ciumento ➤ bucky barnes
Pedido de milleven_2006. Espero que goste!
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Adentrando o seu apartamento compartilhado com Bucky, S/N empurrou a porta com a ponta dos seus tênis esfarrapados e, estando com os braços e as mãos rodeados por sacolas do supermercado, precisou fazer um esforço a mais para conseguir passar pela porta sem esbarrar nos batentes da mesma. Derrubar sete sacolas cheias de comidas era a última das suas maiores vontades naquele momento.
Bucky Barnes logo notou a entrada nada silenciosa da mulher no seu apartamento e imediatamente tratou de ir ao seu encontro, enquanto a mesma soltava uma sonora risada ao tropeçar nos próprios pés em uma tentativa falha de dar um passo na direção de Barnes. Felizmente, S/N não protagonizou o tombo mais ridículo da sua vida.
- Por que não me chamou?- Bucky aproximou-se da namorada e ajudou-a a colocar as sacolas pesadas sobre a mesa da cozinha.
- Nah, consigo fazer isso sozinha.- S/N respondeu. Quando estava prestes a soltar a última sacola a mesma estourou, fazendo com que cinco laranjas fresquinhas rolassem pelo piso da cozinha.- Ah!
Bucky rapidamente abaixou-se no chão recolheu todas as laranjas fugitivas de uma vez, lutando ferozmente contra a sua imensa vontade de sorrir perante à típica personalidade desastrada de S/N. Mas uma carranca emburrada postou-se no seu rosto no mesmo instante em que se lembrou do que estava pensando minutos antes de S/N chegar no apartamento.
- Sam te ajudou a trazê-las até a portaria, não ajudou?
S/N murmurou um "sim" de modo despreocupado e começou a retirar as embalagens de comida de dentro das sacolas, colocando-as em cima da mesa logo em seguida. Enquanto isso, Bucky cruzou os seus braços em frente ao peito e observou cada movimento da sua namorada, parecendo ocupada demais na sua atividade do que com o fato de que Bucky estava completamente calado.
Ele sabia que não era certo de sentir assim; ciúmes era uma palavra até então desconhecida para Bucky. Mas ele não podia mais tentar esconder e negar esse sentimento de si mesmo. Foi sua terapeuta quem disse isso.
Após quase um minuto em total silêncio, S/N levantou seu olhar das embalagens em suas mãos e encarou Bucky com o cenho franzido.
- O que aconteceu, amor?
Os tratamentos amorosos sempre deixavam Barnes comovido. Raramente conseguia não sorrir com um desses apelidos.
- Bucky?
A mulher havia parado tudo o que estava fazendo naquele momento apenas para encarar Bucky com certa preocupação no olhar, contornando a mesa da cozinha com rapidez até estar frente à frente com seu namorado.
Barnes respirou fundo.
- Você e o Sam.
S/N sorriu, quase que em uma risadinha divertida.
- Ciúmes?
Bucky concordou lentamente com a cabeça. Daquele ângulo, parecia uma indefesa criança emburrada que havia feito algo de errado e agora precisava admitir isso. S/N quase conseguia ver um beicinho encurvado despontando nos lábios finos do homem.
- Ah, Bucky...- o sorriso da mulher aumentou.- O que exatamente te faz sentir isso?
S/N soava como uma terapeuta nesse seu tom de voz sereno e cauteloso, mas que no fundo escondia um único objetivo: fazer com que Bucky explicasse os seus próprios sentimentos. Sua real terapeuta fazia isso; de um jeito tão estranho e nada amoroso que Barnes mal tinha vontade de abrir a boca durante grande parte parte das suas sessões com a mesma.
Mas com S/N era diferente. Se ela fosse a sua terapeuta, Bucky com certeza iria se sentir muito mais a vontade para falar sobre os seus sentimentos do que com qualquer outra pessoa na face da Terra.
Barnes suspirou com certo pesar e, desviando seu olhar enevoado do rosto de S/N, pôs-se a falar quase que em um sussurro:
- Eu tenho medo de perder você.
Bucky realmente achou que isso era o suficiente para satisfazer os questionamentos de S/N.
Mas isso mal fora o suficiente para acabar com o nó na sua garganta que as palavras presas ali causavam.
- Eu tenho medo de perder você porque eu passei a minha vida inteira perdendo todas as pessoas que significaram algo para mim.- ele soltou tudo de uma vez, dando uma pequena pausa a si mesmo apenas para pensar nas suas próximas palavras reveladoras.
As mãos de S/N envolveram as suas em um aperto gentil, mas sem quebrar qualquer tipo de contato visual com o mesmo. Isso fez com que Bucky voltasse a encarar a mulher quase que imediatamente.
- Eu fiz múltiplas coisas horríveis no meu passado, muitas das quais me assombram até hoje.- Bucky estremeceu. Os pesadelos.- E eu juro que estou tentando...- ele continuou; cada palavra de dor deslizando para fora da sua boca como se fossem espinhos.- Qualquer pessoa parece ser digna do seu amor incondicional, S/N. Qualquer pessoa menos eu.
Era nítido o tom se voz relutante de Bucky ao revelar o motivo pelo qual ele passava grande parte da sua semana emburrado ou com muitas dúvidas sobre os seus próprios sentimentos. Ele e S/N estavam juntos desde os fatídicos acontecimentos da batalha de Ultimato e, mesmo sendo uma mulher "normal"- não possuía poderes mágicos ou habilidades marcantes mas, mesmo assim, continuava sendo uma pessoa incrível aos olhos de Bucky. Ele sentia que precisava se afastar da violência e da agitação constante das missões, de qualquer jeito.
- Eu sinto muito. Por tudo.- S/N respondeu por fim, sussurrando.- Se eu pudesse... se eu possuísse a capacidade de fazer com que toda essa sua dor acabasse de uma vez por todas, eu não hesitaria em fazê-lo.
Mas S/N não podia fazer isso. Bucky estava, infelizmente, acorrentado ao seu próprio passado.
A mulher desvencilhou suas mãos entrelaçadas às de Bucky e passou seus braços ao redor das costas do mesmo, encostando sua cabeça no peito do homem em um abraço reconfortante e gentil.
- Sam é uma boa pessoa.- ela explicou calmamente, sua voz soando abafada contra o peito de Bucky.- Ele se voluntariou para me ajudar a trazer as sacolas até a portaria. E pediu para que eu mandasse você parar de ignorar as ligações dele. Ele também se preocupa com você, amor.
Bucky finalmente riu contra os cabelos de S/N, lembrando de todas as centenas de ligações de Sam que ele havia recusado na última semana. E era mais engraçado ainda ao lembrar do emoji de passarinho e o emoji de uma faca no contato dele que S/N havia carinhosamente o ensinado a pôr.
- Sam é seu amigo, Bucky. Não deveria ignorá-lo desse jeito.
Barnes quis revirar os olhos, mas sabia que toda a preocupação e a legítima tentativa de S/N ao tentar fazê-lo sentir-se melhor não mereciam o seu mal humor por causa de Sam Wilson.
- Desculpe.- Bucky disse por fim, apoiando o seu queixo no topo da cabeça da namorada enquanto engolia em seco.- Eu te amo.
- Tudo bem. Também amo você.- S/N o tranquilizou, apertando-o mais contra o seu próprio peito.- Venha me ajudar com as compras.
Bucky assentiu com a cabeça, mas a princípio não se moveu. Estava tão à vontade com aquele abraço reconfortante que seu corpo parecia se recusar a soltar S/N sem mais nem menos. Mas ele sabia que não podia ficar assim pelo resto da sua vida, envolto nos braços do motivo da sua dose de felicidade e amor diárias; era injusto? Com certeza. Às vezes Bucky sentia que S/N era a única pessoa capaz de salvá-lo de se afogar no oceano de lembranças avassaladoras que ele mesmo criou a fim de suprir o seu passado doloroso. O mundo era injusto, afinal.
- James Buchanan Barnes, você está me sufocando.
Bucky mal notou o exato momento em que começou a apertar o corpo de S/N contra o seu com mais necessidade na esperança de demonstrar todo o seu apreço e admiração pela mulher. Ela resmungou algo indecifrável contra o peito de Barnes antes de ser solta do aperto do mesmo, que ria abertamente da cara amassada e os fios de cabelo espantados de S/N após isso.
- Pensei que ainda estivesse com ciúmes...- a mulher brincou, passando algumas mechas do seu cabelo atrás de ambas as orelhas na esperança de arrumá-los.
- Não estou. Não mais.- Bucky respondeu decidido, sentindo convicção nas suas próprias palavras.
S/N sorriu e voltou a retirar as frutas das embalagens enquanto as colocava calmamente sobre a mesa, evitando que elas rolassem para o chão mais uma vez. Ao seu lado, Bucky apenas observava cada movimento da namorada com um meio sorriso nos lábios, sentindo-se a pessoa mais feliz e realizada do mundo por tê-la na sua vida.
E ele supostamente era a pessoa mais feliz do mundo quando estava com S/N. S/N era o seu porto seguro; a sua calmaria em meio as tempestades turbulentas do seu passado sombrio e da sua mente conturbada e, acima de tudo, S/N era a única pessoa com a qual Bucky pretende passar o resto da vida junto.
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