love is a dagger ➤ loki

Pedido de SarinhaWold. Espero que goste!

Pra quem ainda não conhecia, vos apresento os sons mais fofinhos do youtube: os vídeos de jazzhop. Resolvi colocar um aq caso queiram ouvir enquanto leem o imagine (tem playlist no spotify também : )

Aniversários são datas consideradas úteis e animadas para alguns e indiferentes e até tristes para outros. Tudo dependia do seu ponto de vista, na verdade, e o quão engajado você está para comemorar um ano de vida a mais — ou seria um ano a menos? Aliás, questionamentos de existência filosóficos também podiam facilmente fazer parte dessa data especial.

S/N S/S entrava de cara nesse grupo de pessoas distintas que achavam que aniversários eram datas indiferentes na sua vida — o que era bem estranho, já que a comemoração anual do dia em que você nasceu supostamente deveria ser uma data especial. Porém, para a simples mulher residente na grande cidade de Nova York que levava uma vida tecnicamente normal e, por muitas vezes, pacata, S/N mal se importava com isso. Longe da sua família que ela não mais mantinha contato pelos mais diversos motivos o dia do seu aniversário era um como todos os outros, porém adicionando uma dose a mais de melancolia — tirando algumas felicitações dos seus breves amigos, claro, os quais surpreendentemente não eram muitos. Ademais, S/N sentia que cada aniversário pelo qual ela mesma passava se tornava vago e sem importância, ao passo que um familiar sentimento de impotência a consumia durante o dia inteiro.

Aliás, hoje é o seu aniversário, e S/N não acordara recebendo um café da manhã na cama ou presentes na porta do seu quarto. Na real, ela acordou sozinha enrolada na coberta felpuda naquela manhã fresca de primavera em Nova York, que já estava a todo o vapor no horário das sete horas da manhã. Lentamente, S/N abriu os olhos e espreguiçou-se na cama, logo obtendo a confirmação de que Loki não estava ali, deitado ao seu lado, como estivera durante a noite toda. Ao invés disso, foram os lençóis frios e amassados que receberam o braço de S/N quando ela o estendeu para o lado, resmungando de sono e cansaço apesar de ter acabado de acordar. A mulher ergueu minimamente a sua cabeça para cima e encarou as cortinas da janela do quarto abertas; provavelmente uma sacanagem de Loki para fazê-la acordar cedo. Ademais, S/N precisava ir trabalhar, de qualquer jeito; e foi pensando nisso que ela sentou-se na cama lentamente enquanto virava a sua cabeça para o lado para encarar a vista urbana que a janela do seu apartamento em um dos últimos andares do seu prédio lhe proporcionava — algo como a imensidão das construções da cidade, prédios sobrepondo-se um sobre o outro e o céu azul límpido logo pela manhã.

S/N levantou-se desajeitadamente da cama e, mesmo estando de pés descalços, ela caminhou até o banheiro do seu quarto, adentrando-o em seguida. No exato momento em que a mulher elevou o seu olhar na direção do espelho do cômodo um post it verde chamou-lhe a atenção, fazendo-a estender a mão na direção do mesmo. Quando S/N o pegou, ela semicerrou os olhos na direção da caligrafia quase indecifrável de Loki, o qual havia escrito:

Saí mais cedo para a cidade.

Sim, eu não vou chamar a atenção em público usando meus poderes e vou tentar não perder a paciência com esses meros mortais nessa cidade que, estranhamente, faz-me sentir falta de Asgard.

Ps: você sabe que você é a única exceção de mera mortal.

Com amor,
Loki

Ps. 2: feliz aniversário (e não me diga que não gosta de aniversários; é o seu aniversário e você vai gostar sim e ponto final).

S/N riu consigo mesma e negou lentamente com a cabeça, dobrando o bilhetinho com os dedos enquanto colocava-o em cima da pia, logo começando a lavar seu rosto com água fria na esperança de despertar por completo.

Apesar das circunstâncias, S/N amava Loki e fazia dele o seu porto seguro em todos os momentos. Era até estranho pensar que ela namorava um deus propriamente dito — e mais estranho ainda era o fato de que Loki era o deus da mentira, ou seja, S/N estava diretamente propensa a possuir um relacionamento um tanto quanto conturbado com homem asgardiano. Porém, Loki se mostrara gentil desde o princípio, o que fez com que S/N finalmente percebesse que o amor era capaz de acalmar qualquer fera e fazer com que ela ressignificasse todos os seus ideias e as suas ambições. Talvez com Loki tivesse sido assim, embora ele mesmo nunca, jamais, iria admitir isso; ele sempre tentava manter a sua ideia do "propósito glorioso" em pé, porém agora isso não mais importava para ele. Loki conseguiu engajar em uma vida de relativa paz e calmaria após todas as turbulências que o seu propósito glorioso lhe causaram e, agora, longe de Asgard porém ainda na breve supervisão de Thor, o deus da mentira podia facilmente dizer que ele estava feliz. S/N havia despertado algo dentro dele que ele mal ousara sentir antes: o amor, tão pleno e característico que fez com que Loki transmutasse tudo por causa de uma humana considerada simples e sem graça para uns, porém incrível e maravilhosa para o deus. 

S/N não possuía poderes; nem um reino para governar e nem uma família real e um irmão babaca para lhe causar intrigas. Ela não era uma deusa de exímia importância na mitologia e nem se vestia ou falava como uma. Porém, para Loki, ela era a sua deusa; em sua própria forma característica e sua personalidade altruísta. Loki poderia muito bem ser igualado a um arrogante sem noção alguma vezes pelo restante das pessoas; entretanto, seu lado amoroso e dedicado pertencia somente à S/N, assim como todas as suas declarações vindas do fundo do seu coração que — pasmem — ainda existe.

S/N terminou de escovar seus dentes e estendeu sua mão na direção do bilhete de Loki, pressionando-o contra o peito enquanto saía do banheiro a fim de iniciar mais um dia de correria e trabalho na gloriosa Nova York.


O dia turbulento deu-se por encerrado quando S/N adentrou o seu apartamento escuro por volta das seis e meia da tarde, enquanto o sol sumia na linha do horizonte por entre os prédios e banhava a sala do apartamento com a sua luz alaranjada e levemente rosada. Apesar da claridade ainda proveniente dos últimos raios de sol do dia as luzes dos prédios já haviam sido todas ligadas, iluminando a breve noite que se aproximava gradativamente para encobrir a famosa cidade que nunca dorme. Suspirando, S/N largou a sua mochila por sobre o sofá azul escuro da sala e retirou a sua jaqueta jeans, jogando-a em um canto qualquer também. Enquanto resmungava de cansaço a mulher retirou o celular do bolso traseiro da sua calça jeans e desbloqueou-o, parando no meio da sala para reler as últimas mensagens trocadas entre si e Loki.

Se ele não fosse um deus quase imortal, S/N já teria acionado a polícia há tempos. Começando pelo fato que Loki só respondera uma das cem mensagens que S/N enviara em uma tentativa de saber onde o homem estava e porquê ele não atendia as suas ligações. A mulher não sabia o que Loki estava tramando e não podia colocar a culpa no fato de que ele não sabia usar celulares muito bem, pois a própria S/N havia lhe ensinado os conceitos básicos para visualizar e responder uma mensagem de texto. Ou seja, só lhe restavam as opções de torcer para que aquele desgraçado voltasse para a casa inteiro e com uma boa desculpa para dar, já que Loki Laufeyson e cidades grandes repletas de pessoas não eram o forte dele, ainda mais estando desacompanhado. 

Ignorando as suas paranoias S/N olhou para o pôr do sol através da janela límpida da sala, vendo-se completamente absorta naquele espetáculo de cores versus o contraste da vida urbana e agitada da cidade. A mulher até se esquecera que hoje é o seu aniversário e, antes que ela pudesse sequer fazer alguma coisa, o barulho da maçaneta da porta sendo aberta lhe chamou a atenção, assustando-a.

Porém, quando a figura esbelta de Loki vestindo um terno preto graciosamente ajustado no seu corpo adentrou o cômodo S/N pôde finalmente relaxar. Ela nunca havia entendido o conceito formal que Loki usava ao se vestir para o dia a dia, por exemplo, porém S/N não o julgava; era até satisfatório vê-lo assim, caminhando na sua direção vestido como um galã de terno preto enquanto sorria verdadeiramente na sua direção com um... buquê de rosas vermelhas em uma das mãos e uma caixinha média intrigante na outra?

— Loki? — S/N questionou, surpresa, enquanto o homem parava de caminhar bem a sua frente. — O que...

— Feliz aniversário. — Loki interrompeu-a, estranhamente empolgado, enquanto a mulher baixava seus olhos na direção do buquê de rosas vermelhas que o deus estendia na sua direção.

S/N pegou-o e analisou as flores ali, todas incrivelmente bem cuidadas e floridas em um vermelho surpreendentemente forte, praticamente um vermelho vinho. Esse não era um buquê grande, mas sim, médio, com cerca de oito a dez rosas exuberantes. Por longos segundos S/N viu-se extasiada por aquele presente e em como a cor das rosas lhe causava uma estranha sensação de amor profundo. Ela sorriu consigo mesma enquanto observava o buque sendo banhado pelas cores alaranjadas do pôr do sol que demorava-se a encerrar o seu espetáculo no céu. Talvez ele estivesse esperando por S/N e Loki.

— É lindo. — ela sussurrou, gratificada, erguendo seu olhar admirado para Loki. — Você passou a manhã e a tarde inteira em busca disso?

— Passei a manhã e a tarde inteira buscando as rosas vermelhas mais bem cuidadas e exuberantes da cidade e... — o deus explicou-se, estendendo a caixinha média e brilhante na direção de S/N. — ... isso. Diretamente de Asgard.

S/N franziu seu cenho na direção de Loki, mal acreditando que ele havia voltado para Asgard depois de tudo. Porém, se ele estava inteiro e intacto agora, isso significava que tudo havia ocorrido bem.

A mulher agarrou a caixinha com certa delicadeza e, colocando o buque na dobra de um dos antebraços para poder segurar o item com ambas as mãos, S/N abriu a caixa amarronzada adornada em tons de dourado e verde, como se fossem pequenas ramificações delicadas saindo da madeira. Quando seus olhos visualizaram a figura de uma pequena adaga com a sua lâmina envolta em uma capa protetora de couro preto S/N precisou segurar uma exclamação de surpresa perante a delicadeza do objeto. Enquanto isso, Loki a observava de modo expectante, sorrindo minimamente quando S/N posicionou a tampa da caixa por baixo da mesma e estendeu o buquê na direção do deus, pedindo para que ele o segurasse.

S/N estendeu sua mãos agora livre na direção da adaga dentro da caixinha, tocando com a ponta dos dedos o cabo metálico da mesma que continha as iniciais "L" mais a inicial do seu próprio nome guarnecidas em um traço de caligrafia perfeito, fazendo com que S/N sorrisse em resposta. O interior da caixinha era preto fosco e a adaga estava perfeitamente posicionada em uma almofadinha verde graciosa, cada detalhe perfeito e cada surpresa a mais fazendo com que os olhos de S/N se enchessem de lágrimas. A adaga era tão delicada que a mulher resolveu não tirá-la dali, optando por erguer seu olhar marejado na direção de Loki parado a sua frente, a observando com muita cautela.

— É perfeita. — S/N sussurrou, fungando, sentindo-se completamente comovida por aquela demonstração de afeto vinda do deus. — E eu aposto que existe uma metáfora por trás disso.

Loki riu baixinho e olhou para a adaga intocada dentro da caixa, sentindo seu coração encher-se de amor quase que instantaneamente. 

— O amor é como uma adaga. — ele sorriu, erguendo uma das mãos no ar enquanto retornava a olhar para S/N. Em um passe de mágica, a adagada surgiu por entre os seus dedos esguios, sumindo de dentro da caixa. — É uma arma para ser empunhada longe ou perto. Você pode ver-se nela. — Loki retirou a capa de couro protetora da adaga com a sua mão livre, revelando a lâmina brilhante e meticulosamente afiada para S/N. — Ela é bonita, até que te faz sangrar.

A mulher olhou fixamente para a lâmina pontiaguda do objeto, observando Loki a girar por entre os dedos com exímia facilidade.

— O Loki de anos atrás empunharia essa adaga através do seu peito só pelo sabor do gran finale glorioso. — o deus sorriu. Em um outro passe de mágica, a adaga voltou magicamente para dentro da caixinha nas mãos de S/N. — O Loki de hoje vai deixá-la bem longe do seu coração.

S/N sorriu, fechando a caixa com a adaga dentro. 

— Eu te amo. — ela sussurrou, erguendo seu olhar admirado na direção do deus.

Loki sorriu mais ainda, levemente surpreso. Essa simples frase ainda o deixava incrivelmente extasiado apesar de já ter a ouvido muitas vezes.

— Eu também te amo. — ele respondeu, convicto, tocando a lateral do rosto de S/N com uma das mãos enquanto aproximava-se por completo da mulher, selando seus lábios nos dela sem mais delongas. Enquanto suas bocas moviam-se em perfeita sincronia Loki acariciava a bochecha rubra de S/N, deixando-a par da plena sensação e paixão. As cores alaranjadas do céu já haviam sido praticamente trocadas pela negritude da noite em contraste com as luzes da cidade em uma perfeita paisagem urbana, edificada. Esse havia sido o melhor aniversário da vida de S/N.


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