three.

sabes quando as pessoas dizem que somos sedentos? então, eu sou sedento por ti, por atenção, carinho, tudo que podia caracterizá-lo. e eu odeio sentir-me sedento por algo que nunca vou ter, algo que nunca vou puder sentir, beijar, sugar, tocar, arranhar, tudo.

enquanto pensava em nós dois fazendo algo proibido para o teu lado, caminhava até à tua casa: cinquenta porcento bêbado e outros cinquenta sóbrio. eu não sei o que faço aqui, perto da tua casa a esta hora da madrugada. e se renjun estivesse na tua casa? o que eu iria fazer? o que tu irias fazer? irias mandá-lo em bora por minha causa? sorri. tirei o sorriso. não. deixa de ser cruel, meu cruel eu. desde quando te tornaste tão cruel ao ponto de pensares nessa coisa...

desde que me apaixonei por ti, lee jeno. seu corno, filho da puta, lindo, gostoso, deus grego... e corno.

os LEDs do teu quarto estavam acessos, então estavas acordado. eu não te liguei, não te disse nada. e se tivesses a foder com renjun? eu iria entrar pela tua janela e atrapalhar tudo? talvez. e se vocês me convidassem para fazer parte do amor envolvido? eu não iria aceitar... ou iria? provavelmente louco por ver-vos nus à minha frente, eu iria fazer parte.

mas vocês tinham um relacionamento sem mim. então, não iriam me convidar para fazer parte. vocês se assustariam e tapar-se-ião pela vergonha de serem apanhamos pelo melhor amigo de um dos dois. o que eu fazia ali, afinal? eu não queria ver-te a fazer sexo com renjun. me destruiria ainda mais do que já estou destruído.

ainda continuo sendo cruel?

peguei no telemóvel e disquei o teu número. tu gostavas de privacidade. eu te daria. na verdade, eu dar-te-ia tudo neste mundo, tudo o que desejasses. tudo.

mas o que eu quero que desejes... não iria acontecer. eu sabia que não.

jaemin, seu filho de uma perfeita mãe, voltaste a beber?

— mas que bela recepção — ri — porque invertes-te os papéis?! eu que insulto primeiro!

calúnia! — riu. eu amo o teu riso, sorriso, os teus olhos, o teu cabelo platinado... aí, eu te amo todo, eu te xono todo.

eu te comeria todo.

— jeno, estás em casa, certo? — se mentisses eu te apanharia à cara dura pela milésima vez.

estou. porquê? — amém, não mentiu. assim sim... mais seguro. e pra quê perguntar o porquê? isso é desnecessário, imbecil...

— estás sozinho ou... acompanhado? — a palavra pesou. eu próprio senti, e senti que tu também. uns segundos em silêncio e eu virava-me para ir embora...

estou — vi a tua janela sendo aberta e olhei para ti — entra. a porta está aberta.

ui. fui convidado para a casa do rapaz que gosto e quero dominá-lo. e agora? morro? entro? não entro? porquê a hesitação caralho?! mexe a perna jaemin!

jaemin, entra — a tua voz pesou, mas não de uma maneira calma, triste.

dominante. dominante e dominante.

— filho da puta — sussurrei desligando a chamada e entrando na tua casa.

a casa escura, fazendo-me cego. eu não conseguia ver nada, nadinha. e agora? morreria aqui por não conseguir ver nada e ter medo de tropeçar em alguma coisa? ha ha ha. não. liguei a lanterna do meu telemóvel e consegui ver as escadas a chamarem por mim. o que iria acontecer? não sei. mas também tenho medo de saber.

ah, fode-te jaemin. acorda pra vida e deixa de ser imbecil.

subi as escadas com o coração a bater forte no peito e parei de frente para a porta do quarto do jeno. ele estava sentado na cama à minha espera. o que iria acontecer? porque eu não me mexia?

aí jaemin acorda, caralho.

— jaemin — eu amo tanto como o meu nome sai dos teus lábios que eu tanto quero beijar forte e feio — senta aqui — pediste massageando o colchão do teu lado direito.

não relutando, obedeci desligando a lanterna e guardando o telemóvel no bolso de novo e sentei-me.

eu não disse nada, não conseguia. está calor, eu estou com calor. cheio de calor. os teus olhos não ajudavam. para de ser cruel comigo, jeno.

— porque me olhas assim? — perguntei tentando não gaguejar. fracassei bem fracassado. ele riu anasalado e eu não sei lidar com ele.

porque te aproximavas de mim olhando-me com esses olhos... afiados? jeno, não brinques comigo. tu podes querer ser o lutador que pensa dominar, mas ambos sabemos que o único que domina aqui sou eu e mais ninguém.

— jeno...

— para — pediste-me. porquê? não iríamos conversar? porquê, jeno? porquê?

— porquê?

— só... cala-te — eu odeio quando mandam em mim e tu sabes disso. tu sorrias... tentavas dizer com autoridade. não venhas com autoridade para cima de mim. eu que mando aqui.

apenas roubei a tua famosa frase.

— vem calar — eu desafiei-te e queria ver-te aceitá-la. mas a famosa barreira do renjun impedia-te.

então, porque sorriste de lado e aproximavas-te mais, mais e mais...? jeno, o que se passa?

eu não sei o que se passa contigo. eu não sei o que estás a tentar fazer, mas está a surgir certo efeito em mim e eu não queria fazer-te colocar chifres em outra pessoa. só que eu...

odeio quando te aproximas demasiado de mim. sinto-me sufocado demais por não conseguir me controlar, porque tu me deixas fora do controlo.

odeio perder o controlo.

culpa tua, idiota.

não demorei muito para levar a minha mão direita até à tua nuca e puxar-te para o melhor beijo da tua vida. eu não sei como renjun beija e também não quero saber, porque, aqui e agora, só somos tu e eu, bebê.

claro que, naquela situação, o curto beijo que eu pensara te dar não ficaria só pelo curto. tu não me dás escolha a não ser, ser bruto porque estou sedento. tu deixas-me sedento. sedento... louco por ti.

brutos e cheios de calor, acabamos por tirar a tua camisola primeiro. e, céus... porque és perfeito? porquê tens de ser perfeito em todos os sentidos? pelos meus olhos? por mim? aí jeno... se tu soubesses o quanto te amo, o quanto te venero por seres tu e somente tu, enlouquecerias. não é normal desejar tanto alguém. não é normal conseguir ser tão cruel até um certo ponto.

eu não sabia mais o que dizer para me redimir pelo erro que estás a cometer.

os teus braços são esplêndidos. eu amo-os. eu amo-te mais do que tudo neste mundo. eu amo-te. amo-te. amo-te e nunca me cansarei de tu dizer. se é que poderei. eu poderei não poderei? a incerteza me dominava, mas a vontade de te dominar e fazer-te meu era maior, amor.

os nossos corpos cobertos pelo calor, pela vontade do errado pelo teu lado, mas pela força de vontade do meu lado para ter realmente o que eu queria desde que nos conhecemos. mas não desta maneira.

só restava os boxers em nós dois. estávamos excitados, mais do que prontos para fazer aquilo. aquilo. isto. aquilo. aquilo: que eu quero mais do que tudo neste mundo.

a ti. a ti por completo.

o teu corpo branquinho, agora, estava avermelhado. obra de quem? minha, claro. hahahaha. que peninha de te marcar com a minha boca, com os meus dedos. que pena. que excitante te ouvir gemer com coisas mínimas mas que me excitavam ainda mais. mais um gosto meu em ti: a maneira de como gemes comigo em cima de ti. isso é possível? é. porque realmente é.

finalmente ficamos livres. estávamos nus, um para o outro. um em frente um do outro. não havia vergonha. não havia relutância: apenas desejo. o amor também existe neste momento? não sei dizer da tua parte, mas da minha a resposta é demasiado óbvia.

— és tão lindo, jeno — te elogiei várias e várias vezes até entenderes que és tudo para mim. tu, lee jeno igual tudo para na jaemin. fode-te, seu perfeito. não há nada igual. tu és único.

— és tão lindo, jaemin — nos acariciávamos nos braços, rostos. aquele momento antes de eu te preencher, foi único. complementámos-nos ali: nos olhando, nos apreciando, nos elogiando, demonstrando um ao outro o quanto gostávamos um do outro.

espera. ele...?

não tive tempo de pensar muito nisso: se ele me ama ou não. eu só quero aquilo. eu só quero que ele saiba que o amo de verdade. sem mentiras, sem desprezo. somente verdades. o amor verdadeiro é lindo quando ambos se amam. então, aqui, o amor verdadeiro não era recíproco. uma pena. então porque estavas a gemer enquanto eu te acariciava lá embaixo? porquê?

que história mal contada jeno.

— de quatro — mandei com voz autoritária. afinal quem manda aqui? tu ou eu? eu né? está óbvio bebê. está tão óbvio que nem dizes nada, apenas obedeces. é tão bom ver que me obedeces neste momento... tão bom.

então te preparei antes de te meter duro. desculpa pela parte: meter duro. eu só precisava mesmo, bebê. meses, semanas, dias, horas, todo o tempo contável sem te tocar, sem te ter do meu lado diariamente já que o teu namorado roubou o meu lugar.

te puniria pelo renjun. tu merecias e vais tê-lo. isso não se faz jeno... não se faz. é muito feio, super feio. não se faz isso... nanana... não se faz, meu bem.

— mete logo e deixa-te de ser cuidadoso até neste momento, caralho — eita, que apressadinho. mas quem manda aqui sou eu, esqueceste-te? pois. esqueceste-te.

eu não gosto que mandem em mim. tu sabes disso. por isso puni-te com um estalo na bunda. sorri satisfeito. mordi o lábio satisfeito. a minha mão ficou marcada, cantando: ganhei novo dono, e esse novo dono é jaemin. ok, estou enlouquecendo. a culpa é tua. tu me enlouqueces de todas as maneiras e eu amo isso.

amo sentir-me encurralado. desde que seja por ti, está tudo bem. está tudo bem. o amor é assim.

não querendo te obedecer, mas querendo muito te preencher, finalmente, decidi dar-te ouvidos, mas só desta vez.

— não penses mandar de novo, jeno — rosnei o teu nome. abri e fechei a boca várias vezes. estar-te preenchendo, finalmente, era surreal. inacreditável.

nem eu mesmo quero acreditar. os teus gemidos começaram a chegar aos meus ouvidos, no tão famoso e prazeroso: vai e vem, eu acreditei.

manhoso. tu és manhoso, jeno. com a cara enfiada na almofada: gemias e gemias até não aguentares calado. era demais para mim, para ambos. somos melhores amigos. isto está mesmo acontecer? estamos nos amando no teu quarto, na tua cama?

sim. estamos. se for um sonho, por favor, não me acordem. se não irão sofrer forte e feio na minha mão pesada.

logo a minha mão foi conduzida para a tua cintura, para o teu membro; vai e vem, vai e vem. tu gemias, eu gemia. gemíamos que nem loucos sobre a luz vermelha que mudava do verde para o azul, e entre outras cores: quentes e frias.

atingimos o orgasmo juntos. te preenchi, preencheste a minha mão. respirávamos fortes, cansados, mantínhamos um sorriso perfeito no rosto.

tu gostaste. eu amei. puta que pariu. eu fiz amor com o rapaz que gosto. que loucura né?

deitei-me ao teu lado, tentando respirar direito. tu me acompanhavas nos processos.

a ficha caiu. renjun. tu trais-te renjun comigo. me senti mal. quero ir embora. eu consegui o que queria, mas não totalmente como queria. eu imaginei, e imaginei da maneira mais porca possível de que eras somente meu.

— jeno — engoli em seco.

— eu e renjun terminamos à um mês.

— quê? — perguntei incrédulo. me sentei na cama olhando para ti — como assim? — eu estava super surpreso, mas gritando e chorando de felicidade por dentro.

sentaste-te logo depois sorrindo safado. tu fizeste-me amar-te durante o sexo, durante este tempo todo para chegarmos no final juntos com uma confissão dessas.

— eu e renjun terminamos porque não dava mais. eu estava a enganar-me a mim mesmo, jaemin. e renjun teve razão numa coisa: eu não o amava, apenas gostava. a verdadeira pessoa que eu amo é a ti, não a ele.

c-como? como assim? ele me ama? jeno me ama?

— o-o q-quê...?

— respira criança — pediste fazendo-me carinho na cara e rindo. eu estou com uma linda cara de tacho.

peguei numa almofada e atirei-te à cara.

— gostaste palhaço? — agora quem ria e sorria feliz da vida sou eu — que filho da puta! — me olhaste rindo — tu imaginas o quanto sofri? — eu não estou sorrindo nem rindo. eu estou a chorar à tua frente, só mais uma vez.

— jaemin, meu bebê, não chora — aproximaste-te — desculpa, amor. não chores — a tua voz mudou para uma de preocupação e me senti culpado mas feliz.

— eu te amo idiota — chorava e chorava. o teu abraço caloroso é só a melhor coisa do mundo. eu amo-te. amo tudo em ti.

— ei, jaemin — levantaste o meu queixo com os dedos grandes — eu amo-te. eu amo na jaemin. eu amo-te, amo-te, amo-te e amo-te muito. desculpa por tudo — os teus olhos tornaram-se a coisa mais brilhante e perfeita que vi hoje. tu ias chorar comigo. não, não. dois pitos chorões não.

— não. não, chores — sorri. ele me ama. ele disse que me ama — tu amas-me mesmo?

— sim — a firmeza que utilizaste enlouqueceu-me.

— filho de uma bela mãe, caralho! — baguncei o meu cabelo rosado — e agora? — perguntei nervoso.

o que éramos agora? o que seria agora? o que eu iria fazer? eu não sei! não contava com isto no final do nosso momento. no nosso momento de nos amarmos.

— e agora continuamos o que estávamos a fazer — sussurraste perto dos meus lábios. atrevido. atrevido gostoso que eu amo mais do que tudo neste mundo.

eu não pude discordar. porque, cá entre nós, ambos sabíamos que eu nunca serei capaz de te desobedecer, não importa a situação em que estejamos.

— lembra-te desta vez que quem manda sou eu.

tu me amas, tu disseste que me amas. eu não quero acreditar.

e, mais uma vez, acabei por perder o controlo.

mas,

jeno,

eu te odeio,

mas te amo.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top