você quer dançar? ➤ steve rogers

Ideia da raquelbennet21. Espero que gostem!

A música da mídia também foi escolhida por ela (inclusive, muito obrigada por me apresentar essa obra prima). Eu sei que não é dos anos quarenta e afins e não se encaixa no contexto, mas ela passa uma vibe mais antiga do que aparenta, sabe? Então vamos fingir que ela é velha sim.

Se eu gosto de fazer imagines do Bucky ou Steve nos anos quarenta só pra poder colocar músicas antigas? Jamais...


ᴇsᴛᴀᴅᴏs ᴜɴɪᴅᴏs, 1943

Como sempre, o salão de festas beneficentes estava extremamente cheio, de modo fosse quase impossível de circular livremente ali dentro sem que você fosse pisoteada por sapatilhas de salto finos ou levasse braçadas e cotoveladas das diversas pessoas acompanhadas ou sozinhas dançando animadamente pelo salão. Diversas mesas com lugares para quatro estavam dispostas pelo local fazendo com que S/N precisasse pedir licença para diversas pessoas durante a sua jornada para tentar achar seus amigos dentro daquele inferno social. Bem que a mulher gostaria de ter ficado em casa, mas seus amigos disseram que ela precisava sair e se enturmar mais. Amadores.

- Olá, S/N.

A mulher virou-se para trás, onde seu melhor amigo Bucky Barnes estava esperando pela sua reação vestido de modo formal para o evento acompanhado de duas mulheres, uma em cada lado do homem.

- Vejo que já tem companhia.- a mulher piscou na direção de Barnes, revirando os olhos logo após.

- Não se preocupe. Já providenciei alguém para você.

Ela nem tivera tempo de questionar ou contestar sobre o que Bucky queria dizer com aquilo. Seu amigo apenas deu um passo para o lado e puxou uma das suas acompanhantes consigo, revelando um homem escondido às suas costas com o olhar enevoado sobre os próprios pés. Quando notou que todos os olhares do grupo estava sobre si, ergueu a cabeça e limpou a garganta rapidamente, remexendo-se de modo desconfortável.

- Steve, S/N. S/N, Steve.- Barnes tratou de falar rapidamente, sorrindo de modo incentivador na direção dos dois.- Agora que já se conhecem, vamos dançar.

Antes que S/N pudesse contestar e até xingar seu amigo sobre o que acabara de dizer Bucky já havia enlaçado seus dois braços juntamente com os das mulheres e sumido multidão adentro, deixando S/N a par da companhia silenciosa de Steve parado bem à sua frente.

- Bem... oi.- ela acenou calmamente na direção do homem, recebendo um aceno semelhante ao seu em resposta.- Bucky nos abandonou.

- É.- Steve concordou timidamente, escondendo ambas as mãos nos bolsos da sua calça cáqui.- Ele sempre faz isso.

Ela sabia exatamente que sim. Já havia saído muitas outras vezes com Barnes e suas acompanhantes e sempre ficara de vela, até porque sua própria amizade com o soldado era longínqua demais possíveis envolvimentos amorosos; e mesmo se quisesse, sabia que na alma namoradeira do velho amigo não havia espaço para um romance com a melhor amiga de infância. Daria um bom amor digno de adaptações literárias, mas definitivamente não.

Mas Steve era o seu acompanhante naquela noite; para falar a verdade, S/N nunca gostou realmente de sair para festas agitadas e coisas do tipo- o conforto e quietude da sua casa sempre fora a melhor opção. E outra: ela não conhecia Steve direito. Nem lembrava-se quando foi a última vez que vira aquele estranho homem magricelo e aparentemente frágil (sem julgamentos, é claro. Mas essas eram as duas coisas mais notáveis nele naquele momento).

- O que o Bucky falou sobre mim?- Steve perguntou de modo ansioso ao notar o olhar fixo de S/N sobre si.

Nada, na verdade, SN sentiu-se tentada a dizer. Aquele maldito nem se dera o trabalho de me apresentar decentemente para você.

- Só as coisas boas.- a mulher sorriu amigavelmente na direção de Steve, recebendo uma risadinha do mesmo em resposta.

Ele estava prestes a falar mais alguma coisa quando o som dos instrumentos da banda posta no palco irrompeu os murmúrios e risadas do salão enquanto as primeiras notas musicais da canção lenta em contraste com as entonações de satisfação foram ouvidas em um tom extremamente alto e ensurdecedor. Será que eles sabiam da existência do volume baixo?

- It's been a long, long time..- S/N falou calmamente ao reconhecer a inconfundível melodia da música mais para si mesma do que para Steve, que mantinha o olhar perdido no chão abaixo de si, parecendo desconcentrado.- Tudo bem?

Ele ergueu sua cabeça rapidamente e sorriu torto na direção da mulher.

- É o barulho alto. Eu não gosto.

- Temos algo em comum.- respondeu S/N, estremecendo quando um casal esbarrou no seu ombro e a empurrou para perto do homem.

Steve parecia ser mais vulnerável e frágil ao contrair-se por causa das batidas frenéticas da música em conjunto com a cantoria desafinada dos convidados e o calor sufocante que emanava da multidão. Antes que S/N pudesse fazer algo a respeito, Steve adiantou-se:

- Você quer ir... lá pra fora?

A mulher estava prestes a dizer que damas não deveriam em hipótese alguma sair noite a fora desacompanhadas perante os perigos da cidade noturna e blá blá blá, mas então lembrou-se que Steve iria estar junto com ela; ele era mais fraco e praticamente da mesma altura que a mulher? Com certeza. Mas continuava sendo um acompanhante à altura.

- Pode ser.- S/N respondeu por fim, prestes a fugir para longe daquela algazarra de uma vez por todas.

Steve abriu caminho para que S/N começasse a caminhar na frente em direção a saída do salão, onde a situação estava menos caótica. Lá fora, uma noite escura e fria os aguardava, e o vento gélido soprando nos cabelos de S/N indicavam que a primavera americana estava se esgueirando aos poucos para dar espaço para o inverno rigoroso dos próximos três meses.

A mulher escorou-se contra o muro de tijolos e inclinou sua cabeça para trás, respirando fundo enquanto a música pulsante dentro do salão agora chegava aos seus ouvidos de modo abafado mas, mesmo assim, completamente audível.

- Pode entrar, se quiser. Não quero estragar a sua noite.

- Eu quem quis vir para cá.- Steve deu de ombros.- Sair com Bucky não é lá o melhor entretenimento do mundo.

- Mais uma coisa em comum; ambos não suportamos o Barnes.- S/N baixou sua cabeça para encarar o seu mais novo amigo, recebendo uma risada do mesmo em resposta.- Faz muito tempo que anda com ele?

- Somos amigos desde a infância.

S/N arregalou os olhos.

- Não acredito.- a mulher içou seu corpo para frente, desencostando suas costas do muro enquanto avançava na direção de Steve.- Como eu nunca conheci você?

- Bem...- ele respondeu de modo envergonhado, coçando sua nuca com uma das mãos.- Eu sempre soube da sua existência, na realidade. A observei de longe...

- Você passava despercebido, foi isso.- S/N concluiu por fim, lembrando-se dos tempos de escola e como a figura infantil de Steve Rogers parecia ser uma fenda na sua memória.- Caso contrário já teria virado sua amiga. A popularidade de Barnes realmente ofuscava a presença de qualquer um.

Steve corou levemente com a naturalidade aparente da mulher a sua frente, como se ela fosse uma amiga de longa data; era fato que o homem nunca tivera coragem de conversar com a mesma ou iniciar uma amizade ou algo do tipo, já que S/N sempre parecera o tipo de pessoa que definitivamente não se envolvia com pessoas como Steve; esse, por sua vez, talvez nutrisse algum tipo de admiração platônica pela mulher. Era óbvio que ele já havia saído com muitas outras e fracassado com todas mas, no final, seus interesses sempre se remetiam à S/N. Se isso não fosse algum sentimento amoroso, ele realmente não fazia ideia do que poderia ser.

- Tudo bem.- Steve respondeu timidamente, desviando o olhar.- Não é como se eu fosse interessante o suficiente para chamar a atenção de alguém.

Mas você é, ele quis complementar, mas decidiu ficar de boca fechada.

- Ei, ei. Claro que é!- S/N sorriu, fazendo com que todo o interior de Steve se revirasse de uma vez só.- Me sinto realmente culpada por não ter notado a sua existência antes.

- Tudo bem. Eu sei que definitivamente não estou ao nível os outros caras.

- Já conheci caras extremamente bonitos por fora mas horríveis por dentro.

Se isso deveria servir como um tipo de consolo para Steve, funcionou; S/N estava esfregando na sua cara que ele era uma boa pessoa. Por dentro e por fora. E Rogers não podia estar mais feliz do que agora.

Em um acesso súbito de coragem e determinação, Steve inspirou fundo e, antes que pudesse se dar conta, a frase que ele estava segurando dentro de si desde o momento em que vira S/N saiu pela sua boca praticamente em um sussurro temeroso, como se o homem tivesse medo de uma possível rejeição.

- Você quer dançar?

- Eu não sei dançar...- S/N respondeu, rindo.

Pelo menos não levara um fora.

- Nem eu.- Steve admitiu de modo decidido, sentindo a determinação correndo pelas suas veias.- Temos algo em comum.

A mulher sorriu e negou lentamente com a cabeça em resposta, tendo a total certeza de que não podia negar um pedido como aquele. Quem realmente se importava com os seus dotes de dançarina nada profissionais? Steve Rogers com certeza não.

S/N não sabia exatamente o que deveria fazer para puxar uma dança- mesmo que isso fosse supostamente o papel do homem nesse momento, ela pouco se importava. Mas quando a mesma aproximou-se por completo de Steve, uma mãos do homem foi imediatamente de encontro com a sua cintura e a outra ficou suspensa no ar, respectivamente; e essa era a primeira vez que um homem não era superior a S/N no quesito de altura. Ela e Steve encaixavam-se perfeitamente nesse quesito, fazendo com que a mulher se sentisse estranhamente mais motivada a pelo menos tentar acertar alguns passos básicos de dança.

Dentro do grande salão de festas, a banda havia encerrado a música anterior e agora abria espaço para um som mais animado e que, com certeza, não se encaixava em uma dança lenta naquele momento; mas Steve e S/N realmente preferiam que fosse assim. E, na parte externa de uma algazarra nostálgica dos anos quarenta com a mais inusitada das músicas para se dançar - ou tentar dançar- uma valsa lenta, S/N levou uma das mãos ao um dos ombros de Steve e entrelaçou a outra com a do homem que estava suspensa no ar até aquele exato momento. Depois disso, nem Deus conseguiria decifrar a sensação esquisita que irradiou dentro do peito de ambos.

- Valerie...- S/N ditou o nome da música que tocava no momento, suas notas musicais soando levemente abafadas por causa da distância.- Está fazendo um sucesso danado agora.

- Você parece ter bastante conhecimento sobre músicas.

S/N riu. Seu gosto musical era, realmente, algo que lhe causava muito orgulho pessoal.

Depois de alguns giros desastrosos, passos em falso, altas gargalhadas contagiantes e praticamente meia música tocada S/N pediu uma trégua, gesticulando para que ela pudesse recuperar o fôlego que ela havia perdido dançando desastrosamente e rindo histericamente.

- Eu sou a pior dançarina do mundo.- a mulher riu mais uma vez, lamentando-se.

- Meus pés são a prova disso.- Steve riu também, lembrando S/N das pisadas que a mesma havia dado nos pés do homem diversas vezes durante a dança.

Dentro do salão, a música havia parado por algum motivo desconhecido e tudo fora reduzido ao silêncio; apenas o barulho dos grilos da noite e o tilintar de taças dentro do salão acompanhado de risadas dos convidados, mas nada além disso. Consumida totalmente pela canseira, S/N sentou-se no cordão da calçada e esticou suas pernas em frente ao corpo, tentando inutilmente alongar seus músculos doloridos. Steve sentou-se ao seu lado, desfrutando do mesmo silêncio e da mesma calmaria da mulher.

- Acha que Bucky está nos procurando?

- Com certeza não.

Ambos riram em uníssono. Ser abandonados por Bucky em uma festa nunca havia sido tão bom para os dois melhores amigos do homem, afinal. Com certeza, torceriam para que ele fizesse isso mais vezes.


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