nem tudo está perdido ➤ bucky barnes, ᴘᴛ3
A música da mídia não tem muita relação com o imagine, mas vale muito a pena ouvir ela. A idosa de 89 anos que habita em mim gosta (e ela também me faz sentir dores nas costas com apenas 15 anos de idade)
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ᴄᴏɴᴛɪɴᴜᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏ ᴅᴇ ᴛʜɪs ᴍᴀʏ ʙᴇ ᴏᴜʀ sᴇᴄʀᴇᴛ
ᴇᴜʀᴏᴘᴀ, 1943, ᴀᴄᴀᴍᴘᴀᴍᴇɴᴛᴏ ʙᴀsᴇ ᴀᴍᴇʀɪᴄᴀɴᴀ
Se S/N dissesse que não havia ficado esperando ansiosamente pelo não-afirmado retorno de Bucky estaria mentindo. Após a pequena conversa pela parte da manhã, uma brecha havia ficado entre quais eram as intenções de Bucky Barnes e o que a enfermeira realmente estava sentindo naquele momento. Até o momento, havia apenas chegado à conclusão de que enteder os próprios sentimentos era uma missão pra lá de difícil.
Mas porque exatamente ela se importava tanto com isso? Faziam semanas que centenas de soldados iam e vinham — algumas vezes só iam— para combates em países vizinhos em busca da vitória, e os poucos que sobreviviam eram trazidos de volta e ajudados por S/N. Bucky era apenas mais um soldado entre meio à tantos outros. Era mais um homem de honra lutando em prol do bem por causa de pessoas más. Era mais uma vítima da insanidade de um ser superior que propagou sua ideias dentro da mente de milhares de pessoas altamente manipuláveis e conseguiu exatamente o que tanto cobiçou.
Bucky Barnes era só mais um. Mais. Um. Mas, afinal, o que ele tinha que o fazia se destacar mais do que os outros?
Talvez fosse pelo simples fato que suas atitudes eram diferentes das dos demais homens dali. Ele elogiava, era educado e respeitoso e suas cantadas eram menos piores e repugnantes que a dos outros soldados. Bucky Barnes tinha cerca de sete pontos na média de S/N por causa disso.
A noite ia consumindo gradativamente toda a extensão sombria do acampamento, deixando a escuridão a par da luz da lua cheia e das lâmpadas fracas e sem qualidade das tendas. O dia fora extremamente puxado, nisso nem precisamos comentar; S/N havia gastado o seu dia todo em função dos pacientes feridos e da sua possível troca de acampamento militar, já que os combates estavam mais sangrentos ao centro do continente europeu, onde os Aliados travavam uma cruel batalha contra os seus inimigos. Secretamente, a enfermeira torceu para que fosse enviada para o mesmo lugar onde a tropa de Bucky iria, mas sabia que não era tão fácil assim; ela deveria ir para onde as forças superiores a mandassem, sem o direito de contestar ou negar esse mandato.
Ao espiar para fora da tenda na direção da escuridão, a figura de um homem alto entrou no seu campo de visão; sorrateiro sobre a neblina fina da noite, Bucky Barnes caminhava com certa rapidez na direção da tenda da mulher, suas mãos escondidas dentro dos bolsos do casaco e as botas de combate ecoando na lama a cada passo pesado que ele prosseguia. Se estreitasse os olhos na medida certa até conseguia visualizar o sorriso mínimo que escapava dos seus lábios contraídos por causa do frio.
Involuntariamente, a mão de S/N deslizou para dentro do bolso do seu avental cirúrgico onde a identificação militar de Bucky estava; o objeto havia retornado para esse local depois da pequena aparição do soldado pela parte da manhã. Quando Barnes finalmente parou de caminhar bem na frente da mulher, foi para levantar seu olhar do chão para a encarar com admiração; e, é claro, o sorriso. Quem diria que a simples curvatura dos lábios de um ser humano poderia causar tanto alvoroço no coração de uma única pessoa.
— Então você voltou...— S/N falou, recuando um passo para trás para que Bucky pudesse entrar na tenda e se postar à sua frente.
— Achou que eu não voltaria?
— Você não disse que voltaria.
— Mas também não disse que não voltaria.
Bucky sacudiu os cabelos úmidos por causa da neblina e sorriu, ajeitando com as mãos alguns fios castanhos que acabaram grudando na sua testa molhada.
— Mas voltei.— ele respondeu.— Para me despedir. E dizer obrigada.
S/N passou as mãos por trás das costas e desfez o nó apertado do seu avental enquanto Bucky continuava a falar, seu olhar admirado ainda pairando sobre a mulher enquanto seguia cada movimento da mesma.
— Você já me agradeceu antes.— ela respondeu, passando o avental pela sua cabeça enquanto dobrava-o em nos braços logo em seguida. Mais uma vez, ela deslizou a sua mão para o bolso do avental e segurou a dog tag por entre os dedos.
Bucky riu.
— Não. Não agradeci.— ele respondeu decidido, dando um passo na direção de S/N.
Frente à frente com Bucky, ela só conseguia pensar em quão bonito aquele desgraçado conseguia ser; era o tipo de beleza não só visível aos olhos, mas também pelo coração.
Ele exalou profundamente pelo nariz antes de entrelaçar uma de suas mãos sobre a de S/N suspensa ao lado do seu corpo, enquanto a outra segurava o avental contra o peito. O toque dos seus dedos gélidos do soldado fez com que a pele da mulher se eriçasse subitamente, como se reconhecesse aquele toque de imediato; e talvez o corpo da enfermeira reconhecesse. As mãos de Bucky foram o primeiro contato físico amoroso que ela teve depois do começo de todo esse inferno desgastante.
— Sei que já te agradeci por ter cuidado de mim.— ele prosseguiu, acabando por rir com a lembrança. S/N, por vez, sorriu com a memória.— Mas existe mais uma coisa da qual preciso dizer obrigada para você.
A mulher apertou mais a identificação contra a palma da mão dentro do bolso do avental quando Bucky aproximou seu rosto do dela, seus lábios a poucos centímetros de distância enquanto a respiração quente do soldado batia diretamente contra a pele eriçada de S/N.
— Obrigada por não ter me chutado para fora daqui quando teve a oportunidade perfeita para fazer isso.— ele sussurrou, soltando uma risadinha abafada no final pelo próprio comentário.— E peço desculpas pelas coisas que falei.
Fora a vez de S/N rir.
Sinceramente? Ela já havia reconsiderado e aceitado as cantadas de Bucky. Vindas de um homem como ele elas acabavam tornando-se um entretenimento, afinal.
— Mais do que isso, quero agradecer por... ter me mostrado que...— o soldado prosseguiu, tentando encontrar as palavras certas para descrever a sua consideração.— Que nem tudo está totalmente perdido, afinal.
S/N acabou por rir baixinho, desviando seu olhar tímido e envergonhado do de Bucky.
— Que estranho.— ela respondeu, agora encarando-o profundamente nos olhos.— Porque eu estava pensando em dizer exatamente a mesma coisa.
Bucky sorriu mais ainda, obrigando-a a fazer o mesmo. A sua mão livre foi de encontro imediato com o rosto da enfermeira, seus dedos agora mornos causando arrepios por toda a sua pele. Ela precisou fechar os olhos para absorver todo aquele toque reconfortante e caloroso; não era todo dia que tinha o prazer de receber algum tipo de contato carinhoso. E ela tinha plena certeza que Bucky pensava o mesmo. Estavam no mesmo lado da mesma moeda, afinal.
Ambos corroídos pelo sentimento angustiante da guerra. Ambos entregando-se à paixão em muito pouco tempo.
Ambos procurando no amor um refúgio para o caos.
Nem foi preciso abrir os olhos para saber que os lábios de Bucky estavam indo de encontro com os de S/N, dando início à um beijo lento e demorado com direito a uma das suas mãos entrelaçadas na da mulher como forma de obter algum tipo de apoio. Considerando o tempo em que ela havia ficado sem qualquer tipo de contato físico semelhante à um beijo tinha até esquecido de como a sensação era boa; e era mais boa ainda quando você realmente ansiava por aquilo.
Quando ambos separaram os lábios, S/N abraçou o torso de Bucky e entrelaçou suas mãos ao redor das costas firmes do homem. O seu avental acabou caindo no chão durante o processo, mas a identificação permaneceu intacta ao redor dos dedos trêmulos da mulher, o relevo da insígnia do nome completo de Bucky em contraste com a palma da sua mão. Ele envolveu as costas da enfermeira com os seus braços e puxou-a mais para perto de si, obrigando-a a enterrar seu próprio rosto já banhado pelas lágrimas na curva do pescoço do soldado.
S/N já havia chorado muitas vezes nesse lugar, pelos motivos mais imagináveis possíveis. Mas em nenhuma dessas vezes ela recebeu algum tipo de consolo. Estar sendo envolta pelo toque protetor de Bucky havia ativado o seu lado de emoções à flor da pele e trazido consigo uma certa sensação de alívio; e, droga, sentir-se totalmente à vontade com o abraço de algum homem àquela altura do campeonato explicitava que a mulher estava, sim, apaixonada.
E, após isso, Bucky não falou mais nada. Essa, aparentemente, era a sua despedida.
Nem um "e se eu não voltar...", ou "quando a guerra acabar...", ou até "você precisa prometer que vai esperar pelo meu retorno..."
Nada disso era preciso, de qualquer forma. Ambos estavam mais do que otimistas e determinados a fazer com que um encontro vindouro acontecesse entre a enfermeira salvadora e o soldado impertinente e galanteador. Mas isso já fica a cargo do destino, na verdade.
E, a propósito, o "segredo" de Bucky estava seguro e com certeza iria continuar no sigilo por muito tempo; a identificação militar que o soldado havia afirmado ter perdido ainda naquele mesmo dia. Se quisesse, uma nova poderia ser feita no lugar. Mas ele realmente não queria.
Morto ou não, Bucky ainda nutria o desejo que a sua identificação continuasse sob o olhar cauteloso e o toque delicado de S/N. Ele confiava nela para essa simples "missão". Enquanto o homem não retornasse do caos, a mulher pelo menos teria uma parte do soldado consigo para qualquer lugar que fosse.
E obviamente ela iria carregar a identificação consigo. Do seu Bucky. Atravessaria gerações e, quem sabe, morreria com ela.
Tudo meticulosamente planejado. Tudo em nome do amor.
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