can you feel my heart? ➤ pietro maximoff
Pedido de SarinhaWold. Espero que goste!
Desconsideremos a morte do Pietro em Ultron; esse imagine se passa alguns anos depois em um ano aleatório.
Por muitas vezes eu imaginei a Wanda tendo aquele surto de poderes dela ao som dessa música, então eu particularmente acho que isso vai combinar com esse imagine.
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Era inevitável o modo como S/N sentia-se nervosa e inquieta logo após Pietro sair para uma das suas corriqueiras missões com os Vingadores; sua mais nova família, por assim dizer. Todo cuidado era pouco e, cá entre nós, Pietro não era lá o melhor exemplo de segurança em missões a se seguir. O Maximoff mais velho estava sempre no limite — literalmente, se considerarmos a sua capacidade velocista incomparável. Ao que tudo indicava ele sentia-se mais livre e imbatível ao utilizar dessa sua capacidade ao extremo durante os combates a vilões maléficos. Ademais, essa era a personalidade e o modo de vida de Pietro e, embora S/N sentisse que ela estava prestes a desmaiar de nervoso cada vez que Maximoff saía de casa acompanhado dos Vingadores, ela o amava demais para impedi-lo de fazer isso.
Entretanto, que comecemos pelo começo, então. S/N S/S e Pietro Maximoff conhecem um ao outro desde Sokovia, um país localizado no leste europeu, onde ambos — juntamente com Wanda — cresceram em um cenário agitado e transtornado perante a situação catastrófica da tão conhecida Guerra Fria, principalmente na Europa. Apesar das controvérsias, o trio de amigos viveu uma infância de relativa paz e do aproveitamento da ingenuidade infantil dos mesmos. Seus próprios pais tentavam amenizar os efeitos que os conflitos da Guerra causavam nas suas crianças, mantendo-as a maior parte do tempo dentro das suas casas e fora delas quando os combates locais diminuíam de frequência. Tentar manter a sanidade das mentes ingênuas e inocentes das crianças nesse período era algo praticamente impossível, mas, com algum esforço, a situação por vezes passava batido pelos espíritos jovens e imaginativos.
S/N lembra-se brevemente da sua infância em Sokovia ao lado dos gêmeos, seus únicos amigos de verdade enquanto crianças. Ela recorda-se de momentos de jogos de tabuleiro e guerras de travesseiros na casa dos Maximoff, já que S/N residia no mesmo prédio que a família — um dos poucos que ainda permanecia de pé naquela época apesar de tudo. Por cima dos barulhos de tiros, explosões ao longe e a luz alaranjada das chamas dos incêndios irrompendo através da janela aberta do minúsculo quarto dos gêmeos um novo universo era criado, tendo por protagonista a imaginação fértil do trio inseparável. Eles faziam isso de modo involuntário mas, analisando com mais calma nos dias de hoje, essa "fuga" da realidade era como uma válvula de escape para S/N, Pietro e Wanda, que sofriam os efeitos da Guerra tanto quanto os seus próprios pais ansiosos e angustiados com o rumo dos conflitos avassaladores. Vez ou outra, S/N recordava-se exatamente da voz monótona e estática do radialista de notícias que, toda noite, resumia a situação do país perante o avanço da Guerra que vinha aumentando cada vez mais. Ademais, S/N lembra-se de não ter dado a mínima para isso anos atrás, já que estava sempre engajada em alguma brincadeira fantasiosa junto com os gêmeos correndo pelo apartamento fechado.
Porém, havia um acontecimento em específico que rondava pela mente de S/N até os dias de hoje — e mais ainda quando a mesma adquiriu os seus poderes; esse incidente resumia-se a três crianças sentadas sobre o chão de madeira do apartamento dos Maximoff, todas encarando a televisão estilo caixote que transmitia um episódio da sitcom americana favorita de ambos. Eram três pares de olhos curiosos e inocentes fascinados com aquela história envolvente e àquelas peripécias divertidas, porém levemente preocupantes; ademais, eles mal ligavam para isso. Todo o seu entretenimento estava ali, na frente de S/N, Pietro e Wanda, e eles sentiam que estavam sendo transportados para outro universo alternativo ao engajarem na história envolvente da sitcom a sua frente.
E, então, tudo aconteceu tão rápido demais que eles mal tiveram tempo de reagir: um míssel foi lançado diretamente sobre o prédio, destruindo tudo e todos no seu caminho. Por uma obra do destino, talvez, S/N, Wanda e Pietro conseguiram arrastar-se até debaixo da cama da sala, vivos porém extremamente assustados, permanecendo enclausurados ali enquanto as chamas e a fumaça da destruição consumiam todo o seu redor. Três longos dias de muita fome, medo e frio se passaram até que eles fossem encontrados pela equipe de resgate apenas para obter a confirmação de que seus pais estavam mortos debaixo de todos aqueles escombros. A partir daí, o trio de Sokovia tomou um rumo completamente diferente.
O segundo fato mais marcante da vida de S/N, Wanda e Pietro deu-se no exato momento em que eles se voluntariaram para os experimentos da Hydra. Jovens e profundamente marcados pelo seu passado compartilhado, o trio mal sabia o que esperar desses misteriosos experimentos. Porém, eles logo prestigiaram isso: Pietro virou um velocista excelente e S/N e Wanda transformaram-se em feiticeiras poderosas e altamente destrutivas, tudo por meio do poder de uma mísera joia aparentemente inofensiva.
Pietro e S/N sempre foram excepcionalmente próximos desde crianças. Entretanto, foi na juventude que alguns sentimentos a mais começaram a aflorar em ambos, tendo sempre a ajuda de Wanda para dar um empurrãozinho, é claro — embora a Maximoff mais nova sentisse uma pequena pontada de ciúmes do seu irmãos, mas isso concertou-se com o tempo. Olhando para trás, S/N mal podia acreditar em tudo que ela já viveu ao lado dos gêmeos e em como ela e Pietro acabaram se aproximando e se declarando ao ponto de escolherem permanecer juntos oficialmente. Agora eles dividiam uma casa simples — porém aconchegante — nos condados mais pacíficos de Nova York, vivendo em uma legítima aura de harmonia e relativa paz.
Vinda da cozinha ao adentrar a sala da sua residência, S/N deu de cara com os gêmeos Jhonny e Ellen sentados por sobre o tapete felpudo do cômodo, dividindo amigavelmente blocos de construção de brinquedo. A mulher escorou um de seus ombros sobre o batente da porta da sala, sorrindo, observando discretamente as suas duas crianças da casa em um momento específico que era capaz de deixar qualquer mãe orgulhosa. S/N cruzou os braços em frente ao peito e, esquecendo-se brevemente por alguns momentos do pressentimento ruim que a acompanhou o dia inteiro, ela permitiu-se relaxar perante a visão dos gêmeos.
Ambos possuíam dois anos e meio agora, sempre estando em total alerta para tudo o que a ingenuidade e a imaginação infantil tinha a oferecer. Ellen e Jhonny não haviam demonstrado qualquer sinal de possíveis poderes até então, o que tranquilizava S/N e Pietro momentaneamente. Ademais, Ellen, a garotinha, possuía os cabelos alvos do Maximoff mais velho, ao passo que Jhnonny possuía a coloração mais aproximada a dos cabelos de S/N. A personalidade de ambos era quase que proporcional; sempre muito animados engajados no seu conceito infantil. S/N sentia-se muito orgulhosa da família que ela conseguiu criar com Pietro após ambos serem resgatados da Hydra, permanecendo juntos e atados um ao outro incondicionalmente. A mulher sorriu involuntariamente, escorando a sua cabeça no batente da porta de modo cansado.
S/N possuía uma habilidade cognitiva que também era compartilhada por Wanda: a percepção aguda de acontecimentos e visões parciais de ocorrências futuras. Mais cedo nessa mesma tarde, S/N acabou por presenciar um acontecimento no mínimo estranho: subitamente, ela sentiu que todas as suas forças foram sugadas de dentro de si de uma só vez, como se tivessem arrancado toda a sua energia diretamente de dentro do sem âmago. Entretanto, ela recuperou-se alguns segundos depois, mal tendo tempo para racionalizar o que havia sido aquilo antes que os gêmeos começassem a chama-la para o quintal.
O dia de hoje exalava uma energia pesada e nada corriqueira, ao passo que S/N sentia-se "embrulhada" e estranha no momento. A tarde pareceu estender-se por dias e, agora, já no fim dela, o sol parecia demorar-se para sumir na linha do horizonte, fazendo com que tudo ficasse extremamente monótono e esquisito. Na manhã desse mesmo dia, Pietro havia saído de casa acompanhado dos Vingadores em mais uma missão normal como todas as outras, prometendo que tentaria voltar para casa o mais rápido possível — mais rápido que si mesmo, ele brincara, o que era tecnicamente impossível. Porém, com um beijo de despedida e um abraço apertado em família incluindo os gêmeos, Pietro pôs-se a correr para longe dali, deixando S/N e os seus dois filhos esperando pacientemente pelo seu retorno vindouro.
S/N desencostou-se do batente da porta da sala e caminhou na direção dos gêmeos, observando-os discutir inocentemente sobre como as peças deveriam ser encaixadas para que uma torre fosse feita com as mesmas. Ao notar a aproximação da mulher, Ellen e Jhonny ergueram os seus olhares fascinados do tapete, sorrindo minimamente na direção de S/N antes de retornarem ao seu trabalho concentrado.
— O papai vai voltar logo? — questionou Ellen, enquanto mechas curtas do seu cabelo claro caíam-lhe pelo rosto livremente.
— Vai, sim. — S/N respondeu, sorrindo, porém ainda sentindo a estranha sensação de que algo estava fora dos eixos naquele momento. Ela rapidamente repreendeu-se por pensar que algo havia acontecido com Pietro, já que o homem era mais rápido que uma bala e mais astuto que qualquer pessoa no planeta. Não, ela pensou, ainda encarando os gêmeos sentados sobre o tapete, Pietro não está morto.
Perdida em seus próprios pensamentos, S/N mal notou quando uma movimentação incomum aproximou-se da porta da sua casa através do quintal, embora a janela da sala tivesse uma ampla visão de todo o exterior da casa. Foi só quando dois pares de mãozinhas firmes agarraram as suas pernas de modo relutante que S/N notou que a campainha estava tocando, ao passo que ela logo tratou de avançar na direção da porta enquanto Ellen e Jhonny a seguiam, permanecendo agarrados em si.
A mulher destrancou a porta com certo alarde, sem nem ao mesmo lembrar-se de checar o olho mágico. Quando a abriu S/N deu de cara com a última visão que ela cogitou em presenciar naquela tarde: os Vingadores — ou pelo menos parte deles — estavam reunidos ao pé da entrada da sua casa, um ao lado do outro, visivelmente abalados pelo combate daquele mesmo dia. Até onde a sua ansiedade a permitia raciocinar, Steve, Thor, Clint, Natasha, Tony e Bruce estavam ali, assim como Wanda Maximoff permanecia mais a frente por motivos de maior intimidade com a própria dona da casa. Involuntariamente, S/N levou uma das suas mãos até a sua barriga em um gesto inevitável de proteção, enquanto sentia os gêmeos Ellen e Jhonny escondendo-se cada vez mais atrás das pernas de S/N.
— Wanda... — a mulher falou, atordoada, mal conseguindo controlar os seus pensamentos no momento. — O que...
Sem nenhum aviso prévio Wanda avançou na direção de S/N, envolvendo-a em um abraço súbito e apertado. Ainda sem acreditar ela retribuiu ao gesto, olhando para o restante da equipe por cima do ombro da feiticeira claramente abatida. Quando seus olhos assustados encontraram-se com os de Steve Rogers, ele abaixou a sua cabeça. Ah, não.
— Wanda... — S/N repetiu o chamado, soando mais firme e desesperada dessa vez. Ela desvencilhou-se dos braços de Wanda rapidamente, segurando-a pelos ombros para obrigá-la a encara-la nos olhos. — Onde está o Pietro?
Wanda Maximoff abriu a boca para falar e, como se não conseguisse mais segurar, ela permitiu que as lágrimas teimosas rolassem pelas suas bochechas coradas, misturando-se com os seus soluços baixos.
A feiticeira deu um passo para trás, na direção da equipe, e levou ambas as suas mãos até o rosto.
— Eu sinto muito... — Wanda soluçou, abatida, ao passo que Natasha e Steve aproximaram-se dela por trás em uma tentativa de consola-la no momento. — Eu não consigo dizer isso...
Mas S/N mal conseguia ouvir naquele momento. Como se o tempo estivesse congelado, ela sentiu o exato momento em que uma onda esbaforida de dor irrompeu pelo seu peito, fazendo-a dobrar os joelhos minimamente para frente, ainda tentando manter-se de pé após tudo. Cada vez que a sua mente cogitava a única ideia plausível no momento, S/N sentia que estava prestes a gritar o mais alto que ela conseguia aguentar.
— Mamãe... — a voz fina de Jhonny fora a única coisa capaz de tirar S/N do seu transe, obrigando-a abaixar sua cabeça na direção do garoto agarrado firmemente na sua perna. — E a nossa irmãzinha?
S/N arrastou ambas as suas mãos pressionadas sobre a sua barriga na direção do seu peito, apertando-as firmemente ali como se estivesse prestes a perder o controle. A nossa irmãzinha. Pietro. Morte. Ela sentia que estava prestes a explodir.
S/N odiava o fato de que ela parecia sentir os seus sentimentos mais intensamente do que o restante das pessoas. Ela odiava ter premonições, odiava sentir a energia pesada e automaticamente passou a odiar o fato de que Pietro fora levado para longe de si, sem mais nem menos, enquanto ela acreditava fielmente que ele estava vivo. Ela odiava tanto tudo isso com tanta intensidade que sentia que todos os seus sentimentos pudessem explodir para fora de si naquele momento — literalmente.
Antes que qualquer um pudesse questionar o que Jhonny havia acabado de alegar S/N caiu de joelhos no gramado enquanto os gêmeos soltavam-se das suas pernas, assustados, ao mesmo tempo que ela ainda segurava ambas as mãos contraídas em punho contra o seu peito. S/N odiava, odiava, odiava tudo isso e, quando toda a equipe avançou na direção da mesma para ajuda-la a se levantar, ela apenas gritou o mais alto que pôde no momento, abrindo seus braços ao mesmo tempo para permitir que todo aquele poder acumulado dentro de si se esvaziasse por completo.
Imediatamente, a aura mágica avermelhada tomou forma em suas mãos e através do seu peito, expandindo-se para todas as direções possíveis. S/N gritou do fundo dos seus pulmões, botando para fora toda a sua dor, angústia, frustração e ódio perante ao rumo súbito que a sua vida tomou naquele momento. Sem Pietro ao seu lado, ela mal conseguia pensar em como iria conseguir superar tudo isso. Ela sentia-se triste, traída pelo destino, já que tudo o que ela mais ansiava por era uma vida pacífica e sem muitas complicações para a sua família e, teoricamente, para a sua caçula a caminho.
S/N nunca chegou a perder o controle desse jeito antes, mas ela sentia que isso mal importava no momento. Ao passo que seus poderes se expandiram para todas as direções eles não eram capazes de afetar as pessoas ao redor de si por causa da própria mentalização de S/N. Ela estava inconformada, é verdade, mas ainda assim não queria acabar descontando tudo isso na equipe e nos seus próprios filhos. S/N só precisava fazer algo para tentar amenizar a dor súbita e certeira dentro de si, que a nocauteou tão forte diretamente no coração que quase foi capaz de arranca-lo para fora do seu peito. Ela precisava de Pietro e, teoricamente, Pietro estava morto. S/N nunca sentiu-se tão inconsolável na sua vida inteira como naquele momento.
A dor de perder seus pais já fora algo irremediável para se superar, assim como a dor de perder o seu lar e de ter a sua vida praticamente roubada de si mesma. Mas, agora, juntando todos os fatores turbulentos da sua vida incomum, S/N sentia-se sem chão, como se o único motivo para permanecer viva tivesse sido roubado de si mais uma vez.
E, então, em um lapso momentâneo de consciência, S/N cessou a aura de poderes ao redor de si, contraindo ambas as mãos em punho contra o seu próprio peito mais uma vez. O quintal da sua casa reduziu-se ao silêncio e a normalidade, enquanto S/N sentia-se fraca demais para continuar ali, ajoelhada, forçando-se a ignorar o que havia acabado de acontecer. Antes que ela pudesse cair para frente os braços firmes de Wanda a agarraram pelos ombros, mantendo-a ereta sobre seus calcanhares mais uma vez. S/N mal ouviu as palavras exclamadas na sua direção já que, lentamente, sua visão foi tornando-se turva e seu corpo, rígido. Dois pares de pequenas mãozinhas agarraram as suas costas com certa ansiedade, e S/N logo percebeu que se tratava de Ellen e Jhonny; agora ela também sentia-se culpada por tê-los traumatizado após tudo isso. Quando S/N desviou o seu olhar turvo em ambas as direções onde seus dois filhos estavam ela não conseguiu fazer nada além de tentar sorrir, tentando transparecer que ela os amava incondicionalmente e que tudo iria ficar bem apesar das circunstâncias. Eles precisavam do seu apoio, embora o próprio apoio de S/N estivesse morto no momento.
Toda a equipe estava ao seu redor, preocupados e atordoados, enquanto Wanda tentava incansavelmente manter S/N consciente naquele momento. Porém, como se todas as suas forças tivessem se esvaziado para fora de si de uma só vez, S/N encostou a sua cabeça sobre o peito de Wanda, sentindo o exato momento em que a Maximoff exclamou algo em resposta e a tomou em seus braços delicadamente, segurando-a firme. S/N não havia morrido; ela só precisava de um descanso após tudo. Ela não sabia quando iria acordar e mal se importava com isso; S/N só necessitava urgentemente de um tempo para organizar a sua mente conturbada por natureza.
Ela tecnicamente precisava de Pietro, e sua mente recusava-se a processar completamente que essa necessidade estava fora de cogitação no momento. E, consequentemente, não existia pessoa mais desestabilizada na face da Terra do que S/N naquele momento.
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