i'm here now ➤ pietro maximoff

Pedido de Brown___eyess. Espero que goste!

⚠️ Alerta de gatilho: ansiedade; crise de ansiedade. Se não se sentir confortável, não leia. ⚠️

Para S/N, nada era mais importante do que a sensação de autocontrole sobre si mesma.

A mente da jovem mulher era um completo caos, segundo ela mesma. Estando sempre maquinando alguma ideia maluca dentro da sua cabeça ou preocupando-se com diversos aspectos do seu futuro e afins, S/N sentia-se sempre a beira de um precipício. Compulsivamente, ela sempre buscava controlar cada aspecto da sua vida, esquecendo-se por muitas vezes que ela mesma era humana e que, teoricamente, não podia dominar tudo. Cada fração de segundo da sua vida precisava de um plano, um porquê, um porém; um modo, um motivo, uma consequência adiada. Ao que tudo indicava S/N cobrava a si mesma por esse controle e se culpava pelo descontrole, como se ela fosse uma inconsequente que mal conseguia manter a própria vida nos eixos.

S/N ansiava por fazer tudo e, consequentemente, não conseguia fazer nada.

Isso a esgotava de dentro para fora pouco a pouco. A jovem era uma mulher promissora, possuinte de uma personalidade genuína que encantou a todos que já tiveram o prazer de conhecê-la. S/N é considerada bastante prestativa quando o assunto é as pessoas que a mesma ama, estando sempre pronta para ajudar e ser útil nas mais diversas situações envolvendo seus amigos ou familiares. Essa era a sua plena demonstração de afeto que, embora intencionalmente boa, geralmente colocava a si mesma no escanteio, fazendo com que S/N esquecesse que ela também é humana e sente a intensidade do mundo e da vivência nas suas costas quando o assunto é sentimentos e a sua própria mente.

Chegava a ser estranhamente engraçado o modo como ela sabia exatamente como ajudar e consolar os outros e, quando o assunto era si mesma, ela mal sabia como reagir aos seus próprios impulsos na direção da tristeza e da sensação absoluta de descontrole. Ultimamente, S/N vinha sentido como se houvesse algo entalado no seu peito, na sua garganta; talvez fossem palavras, muito provável um emaranhado de sentimentos confusos. Hoje era sexta-feira, o típico dia da semana que significava uma parcial liberdade da semana que passou e o início de um descanso merecido para muitas pessoas. S/N havia passado a semana inteira em função dos trabalhos e estudos da faculdade, parando apenas para relaxar porque o seu namorado, Pietro Maximoff, a obrigava, alegando que ela ficaria louca em pouco tempo. Obviamente, esse aviso continha um misto de brincadeira com a realidade, embora S/N fingisse que não. Ademais, Pietro era a pessoa que mais de preocupava com ela, sempre tentando fazer com que a mulher se sentisse mais calma e relaxada perante tudo.

No momento, o jovem Maximoff estava no complexo do Vingadores na companhia dos seus amigos super heróis, sua mais nova família — assim como a própria S/N — após tudo o que aconteceu com o velocista platinado e a sua irmã feiticeira, Wanda. S/N e Pietro conheceram-se do maneira mais violenta possível, por assim dizer, durante uma corrida no parque, onde S/N estava se movimentando na velocidade humana normal e Pietro só faltava abrir crateras no chão por onde corria. Obviamente, ambos acabaram trombando um no outro — ou mais especificamente, Pietro quase arrancou o braço da mulher ao passar a toda velocidade ao lado da mesma — logo iniciando o diálogo que definiria o futuro promissor de ambos juntos como um casal propriamente assumido.

Sentada sobre o sofá do seu apartamento dividido com Pietro, S/N respirou fundo algumas diversas vezes, tentando bravamente afastar a súbita sensação aturdia que começou a ganhar força de uma hora para a outra dentro do seu peito, deixando-a levemente preocupada. Lá fora, a noite já havia engolido a cidade de Nova York e, já que seu apartamento era em um dos andares mais elevados do prédio, ela só conseguia visualizar a imensidão brilhante dos prédios da cidade através da janela do cômodo. S/N estava sozinha na sala do apartamento, entrelaçando ambas as suas mãos por sobre o seu colo na tentativa de esvaziar o impulso de apertar alguma coisa. O seu nervosismo estava se aflorando por meio de leves tiques manuais, como a necessidade de estar agarrada à alguma coisa com a intenção de amenizar a sua repentina vontade de gritar. Era algo bobo mas ao mesmo tempo tão real que S/N nem se deu conta quando a sua respiração começou a se tornar pesada e entrecortada , como se o ar estivesse sendo reduzido lentamente e não restava nenhuma opção se não respirar com mais força e dificuldade a cada segundo a mais.

Em um lapso momentâneo de desespero, S/N levantou-se do sofá e agarrou o seu celular largado sobre a mesinha de centro da sala, desbloqueando-o, logo indo em direção a conversa do seu contato fixado na tela inicial do Whatsapp.

você vai demorar muito, amor?

Sem nem se dar conta, as mãos de S/N começaram a tremer involuntariamente, enquanto ela tentava bravamente focar no "digitando..." na sua conversa com Pietro e não na sensação desesperadora de perda do controle de si mesma. Droga. Ela ia surtar.

estou aqui no complexo com o restante da equipe. Aconteceu alguma coisa?

S/N não queria tirar Pietro do seu momento em equipe com os seus amigos super heróis. Ela com certeza consegue superar isso sozinha. Vai ficar tudo bem.

tudo bem. Não é nada.

A resposta de Pietro veio mais rápido do que a própria velocidade do homem.

estou indo pra casa.

S/N bloqueou o seu celular, largando-o sobre a mesinha de centro mais uma vez. Pietro a conhecia há tanto tempo que já sabia exatamente o modo como S/N agia quando estava mal, mesmo por meio de mensagens. Pela sua lógica mental, Pietro chegaria ali em questão de um minuto ou até menos, fazendo com que S/N se acalmasse um pouco. Ademais, a sensação indescritível de desespero crescendo cada vez mais dentro do seu peito ainda tomava conta do seu ser e, sem nem se dar conta, S/N viu-se caminhando em círculos pela sala, respirando com certa dificuldade enquanto agarrava as mangas do seu moletom contra os dedos em um ritmo frenético e ansioso.

Aos poucos, lágrimas densas começaram a rolar pelo rosto da mulher sem que ela se percebesse isso. Talvez fosse a pressão e o cansaço dos últimos dias, que S/N insistia em varrer para debaixo do tapete com a desculpa que ela não podia parar. Porém, agora, estando a beira de uma crise desesperadora enquanto sentia cada nervo do seu corpo implorando por um descanso, S/N idealizou todas as vezes em que ela negligenciou o seu próprio bem-estar a favor dos outros, sempre repetindo para si mesma que tudo estava perfeitamente bem. Mas a verdade era que nada estava bem; nada nunca esteve bem e S/N admitia estar bem pessimista com o fato de que as coisas não iriam ficar bem no final. Esse era o seu ciclo, vicioso e desgastante; o seu modo de vida perigoso, a arte de fingir que tudo estava bem embora tudo estivesse um completo caos dentro da sua mente. Do que adiantava uma vida perfeitamente organizada se, internamente, os seus sentimentos estavam revirados por completo?

S/N levou ambas as mãos até o seu peito no exato momento em que a porta do apartamento se abriu, revelando a figura ofegante e desarrumada de Pietro entrando na sala. O raio azul típico das suas corridas mais frenéticas ainda era aparente no corredor do apartamento quando ele aproximou-se de S/N e estendeu seus braços na direção da mulher, sem nem pensar duas vezes antes de envolver o corpo trêmulo e fragilizado da sua namorada em um abraço apertado e reconfortante.

— Ah, amor... — Pietro praticamente lamentou-se, obviamente comovido pela fragilidade de S/N na situação em que se encontrava. — Eu estou aqui agora.

S/N encolheu-se mais contra o peito de Pietro, agarrando-o contra si como se ele pudesse escapar por entre seus dedos a qualquer momento. Ali, no aconchego reconfortante do abraço familiar de Maximoff, S/N permitiu-se soltar as lágrimas que ela segurava até então por medo de acabar surtando sozinha dentro de um apartamento escuro e sombrio. Agora, na companhia de Pietro, ela sentia-se livre para fazer isso, sabendo que receberia o apoio dele independente de tudo. Ele não iria julga-la pela situação ou dizer que isso era culpa dela, coisas que a própria S/N vinha dizendo para si mesma desde o exato momento em que percebeu que uma crise se aproximava. Pietro sabia exatamente o que fazer nesses momentos, tendo presenciado algumas situações dessas por parte de S/N durante o seu relacionamento com o velocista. A mulher não precisava mais se preocupar com a sensação de abandono iminente, pelo menos não agora; S/N só queria chorar toda a sua frustração, fazer com que toda aquela angustia e ansiedade jorrassem para fora de si de uma vez.

E ela só necessitava do apoio de Pietro para fazer isso. Então ela o fez.

Sua respiração adotou um ritmo entrecortado forte de uma hora para a outra enquanto as lágrimas banhavam a sua face corada por causa do calor e do esforço em tentar contê-las minutos antes. Recebendo o apoio físico de Pietro, S/N podia suprir toda a sua vontade de descontar o seu nervosismo no abraço de Maximoff, evitando aperta-lo muito forte, obviamente.  S/N permitiu-se chorar toda a sua angústia, ansiedade e tristezas no peito firme de Pietro, que permaneceu em silêncio enquanto a sua namorada desabafava em lágrimas a sua frustração. Ele estava disposto a ficar ali quanto tempo fosse necessário para que S/N se estabilizasse, não mais se importando com o restante do mundo. Pietro apenas queria vê-la bem. 

— Tudo bem. Eu estou aqui com você em tudo que você precisar, ok? — ele sussurrou de modo afetuoso, escorando o seu queixo no topo da cabeça da mulher. — Eu te amo. Muito.

As palavras de Pietro foram cruciais para S/N no momento. Aos poucos, a respiração ofegante da mulher foi sendo controlada, enquanto o corpo da mesma relaxava ao mesmo tempo que Pietro dava alguns passos para trás na direção do espaçoso sofá da sala, sentando no mesmo e levando S/N consigo. A mulher não soltou-se do abraço de Pietro em nenhum momento, sentindo-se segura demais para fazer isso.  Ela precisava desse apoio e, consequentemente, Pietro também.


Cerca de meia hora depois do ocorrido, S/N e Pietro ainda encontravam-se encolhidos sobre o sofá na mesma posição de antes. A mulher afastou minimamente o seu rosto amassado do peito de Pietro para respirar o ar puro enquanto o mesmo afagava levemente os cabelos dela com uma das mãos. Subitamente, S/N começou a sentir-se culpada por ter feito Pietro sair às pressas do complexo para vim atendê-la e consola-la. Porém, depois de tudo, ela teve a plena certeza de que não conseguiria controlar-se sozinha, o que acarretaria consequências mais graves a si mesma.

S/N remexeu-se de modo preguiçoso sobre o peito de Pietro, chamando a atenção do platinado no mesmo instante. 

— Tudo bem? — ele perguntou em alerta, olhando de modo afetuoso para S/N. — Você precisa de alguma coisa? Água? Um cobertor?

— Tudo bem. — ela respondeu, sorrindo minimamente, sentindo-se estranhamente cansada após o ocorrido. — Eu... me desculpa por...

— Não. Eu não me importo. — Pietro cortou-a, encarando-a fixamente. — Eu definitivamente não me importo nem um pouco. Você precisava de mim.

S/N sorriu mais, sentindo-se imensamente acolhida por Pietro. Droga, ela o amava tanto.

Contagiado pela felicidade e alívio repentinos de S/N, Maximoff também sorriu em resposta ao apelo da namorada, beijando levemente a testa da mesma em um gesto de compaixão. Ele afastou os seus lábios da pele de S/N e aproximou-os da boca dela, beijando-a mais uma vez, sentindo-a sorrir contra os seus próprios lábios selados. Quando ambos cessaram o beijo, S/N deitou a sua cabeça sobre peito de Pietro e fechou os olhos, sentindo-se extremamente calma e relaxada na companhia dele.

— Eu te amo. Muito. — o homem sussurrou, sorrindo, abraçando mais o corpo de S/N contra o seu.

— Eu também te amo. — S/N respondeu, abafada contra o peito de Pietro, sentindo-se finalmente acolhida depois de tudo.


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