conversations in the dark ➤ steve rogers

Esses dias acabei me deparando com essa música da mídia (tinha esquecido quão boa ela era). E aí decidi fazer o que? Imagine né pai aq a gente vive e respira pela Marvel.

Espero que gostem. A tristeza veio lá do fundo do meu coraçãozinho de gelo inquebrável kkkk

(para melhor leitura, aconselho ler enquanto ouve a música da mídia).

❝ᴏɴᴅᴇ s/ɴ ᴇ́ ᴇᴍᴏᴄɪᴏɴᴀʟᴍᴇɴᴛᴇ ɪɴsᴇɢᴜʀᴀ ᴇ ᴘᴇssɪᴍɪsᴛᴀ ᴄᴏᴍ ʀᴇʟᴀᴄɪᴏɴᴀᴍᴇɴᴛᴏs ᴀᴍᴏʀᴏsᴏs.

ᴇ sᴛᴇᴠᴇ ᴇsᴛᴀ́ ʀᴇᴀʟᴍᴇɴᴛᴇ ᴛᴇɴᴛᴀɴᴅᴏ ᴘʀᴏᴠᴀʀ ǫᴜᴇ ᴇʟᴇ ɴᴜɴᴄᴀ ɪʀᴀ́ ᴅᴇɪxᴀ́-ʟᴀ❞.

A casa estava tão silenciosa que era possível ouvir perfeitamente o barulho da máquina de lavar na lavanderia e o diálogo dos atores no filme que passava na TV da sala— Steve havia, mais uma vez, se esquecido de pausar o filme. Ele sempre esquecia-se desse simples detalhe. Não importa quantas vezes eu o repreendesse por causa disso.

Deslizei minhas costas por toda a extensão da porta do quarto e sentei-me no chão frio, abraçando minhas pernas contra o peito enquanto escondia o meu rosto nos joelhos, tentando evitar com que a onda de tristeza e insegurança consumissem o meu corpo por completo. Era sempre assim: sentia-me inferior e indigna do amor de Steve e sempre acabava na situação que eu me encontrava no momento— trancada no nosso quarto, jogada no chão completamente sem forças de me levantar, porquê o peso que eu carregava dentro minha mente era maior do que todo o resto.

Os passos de Steve eram firmes e calmos ao mesmo tempo; na verdade, essa podia ser a perfeita definição para o homem: seu físico podia ser um tanto quanto intimidador para algumas pessoas, mas apenas as que conheciam a sua verdadeira personalidade conseguiam alegar o contrário. Ele aproximou-se da porta e parou, como se ainda nutrisse algum tipo de esperança de que eu fosse sair dali sem que precisássemos daquelas conversas. E, como sempre, eu não iria fazer isso.

— S/N...— meu nome saiu como um tipo de súplica na sua voz chorosa, porém controlada; essa era outra característica de Steve: a calmaria perante situações delicadas como aquela.— Vamos conversar.

Inclinei minha cabeça contra a madeira da porta e abri os olhos, mordendo meu lábio inferior na mais falha tentativa de não ceder ao meu choro mais uma vez. A luz proveniente do corredor ainda iluminava o quarto, porém minimamente; e eu não gostava daquilo. Em momentos de euforia e ansiedade como aquele a escuridão era o que me trazia a paz; quanto menos eu conseguia ver, menos motivos eu tinha para sofrer.

— Vamos conversar no escuro, então.

Os passos de Steve afastaram-se da porta por alguns segundos. O clique da luz do corredor sendo deligada preencheu meus ouvidos no mesmo instante em que o quarto fora consumido pela escuridão total, fazendo com que a única fonte luminosa fosse a da lua cheia entrando pela janela aberta do cômodo, banhando o quarto com a sua luz melancólica e cinzenta.

Agora sim eu queria conversar.

Mas Steve já estava com o discurso na ponta da língua.

— O mundo inteiro está dormindo...— a risada abafada de Steve atravessou a madeira da porta, soando como música para meus ouvidos. O seu riso era uma das coisas mais graciosas do mundo. Ainda mais quando ele ria para tentar amenizar o caos da situação.— E eu estou aqui acordado com você.

Dirigi meu olhar marejado na direção do relógio digital da escrivaninha do quarto. Meia noite em ponto.

— O filme está passando, S/N. Estamos perdendo as cenas mais emocionantes.— ele continuou, fazendo referência ao filme de época que estávamos vendo cerca de meia hora antes. Antes da briga. Antes que a onda sufocante e inevitável de insegurança invadisse o meu ser por completo.

— Você nem estava olhando para a tela.— minha voz trêmula cortou o ar pesado do quarto, fazendo com que Steve soltasse uma risadinha do outro lado da porta.

— É verdade.— ele admitiu.— Eu tinha meus olhos em você.

Eu sorri. Idiota.

— Você diz que não vale a pena. Fica presa nas suas falhas.— ah, não. O assunto. Meu sorriso foi logo ofuscado por uma lágrima solitária que trilhou caminho por uma das minhas bochechas coradas, obrigando-me a fungar algumas vezes. Steve logo retomou a fala após alguns segundos em silêncio: — Mas para mim, você é perfeita. Como você realmente é.

Sempre tão direto. E sempre tão verdadeiro.

— Eu nunca vou tentar mudar você. Nunca.— ele engoliu em seco, dando ênfase na última palavra.— Se os outros homens não a aceitavam como você é, eu não me importo. Vou sempre querer você mesma, do jeito que é. E eu sei o quão difícil é para você acreditar nisso. 

E era mesmo. Por Deus, como era difícil.

— Então eu vou te jurar...— Steve prosseguiu, respirando fundo como se estivesse tentando segurar o próprio choro. Ouvi o barulho da sua mão sendo colocada sobre a maçaneta da porta, enquanto uma onda de euforia subia pelo meu corpo no mesmo instante.— Que eu nunca vou quebrar seu coração.

Afundei meu rosto em minhas mãos trêmulas, tentando conter a minha vontade de gritar naquele momento. Aquelas palavras doíam, mas não porque eram mentira; e sim, porque soavam como a única verdade que eu queria ouvir naquele momento. E eu acreditava em Steve. Como eu acreditava nele.

— Eu vou estar lá quando você estiver sozinha.— ele continuou a falar com convicção, como se tivesse decorado aquele discurso tempos antes. Mas eu sabia que não. Improvisar era uma das coisas que Steve fazia de melhor.

— Mas aí eu não vou estar tecnicamente sozinha.— reuni forças para responder, esfregando meus olhos com as costas das minhas mãos trêmulas.

Steve riu. E eu sorri entre meio as lágrimas.

— Vou guardar todos os segredos que você me contou.— Rogers prosseguiu com a fala, e pelo seu tom de voz animado eu sabia que ele continuava a sorrir.

Por favor.— respondi, arrancando mais uma risada calorosa de Steve.

— Eu não vou quebrar o seu coração.— ele respirou fundo, repetindo aquela frase mais uma vez. Steve sabia que essa era a única coisa capaz de fazer com que eu acreditasse nele. E ele estava se saindo muito ao fazer isso.— As manhãs de domingo são as minhas favoritas.

Franzi o cenho por causa da mudança repentina de assunto.

— Por quê?

— Porque dormimos até o meio dia. E eu sinto que posso dormir para sempre ao seu lado.

— Por acaso eu dormi por setenta anos ao seu lado?

— Não. Mas se tivesse eu tenho certeza que eu estaria dormindo até hoje.— ele riu.— E eu não estava dormindo. Estava congelado. 

Revirei os olhos, não conseguindo evitar que um sorriso bobo escapasse dos meus lábios contraídos por causa do choro.

— Não há nada que eu prefira fazer do que arruinar todos os meus planos por você.— Steve admitiu em um sussurro, ponderando as suas palavras reconfortantes.

— Não vale a pena...— respondi vagamente, sendo mais uma vez consumida pela sensação de tristeza e vazio.

Você diz que não vale a pena.— Rogers aumentou sem tom de voz.— Mas por Deus, S/N. Aos meus olhos você é perfeita como você é.

Levantei-me do chão rapidamente e posicionei a minha mão sobre maçaneta, lutando ferozmente contra a minha vontade de jogar-me no chão novamente e passar o resto da noite trancada dentro do quarto. Steve estava logo ali, na minha frente, separado de mim por uma simples porta. Mas, na verdade, pareciam várias.

— Vou ter que repetir tudo de novo?— ele falou depois de longos segundos em silêncio, como se soubesse que eu estava prestes a abrir a porta mas não conseguisse fazer isso. Algo ainda me impedia.— Porque eu estou mais do que disposto a fazer isso.

Aí estava. A confirmação que eu precisava.

O quarto e o corredor continuavam em total escuridão, mas isso era o menor dos problemas naquele momento. Virei de uma vez a maçaneta da porta e a abri, imediatamente sentindo que Steve estava logo ali, na minha frente. O escuro fazia com que a distância entre mim e ele fosse imensa, mas bastou que sua mão fosse de imediato encontro com a minha que eu logo soube exatamente onde ele estava. 

E, é claro, o abraço; o simples ato de envolver meu corpo fragilizado em seus braços firmes e fortes era suficiente para que meu coração palpitasse sem parar dentro do meu peito, como se fosse capaz de saltar para fora da minha caixa torácica a qualquer momento. Eu o apertei mais contra o meu corpo, como se Steve pudesse fugir dali a qualquer momento. Eu sabia que não podia segurá-lo para sempre; relacionamentos antigos fizeram-me perceber isso. Mas eu sentia-me feliz em poder mantê-lo tão perto de mim como agora; pelo menos naquele momento, era tudo o que eu mais precisava.

E também não podia faltar o beijo. Seus lábios foram de encontro aos meus no mesmo instante em que levantei minha cabeça do seu peito, ainda mantendo minhas mãos entrelaçadas ao redor das suas costas. O seu toque era calmo e reconfortante, como se fosse capaz de acabar com todos os sentimentos de inseguridade e completo vazio que eu sentia naquele momento; eu amava Steve, era claro que eu o amava. Mas eu não podia controlar que os traumas do passado invadissem o meu relacionamento com ele. Era algo automático: eu sentia-me dividida entre acreditar que Steve realmente me amava e entre ceder aos pensamentos autossabotadores e traumatizantes. Era um inferno, resumidamente. Mas parecia que Steve Rogers estava completamente disposto andar nesse inferno de mãos dadas comigo.

E as conversas no escuro eram, com certeza, as minhas favoritas.

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