smooth criminal ➤ bucky barnes
Ideia sensacional concebida à mim pela raquelbennet21. Espero que gostem!
↳ all credits to @wormpilot
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sᴏʟᴅᴀᴅᴏ ɪɴᴠᴇʀɴᴀʟ, 2014
Muitas pessoas apreciam o silêncio; elas acreditam que a ausência de som é muito necessária em certos momentos do nosso dia a dia, seja para relaxar por alguns poucos minutos ou apenas para pôr as suas ideias em ordem.
Alguns veem o silêncio como uma forma de refúgio.
Eu já relacionava o silêncio com a palavra perigo.
Os últimos dias haviam sido excepcionalmente estranhos para mim e o restante dos agentes treinados da organização da Shield. A suposta aparição de uma lenda— ou um fantasma, para ser mais exato—em Nova York havia deixado a organização de cabelo em pé; até o momento pouco se sabia sobre ele ou quais eram as suas intenções perante os segredos da Shield. A única coisa que se sabia sobre era que ele tinha um braço de metal, era um super soldado assassino rápido e ágil e, com certeza, não havia aparecido ali com boas intenções.
E quando eu entrei no meu apartamento no último andar do imenso prédio depois de um longo e cansativo dia, sabia que algo muito ruim havia acontecido ou estava prestes à acontecer.
Era praticamente impossível de se ouvir algum som aparente ali dentro do cômodo. Nem o barulho do rádio que eu quase sempre esquecia de desligar quando saía para trabalhar e nem o som das conversas dos meus vizinhos no corredor; nada. Nem o barulho dos encanamentos ou a goteira incessante na pia da minha cozinha conseguiam quebrar aquela quietude suspeita que jazia dentro do meu apartamento. E, por Deus, o silêncio conseguia ser mais assustador do que qualquer som perturbador na face da Terra.
Larguei minha bolsa sobre o sofá e liguei a luz do cômodo com certo receio, temendo que alguém estivesse a espreita dentro da minha sala apenas esperando pelo momento perfeito para me matar ou algo do tipo. Se bem que do jeito que as coisas estavam ultimamente eu nem me surpreenderia se acordasse com um assassino soviético dentro do meu quarto pronto para acabar com a minha vida em questão de segundos; eram tantas as falcatruas que eu havia me metido nos últimos dias que não sabia mais em quem confiar. Amigo e inimigo pareciam ter o mesmo significado em momentos como esse.
E é claro que eu devia ter checado a janela antes. Regra básica dos agentes: sempre olhe a janela. Se estiver fechada: ok, você ainda tem tempo. Se estiver aberta: é melhor começar a rezar, porque você tem cerca de dez segundos para sair dali antes que a coisa fique feia.
E é claro que a janela estava aberta; escancarada, na verdade, enquanto o vendo gélido da noite esvoaçava as cortinas azuis da mesma, uma perfeita cena de invasão domiciliar. Eu poderia ligar para a polícia, é claro; mas nas circunstâncias atuais eu nem podia cogitar essa ideia. Como explicar para um policial que eu sou uma agente especial da organização secreta da Shield que está à um passo de distância da morte porque um cara maluco denominado Soldado Invernal resolveu invadir meu apartamento às onze e meia da noite para, com certeza, me matar? Com certeza eu teria mais problemas em explicar essa suposta conversa fiada para os policiais do que pelo fato de estar revelando a Shield sem mais nem menos.
Até que fui surpreendida por algo semelhante a um chute nas costas — semelhante porque o impacto fora tão forte que não parecia que aquilo havia sido proferido por uma pessoa normal. Mas era óbvio que ele não era uma pessoa normal; e quando meu corpo chocou-se contra a parede mais próxima, alguns quadros da mesma caíram e minhas costelas contraíram-se por causa do impacto eu soltei um grunhido de dor, sentindo o ar faltando dentro dos meus pulmões quase que imediatamente. O gosto metálico do sangue na minha boca também era muito característico para ser ignorado mas, mesmo com a dor, saquei a arma do meu cinto e virei-me de costas para o chão no mesmo instante em que o Soldado apareceu no meu campo de visão com o braço de metal estendido na minha direção— e é óbvio que ele desviou do tiro com o seu braço de vibrânio. Precisaria mais do que uma simples pistola de bolso se quisesse derrotar aquele cara.
Ignorando parcialmente a dor aguda nas minhas costelas eu rolei meu corpo para o lado no mesmo instante em que o punho de metal do Soldado socou o chão onde minha cabeça deveria estar segundos antes, obrigando-me a correr de modo desajeitado para debaixo da mesa da cozinha. Aquela era uma ideia estúpida, com toda certeza, mas considerando o fato de que eu estava praticamente desarmada enquanto um assassino tinha como única missão acabar com a minha vida rolar para debaixo da mesa teria sido um ótimo esconderijo; se eu não estivesse lutando com um super soldado, é claro.
O Soldado Invernal aproximou-se em passos lentos e torturantes na minha direção e, antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, ele agarrou uma das pernas da mesa e a lançou longe como se fosse a coisa mais leve do mundo. Apontei a pistola na sua direção e atirei mas, mais uma vez, a bala apenas ricocheteou no braço de vibrânio do homem e caiu no chão, o barulho do chumbo tilintando contra o piso da cozinha. E quando o Soldado estendeu o mesmo braço de metal que usara para se defender na direção do meu pescoço eu sabia que não tinha mais nenhuma chance contra ele.
Seus dedos de metal pressionados contra a minha laringe haviam me deixado sem ar segundos depois que sua mão envolveu todo o entorno do meu pescoço em um aperto extremamente sufocante, deixando-me a par da sensação pulsante dos meus pulmões lutando para deixar-me viva. Eu agarrei a sua mão de metal com as minhas próprias e tentei inutilmente fazer com que ele me soltasse, enquanto meu corpo era erguido do chão e arrastado por toda a extensão da cozinha em direção à sala. Ficar cara à cara com o Soldado era realmente uma das coisas mais assustadoras do mundo; seu olhar, tão focado e assassino em mim, rodeados pelo tom negro de alguma tintura ou coisa semelhante transmitiam a mais pura e verdadeira sensação de morte certeira. Já que metade do seu rosto estava coberto pela máscara também preta e igualmente intimidadora, seus olhos precisavam fazer o trabalho amedrontador, né? O preto no azul intenso das suas íris brilhantes, a única coisa que trazia certo aspecto de humanidade para àquele homem assassino. Fora isso, caos e a dor eram as únicas coisas que seus olhos transmitiam naquele momento.
Se minha visão não estivesse tão turva e os meus sentidos tão degradados eu teria ouvido o barulho da porta do apartamento sendo aberta em um baque, e o Soldado Invernal também; mas estávamos tão ocupados compartilhando algum tipo de contato visual intenso que o que acontecia ao nosso redor ficava alheio à nossa percepção. Isso soaria tão poético se eu não estivesse prestes a morrer asfixiada, enquanto ainda sentia meus pés suspensos no ar e a dor aguda consumia meu peito de dentro pra fora cada milésimo de segundo a mais. A última coisa que eu queria visualizar antes de morrer era aquele olhar mortífero e inexpressivo do soldado. Mas, na verdade, fora o escudo nas correr azul, vermelho e branco.
Próxima nota mental quando os meus sentidos perceptivos voltassem ao normal e eu conseguisse retornar a respirar calmamente era: precisaria agradecer à Steve Rogers por ter salvado a minha vida. Eu tinha plena certeza de que, se ficasse mais alguns segundos à par do aperto do Soldado não sobreviveria para contar essa história emocionante. Quando meu corpo caiu imóvel no chão e o Soldado fora atingido na cabeça pelo escudo de Steve eu finalmente vi alguma vantagem naquele pedaço de vibrânio ambulante que o Capitão carregava para lá e para cá. Ele era bem útil, afinal.
— S/N, você está bem?— a voz de Steve era distante e incompleta, enquanto minha visão se dava por meio de flashes do rosto do Capitão.— S/N!
— Não perca ele...— eu resmunguei em resposta, sentindo um repentino aperto dentro da minha garganta quando o ar finalmente voltou a circular dentro dos meus pulmões.— Vá pegá-lo...
Rogers virou-se para trás a tempo de visualizar a figura corpulenta do Soldado pulando pela janela mais uma vez rumo à escuridão da noite.
— Você está bem?— Steve voltou sua total atenção para mim mais uma vez enquanto passava uma das suas mãos por trás da minha nuca e elevava minha cabeça para cima quando comecei a tossir de modo torturante.— Me diga que você está bem, por favor!
— Vá pegá-lo, Rogers!— gritei em resposta, apontando para a janela escancarada na esperança de que Steve fosse atrás do Soldado e fizesse o que tinha de ser feito. Mas eu sabia que ele era muito bom para isso. Se eu realmente quisesse ver a justiça sendo feita, precisaria eu mesma pegar aquele maldito escudo e acabar com aquela perseguição de uma vez por todas.
O gosto metálico do sangue fresco mais uma vez consumiu todo o interior minha boca, obrigando-me a cuspir parte do líquido vermelho no tapete branquinho da sala.
— Mandei lavar esse tapete ontem...— reuni forças o suficiente para apoiar-me com os antebraços no chão, forçando meu tronco para cima.
— Você praticamente foi estrangulada e o tapete é a sua única preocupação?
— Ele me fez manchar o meu tapete. Meu tapete branco.
— Acho melhor irmos para o hospital.
Eu afastei a mão de Steve dos meus ombros quando ele ameaçou ajudar-me levantar e fiquei em pé por conta própria, passando meus dedos pela pele dormente do meu pescoço enquanto sentia os vergões aparentes do mesmo.
— Como chegou aqui?— perguntei à Rogers, limpando os cantos da minha boca com as costas das mãos enquanto Steve recolhia seu escudo largado no chão.
— Fury me contatou.
— Estão me espionando?
— Vamos combinar uma coisa, S/N: o fato de estar sendo espionada ou não pela Shield deveria ser a última das suas preocupações no momento.
Ergui os braços em rendição acima da cabeça e revirei os olhos, enquanto Steve apenas dava de ombros e espiava para fora da janela na esperança de ainda poder visualizar a figura do Soldado Invernal espreitando na escuridão, esperando o Capitão para mais uma luta.
Mas ele não estava. E agora que o Soldado vira o escudo e a figura de Rogers, sabíamos que finalmente teríamos alguma vantagem sobre ele.
Em passos lentos e dolorosos eu caminhei por toda a extensão da sala e cozinha do meu apartamento, analisando todos os traços mais aparentes de que uma luta havia acontecido ali: a mancha de sangue no tapete, os quadros caídos no chão, vários objetos largados por toda a extensão do cômodo... e até as duas balas de chumbo amassadas estavam ali, entregando toda uma tentativa de assassinato, com certeza.
— Tem certeza que está tudo bem?— Steve estalou os dedos em frente ao meu olhar perdido, obrigando-me a voltar minha total atenção para si.
— Estou, Rogers. Estou.
Steve lançou-me um olhar de repreensão e suspirou pesadamente, claramente cansado do rumo que os acontecimentos dos últimos dias estavam tomando conforme o nosso tempo ia se esgotando.
Mas, se era guerra que o Soldado Invernal queria e pedia por, era guerra que ele iria ter.
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