Capítulo Dezenove
Depois do encontro turbulento com Abigail fui até o meu quarto, precisando tirar minha cabeça daquilo, mas devo ter cometido inúmeros sacrilégios em vidas passadas, pois dei de cara com Adam Draacon sentado no chão do corredor.
― Hey, prima ― exclamou alegre se levantando.
Revirei meus olhos para ele ainda me sentindo furiosa.
― É claro que você sabe.
― Mandei uma carta para o meu pai assim que cheguei à conclusão de que você é extremamente parecida com Sophia. Ele me respondeu logo depois de você ter deixado para Maryland ― olhou para mim com aquele sorriso torto adorável ― e assim que você voltou foi falar com Abigail, não me acuse de esconder nada. Quer ir ver logo o maldito quadro para que possamos conversar? ― Perguntou ansioso.
Eu me sentia inexplicavelmente fora de mim desde Zone 3 e estranhamente extenuada desde que cheguei a Maryland, como se eu estivesse assistindo tudo aquilo através de um sonho ― um filme, onde a protagonista podia ver o que acontecia, mas não realmente tomar as decisões, ― de forma que por mais que eu quisesse resolver logo aquilo, algo sussurrava em meu ouvido que eu precisava deixar para amanhã, que haviam outras coisas para serem feitas hoje.
― Podemos fazer isso após o café da manhã? Eu gostaria de tirar um cochilo ― choraminguei.
Ele deu de ombros não parecendo nada feliz com aquilo.
― Como quiser, priminha.
Revirei os olhos novamente, o que parecia ser meu modus operandi quando estava com ele e entrei no quarto após assisti-lo descer o corredor.
A primeira coisa que notei foi Nicholas sentado na minha cama olhando meus desenhos. Sentei-me ao seu lado e ele passou os braços a minha volta em um gesto automático. Quando vi o desenho que ele observava com tanto afinco, suspirei.
― Esse não é o garoto que estava beijando aquela garota no orfanato? ― franziu o nariz. ― Como era mesmo o nome dele? Julian?
― Sim, é ele. ― Respondi rapidamente querendo evitar o que eu sabia que viria a seguir, mas não querendo mentir para ele.
― Ele é seu amigo, não é? O que fez com que você estivesse chateada no dia que viemos para cá?
Sorri me lembrando das minhas primeiras impressões sobre ele naquele dia, mas Nicholas não interpretou aquilo corretamente e pareceu não gostar do meu sorriso.
― Você gosta dele ― declarou. ― É por isso que você estava tão chateada. Eu sou um tolo mesmo ― concluiu balançando a cabeça e fechando o caderno.
― Ei ― chamei. ― Vire a página.
Ele hesitou, mas assim o fez. Observei sua expressão querendo saber o que ele acharia.
― So-sou eu? ― Gaguejou.
Sorri e acenei.
― Parece uma fotografia! Eu nunca vi algo tão lindo! ― Exclamou maravilhado.
― Que bom que gostou ― murmurei satisfeita pela sua reação exagerada.
― Eu não gostei, Luna ― falou olhando para mim. ― Eu amei! ― Disse colocando o caderno no criado-mudo e me abraçando fazendo com que rolássemos pela cama.
― Eu estava com medo de que não gostasse ― provoquei.
Ele ficou sério de repente, me soltando e se sentando ao meu lado novamente. Me apoiei nos cotovelos com uma sobrancelha arqueada em sua direção.
― Como foi com Abigail? ― Perguntou.
Não entendi por alguns segundos, entre a conversa com Adam e o momento de diversão com Nicholas, eu havia me esquecido disso. Engoli a culpa antes de responder.
― Ela não me disse nada que eu já não soubesse.
― Quer me contar? ― ofereceu inclinando o rosto. Os olhos castanhos dele pareciam tão suaves naquele momento.
― Basicamente, meus pais não são meus pais, eu sou um ano mais velha do que pensava e meu verdadeiro nome é Maressa Yagsog Chan Young, seja lá como isso se pronuncia. Ou o que quer que Yagsog signifique.
Ele me encarou por um momento antes de perguntar:
― Eu posso pesquisar para você, se quiser ― ele pareceu pensar por um segundo. ― Devo te chamar assim agora, então?
Neguei com os olhos fechados.
― Essa não é quem eu sou. Sempre fui Luna e sempre serei também ― joguei a cabeça para trás completamente exausta sentindo uma dor de cabeça poderosa se formando. ― Isso está gerando uma confusão enorme nos meus pensamentos.
― Ei ― chamou o moreno ― podemos falar disso mais tarde se você quiser.
― Eu agradeceria muito ― murmurei olhando de lado para ele.
― Estou com você, okay? Para tudo ― declarou docemente.
― Qualquer coisa?
Ele sorriu.
― Não há nada que eu não fizesse por ti ― disse com a voz rouca ficando sobre mim novamente.
Eu me senti daquela forma de novo, como se não pudesse evitar o que estava por vir.
Rolei-nos ficando por cima dele.
― Eu acho que sei o que quero de você por enquanto, Nick. ― Falei em um sussurro. Ele respirou fundo e exalou devagar.
― Eu gosto de como isso soa. O que você quer de mim, Luna? ― Perguntou rouco novamente.
Comecei a distribuir pequenos beijos ao longo de sua mandíbula e suas mãos seguraram as minhas coxas.
― O que você está fa-fazendo?
― Você disse qualquer coisa ― declarei.
― Isso não é certo ― disse baixo desci os beijos na direção de seu pescoço e ele tremeu. Sorri quando ele gemeu baixo. ― Pare com isso, Luna.
― Parar com o que? ― Perguntei fingindo inocência.
― Pare de me enlouquecer com essa boca.
― É isso que estou fazendo? ― rocei os lábios em sua jugular.
― Você sabe que sim.
Parei com os beijos e levantei a cabeça para olhá-lo. Suas pupilas estavam tão dilatadas que eu mal era capaz de vê-las.
― A gente pode esperar ― falou colocando as mãos em ambos os lados do meu rosto.
― Eu não quero esperar ― reclamei investindo em direção a sua boca. Ele me ignorou e nos rolou, ficando por cima.
― Será sua primeira vez, não é? ― indagou. Acenei com a cabeça, frustrada e ele anuiu. ― Será a minha também, não seja tão agressiva, Luna. Eu não quero que você se arrependa depois.
― Eu não vou ― garanti com certeza.
Ele me deu um olhar duvidoso, mas acenou antes de encostar os lábios nos meus. Seria perfeito se não batessem na porta antes que ele conseguisse. Grunhi frustrada e ele riu.
― Jantar, pombinhos ― chamou Henry do lado de fora.
― Depois do jantar? ― Perguntou.
― Está tentando fugir, sr. Nicholas?
― Não sei como um homem poderia fugir de uma proposta como a sua, Luna. Não, só quero ter certeza de que você está bem alimentada antes... bem, antes.
Dei um gritinho quando ele me levantou da cama.
― As suas ordens, senhor.
***
Nicholas foi gentil. E mesmo quando eu senti dor, ele contou uma piada horrível fazendo com que eu relaxasse completamente. Depois de tudo acabar, deitei-me no peito dele apenas apreciando a sensação. Seus longos dedos traçavam linhas imaginarias nas minhas costas.
― Eu quero tomar banho ― declarei após um tempo.
― Vá lá, então ― respondeu sem me soltar.
― Não ― reclamei manhosa. ― Quero ficar aqui, está muito bom.
Ele riu suavemente antes de se levantar colocando a cueca.
― Vamos, Luna. Vou cuidar do que é meu.
Ele me deu um banho rápido, evitando tocar em todas as partes que eu queria ser tocada. Eu estava sendo injusta, eu sabia, já que não aguentaria uma segunda rodada.
Ele retirou o lençol sujo da cama, enquanto eu vestia meu conjunto de pijama favorito.
Após nos deitarmos e receber um beijo na testa dele, eu percebi que, naquele momento, não havia nenhum outro lugar no mundo no qual eu preferia estar.
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