pegadinha ➤ thor

Pedido de Loud_Sad-bia. Espero que goste!

(eu reutilizei a ideia da SN feiticeira e amiga do Loki do outro imagine do Thor, mas mudei o contexto da história já que esse não é uma continuação do último)

Sem sombra de dúvidas as festas reais de Asgard eram capazes de redimir desavenças e reconectar pessoas de todo o reino e dos seus aliados. Ao adentrar a imensa sala do trono reclusa no centro de um dos palácios mais importantes e renomados em Asgard - onde Odin residia na maior parte do tempo -, o aroma dos alimentos recém saídos do forno fazia com que o estômago de qualquer um se revirasse em fome naquele momento, já que os discursos dos representantes superiores geralmente tomavam minutos e mais minutos do tempo precioso dos próprios convidados. Mas isso não era um problema para Thor e S/N.

O palácio imenso possuía diversas sacadas na sua parte exterior, e todas proporcionavam belíssimas vistas da maior parte do reino de Asgard visto de cima. Cansados dos discursos tediosos dos seus representantes e dos demais, S/N e Thor se esgueiraram sorrateiramente por entre os convidados mais importunos da festa - sobretudo aqueles que olhavam torto para S/N de mãos dadas com Thor, confirmando as suspeitas de que, sim, Thor Odinson estava comprometido com uma feiticeira altamente manipuladora vinda de Jotunheim, o reino dos desafortunados e maléficos Gigantes de Gelo, os seres que se opõem aos deuses em todos os aspectos imagináveis.

Thor já havia deixado bem claro que era totalmente contra às pessoas que a diminuíam ou inventavam boatos sobre a pessoa que S/N era. Na verdade, a feiticeira nunca foi flor que se cheire - afinal, estamos de uma mulher nascida e criada no mesmo reino que Loki Laufeyson, o qual S/N simpatizou logo no primeiro momento após a entrada da mulher em Asgard; depois de umas boas brigas, é claro. Na realidade, todos esperavam fielmente que S/N fosse engajar em um relacionamento com Loki em algum momento, já que ambos compartilhavam do mesmo poder manipulador e da mesma tendência à intenções maléficas e impiedosas. Mas S/N possuía algo que Loki aparentemente não sabia o que significava; o coração da mulher cedia rapidamente à primeira demonstração de apreço e amor verdadeiro. E, quando Thor demonstrou isso da forma mais singela e apaixonante possível, S/N simplesmente cedeu ao seu amor incondicional e reconfortante. E Loki... bem, Loki continuou sendo o amigo trapaceiro e insuportável de S/N.

- Precisamos voltar para o salão, Thor.- S/N quebrou o silêncio, virando-se na direção do deus ao seu lado que admirava calmamente a paisagem à sua frente; os prédios de Asgard sobrepondo-se uns sobre os outros, todos adornados em tons dourados e brilhantes como característica fixa do reino. S/N tocou gentilmente uma das mãos de Thor que estava apoiada sobre a base do cercado de concreto da sacada, obrigando-o a virar o rosto na sua direção.

- Não gosto disso.- o homem praticamente lamentou-se, entrelaçando a sua mão com a de S/N em resposta à sua aproximação.

- Pelo menos temos comida.- a mulher respondeu de modo divertido, rindo em uníssono com Thor.- O quão julgada eu serei se mostrar o meu lado mais faminto nada parecido com o de uma princesa delicada?

- Seria julgada nos nove reinos afora.

- É uma pena.- S/N lamentou-se ironicamente, ajeitando a barra do seu vestido asgardiano cheio de adornos; felizmente, o tecido era das suas cores favoritas e seu estilo também, o que tornava a tarefa de vesti-lo por horas à fio um pouco mais suportável. - Eu queria tanto provar para você que consigo comer como um deus asgardiano.

- Você não conseguiria.- Thor respondeu, rindo, recolhendo o Mjölnir de cima do apoio de concreto da sacada para retornar para dentro do salão acompanhado de S/N.

- Ah... mas eu posso tentar.

Thor riu e, aproximando seus lábios lentamente dos da mulher ele beijou-a de modo necessitado, suprindo todas as vezes em que cogitara em fazer isso dentro do salão, no meio de todos os convidados importunos. S/N levou uma das mãos até o rosto de Thor, roçando seus dedos pela barba rala do homem enquanto o mesmo apertava a sua cintura em busca de mais contato. Por fim, temendo que fosse dada a falta do casal deus-feiticeira no banquete, ambos separaram os seus lábios em uníssono e sorriram, adentrando mais uma vez o imenso salão.

Eram nítidos os olhares de reprovação, apreço e até de indignação por parte dos diversos convidados ali dentro. Entretanto, o que eles tinham de raiva e repulsa, tinham de inveja e ambição. O coração de Thor fora fisgado pela feiticeira que todos julgam ser uma trapaceira de mão cheia. Entretanto, todos que têm a oportunidade de conhecê-la melhor conseguem afirmar o contrário.

- Feiticeira S/N S/S. Aliada de Jotun vindoura de Jotunheim...- Loki cumprimentou formalmente às costas do casal, sabendo o quão irritado Thor ficava ao presenciar a sua amada sendo cortejada pelo trapaceiro. O casal virou-se para trás e, instantaneamente, Loki tomou a mão livre de S/N em um cumprimento exageradamente formal.- Irmão...

Thor semicerrou os olhos na direção de Loki, sendo capaz de cortar a cabeça do irmão apenas com o poder do seu olhar fulminante. S/N sorriu brevemente e puxou a sua própria mão de volta para si, recebendo um meio sorriso satisfatório de Loki em resposta. Apesar da personalidade atiçada do deus, ele não estava disposto a correr o risco de ser decapitado pelo Mjölnir por um Thor Odinson furioso e fora de si. Loki sabia os limites que o território impunha nele e, surpreendentemente, respeitava S/N nesses quesitos.

Os discursos já haviam sido encerrados, aparentemente, e só sobrara os murmúrios de conversas desconexas preenchendo toda a extensão do grande salão do banquete juntamente com o som de taças tilintando umas contra as outras e talheres sendo postos na grande mesa. Nessa, apenas os representantes mais importantes iriam se sentar - assim como os filhos desses representantes, seus companheiros e por aí vai. Quando vários dos presentes começaram a aproximar-se da grande mesa do banquete tomando seus lugares sobre a mesma Thor passou um dos braços pelos ombros de S/N, puxando-a para mais perto de si.

Aquele era um ato nítido de proteção, como se o simples fato que Thor estivesse envolvendo S/N com os seus braços musculosos poderia intimidar os olhares tortos e as caretas de desaprovação. A feiticeira não ligava para esse último fato, em partes; já estava acostumada a ser considerada a ovelha negra de Asgard.

Quando chegaram até a mesa e escolheram uma das pontas mais afastada do restante dos convidados Thor puxou gentilmente uma das cadeiras chiques e gesticulou para que S/N se sentasse, ao que a mulher agradeceu com um sorriso admirado enquanto passava as mãos pelo seu vestido ao se sentar na cadeira. O deus sentou-se ao lado dela e sorriu, estendendo um dos braços sobre a mesa para alcançar a grande garrafa do famoso vinho asgardiano.

- S/N pode até ser forte, mas ela com certeza não aguenta esse vinho asgardiano envelhecido por mil anos.- a típica voz sarcástica de Loki soou atrás do casal enquanto o moreno rodeava a parte lateral da mesma para sentar-se em frente a S/N.

- Calado, irmão.- Thor grunhiu ao lado de S/N, enchendo duas taças do líquido avermelhado até a borda.

A feiticeira olhou de soslaio para Loki, elevando uma das sobrancelhas em sua típica expressão de quando ela tinha certeza absoluta de que o seu semelhante poderoso havia entendido o que eles deveriam fazer. Loki sorriu ladino.

Realizar pegadinhas era a única coisa que S/N e Loki conseguiam fazer juntos sem praticamente matar um ao outro durante o processo; eles concretizavam uma ideia, dividiam as tarefas e usavam cada qual a sua própria capacidade mágica nas mais diferentes trapaças, deixando Asgard inteira de cabelo em pé. Talvez - só talvez - fosse por isso que mais da metade dos asgardianos não confiassem em S/N assim como confiavam em Thor; a mulher era esperta, sagaz e amiga de Loki, porém com a quantidade de malvadeza drasticamente reduzida. Entretanto, ela continuava sendo uma feiticeira, com uma alma de criança travessa amiga de feiticeiro que conseguia ser ainda pior.

Ao lado de S/N, Thor fez menção em levar a taça cheia até seus lábios finos em um grande gole refrescante. Antes que ele pudesse sequer encostar na taça a mulher tocou gentilmente o seu pulso, obrigando-o a parar na metade do seu ato.

- Não beba agora, Thor. Deixe para depois.- ela sorriu na direção do homem, enquanto o mesmo cedia ao seu pedido. Disfarçadamente, S/N apontou com dois dos seus dedos na direção da grande garrafa de vinho e conjurou um dos seus poderes mais bem usados durante pegadinhas: a manipulação de substâncias - nesse caso, alterando o gosto característico do vinho para uma substância mil vezes mais forte, capaz de queimar a garganta de dentro pra fora. Thor iria surtar quando bebesse, obviamente, mas nada poderia parar dois feiticeiros em ação.

Pouco a pouco as comidas saborosas do banquete começaram a ser postas sobre a mesa pelos ajudantes do salão, fazendo com que todos os convidados salivassem em admiração. Assados, legumes, refogados e molhos diversos estavam ali, prontos para serem devorados pelos famigerados gulosos e tantos outros. De modo imperceptível - menos para S/N -, Loki ergueu uma das mãos na altura do rosto e gesticulou na direção de todas as comidas do banquete sobre a mesa, lançando mais um feitiço de alteração de matéria relacionada à alimentos em massa. Esse alterava a composição dos alimentos sem alterar sua forma, atribuindo-lhes gostos horríveis que só poderiam ser revertidos pelo próprio feiticeiro que o conjurou, na verdade. Tudo pela diversão no ato da trapaça.

Lentamente, todos os convidados já postos na grande mesa aproximaram seus talheres dos assados, dos molhos e das saladas, sedentos pela saborosa comida típica asgardiana. Já cansado da espera Thor pegou sua taça de cima da mesa e a levou até os lábios em um generoso gole ao mesmo tempo em que as facas dos convidados atravessaram de fora para dentro os alimentos já postos nos pratos dos mesmos. S/N inclinou lentamente sua cabeça para frente na esperança de visualizar de camarote o melhor momento daquele banquete estúpido com pessoas estúpidas - nem todas, mas a grande maioria sim - que só pensavam em si mesmas e, quando percebiam que diferenças existiam, as ridicularizavam. S/N amava Thor e ele a amava, com certeza; e não seria uma breve pegadinha inofensiva que iria alterar isso.

A expressão de Thor mudou drasticamente após o primeiro gole; o que era para ser uma feição de prazer ao saborear o melhor vinho asgardiano transformou-se em uma expressão de completo repúdio, como se Thor estivesse prestes a cuspir o conteúdo todinho em cima da mesa. Ao mesmo tempo em que Thor esforçou-se ao extremo para engolir todo o líquido mesmo contra a sua vontade, tosses sincronizadas começaram a ser ouvidas por parte dos outros convidados dispostos na mesa, causando um grande alvoroço que se dissipou por entre todos. S/N e Loki não tinham a menor ideia do quão ruim os alimentos ou o vinho estavam, mas com certeza não queriam descobrir; nem mesmo o olhar de repúdio de Odin, sentado na extremidade oposta da grande mesa, fora capaz de intimidar os dois feiticeiros. Loki sorriu abertamente para o pai em um gesto de resistência enquanto Thor agarrava a mão de S/N em cima da mesa para chamar a atenção da mulher.

- Vocês dois...- o loiro resmungou, mas sem conseguir evitar que um sorriso divertido escapasse pelos seus lábios. Ele fez careta mais uma vez por causa do gosto forte do vinho manipulado que ainda residia em sua boca, seus olhos quase lacrimejando.- Eu odeio os dois. Não podem simplesmente fazer uma coisas dessas em um banquete real.

- Eu também te amo, ó deus do Trovão...- S/N respondeu de modo formal, rindo, enquanto tocava a lateral esquerda do rosto de Thor com a mão livre.- Foi divertido, não?

Thor virou-se minimamente para trás na direção do restante dos convidados, todos resmungando em conjunto por causa da qualidade da comida e do seu gosto horrível. Loki riu baixinho à frente dos dois.

- Estragar os banquetes reais de Odin nunca perde a graça.- ele comentou com certo orgulho, movendo as mãos no ar para encerrar o feitiço embora muito provavelmente os convidados nunca mais iriam tocar naqueles alimentos.- Ainda não sei porque somos considerados as ovelhas negras de Asgard.

S/N riu baixinho, sendo acompanhada por Thor mesmo que ele fizesse um certo esforço para não ceder.

- Nunca mais faça isso.- ele respondeu firme, arrancando mais um sorriso por parte de S/N.- E eu nem preciso falar nada para você, Loki.

O moreno deu de ombros de modo despreocupado, agarrando a garrafa de vinho em cima da mesa enquanto cessava o feitiço conjurado sobre líquido.

- Um vinho para comemorar.- Loki encheu a sua própria taça e a estendeu na direção de Thor, sorrindo.

- Nem pensar.

- S/N?

- Não sou estúpida como pensa que sou.

- Sei que não é...

Loki largou a taça sobre a mesa mais uma vez.

Apesar disso, Thor amava S/N mais do que tudo nesse mundo. As pegadinhas eram irritantes, obviamente, mas isso só demonstrava o quão poderosa e esperta ela conseguia ser - e, consequentemente, isso incluía Loki também. Ambos eram seus dois feiticeiros favoritos do mundo inteiro.

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