teenage mind ➤ peter parker
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ᴏɴᴅᴇ s/ɴ ᴇ ᴘᴇᴛᴇʀ ᴛᴇʀᴍɪɴᴀᴍ ᴜᴍ ʀᴇʟᴀᴄɪᴏɴᴀᴍᴇɴᴛᴏ. ᴍᴀs ᴇʟᴇs ᴇʀᴀᴍ ᴀᴘᴇɴᴀs ᴅᴏɪs ᴀᴅᴏʟᴇsᴄᴇɴᴛᴇs ᴀᴘᴀɪxᴏɴᴀᴅᴏs.
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A mochila pendia em um dos meus ombros doloridos enquanto eu caminhava em passos furtivos na direção da sala de aula vazia- ou que supostamente deveria estar vazia. Mas eu nem podia culpá-lo por isso. Eu também havia ficado para trás quando a aglomeração de adolescentes histéricos saiu porta afora depois de um longo dia de estudo. Ned até havia me questionado sobre o paradeiro de Peter quando viu-me dando meia volta na direção do lado oposto da saída principal do colégio. Eu respondi que não. Gostaria de ter dito que não sabia do real paradeiro dele fazia mais de uma semana mas, como sempre, não falei nada.
Mas Ned também havia dito que Parker estava me procurando. Falou tudo isso com um meio sorriso espertalhão nos lábios, como se soubesse de algo grandioso e eu, não.
O corredor estava surpreendentemente silencioso e fazia com que meus passos pesados ecoassem por toda a sua extensão imensa. Paredes brancas, piso mais branco ainda. A sala estava a poucos metros de distância. Porta entreaberta, uma mochila preta largada no chão frio. O laboratório sempre fora seu lugar favorito, disso eu tinha certeza; só não sabia que ele costumava vir aqui com muita frequência fora do horário escolar.
Escondi-me entre o vão da porta de madeira e o vidro transparente do laboratório, aquele que dava uma ampla visão do corredor para quem estava dentro da sala e uma visualização igualmente boa para quem estava fora. Peter estava sentado em uma das muitas mesas do local com as costas arqueadas para frente e a cabeça entre os braços largados em cima da mesa. Visivelmente abalado, ele remexeu-se quando espiei por entre o vidro, mas não notou minha presença ali. Particularmente, era melhor que ele não me visse; assim eu poderia ter mais tempo para refletir sobre tudo.
Ah, sim. Quando foi que nos tornamos uma linda bagunça?
Acho que foi quando começamos a declinar. Em um momento estávamos quebrados e depois ficávamos bem. Ou quando ele começou a não atender mais as minhas ligações. Ou era eu quem não ligava? Realmente não consigo lembrar. O término havia sido tão súbito que acabei me esquecendo de parte dos acontecimentos marcantes. Ao que chegamos agora? Realmente não consigo descrever os "o que's" nem os "porque's". Tão confuso. Tão idiota.
Nós só estamos perdidos no quebra cabeça da mente adolescente, e tenho a plena certeza de que não somos os únicos: alguns causam problemas e pensam que são apenas isso. Alguns vão à festas que não os levam a lugar nenhum. E alguns estão lá apenas para se divertir, ignorando cada pedaço de drama e cada pequena mentira.
Mas Peter não foi uma mentira. Foi a mais pura e adorável verdade que eu pude vivenciar por um tempo.
Poderia não ser uma mentira, mas com certeza havia uma verdade oculta em Peter; seu modo de agir era muito suspeito, como se estivesse sempre escondendo algo. No começo pensei apenas ser um traço da sua personalidade introvertida mas, conforme o tempo foi passando, foi ficando cada vez mais insuportável viver com a dúvida dos sumiços de Peter e suas fugas suspeitas.
"Não posso contar isso para você. Eu juro que queria, mas simplesmente não posso."
"Se você realmente me ama, Peter, vai ter revelar seja lá o que anda escondendo."
"Eu te amo, mas não posso."
Tcharam! Ele me amava. Mas não o suficiente para revelar seja lá o que lhe ocupava grande parte do tempo e fazia-me questionar cada aspecto do nosso relacionamento.
E aí veio o término; tão direto e tão doloroso, acertou-me em cheio no meio da cara- mas com certeza havia doído mais do que qualquer bolada que eu havia levado durante as aulas de educação física. Não sei exatamente quem de nós deu o primeiro passo na direção do declínio, mas acho que chegamos a essa conclusão juntos: não dava mais para conviver desse jeito. Depois de todos os momentos lindos e clichês só nos restava uma solução: o fim.
Que coisa mais deprimente. Acho que vou transformar essa história em um romancezinho adolescente e me tornar uma autora best-seller para conseguir bancar minhas sessões de terapia. Com toda certeza seriam muitas.
Peter remexeu-se mais uma vez sobre a cadeira e levantou sua cabeça da mesa, ainda com o mesmo olhar enevoado e triste pairando sobre o piso abaixo de si. Tão perdido e tão deprimente quanto eu, acredito; dava para ver a confusão no seu rosto impassível. Bochechas levemente coradas. Olhos vermelhos. Cabelos castanhos bagunçados. Andou chorando, Parker?
O silêncio arrebatador do corredor foi cortado pelo som estridente do toque do meu celular dentro do meu bolso. Não era pra essa droga estar no modo silencioso? Com as mãos trêmulas e escorregadias eu retirei o aparelho do meu bolso e recusei a ligação repentina de Ned, amaldiçoando-o mentalmente de todas as formas possíveis. Quando a música estridente cessou, o silêncio engoliu por completo o corredor mais uma vez.
- Eu amo Led Zeppelin.
Ergui minha cabeça para encarar o rosto de Peter contra o vidro transparente do laboratório, seus olhos agora brilhando em admiração ao me encarar.
- É AC/DC. Você sabe muito bem.
Peter riu, sua voz soando abafada e entrecortada por causa do vidro e da distância.
Droga. Como eu havia sentido falta da sua risada.
Os quinze segundos seguintes serviram apenas para uma troca de olhares hipnotizantes; um contato visual intenso que supriu todas as vezes em que desviei meu olhar do seu quando nos encontrávamos nos corredores ou na rua logo após o término. Quinze segundos pareceram uma eternidade.
- Desculpa.
Pelo que, exatamente? Pela sua estranheza e por todos os prováveis segredos que ainda esconde de mim?
- Tudo bem.
Nada bem.
O celular começou a tocar mais uma vez, obrigando-me a revirar os olhos com certa indignação enquanto retirava o aparelho do bolso mais uma vez. Dessa vez, atendi a ligação de Ned.
- Ele já te contou?- a voz animada do meu amigo preencheu o corredor enquanto Peter aproximava-se mais do vidro pelo outro lado.
- Ele quem?- perguntei confusa.
- Parker.
- Contou o que?
Nesse momento, os olhos de Peter arregalaram-se de um modo que eu achava ser humanamente impossível.
- Que ele é o homem aranha, duh!
Afastei o celular da orelha e virei-me para encarar Peter mais uma vez. Se não estivesse com as mãos apoiadas firmemente no vidro, com certeza estaria no chão.
- ... ele não tinha contado, né?
Levei o celular para perto da minha orelha novamente e sorri para Peter.
- Obrigado, Ned. Se soubesse, teria te perguntado isso antes.- respondi, despedindo-me de Ned enquanto encerrava a ligação de uma vez.- É isso? Homem Aranha?
Peter abriu e fechou a boca várias vezes em completo choque, obrigando-me a rir alto.
- Que droga, Peter. Eu sabia que devia ter ouvido a minha voz paranoica interior antes.- eu ri mais uma vez.- Mas sempre soube que havia um pouco de homem aranha em você.
Ele riu de modo nervoso, ainda em completo choque.
- Eu... droga.- Peter gaguejou, desviando seu olhar do meu diversas vezes.- O-oque vai fazer agora?
- Eu vou para casa.- respondi.- Preciso de algumas xícaras de chá para me acalmar e longos minutos de reflexão para finalmente digerir isso.- ri mais uma vez, negando lentamente com a cabeça.- Homem aranha. Sabia que conhecia aquela bunda envolta naquele traje justo de algum lugar.
Peter arregalou os olhos e eu gargalhei, observando o exato momento em que as suas bochechas foram tomadas pelo vermelho aparente de um rubor envergonhado. Espero fielmente que ele tenha sentido falta da minha falta de vergonha na cara assim como eu havia sentido falta da sua timidez.
Mesmo contra a minha vontade, acenei com uma das mãos na direção de Peter e virei de costas, tentando disfarçar o meu choque perante àquela revelação repentina. A porta do laboratório abriu-se com um rangido e uma mão agarrou meu pulso suspenso no ar, obrigando-me a parar de caminhar imediatamente.
- Me desculpa. Me desculpa mesmo.- Peter gaguejou.- Se soubesse que reagiria daquela forma pacífica teria te contado antes. Eu juro.
- Tá brincando? Eu quase desmaiei.- sorri.- Sou só uma boa atriz.
Ele riu verdadeiramente dessa vez, deslizando seus dedos apertados no meu pulso na direção da palma da minha mão. Fazia tantos dias que não compartilhávamos um toque daqueles que meu coração pareceu ascender-se nesse exato momento, obrigando-me a sorrir de modo bobo na direção de Peter. Ele, por sua vez, aproximou seu rosto do meu, logo selando nossos lábios em um dos melhores beijos que já havíamos compartilhado desde então.
Sua mão sobre a minha. Seus lábios em sintonia com os meus. Meu coração palpitando dentro do meu peito, como se pudesse saltar dali a qualquer momento.
Tão cena de romance juvenil americano.
Mas quem realmente consegue descrever a mente de dois adolescentes apaixonados?
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