talk with my killer ➤ bucky barnes, ᴘᴛ 3
Misturei alguns acontecimentos de Soldado Invernal e Guerra Civil pq achei melhor fazer desse jeito. Espero que gostem.
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ᴄᴏɴᴛɪɴᴜᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏ ᴅᴇ: ᴡʜᴏ ᴛʜᴇ ʜᴇʟʟ ɪs ʙᴜᴄᴋʏ?
sᴏʟᴅᴀᴅᴏ ɪɴᴠᴇʀɴᴀʟ, 2014
Distinguir vozes havia se tornado uma tarefa árdua naquele pequeno espaço de tempo em que fiquei desacordada após ser baleada; os sons eram tão distantes e tão estranhos que era quase impossível entender alguma coisa. A única certeza que eu tinha naquele momento era que eu estava consciente -pelo menos na maior parte do tempo- e havia conseguido distinguir algumas poucas palavras que mais chamaram a minha atenção naquele momento:
Soldado Invernal. Capturado. Bucky Barnes. Já não é mais uma ameaça.
Minutos depois eu consegui- com muito esforço - formular uma frase plausível com essas palavras desconexas; poderia ser algo como: o Soldado Invernal foi capturado. Seu verdadeiro nome é Bucky Barnes e ele já não é mais uma ameaça.
Mas poderiam existir muitas outras combinações diferentes e eu podia estar completamente errada sobre isso. Mas eu estava literalmente em coma, com uma dor absurda nas minhas costelas e o corpo completamente dolorido sobre o colchão ironicamente confortável. Dormir por seja lá quanto tempo seguido fora uma experiência muito relaxante, mas agora eu queria sanar de uma vez por todas as minhas dúvidas sobre o que havia realmente acontecido e quem era aquele ser assassino que- literalmente- havia dado uma baita dor de cabeça para a Shield.
E então eu acordei- como se um caminhão de carga tivesse passado por cima de mim, mas mesmo assim acordei-, logo dando de cara com dois olhos azuis curiosos encarando-me fixamente com a expressão mais esperançosa do mundo, inclinado sobre o meu rosto como se estivesse apenas esperando pelo exato momento em que eu me despertaria por completo.
- Ah!- eu exclamei de modo grogue, enquanto Steve afastava-se de mim em um pulo e abria um grande e relaxado sorriso.- Maníaco.
- Você não sabe o alívio que é finalmente obter a confirmação de que você está bem.
- Não exagera. Mal consigo sentir minhas pernas.- rebati, remexendo-me de modo desajeitado em cima da maca.- O que aconteceu, exatamente?
- Um tiro certeiro no peito. Por questão de centímetros não perfurou seu pulmão.- Steve explicou, sentando-se na poltrona de couro ao lado da minha cama.- Passou por uma cirurgia de risco. Três dias em coma. Você fala muito enquanto dorme, sabia?
- Os melhores três dias da minha vida.- sorri na sua direção, espreguiçando-me lentamente na esperança de alongar meus músculos doloridos.- O que aconteceu enquanto eu estava "fora"?
Steve ficou em silêncio por longos segundos como se precisasse daquilo para encontrar as palavras certas para expressar seja lá o que havia acontecido nos últimos três dias que havia o deixado tão abalado; assim que uma carranca triste postou-se no seu rosto eu imediatamente percebi que algo havia acontecido. Ver Steve Rogers abalado era uma experiência quase que impossível.
E eu esperei pacientemente pela sua resposta; quase que um minuto, talvez, enquanto Steve entrelaçava suas mãos sobre as coxas e inclinava seu torso para frente na poltrona.
- O Soldado na verdade é um conhecido meu...- o loiro começou, desviando seu olhar perdido nas suas lembranças para a janela entreaberta do quarto.- Costumávamos ser melhores amigos e... é tão inacreditável pensar que ele estava vivo. Esse tempo todo...- Steve negou lentamente com a cabeça.- E agora é um fugitivo. Eu e Sam estamos escondendo um fugitivo.
- Bem vindo ao mundo do crime, Capitão.- ergui um dos polegares em sinal positivo na direção de Rogers, recebendo uma risada do mesmo em resposta. Foi só aí que notei o soro que pendia no meu antebraço direito; o líquido transparente pingava freneticamente da bolsa igualmente suspensa no ar, fazendo-me ter arrepios instantaneamente.- Eu tenho pavor de agulhas.
- Mas não tem pavor de facas e armas, não é?
Franzi o cenho na sua direção.
- É diferente.
- Muito.- Steve sorriu, levantando-se da poltrona mais uma vez.- Eu sei que talvez não com certeza não quer ouvir isso mas... Bucky falou que gostaria de pedir desculpas pessoalmente pelo que ele fez contra você enquanto estava sob o modo Soldado Invernal.
Parei para pensar por alguns segundos, enquanto o barulho do bipe da maquina de batimentos cardíacos ecoava pelo quarto silencioso ao mesmo tempo que Steve aguardava pacientemente por uma resposta.
- Dê uma chance para ele. Ele está realmente arrependido.
Seu verdadeiro nome é Bucky Barnes e ele já não é mais uma ameaça.
- Tire as facas e pistolas de perto de mim e eu aceito conversar com ele.- falei por fim, fazendo com que Steve suspirasse em desaprovação.
- S/N...
- Brincadeirinha. Mas ele tentou me matar.- lembrei-o, arqueando uma das sobrancelhas na direção de Rogers.- Onde ele está?
- Você não vai conseguir receber alta do hospital hoje. Ainda está muito debilitada.- Steve advertiu rapidamente, gesticulando com as duas mãos na minha direção.
- Eu vou sim. Não vou perder a chance de conversar com meu assassino.
Steve respirou fundo e deu de ombros, sabendo que de nada adiantaria as suas advertências e preocupações perante à minha situação debilitada. E eu não estava disposta a ouvi-lo, de qualquer jeito; Bucky Barnes era o que realmente me interessava naquele momento. Mais do que tudo, queria ter a agradável experiência de ficar cara à cara com aquele homem altamente manipulável e supreendentemente interessante novamente - sem braços de metal, armas ou facas dessa vez, obviamente.
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- Como ela saiu do hospital?
- Tenho até medo de perguntar.
Meus passo lentos ecoavam pela grande área do edifício abandonado onde Rogers havia solicitado para que eu o encontrasse horas antes quando conversamos pela primeira vez. A umidade e precariedade eram muito aparentes no local, mas eu mal podia reclamar; onde mais poderia se esconder um soldado assassino se não em um lugar remoto e que não levantaria nenhuma suspeita?
- Sentiram minha falta, rapazes?- abri os braços no ar e sorri para Sam e Steve, sendo imediatamente consumida pelas pontadas de dor aguda que pinicavam o meu peito onde a perfuração da bala ainda era bastante recente.
- Jamais.- Wilson respondeu com desdém, mas aceitou o meu aperto de mão quando estendi a minha própria na sua direção.
- Vamos acabar logo com isso.- Steve interrompeu-nos e virou-se na direção da grande porta de metal atrás de si, empurrando-a com muita facilidade enquanto a mesma ia gradativamente sendo aberta juntamente com o rangido ensurdecedor do metal em atrito com o chão.- Já tive a minha conversa com Bucky. Agora é a sua vez.
A escuridão reinava dentro do que parecia ser um depósito; a umidade ali era igualmente muito aparente, assim como cheiro de mofo e ferrugem dos diversos objetos estranhos ali dentro- máquinas estragadas, talvez, isso era o que a claridade mínima que entrava no estabelecimento permitia que eu visualizasse. Estreitei meus olhos com força e quando eles se acostumaram com a escuridão, a figura contraída de um homem sentado sobre algo bem no centro do depósito chamou minha total atenção; seu tronco envolto por uma camisa vermelha estava inclinado para frente assim como seus braços estavam apoiados sobre as suas pernas, os cabelos castanhos caindo sobre o seu rosto impassível pela escuridão. E, é óbvio, o seu braço de metal; ele reluzia por causa da pouca claridade que entrava ali, mas eu com certeza o reconheceria em qualquer lugar do mundo.
Sam pigarreou ao meu lado e eu virei-me na sua direção, enquanto ele gesticulava para que eu desse o primeiro passo.
Escondi as mãos nos bolsos da minha jaqueta e comecei a caminhar na direção do homem cabisbaixo a poucos metros na minha frente, parecendo totalmente alheio à nossa presença ali. Parei lentamente na sua frente, observando com muita cautela quando ele levantou a cabeça abruptamente para encarar-me com a expressão mais assustada e arrependida do mundo: olhos tristes e cinzentos que pareciam suplicar por ajuda, o rosto parcialmente machucado e os fios castanhos do seu cabelo grudados na sua testa suada e franzida em uma expressão de plena confusão. Ali, daquele ângulo, o homem era somente o caos em pessoa.
Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, fora ele quem tomou a primeira iniciativa:
- Me desculpe...- sua voz era fraca; as palavras, quase indecifráveis, como se precisasse de muito esforço para fazê-las audíveis.
Levei mais alguns segundos para analisá-lo por completo. Parecia tão inofensivo e inferior agora, sem o seu traje preto e amedrontador, sem a máscara ou o óculos de proteção igualmente intimidadores; e sem uma arma em mãos, é claro.
- Tudo bem.- respondi logo após, aparentemente soando nada convincente.
- Se que não está nada bem...- ele sussurrou mais uma vez, soltando um longo e pesaroso suspiro.- Steve me contou das coisas que fiz. Com você e com todos.- Bucky negou lentamente com a cabeça, desviando seu olhar perdido do meu.- E, infelizmente, não posso pedir desculpas para todas as pessoas que machuquei nos últimos dias. Então você é a minha única esperança.
Havia algo em Bucky que fazia com que eu realmente acreditasse nas suas palavras. Mal podia acreditar que era o mesmo homem que tentou me matar duas vezes.
- Sei que talvez não acredita em mim. Sei que deve estar me odiando nesse exato momento.- ele continuou ao notar meu silêncio, assumindo um repentino tom de voz divertido enquanto falava.- Mas preciso que você acredite em mim. Faz anos que não sei quem eu realmente sou, mas tenho certeza de que não sou aquele cara...- Bucky ergueu seu olhar na minha direção em súplica.- Aquilo é a Hydra no controle da minha mente. Pode parecer besteira, uma desculpa esfarrapada, mas essa é a minha realidade.
O que eu poderia responder? Não havia conseguido pensar em nada engraçadinho para dizer porque aquelas palavras dolorosas haviam ficado pairando sobre o ar pesado ao nosso redor e haviam literalmente me acertado em cheio, deixando-me pensativa por longos segundos antes que ele retornasse a falar mais uma vez:
- E eu só sei que preciso sentir algum tipo de leveza depois de tudo isso. Preciso obter a confirmação de que minha vida não se resume à isso. E, por Deus, eu realmente espero que você possa me perdoar.
Eu acreditava em Bucky. Acreditava na sua dor e acreditava fielmente que ele não era quem eu achava que era.
Sua súplica era verdadeira demais para ser desmentida, e seu olhar lamentoso era doloroso demais para ser ignorado.
- Eu acredito em você.- respondi por fim, soltando um longo e exasperado suspiro. Logo senti a ardência incômoda nas minhas costelas.- E eu te perdoo por isso.
Não era como se eu quisesse fazer um discurso, mas sentia que Bucky precisava daquela minha confirmação simbólica; precisava saber que ele estava perdoado. Jamais pensei que iria perdoar alguém que havia tentado acabar comigo várias vezes, mas cá estávamos nós; após o meu comentário, uma pontada de um sorriso gentil brotou nos lábios contraídos de Bucky, obrigando a sorrir minimamente na sua direção também.
- Estão reconciliados. Ótimo.- Sam fora o primeiro a quebrar o silêncio que apossou-se do local.- Mas tenho certeza que teremos muitos problemas se nos encontrarem aqui. Com ele.
Analisei Bucky minuciosamente pela última vez antes que ele desviasse seu olhar envergonhado do meu, voltando a sua total atenção para suas mãos entrelaçadas uma sobre a outra sobre seus joelhos.
- O que vamos fazer com ele?- perguntei e, de um ponto de vista irônico, sentia-me como uma mão dando uma baita bronca em um filho que havia feito algo muito errado.
- Não sei. Alguma ideia?- Sam respondeu, gesticulando na direção de Steve.
Rogers permaneceu calado, parecendo estar totalmente absorto nos seus próprios pensamentos. Virei-me novamente na direção de Bucky que havia ficado encarando-me pelas costas esse tempo todo. Quando notou que eu analisava logo tratou de desviar seu olhar mais uma vez, encolhendo seus ombros ainda mais enquanto seus cabelos caíam novamente sobre o seu rosto franzido em um sorrisinho mínimo.
Ele era apenas um ser humano com um coração grandioso demais. Esses são os que geralmente sofrem mais do que qualquer outro.
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