nós não somos reais ➤ peter maximoff
Pedido de F1NELINE-. Espero que goste!
Pra quem viu Wandavision (vai ter spoiler), eu precisei "misturar" alguns acontecimentos da série, então o imagine não está em uma ordem de acontecimentos exata. Outra coisa é que na série, o Pietro/Peter foi "colocado" dentro da realidade da Wanda pela Agatha, mas aqui eu decidi fazer como se fosse a Wanda que fez isso.
Interpretem a quebra de tempo como o começo de um novo episódio da sitcom.
Ⓐ
ᴏɴᴅᴇ s/ɴ ᴄᴏɴʜᴇᴄᴇᴜ ᴇ sᴇ ᴇɴᴠᴏʟᴠᴇᴜ ᴄᴏᴍ ᴘᴇᴛᴇʀ ᴍᴀxɪᴍᴏғғ ᴀɴᴛᴇs ᴅᴀ sᴜᴀ ᴍᴏʀᴛᴇ ᴇ, ᴀɴᴏs ᴅᴇᴘᴏɪs, ǫᴜᴀɴᴅᴏ ᴡᴀɴᴅᴀ ᴍᴀxɪᴍᴏғғ ᴄʀɪᴀ ᴀ sᴜᴀ ᴘʀᴏ́ᴘʀɪᴀ ʀᴇᴀʟɪᴅᴀᴅᴇ ᴀʟᴛᴇʀɴᴀᴛɪᴠᴀ ɴᴀ ᴄɪᴅᴀᴅᴇ ᴅᴇ ᴡᴇsᴛᴠɪᴇᴡ, s/ɴ ᴠᴀɪ ᴘʀᴇᴄɪsᴀʀ ʀᴇᴠᴇʀ ᴏ sᴇᴜ ᴀɴᴛɪɢᴏ ᴀᴍᴏʀ ǫᴜᴇ, ᴀᴘᴀʀᴇɴᴛᴇᴍᴇɴᴛᴇ, ғᴏɪ "ʀᴇᴄʀᴜᴛᴀᴅᴏ" ᴘᴀʀᴀ ᴅᴇɴᴛʀᴏ ᴅᴀ ʀᴇᴀʟɪᴅᴀᴅᴇ ᴍᴀ́ɢɪᴄᴀ ᴅᴇ ᴡᴀɴᴅᴀ ᴀssɪᴍ ᴄᴏᴍᴏ ᴇʟᴀ ᴍᴇsᴍᴀ.
Parados em frente à porta de madeira rústica da casa com aspectos antigos e chamativos, S/N e Peter encaravam em completo silêncio a parede da residência com os olhares fixos e quase desconcentrados, como se estivessem apenas esperando o exato momento para entrar em cena; o que, ironicamente, poderia ser a verdade daquele momento atípico.
S/N fora a primeira a quebrar o silêncio arrebatador:
— Você não acha isso muito... estranho?
Peter virou-se na direção da mulher e sorriu.
— Estranho por quê?
S/N deu de ombros.
— Eu não sei.
Peter riu baixinho e, elevando um dos braços na altura dos ombros de S/N, envolveu-os com o seu toque delicado e protetor que causou leves arrepios no corpo da mulher no mesmo instante.
Ela bem que queria sentir um "algo a mais" naquele momento, mas todas as suas ações e emoções pareciam estar sendo controladas por alguém; sua capacidade sentimental de sentir alguma coisa parecia travada, como se não obedecesse aos seus próprios comandos. S/N mal lembrava do que ela estava fazendo ali.
Mas, apesar de tudo, Peter estava com ela; S/N ainda não entendi o como e o porquê disso tudo, mas acreditava fielmente que logo a sua mente confusa com lembranças desconexas iriam aflorar e permitir que a mulher se centralizasse no mundo real — ou deveria dizer mundo alternativo?
Peter sorriu mais uma vez e, posicionando a mão livre sobre a campainha na parede do exterior da casa, clicou no botão e esperou pacientemente que o toque da mesma chamasse a atenção de alguém dentro daquela residência.
Minutos depois a porta é aberta, revelando Wanda Maximoff completamente surpresa e até mesmo vacilante ao notar o casal parado na porta da sua casa.
— O irmão perdido pode esmagar a irmã em um abraço apertado ou não?
Rígida e completamente chocada, Wanda desviou seu olhar do rosto alegre de Peter na direção do de S/N, franzindo o cenho em confusão. O homem, por sua vez, desvencilhou seu braço dos ombros de S/N e os abriu na direção de Wanda, esperando por algum tipo de reação por parte da irmã.
Com os olhos marejados em emoção, a Maximoff mais nova aceitou o abraço do irmão e, envolvendo-o em um aperto reconfortante, desviou o olhar do rosto de S/N rapidamente, como se temesse manter contato visual com a mesma. Mas, no final, ela gesticulou para que a sua velha amiga se juntasse ao abraço gentil da mesma, envolvendo-a em um aperto reconfortante.
Eles estavam, finalmente, em casa. Wanda sorriu.
Ⓐ
— S/N?
Sentada no sofá simples da sala rústica da casa de Wanda e completamente perdida em seus pensamentos estúrdios, a mulher levantou seu olhar enevoado no chão na direção de Visão, ao qual ela já havia sido brevemente apresentada antes.
— Sim?— S/N respondeu, endireitando sua postura no sofá.
— Você sabe quem eu sou?
A mulher parou para pensar por alguns segundos.
— Desculpe, e-eu...
Visão aproximou-se de S/N e se sentou ao seu lado no sofá. Na sua forma visível "humana", ele chamava mais atenção do que quando completamente tomado pela coloração vermelho vivo da sua pele, com certeza.
Ele suspirou com certo pesar e, relaxando as costas sobre o estofado, apontou para a porta da cozinha:
— O que é aquilo?
S/N virou-se para onde o homem estava apontando e, em um momento de distração, Visão aproveitou a oportunidade para elevar ambas as suas mãos para tocar a cabeça da mulher com a ponta dos dedos, tirando-a daquele transe manipulador ao qual se encontrava. S/N resmungou algo indecifrável e relaxou suas costas sobre o sofá, permitindo que um suspiro cansado escapasse pelos seus lábios trêmulos.
— Você está bem?— Visão perguntou ao notar a expressão atordoada no rosto da mulher ao seu lado.
— Uh...— ela respondeu, notavelmente confusa.— Cara, isso foi horrível.
— Eu ainda não sei o que está acontecendo aqui exatamente, mas sei que Wanda tem algo a ver com isso.— Visão explicou calmamente, sussurrando para S/N. Mas, subitamente, sua expressão tornou-se rígida e confusa.— Por acaso você... sabe o que aconteceu consigo mesma?
A mulher negou lentamente com a cabeça.
— Você está morta, S/N. Ou pelo menos estava.
Ela precisou de alguns longos segundos para assimilar a revelação direta feita por Visão.
— E eu também tecnicamente estava.— o sintezóide completou, franzindo o cenho.
A princípio, S/N achou que aquilo fosse uma brincadeira de mal gosto. Mas agora, pensando com mais calma, tudo parecia fazer sentido:
Sua última memória "viva" era a visão de Peter morrendo na sua frente; a partir daí, uma fenda havia se prostrado na sua mente até o exato dia de hoje, quando ela supostamente voltou à vida após todo esse tempo literalmente morta. Era uma informação e tanto para digerir.
— Ah...— S/N falou por fim, olhando para as próprias mãos em seu colo.— Então Wanda me trouxe de volta à vida?
— Você e ele.— Visão apontou mais uma vez para porta onde, dessa vez, a figura veloz de Peter irrompeu na sala com a ajuda dos seus poderes de velocista. Ele sentou-se entre S/N e Visão no sofá, empurrando o sintezóide propositalmente para o lado enquanto passava um dos braços sobre os ombros da mulher, trazendo-a para mais perto de si.
— O meu cunhado está te incomodando?— ele perguntou de modo divertido, sorrindo na direção da mulher.
S/N soltou uma risadinha baixa e, olhando de soslaio para Visão, gesticulou discretamente na direção do mesmo.
O sintezóide em sua forma humana levou ambas as mãos até a cabeça de Peter e tocou sua testa com a ponta dos dedos assim como fizera com S/N, acabando por fim com o controle mental exercido por Wanda sobre o irmão. E, assim como S/N, Peter precisou de alguns segundos para retornar à realidade — ou seria à realidade da realidade?
— O-o que...— o homem gaguejou, olhando para os lados de modo atordoado. Mas quando seu olhar encontrou-se com o rosto conhecido de S/N, ele soltou um alto e sonoro grito:— O quê?!
A mulher levou o dedo indicador aos lábios de Peter em um gesto de silêncio, repreendendo-o pelo ato.
— Eu sei. É uma loucura. E a sua irmã está por trás disso tudo.— ela falou em um sussurro, afastando seu dedo dos lábios do homem.— E não adianta perguntar o que aconteceu aqui. Pelo jeito, nem ele sabe direito.
Ambos olharam em sincronia para Visão, completamente calado e concentrado na conversa dos dois.
— Não sei mesmo.— ele respondeu, levantando-se do sofá em um pulo.— Mas pretendo descobrir logo.
Em passos rápidos e decididos, Visão irrompeu pela sala e saiu do cômodo logo após, abandonando os seus dois mais novos amigos.
— Devemos segui-lo?— Peter perguntou, desviando seu olhar na direção de S/N.
— Provavelmente não.— ela respondeu, baixando seus olhos tristemente enquanto suspirava.
— O que foi?
Peter apertou gentilmente um dos ombros de S/N com a mão livre, obrigando-a olhar para ele. Agora, mais calma e racional, a mulher percebeu quanta falta a simples companhia de Peter havia feito, mesmo que ela estivesse tecnicamente morta esse tempo todo. O curto período de tempo em que ambos puderam desfrutar um o amor do outro e, consequentemente, se apaixonar, mal fora o suficiente para satisfazer todas as expectativas e desejo sobre o relacionamento. E, agora, Peter estava bem na frente de S/N; mas ainda faltava algo. Algo como a verdade.
— Não acho isso certo.— a mulher respondeu.— Eu vi outras pessoas aqui nessa cidade, e todas elas estão em algum tipo de transe assim como nós estávamos...— ela suspirou com pesar.— Estão sendo obrigadas a viver vidas que não lhes pertencem.
Peter desviou seu olhar pensativo do rosto triste de S/N, pensando calmamente nas últimas palavras da mulher. E, tecnicamente, ela estava certa.
— Essa realidade pertence à Wanda e seus poderes, e ela nos "recrutou" por seja lá qual o motivo.— ela continuou, mantendo o mesmo tom de voz angustiado de antes.
— Ela nos "recrutou" porque ela sente a nossa falta.
— Eu sei, mas...
— Você era como a irmã que ela nunca teve.— Peter continuou, transmitindo convicção ao fazer essa revelação.— Ela admirava você por ser a única pessoa próxima o suficiente dela para que pudesse chamar de amiga. E, bem, eu sou o irmão dela.
S/N riu baixinho, suspirando com pesar logo depois.
— Eu sei. Mas continua errado.— a mulher respondeu.— E eu mal consigo imaginar em tudo que Wanda passou enquanto não estávamos aqui. Mas isso não é certo. Nós não somos reais e não deveríamos fingir isso.
Peter assentiu lentamente com a cabeça e, comovido pela angústia da mulher ao seu lado, permitiu que a mesma deitasse a sua cabeça no peito firme do mesmo, relaxando os músculos rígidos sobre ele.
Ambos se sentiam completamente indignados por não terem conseguido desfrutar um a companhia e a paixão um do outro enquanto vivos — era até meio irônico dizer isso, como se eles tivessem simplesmente ressuscitado um belo dia para continuar de onde pararam. Mas, se tratando dos poderes de Wanda Maximoff aos quais S/N já havia sido devidamente apresentada anos antes, ela sabia de toda a capacidade mágica e manipuladora da feiticeira, mas nunca pensou que algum dia seria uma vítima das mesmas.
— O que vai acontecer conosco?— S/N perguntou após longos segundos em silêncio, sentindo as vibrações do peito de Peter contra a sua cabeça quando o mesmo respirou fundo.
— Eu realmente não sei.— ele respondeu por fim, levando uma das mãos até os cabelos bagunçados da mulher em um cafuné reconfortante.— Acho que só podemos esperar.
— Esperar pela morte? Mais uma vez?— S/N perguntou de modo frustrado, fechando os olhos com o toque calmo do homem.
Peter não respondeu. Ao invés disso, ele passou sua mão livre sobre o peito de S/N em um tipo de abraço pela "metade", tentando transparecer todo o seu apoio às frustrações e perguntas da mulher que, internamente, eram as suas próprias. Voltar à vida de uma hora para a outra não foi tão emocionante assim como ambos imaginaram.
— Apesar de tudo...— o homem voltou a falar depois de um bom tempo em silêncio.— Saiba que eu te amo. E eu sempre te amei desde o princípio.
S/N precisou sorrir entre meio a sua expressão triste e desolada, sentindo perfeitamente todo o amor e compaixão que Peter irradiava naquele momento.
— Eu também te amo.
Peter beijou o topo da cabeça de S/N e a apertou mais contra o seu peito, tentando suprir todos os momentos que ele tecnicamente perdeu ao lado da mesma esse tempo todo.
Realidade ou ficção, ambos só queriam paz naquele momento. Se é que deveriam chamar Westview, a cidade suburbana aparentemente perfeita e cobiçada por todos, de um lugar calmo e relaxante — não no poder de Wanda Maximoff.
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