. ― Então, qual é a sua escolha?

― Eu ― minha voz estava enfraquecida e irreconhecível. Pigarreei. ― Eu aceito.

― Luna Canberight, você tem um dom. Você tem uma maldição. Você tem o poder ― afirmou. ― Parabéns ― concluiu parecendo querer dizer o oposto.

A queimação em minha clavícula me tirou o ar e quando tudo terminou eu tinha um olho de dragão marcado em mim para sempre.

Aquilo era maravilhoso.

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