↪Curiosidade adicional sobre a origem das Dora Milaje: elas foram inspiradas em guerreiras reais, as Ahosi, que protegiam o Reino do Daomé (reino africano que existiu entre os anos de 1600 a 1904 antes de ser tomado pelos franceses), que hoje é a atual República do Benin. Em determinado período, o exército delas somava algo entre 4 mil e 6 mil mulheres, número que representava um terço de todo o exército do reino.

↳ colagem feita por mim

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Nada no mundo era capaz de definir a beleza do reino de Wakanda sob a luz do luar brilhante em uma noite como essa; límpida e fresca, o céu banhado de pequenas estrelas brilhantes em suas constelações mais importantes cintilando sobre o reino com o seu brilho dourado e reconfortante. Apesar da escuridão ter tomado conta do reino horas antes apenas mantendo a lua minguante brilhando no céu tudo permanecia relativamente neutro e belíssimo àquela luz; o topo dos prédios dourados e todos os seus adornos assim como algumas luzes ligadas dentro dos mesmos, denotando que alguns cidadãos também estavam acordados nessa horário não recomendado. Mais ao longe a visualização das florestas e das cavernas nos topos das rochas planas era brevemente nítida através da escuridão, ao passo que algumas tochas acesas tilintavam pelos caminhos sinuosos que levavam às entradas das cavernas.

Não importava o número de vezes que S/N visse essa paisagem exuberante; ela sempre encontrava um jeito de se surpreender mais, seja pela quantidade de luzes predominantes sobre o reino ou pelo céu estrelado cintilando sobre si. Wakanda era grandiosa; desde os seus avanços tecnológicos invejaveis até a sua cultura única, impressionante, que demonstravam todo o apreço da população perante a sua própria ancestralidade. S/N ficava boquiaberta com tudo isso e muito mais, sobretudo porque a exuberância sempre a encantou; e os traços de um reino considerado por muitos fictício deixavam-na completamente rendida.

Talvez S/N não devesse estar ali, na sacada do quarto do rei no principal prédio do reino de Wakanda, o palácio real, onde os representantes do reino residiam banhados a exuberâncias e à riquezas dignas de uma família real africana. Era óbvio que estar ali dentro era deliberadamente restrito, porém a porta do quarto de T'Challa estava aberta como se fosse um convite específico para que S/N entrasse e esperasse pelo rei. Ou seja, ela não refutou o pedido do universo e, agora, com os cotovelos escorados por sobre a base dourada da proteção da grande sacada do quarto de T'Challa, S/N pensava seriamente que isso era o certo a se fazer. Ela precisava conversar com o rei acerca de algumas coisas e, como consequência, matar a saudade do mesmo.

Ultimamente, T'Challa não mais saía de Wakanda por motivos de intrigas dentro do reino com seus semelhantes, o que ficava ao exclusivo cargo do rei para tentar resolver esse problema regional. Isso andava tomando muito tempo da vida agitada de T'Challa e, consequentemente, ele não mais tinha tempo para viajar para o exterior fora de Wakanda como costumava fazer. Apesar da distância do casal eles sempre tentavam ao máximo manter contato um com o outro; seja por mensagens trocadas noite adentro ou por encontros às escuras em Wakanda ou Nova York. Não importava quanto tempo eles ficassem longe; eles sempre davam um jeito de permanecer juntos.

Antes que S/N pudesse continuar seus devaneios apaixonados uma repentina movimentação dentro do quarto chamou sua atenção, ao passo que o caminhar lento e decidido e o cheiro inconfundível do perfume neutro que T'Challa sempre usava entregou a sua presença ali. Ele aproximou-se pelas costas de S/N e parou subitamente, e a mulher nem precisou virar-se para trás para saber que ele usava as suas típicas vestes wakandianas; o tecido preto quase fosco com alguns detalhes mínimos em branco, como se fossem ramificações na veste. Não houve um boa noite nem um olá; e o cumprimento soou mais como isso:

— Então, vamos falar sobre o amor.

O forte sotaque de T'Challa soando às costas de S/N fez com que ela se arrepiasse, naquele misto de satisfação e intimidação que só a voz do homem causava nela. Ademais, ela não se moveu, ao passo que ele continuou a falar no seu timbre de voz calmo de sempre:

— Era isso que você esperava ou esse sentimento te assombra?

Amor; era algo tão complexo e tão difícil para ser descrito em palavras plausíveis... Era óbvio que S/N amava T'Challa e ela não possuíam dúvidas que isso era recíproco. Porém, nada era oficializado; e ambos gostavam disso. Era o sentimento de "descompromisso" que fazia com que a relação se tornasse mais... interessante.

— Eu sei que esse sentimento te assombra. — o homem prosseguiu, firme, porém igualmente relaxado.

T'Challa parou bem ao seu lado, escorando os que próprios cotovelos por sobre a barra dourada da sacada do palácio. Embora ele presenciasse essa vista quase que toda a noite, ver Wakanda sucumbida a escuridão ao lado de S/N tornava o momento mais do que especial. Embora parcialmente perigoso, a mulher parecia não ligar para o fato de invadir o quarto do rei em plena madrugada, até porque o próprio T'Challa havia deixado a porta do cômodo destrancada de modo proposital.

O rei havia sido interceptado da presença de S/N ainda pela manhã durante uma reunião de negócios do reino. Não era como se ele estivesse prestando atenção no falatório incessante do restante dos representantes, porém quando Shuri lhe enviou uma mensagem de texto dizendo para ele adivinhar quem havia chegado, T'Challa mal pôde conter a emoção. Ele sentia falta de S/N, já que ambos só podiam se encontrar em breves intervalos de tempo Intercalando entre as fugas do homem para fora de Wakanda e a presença de S/N no reino alguma poucas vezes. Não era como se ela não fosse bem vinda ali; a mulher somente não podia estar presente o tempo todo assim como T'Challa, o que tornava encontros decentes algo fora de cogitação no momento. Ademais, ambos os apaixonados mal ligavam para isso no momento; eles estavam juntos agora, e somente isso importava.

— A noite e os meus sonhos, talvez, me deixem sabendo sobre isso. — S/N finalmente pronunciou-se, quebrando o silencio ocupado apenas pelo canto baixo das cigarras da noite. A mulher analisou o céu com mais cautela, sentindo toda aquela energia sombria, porém reconfortante, que a noite emanava sobre o reino. — Todas as estrelas estão perto.

— Todas as estrelas estão perto. — T'Challa repetiu, baixinho, e pelo seu tom de voz S/N percebeu que ele estava sorrindo. — Diga-me o que você vai fazer comigo, porquê você sabe que confronto não é algo novo para mim.

A mulher assentiu com a cabeça lentamente, sem desviar seu olhar do céu estrelado acima de si. Todas as estrelas estão perto.

— Você pode trazer trazer uma bala, uma espada; e eu gostaria que trouxesse a verdade para mim. — o rei prosseguiu, calmo, olhando de soslaio para S/N.

A mulher piscou para as estrelas, sorrindo. T'Challa precisava de uma confirmação. Apesar da convicção, aparentemente ele ainda temia as intenções de S/N. Mal sabia o homem que S/N estava perdidamente apaixonada por ele.

— Eu conheço você até a confiança, S/N. — T'Challa prosseguiu, firme, o nome da mulher soando estranhamente satisfatório ao som do sotaque notável do rei. — E você sabe que eu consigo calcular promessas nas suas conversas.

S/N permaneceu olhando para a as estrelas, imóvel. Era engraçado o modo como T'Challa resolvia tudo com uma conversa; talvez fosse por causa das suas reuniões e discussões como rei de Wakanda, o que fazia dele um bom argumentador e falante. Isso era estranhamente atraente.

— Eu odeio pessoas que se sentem autorizadas. — T'Challa continuou, olhando para o mesmo ponto nas estrelas que S/N. A mulher nem precisou olhar para obter a confirmação que o brilho metálico das constelaçoes banhava o rosto neutro do rei. — Mas você sabe que é a exceção.

— Autorizadas. — S/N repetiu, entre um risada fraca. — Autorizadas a te olharem só porquê você não me convidou?

— Você é a autorizada a deixar-me completamente rendido por você. — ele respondeu, certeiro, virando minimamente sua cabeça para o lado para encarar o perfil de S/N.

Ela, por sua vez, virou-se na direção do rei também, encarando-o nos olhos da maneira mais intensa do mundo. Um pequeno sorrisinho perdurava nos lábios contraídos de T'Challa que, mesmo a luz das estrelas e do luar, continuava nítido e cristalino. De fundo sonoro, as cigarras continuavam o seu canto tardio.

— É assim que você percebe com quem está lidando, meu rei. — S/N concluiu, indiferente, porém permanecendo com o seu típico sorriso satisfatório estampado nos lábios.

T'Challa riu baixinho, intercalando seu olhar pelos olhos da própria S/N e o seu rosto quase ofuscado pela luz fantasmagórica da lua e das estrelas. Ela era simplesmente maravilhosa; e isso foi apenas um dos motivos para que T'Challa se apaixonasse por ela. Os outros trezentos motivos deram-se por meio da personalidade notável e os seus ideias a serem defendidos. S/N não era uma guerreira de Wakanda e muito menos uma super heroína; ela era somente uma representante das decisões-quadro políticas da Shield e, quando T'Challa pôs seus olhos nela ainda durante os acontecimentos da Guerra Civil, ele imediatamente soube que S/N seria um problema — o melhor dos problemas, aliás.

Porém agora ele a tinha ali do seu lado e ambos vinham compartilhando uma relação não definida ainda. Talvez fosse isso que vinha incomodando T'Challa nos últimos tempos, fazendo com que o rei passasse mais horas do que o desejado pensando em S/N e o que eles eram; bons amigos? Namorados? Ficantes? Pretendentes? T'Challa realmente não sabia. Porém, ali, abaixo do mesmo céu estrelado, ele sabia que S/N não conseguiria fugir disso.

— Por Deus, isso é real. — o homem falou de modo repentino, negando lentamente com a cabeça. — Amor; nós precisamos falar sobre o amor.

— Esse sentimento me assombra, sim. — ela respondeu, convicta, desviando seu olhar para a paisagem escura mais uma vez.

— Eu sei que ele te assombra. — T'Challa concordou. — Sei que a palavra amor soa como um afronte para você.

E soava mesmo. Por causa de relacionamentos passados S/N já não possuía a mesma relação satisfatória e fofa com a palavra "amor". Na real, ela se tornou uma incógnita; um algo desconhecido que a mulher buscava saber o real significado.

—É. — ela respondeu, rindo fraco. S/N havia contado as suas maiores decepções para T'Challa; desde as mais sem noção as mais avassaladoras. Ela inclinou sua cabeça para cima, na direção do céu. —Mas, enfim; não é incrível como Wakanda possui a capacidade de fazer com que as estrelas pareçam estar mais perto?

T'Challa seguiu o olhar de S/N e permaneceu longos segundos encarando as constelações acima de si; as estrelas sobrepondo-se no céu livre de nuvens, escuro e sombrio, engolido pelo completo silêncio.

— Você ama o reino. — o homem comentou. — Seria legal se também amasse o seu rei.

— Quem disse que eu não te amo?

T'Challa virou sua cabeça para o lado, dando de cara com a expressão confusa e levemente raivosa no rosto turvo de S/N.

— É bom obter a confirmação. — ele deu de ombros, sorrindo.

— Ainda restava dúvidas sobre isso? — S/N respondeu, quase que em um tom ofendido. Era óbvio que ela amava T'Challa; muito mais do que seria humanamente possivel descrever em palavras.

— Onde reina o amor sempre reinará a duvida, S/N.

A mulher parou para pensar por alguns segundos antes de responder. Talvez T'Challa fosse inseguro no amor, sim, mesmo que S/N achasse que isso fosse impossível já que, por Deus, ele era o T'Challa. Mas, aparentemente, qualquer um poderia ser a vítima disso. E, se agora ele havia obtido a confirmação amorosa de S/N, aparentemente tudo estava resolvido.

— Aliás, o que nós somos? — ela questionou subitamente.

— Duas pessoas distintas apaixonadas perdidamente.

— E isso nos faz...

— Um casal propriamente assumido.

S/N sorriu.

— Embora eu tenha minhas dúvidas que alguém ainda finja não saber sobre nós. — T'Challa deu de ombros, sorrindo. — Mas é legal pensar que existem centenas que guerreiras em Wakanda que historicamente deveriam ser as minhas pretendentes, mas cá está você.

— Não é minha culpa se seu coração palpita pela pessoa errada.

— Pelsa pessoa certa. — ele a corrigiu, ainda sorrindo, dando um passo na direção de S/N para cessar de uma vez a distância torturante entre ambos.

A mulher prendeu a sua respiração no instante em que uma das mãos de T'Challa foi de imediato encontro com o rosto frio de S/N, acariciando lentamente a sua bochecha. O homem continuou a sorrir, realizado, tocando a pele macia de S/N com a ponta dos dedos. Ele havia sentido tanta falta disso.

— Eu te amo. — ele sussurrou, rouco, aproximando seu rosto do de S/N.

— Eu também. — a mulher respondeu, convicta, selando de uma vez os seus lábios cálidos nos de T'Challa em um beijo que ela vinha ansiando por dias. 

O vento gélido da noite balançou minimamente os fios de cabelo de S/N enquanto T'Challa aproximava-se mais, tomando o rosto da mulher com ambas as suas mãos. O toque do homem era firme, porém reconfortante ao mesmo tempo. T'Challa a segurava como se fosse a coisa mais preciosa do mundo porquê, para ele, S/N com certeza era; sua joia rara díficil de ser encontrada e mais complicada ainda de se manter. Porém, agora, T'Challa estava com a mulher há tempo suficiente para provar o contrário. Eles se amavam incondicionalmente e, mesmo que talvez muitos não concordassem com isso, S/N era a sua legítima rainha.